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quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Gal Monteiro, André Maurício, Ciro Veras, Eduardo Proffa, Geo Santos e Majal-San. A doutrina secreta da poesia

Este texto foi publicado em Campus, suplemento do jornal O Dia, Maceió, Alagoas



Dois dedos de prosa

           


            
 Alagoas merece invenções, saídas da dependência da máquina do poder, encontro de formas alternativas que caiba a todos.  Esta é uma lição que nos dá a Confraria: Nós,  Poetas, um grupo que se reuniu e foi crescendo, como se fosse necessário abrir uma porta para muita gente passar.
            Neste edição, Campus homenageia a todos os poetas de Alagoas e, especialmente, os que vivem a Confraria, uma iniciativa que gera congraçamento, encontro e louvores à arte de dizer versos e reversos. O texto que publicamos é de autoria  coletiva,  com maior participação de  Gal Monteiro, uma grande amiga, pessoa que tem prestado um serviço à vida alagoana como jornalista e como artista.
            Espero que apareçam novas iniciativas deste tipo pois, sem dúvida, melhoraremos.
            Vamos ler poesia e ler sobre poetas.
Um abraço
Sávio


 Atividades recentes da Confraria: um resumo:

Aos oito meses do exercício dessa ideia – inicialmente uma proposta virtual – a Confraria se tornou real e com direito a espaço cativo na Biblioteca Pública Estadual Graciliano Ramos. Nesse ínterim, seus poetas espalharam poesia pelos quatro cantos de Maceió, cumprindo parte da missão que lhes cabe:

Em Abril: Recitais Literários do SESC, no Teatro Jofre Soares, e Recital literário para os idosos no SESC POÇO.
Em Maio: Semana Literária do Colégio Marista de Maceió – Ruth Rocha e Sarau Poético do Bar e Restaurante Zeppelin.
Em Junho: Sarau Literário no Quintal Cultural e Sarau poético em homenagem aos 150 anos da Biblioteca Pública Estadual, com inauguração do espaço físico da Confraria: Nós, poetas.
Em Julho: Recitais Literários do SESC no Teatro Jofre Soares.
Em Agosto: Evento pró Quintal cultural, no restaurante Fidel e evento “Agosto da Cultura Popular”, na Praça Santa Tereza, Vergel do Lago.
Em Setembro: Mostra fotográfica: “Poesia em foco – Uma visão Contemporânea de Maceió”.
Em um futuro próximo: muitas propostas e desafios.



A doutrina secreta da poesia

Gal Monteiro, André Maurício, Ciro Veras, Eduardo Proffa, Geo Santos e Majal-San

            A poesia é um grito,
Um álibi para uma grande farsa,
É antes de tudo um oásis numa terra devastada,
É uma espécie de luz deixando pegadas
Na direção do infinito...
(Alexsandro Barros)

No princípio era a escuridão; e Deus fez a poesia. Numa noite de quarta-feira, mais precisamente 14 de janeiro de 2015 (guardadas as devidas proporções), os cinco fundadores pariram a Confraria Nós, Poetas, numa espécie de materpaternidade em que seios, falos, úteros e genitálias se confundem em nome do que há de maior que eles mesmos. E poderíamos usar um sem número de metáforas para ilustrar essa iniciativa cujos resultados vêm surpreendendo até os próprios idealizadores.

Talvez esse preâmbulo seja uma tentativa (possivelmente, vã) de compreender/explicar os mistérios que rondam os encontros pela vida a que o senso comum convenciona chamar de “casuais” para não se ocupar com ilações filosóficas sobre a existência. Pois que seja: podemos e gostamos de decifrar mistérios, perscrutar o intangível que se nos coloca à frente. É o que pareceu, à primeira vista, o encontro desses poetas-confrades: obra do intangível e imponderável, portanto, mistério digno de literaturas que passam, apenas tangencialmente, pela poesia e poemas, mas que sempre encontram algum ponto de convergência com esses temas. É, às vezes, a vida escreve certo por linhas certas, apesar de os caminhos serem meio tortos. Ou será que os caminhos seguem certos sobre vidas tortas? Ou vidas tortas podem produzir caminhos certos? Deixemos fluir, seguindo o performático curso do rio – quem sabe, um dia, o rio elucide esse enredo metafísico.

O certo é que eles nunca mais se apartaram e esta fábula moderna foi ficando mais intensa, à medida que, a partir daquela conjunção, seguiram desvelando detalhes sobre suas singulares existências: além da amizade coletiva que nascia, comungavam também do gosto pelas “coisas” da poesia. Moral da história: o casamento por poesia (que é também por amor) torna-se indissolúvel! E eles seguem ousando, para além dos laços de ternura que se formaram.

Importante reforçar que eles eram cinco. Como o pentagrama, onde se constroem frases de outra linguagem artística irmã: a música. A metáfora reside no fato de que a palavra tem música e, portanto, além da rima, expressa ritmos, tessituras, cores, dinâmicas, cadências próprias. E – sem necessariamente adentrar o terreno fértil do esoterismo – ressalte-se que na alquimia o número cinco ocupa posição de destaque. Vem daí a expressão quintessência, “símbolo da concepção alquímica segundo a qual os quatro elementos da antiguidade (água, fogo, terra e ar) devem ser complementados por uma quinta essência, originária do elemento dominante imaterial do espírito do mundo”1. Portanto, soma-se à poesia, a totalidade do universo, acrescida da atividade espiritual.

O quinto elemento, não explícito – porque pode ser qualquer um dos cinco a quem o “acaso” incumbiu de estabelecer a liga com os demais – possivelmente, seguirá incógnito. Aparentemente, seria Eduardo Proffa – o ponto de intersecção dessa história – mas ainda assim é possível cogitar sobre o clichê “caprichos do destino” que, por alguma razão de foro íntimo, conduziu um por um ao mesmo lugar, no mesmo lapso de tempo. Deixemos fluir, “seguindo o performático curso do rio...”.

Passado o momento das apresentações mútuas, eis que nasceram as primeiras boas intenções: trocar ideias sobre o vasto universo da poesia; partilhar poemas outrora engavetados; e, na sequência, elaborar e parir/publicar o livro Nós, poetas contendo textos dos cinco “elementos fundadores” e com a incumbência implícita de instigar o surgimento de novas produções entre os membros da Confraria.

No entanto, os objetivos originais foram ampliados quando “os cinco” criaram e ainda mantêm uma página no Facebook, como meio de comunicação entre eles. Neste ambiente virtual, cada um convidou um amigo que convidou outro amigo e o espaço se transformou em “ponto de encontro” para centenas de pessoas que curtem e escrevem poesia, publicando poemas, compartilhando ideias e promovendo a interação entre os que comungam do mesmo prazer. O que era um projeto de cinco pessoas, em apenas oito meses transmutou-se em fértil e dinâmica plataforma de 1.000 (mil!) criaturas dispostas a usar boa parte do seu tempo na organização, manifestação, multiplicação e reengenharia da palavra poética ali germinada.

Atenção: entenda-se reengenharia, nesse contexto, como alguma coisa próxima a ressignificação de encontros poéticos. Ou seja, o intuito de propor mais que listas de debates e/ou saraus onde se permitem a plena liberdade ao ego, convertendo-os em ação coletiva, proativa e transformadora.


                       
Caminhando na mesma direção, sem vaidades e por princípio
Quando você estiver sozinho
Realmente sozinho
Quando suas pernas fraquejarem
E no seu peito reinar
O hálito de todas as mortes precoce.
...
Escreva sem perseguições com nada
Escreva como se música tocasse dentro de você
Escreva como se você dançasse...
(Apontamentos de um escritor latino-americano sobre
tudo aquilo que vem acontecendo com ele e com você – Sidney Rocha)

O que move um destino se não o desejo de ser o que se sonhou ser, pelo caminho da ótica individualista do querer ser? O que move vários destinos se, como dito, a sina é individualista, vez que todo ser é “egoísta” na mesma medida que prevalecer a individualidade egocêntrica? A resposta a esta indagação torna-se muito simples, quando reunimos entes que partilham do mesmo objetivo, que bebem do mesmo vinho agridoce e melífluo que é a poesia: ela, entre outros bens imateriais que movimentam o espírito humano, pode – como fonte inesgotável de riqueza sustentável – fazer convergirem, para o mesmo ideal, as enumeráveis cachimônias que a produzem. E, nesse processo, é capaz torná-las aptas a se despojarem de qualquer forma de personalismo. 

A Confraria: Nós, poetas, de forma alguma, pretende se arvorar em crítica literária – porque não o é; nem engendrar juízos de valor sobre questões que não podem ser submetidas a juízos; tampouco proclamar-se senhora de qualquer verdade. Resume-se à humilde, porém robusta, busca de apresentar, reapresentar ou reafirmar poesia e poetas. O que mais atraiu (e atrai) a Confraria nessa missão – a que foi conduzida com a naturalidade de uma respiração – chama-se possibilidade de homenagear e, com sincero apreço, contar histórias de vida e talento. Afinal, contar e ouvir histórias é, sim, valorosa incumbência.

A Confraria vê as coisas dessa forma e se desnuda de qualquer vaidade, acolhendo tantos quantos cruzarem seus portais virtuais e/ou presenciais e buscando projetar-se no cenário local como catapulta isenta de presunções e criticismos. A ideia básica é: não julgar, mas ajudar a avaliar; divulgar, sem incentivar o “estrelato” estéril; contribuir para a evolução poética sem relativismos simplistas ou elucubrações intelectualoides; contrapor-se aos (pré) conceitos (minimalistas?) que alardeiam “poesia é para poucos!”. Por tudo isso, prontificou-se a ir para as ruas e praças, teatros e bares, casas e quintais no desígnio de se mostrar e mostrar a poesia que abastece suas veias. 

E, verdade, em verdade, o movimento quer sugerir que a poesia pode ser o que o leitor quiser – leia-se, o que o leitor perceber. E isso remete a um trecho do instigante O Carteiro e o poeta, onde o carteiro diz a Neruda que “a poesia não é de quem faz, é de quem dela precisa". Enfim, poesia não é para ser lida, apenas, mas concebida, parida, apresentada, mastigada, digerida e regurgitada para germinar e renascer poesia. É um jeito de olhar; uma maneira de sentir; uma forma de construir e vivenciar o cotidiano sem o excessivo peso das realidades. Cremos que a coisa vai por aí... 

A poesia pode ser forte: “Eu estava com eles na sala do medo quando a luz apagou/Eu estava junto com as mães que enlutadas gemiam de dor...2. Pode ser poesia: “é algo que se encontra no ar, entre os objetos físicos e a poeira da vida, no meio, no limbo, adormecida, à espera de mãos e olhos hábeis...3. Pode ser simplesmente leveza: “Bem me quer/Mal me quer/ Bem me quer/Mal me quer/ Bem me quer/Mal me quer/ Acabaram-se as pétalas/Mais uma flor, por favor/ É pelo Amor/Bem me quer...”4.

Gostamos de repetir, parafraseando alguém, que ousadia pouca é equívoco: ousar é preciso, temer não é preciso. E foi esse senso que nos guiou até aqui. Um senso que mistura noções holísticas de impermanência e eternidade; paixão pelas palavras e desejo de mostrar a cara; alcovas sombrias e palcos iluminados; vaidades versos a eterna luta pela virtude do desapego; amizade de copos, pratos, renovação, cruzes e conquistas. E, bem em tempo: jamais tomaremos para nós a incumbência de ser ponto final. Seguimos pelas vírgulas, pelas entrelinhas, pelos silêncios eloquentes e, mais que tudo, por um princípio básico: navegar juntos.



Quem será testemunha se a palavra cair?
Sob o pesado céu de mais um dia inútil
me teço das viagens não cumpridas,
às causas que busquei sem chegar-lhe ao âmago ou,
se cheguei, em vão retive os seus contornos.
Às árvores pedi seu mais verde murmúrio
e colei-me às suas raízes para me salvar.
 Se toda salvação exige testemunhas,
quem será testemunha se a palavra cair?
(De passagem – Ângelo Monteiro)

Aldemar Paiva, Ângelo Monteiro, Cloves Marques, Ernani Méro, Francisco Cavalcante Pontes de Miranda, Gil Correia, Guimarães Passos, Jorge de Lima, Ledo Ivo, Goulart de Andrade, Judas Isgorogota, Margarida de Mesquita, Oscar Calixto, Tito de Barros, Graciliano Ramos, Djavan, Hermeto Pascoal, Aurélio Buarque de Holanda, Jofre Soares, Théo Brandão, Jucá Santos, Jayme de Altavila... E segue, infinitamente. (A lista é longa e está incompleta: perdoem-nos pelos que não citamos por lapso de memória, nunca por má vontade).
Todos foram/são importantíssimos para a construção de nossas identidades culturais. Todos, cada um a seu modo, colocaram/colocam seu “tijolo por tijolo, num desenho lógico”5 – ou nem tão lógico assim, afinal, à criatividade e à criação é permitido (e até exigido) a transgressão da norma e do raciocínio válido e, portanto, essas faculdades nem sempre servem à harmonia e proporcionalidade formal entre argumentos.  Os nominados são colunas erguidas ao longo de nossa história lítero-musical e que hoje compõem a paisagem da cultura alagoana.

E se – contextualizando essa lida específica/especial com a língua-mãe de nós todos e circunscrevendo-a ao ambiente doméstico das Alagoas – a palavra tivesse caído com os que já partiram? – Oh meu Deus, um buraco negro! – Mas, não caiu! Pelo contrário, permaneceu e cresceu, só que individual e individualizada. É nesse vácuo que a Confraria deseja atuar, aprendendo as nuanças desse hiato e contribuindo para modificar essa condição.

Aqueles, de antes, servem de eficiente e encantadora inspiração, é indiscutível, posto que se imortalizaram pela densidade e contundência de sua expressão literária. Mas não se pode esnobar, negligenciar, preterir e/ou tornar invisíveis os tantos contemporâneos que seguem buscando reinventar/revigorar a cena local. Afinal, a cultura é um bicho solto, sem estribeiras, sem gesso: não tem patrões, assento cativo, “casa grande e senzala”, cargos comissionados, essas coisas que refletem a verve mandatária/coronelista que compõe nosso perfil sociológico – tão irracionalmente refratária a mudanças, mesmo ciente de que “o novo sempre vem”6.
O “Manifesto Antropofágico Cultural Alagoano”, escrito pelo confrade Eduardo Proffa, é ilustrado, nominalmente, por tantos dos talentos navegantes desta edícula que, mesmo geograficamente diminuta, não os conhece ou reconhece. Ele diz: “[...] Há anos vemos a construção cultural alagoana acontecer [...] Novas vertentes intelectuais brotam com uma produção magnífica, dando-nos o prazer de mergulhar em obras magistrais [...] Precisamos prestigiar nossos parceiros artísticos e, principalmente, sair da imponente ‘morada dos deuses da arrogância’ para nos juntarmos como formiguinhas e alimentar nossa rainha, a cultura caeté [...] Quando criarmos projetos que tentemos fazê-lo de maneira coletiva...”.

Não se trata de reinventar o já patenteado: essa aspiração não figura entre nossas pretensões. Trata-se de assumir e assimilar as narrativas de nossa história literária recente, entendendo que as novas produções poéticas agregam valor ao currículo da literatura produzida em Alagoas e/ou por alagoanos inspirados em sua bagagem cultural de gênese. Trata-se, sem nenhuma arrogância subjacente, de somar para garantir que a produção literária contemporânea seja inventariada e inscrita na história de Alagoas e do Brasil, feito sangue correndo nas veias, “rio seguindo seu curso”. Trata-se de fomentar – com todas as forças possíveis e até improváveis – um registro sistemático do passado e do presente, como elementos imprescindíveis às escrituras do futuro.
Um futuro justo, que resguarde espaços à expressão de todas as eras, cada uma em seu capítulo e depois misturadas, à medida que se amplie a compreensão das gerações que nos procederem. É esse o grande anseio da Confraria: Nós, Poetas. Se for grande demais, que nos perdoem, mas não nos permitimos sonhar pequeno.


A poesia no seu lugar mais alto
A poesia precisa da voz
Mas ela fala bem no silêncio 
A poesia nunca andou 
Nem anda ao relento
A poesia tem a força 
Do enfrentamento
Voa como o vento 
Nas palavras e na música
Na dança e na pintura...
(Charlie Hebdo – Geo Santos)

Em seu Manifesto, o confrade André Maurício, reflete: “o existir, por si só, não é determinante no processo historiográfico. O fazer é coadjuvante no processo e o ser é diretriz para uma ação modificadora. Isoladamente, estes componentes não se fazem perceber. Em dueto, não se completam. A tríade sim, é sinônimo de ação modificadora. Então, encarnemos este espírito: façamos a história antes que ela nos atropele e sejamos apenas mais um [...] Não leguemos ao tempo a função de escriba oficial, posto que é déspota e anárquico. Sejamos o aríete que irá derribar o lacre da imobilidade que paira sobre nós e lancemos a poesia ao lugar de destaque que deve ocupar”. 

A proposta ousada e, simultaneamente, simples e legítima de se colocar a poesia no “seu lugar mais alto” – seguindo a lógica do trinômio existir/fazer/ser – é quase redundância, mas queremos insistir, à guisa de mantra. E assim, cada um define o próprio “lugar mais alto” e suas coordenadas – às vezes, cabendo o livre arbítrio. 

Sabe-se – mas, permitam-nos esse exercício do óbvio – que: o universo reflete a poesia, por vezes intangível, do Criador; a criatura, por mínima que seja, é imagem e semelhança da poesia da invenção; a vida, por mais banal e miúda, nasce vocacionada para a poesia – ou seria insuportável, em determinados átimos. Sabe-se, enfim, que ela, a poesia, não é apenas o poema e a prosa. 

Nascemos e morremos poesia: jeito lírico e imaterial de ser, fazer e dizer o improvável; bálsamo e antídoto contra a crueza da consciência racional; uma das sete artes tradicionais da linguagem humana; contraponto à inexorabilidade da inexistência e da solidão cósmica (sempre iminentes); traçado da imaginação em rebuliço; e tudo mais o que se quiser dizer a respeito – ela aceita todas as teses, conexões e equações.

Referenciados por essas elucubrações e/ou por suas motivações mais secretas, os fundadores da Confraria pariram o Nós, Poetas, coletânea com exatos 100 poemas, elegendo-o como seu “lugar mais alto”. À exceção de Eduardo Proffa, que já publicou dois livros, eles foram catapultados do anonimato literário às páginas de um livro concebido em regime de comunhão de bens. Ali, falam de tudo o que lhes bate no quengo, cada qual em seu estilo: do amor ao ódio; da lascívia à candura; da inocência ao pecado rasgado; da solidão às boas companhias; da fé ao niilismo; de Deus ao diabo; do inferno ao paraíso, passando pelo purgatório. Afinal, como diria Dostoiévski: "Se Deus está morto, então tudo é permitido". Será? Pelo sim, pelo talvez, não haveria melhor pretexto para que o universo unisse essas almas prenhes de expressão poética – e, tomara, o Nós, poetas seja o primeiro de uma série infinita.
Que cada um eleja o seu “lugar mais alto” para a poesia. De uma maneira ou de outra, ela é livre e escorregadia; pejada de antagonismos e idiossincrasias. Infiltra-se pelas brechas da cidade, força todos os portões e, feito vampiro, mergulha nas veias dos mortais que por si se apaixonarem – afinal é desaforada e amoral. Tanto que não cabe em si e transborda. Apostamos que até Deus (que é leitor exigente) aprecia!



NOTAS FINAIS:
1.      Texto disponibilizado nos termos da licença Creative Commons
2.      Brasil em Tortura -Tânia Oliveira
3.      O aroma da poesia - Ari Lins Pedrosa
4.      Infinito - Eduardo Proffa
5.      Retirado da letra de Construção de Chico Buarque de Holanda
6.      Retirado da letra de Como nossos pais de Belchior

 




2 comentários:

  1. Ola Sávio, a muito tempo atras encontrei no alto da Sé em Olinda - PE um papel dobrado... velho, sujo que continha uma das mais belas poesias que já vi (que me caiu como uma luva no momento que estava passando na minha vida). O papel continha os "Apontamentos de um escritor latino-americano sobre tudo aquilo que vem acontecendo com ele e com você – Sidney Rocha"... Infelizmente perdi esse papel em minhas andanças e não consegui encontrar em nenhum lugar (internet, livraria e etc) o bendito apontamento completo. Em uma pesquisa no google vejo que seu blog possui uma parte do apontamento, você poderia me enviar ou disponibilizar no site ele completo? Por favor... Aguardo seu retorno. Obrigado. Emerson Alves - emersonnok@gmail.com

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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