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sexta-feira, 18 de setembro de 2015

II Guerra mundial: os pracinhas das Alagoas (II)

Este material foi publicado em Campus, suplemento do jornal O Dia, Maceió, Alagoas


Professor Sérgio Lima da rede municipal de Maceió e Mestre em História pela Universidade Federal de Alagoas


Dois dedos de prosa

O professor Sérgio de Lima terminou de defender sua dissertação de Mestrado na Universidade Federal de Alagoas, orientado pela professora  doutora  Ana Paula Palamartchuk a quem devo desculpas por não ter mencionado seu nome como orientadora do Gustavo em sua dissertação sobre o integralismo. Apesar de ter sido por mero e raro esquecimento – sempre menciono o nome do orientador – acho que devo apresentar minhas desculpas.

Sérgio havia preparado esta matéria para Campus, antes de sua defesa. E decidimos priorizar a fala dos Pracinhas, desdobrando o texto em duas partes e, na primeira, colocando dois comentários introdutórios: um dele e outro meu. Neste número, somente teremos as entrevistas pelo Professor Sérgio.

Trata-se de um jovem talento que deve buscar seu doutorado.

Vamos ler.
Luiz Sávio de Almeida

ULISSES FIRMINO DE OLIVEIRA[i]





Meu nome é Ulisses Firmino de Oliveira, tenho 95 e faço aniversário no dia 15 de outubro. Sou morador de Delmiro Gouveia, município de Alagoas. Assim como meus pais, nasci e me criei nesta cidade. Sou um homem de pouca escolaridade. Tive contato com a escola, mas meu estudo foi muito pouco, eu não vou mentir. E agora está com dois anos que nem o nome eu posso assinar mais [ii].
Fui convocado pelo Exército em 1942, ainda muito jovem. Nós fomos para Maceió, num caminhão “veio”. O dono tinha colocado correntes, mas os “cabra” já tudo envenenado (tinham consumido bebida alcoólica). Não estou muito lembrado do negão, que disse “olha, vocês desçam e vão empurrar o carro”. Aí eu disse: “pera aí, nós somos calunga de caminhão?”. Isso, dentro de Mata Grande. Ele se enfezou, nós ficamos lá. Passamos a noite em Mata Grande, logo dia de feira... Menino! foi um sofrimento. De Mata Grande, o motorista disse e o tenente falou “olha não vou levar ninguém mais para Maceió, não. Bagunçaram aí, não todos, mas bagunçaram bastante”. Mas, acabaram levando o pessoal.
Quem entregava as cartas de convocação era o prefeito de Água Branca.  No meu caso eu tive que buscá-la na perna, quer dizer tive que andar até um caminhão que iria nos transportar até Água Branca.  Aqui era ruim de carro, quase não existia. Naquele dia fui eu e um amigo chamado Quichabera, que estava bebo como um cachorro (risos). Eu era novo, não tinha filhos e era solteiro ainda. Mas tiveram outros que assim como eu e meu amigo tiveram que buscar as cartas. Home! O caminhão foi cheio. Teve o caso do finado João Gomes, que estava com o pé machucado e que teve que voltar. Ele era agricultor, e a roda do carro de boi passou no pé dele. Além deles outros tiveram que ser dispensados, como o Palmeira, que também era agricultor. Muitos dos que foram eram pobres. Eram operários, outros agricultores. Como diz a história, eram “pé-no-chão”.
Mesmo assim, com todas essas dificuldades acabei me apresentando ao 3º Batalhão, no quartel 29, no Rio Grande do Norte. Neste batalhão eu acabei ficando por muito tempo. O compadre Rosalvo[iii] veio para o Batalhão de engenho, não sei... E os outros foram com o General Cordeiro de Farias e Mascarenhas de Moraes, de navio para a Itália. Eu também acabei indo.
A viagem para a Itália foi muito complicada. Muito nego enjoou. Por conta disso, eu não quis nem comer.  Mas, antes da tropa embarcar, houve uma parada em Recife. Quando chegou lá não tinha vaga, nem na Paraíba, nem nada. Aí veio um capitão que deu um sinal, ou telefonou, não sei o que... nós saímos marchando, a pé, para o quartel 29. Dormi em rede, tinha “nego” que chiava (risos). Eita diabo! Tinha um César, do Rio de Janeiro, menino! Esse era o cão.
Ainda sobre esse primeiro momento de preparação, antes do embarque para a Itália, passamos seis meses nas praias do Rio Grande do Norte treinando. Tinham aqueles “canhãozão de concha”, 150 mm, entre outras armas. O quartel dos convocados ainda não estava pronto. De manhã bem cedo a banda de música tocava. Os maus elementos ficavam tudo atrás, pelo fato dos oficiais terem raiva deles. Quando ele dizia “bom dia meu regimento”. Tinha cabra que dizia: “bom dia corno”. Outro falava: “fi dessa, fi daquela outra”. Eu sei que ele ficava vermelho. Mas, por sinal, nesse dia o sargento acabou testando o grupo. Estava lá perto, em uns treinos de tiro. Eu vinha com uns tijolos nos braços, aí ele disse: “o que você é? Aí eu falei: “um simples carregador de tijolo”. Ele ficou vermelho como a peste. Danou-se lá para o quartel e bateu a corneta.
O Sargento, chamado Nestor, comentou: “olha vão lhe expulsar”. Eu falei: “não posso fazer nada”. Ele não me deu um bom dia, lá. Eu com a mão cheia de tijolo. Tinha gesto de cabeça, mas eu não fiz. Por conta disso acabaram mandando me chamar. Tinha um cearense, era quem dirigia o jipe. Naquele tempo, não tinha tanto carro, não. Era um jipe velho, que andava pra lá e pra cá. Aí, quando eu cheguei, já tinha conversado muito e ele disse: “olha, foi mandado chamar você à minha ordenança”. O bicho ficou vermelho que só a peste, mesmo assim falei com ele: “olha, eu nunca fui vaqueiro, nunca lavei cavalo e nem arrumei cama pra mulher, ou pra homem”. Aí foi que ele ficou vermelho mesmo e me mandou sair.
Existiram outros momentos em que os superiores se revoltavam com nossas atitudes. Teve um em que um Coronel que esqueci o nome, marchando com a tropa, ficou envergonhado com a atitude de algumas mulheres que tiraram a blusa e mostraram os seus peitos. Os cabra não perdoaram e começaram a assoviar e a gritar. E ele muito caxias disse: ““não tem jeito, não”. Mesmo assim acabamos embarcando.
Eu cheguei a ver Cordeiro de Farias e Mascarenhas de Moraes de pertinho, em Recife. Mascarenhas de Moraes era um bichinho baixo, mas era bom. Eu já tinha visto ele em 39, quando eu fui sorteado. Tem uma história que aconteceu comigo em que me mandaram limpar um fuzil velho que nem a bixiga. Eu tentei limpar esse fuzil, mas não conseguia. Acabei me abusando, e disse: “Está prestando “im riba” não”. O Major que via tudo olhava assim, com uma cara. Aí eu falei: “nem o cão limpa ele”. Ele tava do lado do General. Aí ele pegou e jogou, assim, lá no chão. O Cordeiro de Farias disse: “não se faz isso com recruta, não”. Neste momento, ele pegou o fuzil olhou e disse: “Isso aqui só se for no fogo ou na broca”. Depois de algum tempo ele mandou me chamar e falou “viu o que ele (Cordeiro de Farias) falou com você?” Aí eu retruquei: “eu não tenho culpa. Que culpa tenho eu?” Mas também com poucos dias ele foi transferido, num sei para onde (risos). No lugar dele chegou um Coronel bom que danado.
Mas, passado esses momentos, tivemos que seguir viagem para a Itália. Chegando lá a gente foi colocado na divisão dos EUA, num batalhão com várias fileiras. Houve uma história engraçada, que acabei de me lembrar (risos). Bem cedinho, naquele nervoso doido, eles davam dois dedos assim de uma bebida que eu não sabia nem o que era. Eu dizia “bota isso pra lá, que eu não bebo”. Nunca bebi e nunca fumei.
Não tive muito contato com o povo italiano. Apenas conheci algumas mulheres, sendo que as situações que envolviam as italianas me lembro pouco, como por exemplo, o dia em que elas com raiva das atitudes de alguns soldados ficaram em fila na nossa frente. Soldado não liga para nada mesmo.
Tinha italiana bonita e tinham as feias. Certo dia eu estava cantando e uma delas perguntou: “quem é bigode, aqui?” “é aquele cara ali”. Lá vem ela conversar comigo (risos). Aí conversamos um pouco, e ela disse: “olha, você pode dar uma voltinha por aqui de noite?” “Homi !”, se eu não sair de patrulha... Quase todos os dias tinha que sair para patrulhar. Mas não saía sozinho. Alguns soldados iam comigo.
Fiquei na Itália por quase três anos. Participei do combate ao Monte castelo. Eu fui até o Monte Castelo. Fui não, me levaram. Por que por minha vontade eu não iria, não (risos). Tinha uma metralhadora inimiga “da peste”, em cima da gente. E naquela confusão toda, lá estava eu. Muito brasileiro morreu naquele combate. Muitos soldados e alguns aviões davam cobertura aos médicos e aos enfermeiros. Aquele que não tinha condições ficava gemendo até morrer. Agora, aquele que tinha condições eles levavam.
Apesar do treinamento que tivemos, o Exército brasileiro daquela época estava preparado apulso. Batia muita saudade de casa e quem estava num inferno daquele não saia porque não podia. Até a comida era suspeita. Por isso nem tudo que eu via eu comia. Vi soldados alemães, mas o principal inimigo não pudemos capturar, que era o seu chefe principal: o Hitler. Esse era esperto. Mas, ele morreu e com o fim da guerra, pouco tempo depois, voltei para o Brasil. Voltei direto para o Rio Grande do Norte.
Não cheguei a seguir carreira no Exército. Recebo uma aposentadoria como Segundo Tenente. Aliás, aposentadoria não, esmola. Sendo que não posso negar que me serve. Tanto é assim, que olhando para traz posso dizer que valeu apena. Valeu, por que eu ganhava um salário vagabundo, menor ainda do que eu recebo hoje.
Essa aposentadoria que recebo foi muito difícil conseguir. Precisei dar várias viagens atrás desse meu direito. Dona Vitória dizia “mas seu Ulisses vá falar agora com Collor”. Eu dizia: “quantos tenentes não queriam que eu fosse embora daqui, quantos não queriam que eu tirasse outros papéis?”. Eu disse, não. Por que eu tinha feito na associação dos Ex-Combatentes, da qual faço parte.
Eu ganhava uma porcaria, trabalhando na roça, rancando toco e coisa e tal, agora o que ganho melhorou um pouquinho. Não me lembro de tudo que vivi naquela época. Não tirei foto daqueles anos na Itália. Depois que fiquei surdo, infelizmente eu me esqueci de muita coisa.
  
     
JOAQUIM BALBINO DOS SANTOS[iv]


Meu nome é Joaquim Balbino dos Santos, nasci em 1918, sou alagoano de Anadia, um município pequeno aonde eu e minha família fomos criados. Minha escolaridade é pouca, mas graças à Deus sei ler e escrever direitinho. Frequentei a escola apenas no início. Não tenho nenhuma formação escolar. Quando jovem trabalhava numa companhia de bonde em Maceió. Era condutor de bonde. Eu era aquele rapaz que cobrava o dinheiro das pessoas. Foi mais ou menos nessa época que acabei sendo convocado para prestar serviços ao Exército brasileiro.
Eu me lembro muito bem do momento da minha convocação. De início, eu recebi uma notificação dizendo para me apresentar. Era bem moço, tinha ainda pai e mãe. Meu pai morreu muito sedo, mas na época da convocação eles ainda estavam vivos. Com a sua morte quem deu uma força para minha família foram meus irmãos. Um deles acabou sendo convocado também junto comigo.

Eu fui designado para ir para as praias, para ficar no litoral. Naquelas praias das barras, aonde podiam entrar o adversário. Barra de Santo Antônio, por exemplo. Fiquei por aqui mesmo, não fui obrigado a ir nem para Natal, nem para Recife, mas muitas outras pessoas acabaram indo não só para esses pontos da costa brasileira, como também para a Itália, na Europa. Eu fiquei de 1942, quando fui convocado, até 1945, patrulhando o litoral contra possíveis ataques do inimigo, no caso, os alemães. 
Ficamos naqueles “bicos-de-praia” por três anos, vigiando aquelas entradas que davam acesso às cidades. Antes um pouquinho de isso acontecer eu já estava morando aqui em Maceió e havia algumas diferenças da cidade de antes para a de agora. Acho que naquela época era melhor para viver do que hoje em dia. No entanto, vivíamos num mundo cão, sabe? Ninguém gostava de ninguém, não. Hoje em dia, vivemos num mundo difícil, mas as pessoas têm mais reconhecimento com os outros. 
Durante a guerra, nós sabíamos de tudo que estava acontecendo. Tinha um noticiário, num sabe? Aqui se sabia de tudo, principalmente nós, ex-combatentes, que tínhamos responsabilidade por esta localidade. Nós éramos os responsáveis por aquelas bases na Barra de Santo Antônio, aonde foi instaurada uma companhia. Passamos lá uma porção de tempo, sem abusos, tranquilos.
Nunca tive medo de ser designado para ir lutar na Itália. Quer dizer, naquele tempo eu era muito moço e não tinha medo de nada, não. Eu cheguei até uma vez a ver o pessoal chorando porque havia sido transferido para viajar. Era um rapaz. Isso acabou aperreando a mãe dele, né? Eu pedi para me colocar no lugar do rapaz. Aí, o tenente disse: “Você não faça isso não, porque o tratamento de lá não é igual ao daqui, não”. Naquele tempo eu era cabo, num sabe? Era cabo de fileira.
Então se me mandassem para o Teatro de Operações italiano eu iria na hora. Eu não tinha medo, mas muitos outros tinham. As notícias que chegam sobre a guerra não eram nada boas. Tinham uns companheiros que já estavam se acabando. Naquele tempo era moço, disposto. Esses “cabras” meio banda voou, que não tem medo de nada. Eu era meio desmantelado naquela época.
Eu me lembro de que o povo tinha muito medo, né? O povo em geral tinha muito medo dos ex-combatentes. Achavam que os ex-combatentes eram guerreiros, fortes, diferentes, e o povo tinha medo, mas a gente não queria demonstrar isso, não. Não queríamos passar medo, não. Eu reparava isso quando andava pelas ruas da cidade. O povo já olhava cismado. 
Nosso comandante era Coronel Amilton de Freitas Rolim, um homem bom que todos os soldados gostavam. Eu era diferente dos outros. Porque eu era diferente me mandavam fazer as coisas: “mande o Cabo Balbino”. Eu era Cabo naquela época. “Mande o Cabo Balbino, ele não perde viagem não”. Aí mandavam me chamar: “tem um trabalho para você”. Aí eu respondia: “Se tiver ao meu alcance eu atendo agora”. “Vai buscar um soldado que estava desesperado, fazendo absurdos”, aí eu ia.
O principal é que o Brasil não estava preparado e essa é a verdade. Aparentemente o Brasil estava preparado, mas na realidade eu acho que não. Faltava muito ainda. Os alemães, nossos inimigos, era um povo assim sem vida, sem noção. Uma espécie de bandido. Naquela época os alemães eram uma espécie de bandidos. Não sei como as pessoas chegaram a botar o alemão na lista de amizade. Eles não mereciam, não. Por isso que a minha vontade era só de matar.
Nós que participamos, merecíamos o que talvez eles nunca pensaram em nos dá. Já imaginou pegar um fuzil e brigar com o adversário? Naquela época o adversário eram os alemães e que hoje nós nos damos com ele, como amigos. Coisa que nunca devia acontecer, por que eles foram uma espécie de carrascos, entendeu?
Tinha muita notícia de morte. Eu conheci gente que morreu lá. Conheci gente que foi convocado quando eu fui. Viajou para a Itália, mas não voltou. Como exemplo disso, teve o Cabo Olivar Barbosa Vila Nova, morto na Itália. A família que ficava aqui ficava desesperada. A família dos mortos recebia um dinheiro, mas não se conformava, não. Tudo moço, morrendo. Vinte anos, vinte e poucos. Os mais velhos não chegavam a ter mais de vinte e cinco anos.
Ali, naquela época, vou lhe dizer uma coisa, o cara tinha que ter coragem de qualquer jeito. Ninguém podia se acovardar, não. Tinha que ter coragem de qualquer jeito. O tempo era perigoso, pesado, todo mundo tinha cuidado com a vida.
Olhando para traz e fazendo um balanço, eu acho que houve um certo reconhecimento por parte da população em relação a nossa importância na Segunda Guerra Mundial. Mas tiveram algumas pessoas que acharam que não foram reconhecidas. Eu noto que cada um quer para si. Acham que deveria ser tudo para eles. A gente tem o espírito diferente do dos outros. Algumas pessoas querem de mais. Eu, graças a Deus, não sofri nada na guerra. Eu fui um alvo de respeito. Participei até dos blekauts que aconteceram no litoral alagoano. Isso tinha o objetivo de dificultar a visão dos inimigos em relação às praias.   
Eu fui reconhecido, né? Mas, há alguém que acha que faltou reconhecimento. Eu fui convocado e fui promovido. A guerra me deu o que eu tenho hoje, por isso eu não tenho queixa da guerra. Se não tivesse tido a guerra, se não tivesse sido convocado, eu não teria o que eu tenho hoje. Hoje tenho o pão de cada dia certo, graças a Deus, para mim e para minha família.
Quando acabou a guerra ainda continuei um tempinho no Exército. Só no final é que eu fui trabalhar na companhia de bonde de Maceió. Minha patente na guerra era Cabo, quando fui transferido fui promovido a tenente. Eu recebo a minha aposentadoria como segundo tenente. Está entendendo? Atualmente faço parte da Associação de Ex-combatentes do Brasil, Seção Alagoas.  


[i] Na entrevista concedida em 14/09/2013 pelo senhor Ulisses, ficou clara a sua boa vontade de nos acolher de forma bastante respeitosa e se dispor a responder às perguntas que lhe foram direcionadas sempre com um sorriso no rosto. O pracinha de 96 anos, ex-operário e lavrador, nos proporcionou entender a sua visão do que tenha sido a guerra na Itália quando lá esteve em 1944.
[ii] Ele se refere à assinatura do depósito correspondente à sua aposentadoria. Ele a recebe no quartel de Paulo Afonso, como 2º Tenente.
[iii] Rosalvo José de Souza, outro pracinha entrevistado, que também é morador de Delmiro Gouveia.
[iv]Com o segundo tenente aposentado e ex-combatente Joaquim Balbino dos Santos, tivemos um rápido contato. Mesmo estando disposto a contribuir para estas entrevistas, a sua saúde debilitada talvez tenha sido o maior problema encontrado. Mesmo assim, acabou nos relatando as suas experiências de guerra e seu envolvimento como soldado convocado para a defesa do litoral brasileiro. Seus relatos foram colhidos em 09/03/2014, na sua residência.

 

 

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

II Guerra mundial: os pracinhas das Alagoas (I)

world  war II
 Seconde Guerre mondiale
Seconda Guerra Mondiale

Este texto foi publicado em Campus, suplemento do jornal O Dia, Maceió, Alagoas


Quem é quem




Professor Sérgio Lima da rede municipal de Maceió e Mestre em História pela Universidade Federal de Alagoas




 Dois dedos de prosa


O professor Sérgio de Lima terminou de defender sua dissertação de Mestrado na Universidade Federal de Alagoas, orientado pela professora  doutora  Ana Paula Palamartchuk a quem devo desculpas por não ter mencionado seu nome como orientadora do Gustavo em sua dissertação sobre o integralismo. Costumeiramente, quando recebo material derivado de orientação, coloco o nome do Orientador. Apesar de ter sido por mero e raro esquecimento, acho que devo apresentar minhas desculpas.
Sérgio havia preparado esta matéria para Campus, antes de sua defesa. E decidimos priorizar a fala dos Pracinhas, desdobrando o texto em duas partes e, na primeira, colocando dois comentários introdutórios: um dele e outro meu.
Trata-se de um jovem talento que deve buscar seu doutorado.
Vamos ler.
Luiz Sávio de Almeida



Alagoas, a guerra e seus pracinhas

Luiz Sávio  de Almeida


Por conta da Segunda Guerra Mundial, o Brasil sofreu algumas modelações especiais, principalmente na área política interna, com a queda do Estado Novo e a eleição de um general para a Presidência da República. Era mais um militar a assumir o comando do País,  como fora o próprio Getúlio Vargas que vai terminar a vida em 1954. A guerra foi travada longe do Brasil, na Itália de onde vieram nomes que chegam a fazer parte do território nacional como o Monte Castelo no exemplo das batalhas, como Pistoia que seria avançado cemitério brasileiro e absolutamente trágico naquela uniformidade de cruzes.

Claro que se pode discutir a participação do Brasil na guerra. Não há campo que possa e deva ficar isento de um debate e de uma discussão e, como tal, a guerra está aí, também, para isto. No entanto, para mim, há algo que deve ficar resguardado no mais absoluto respeito: o sangue derramado, expressão aparentemente piegas, mas é assim, desta forma, que se expressa gratidão.

 Se foi certo ou errada a participação do Brasil na guerra é uma coisa;  o sangue derramado é outra. Certa ou errada, a guerra exigiu um sacrifício e muitos foram feridos, mutilados e mortos e isto exige um respeito eterno.  E não estou falando em heroísmo e sim em pessoas, em uma infinidade de Josés, Pedros, Raimundos.  São eles que de repente são chamados, retirados das famílias, assardinhados em navios e plantados em um solo que muitos nem sabiam que existia; foram eles que ficaram por aqui,  mas estavam lá, observando a costa, olhando os céus...

Respeito, mas respeito mesmo e baixo a cabeça com toda a humildade de cidadão brasileiro, para os que foram envolvidos na guerra da qual  muitos sequer sabiam do motivo quando foram chamados a largarem seus lugares. Esta sensação de humildade cívica nasceu certa feita, quando fui ver uma exposição por eles preparada. O Floriano Ivo Júnior me pediu para passar e fui em horário no qual eu poderia ficar o mais confortavelmente sozinho. E de repente fui me lembrando de meu pai que tinha um retrato de um filho do Heitor (seu primo) e quando pegava nele me dizia: este foi para a guerra. E de repente foi ficando claro que eu poderia retirar toda aquela aura heroica que se desejava passar e chegar no profundo das famílias, dos vizinhos, das Rosinhas que ficaram lá em Propriá.

Eu acho que comecei a lidar com a poética da morte e talvez por isto, aquela expressão Ex-Combatente passou e me incomodar, talvez pelo Ex que indicava um inexorável passado, talvez pelo Combatente, pois era pouco.  E algo meio confuso passou a fazer parte daquele lusco-fusco da razão: eu não poderia negar o combate, mas teria que descombatizar aqueles homens e vê-los em circunstância tal que fosse do mais absolutamente geral da guerra, ao mais infinitamente pequeno de um travesseiro onde lágrimas de dor molhavam o sono que não chegava. Eu preferi me agarrar às lágrimas ocultas das muljheres à espera dos maridos, dos filhos pensando nos pais.

Sempre digo em aula: procure ver o que está escondido e trabalhe este elemento e não o que se encontra evidente. Quando buscava tema para o doutorado, lembrei-me das prisões de 1935 e das mulheres que foram ao cárcere.  Cheguei a esboçar alguma como a mulher em 1835, mas não a presa e sim aquela que foi deixada com a família a ter de manter e sustentar seus filhos sob a pecha de casa de comunista. Deu vontade de tomar o chamado Pracinha, e de tentar estudar o drama das famílias vivendo o provisório da vida. Feliz ou infelizmente, fui me distanciando disto e terminei estudando a primeira metade do século XIX.

Ali estavam dois pontos para trabalhar: o que o Pracinha disse da guerra e o que viveu a família do Pracinha. De certa forma, lembrei Thompson da history from bellow com seu estudo sobre a guerra napoleônica.  No meio da documentação sobre a guerra, ele encontrou um maço de cartas de um soldado para a família e logo viu que além dos generais, os soldados também falam.  Este incidente,  termina por gerar um dos mais férteis ramos do marxismo crítico inglês, muito mais rico e desafiante, a meu ver, do que Hobsbawn e Mills.

Os Pracinhas estão sumindo. Quem tinha 20 anos de idade em 1945, hoje estaria, caso vivo, nos entornos de 90 anos. As vozes irão se desligando e a guerra é uma imensa polifonia. Eles estão escritos oficialmente em concreto de monumento; eu desejo o Pracinha do pequeno quadro na parede, da condecoração sumida em uma petisqueira,  o Pracinha de uma lágrima de recordação. Na verdade, seria uma história do Pracinha e não da guerra, uma história do filho do Heitor, primo de meu pai, apanhado pelo redemoinho do mundo.

O trabalho do Professor Sérgio Lima, agora publicado por Campus, deriva de uma pesquisa por ele realizada, quando de seu mestrado em história sob a orientação da Professora Dra. Ana Paula Palamartchuk. Podemos ouvir os Pracinhas e quem sabe alguns já morreram. É o primeiro trabalho acadêmico que conheço, sobre a guerra e Alagoas. Seria imensamente interessante, caso alguém escrevesse sobre a guerra em Alagoas; o que foram e como foram os anos da guerra especialmente nesta Maceió que parece recebeu muitos soldados filipinos.

Talvez este fosse um caminho para o doutorado do próprio Professor Sérgio Lima.  É também um tema urgente: quem tem notícias da guerra já vai desaparecendo; do ponto de vista militar, quem sabe exista documentação no 20º BC, quem sabe nos arquivos da Capitania dos Portos, mas, sobretudo, deveria ser uma história de como a cidade guardou a memória da guerra. O que seria isto? Para o Partido Comunista em Maceió, por exemplo, foi muito importante pela possibilidade de voltar à rua em face da União Soviética ser  do grupo contra o Eixo.

Há muita coisa a ser vista e somente os talentos novos vão dando a sensação de que tudo avança. Parabéns ao Sérgio, que é um amigo e marche para seu doutorado.



O BRASIL NA GUERRA: RELATOS DE EX-COMBATENTES ALAGOANOS SOBRE SUAS EXPERIÊNCIAS NA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL. 


Sérgio de Lima

Há mais de setenta anos o Brasil mandava para o Teatro de Operações italiano um contingente militar superior ao número de 25 mil jovens brasileiros, tendo como um dos seus objetivos fazer parte das forças aliadas no combate ao nazifascismo naquele território, além de tentar consolidar a sua participação direta na guerra[i]. Outros nacionais foram convocados, advindos de vários estados da federação, que também tiveram a sua cota de participação registrada em documentos oficiais, periódicos e em pesquisas posteriores, sendo designados para atuarem na defesa do litoral do país, contribuindo assim para a proteção da costa brasileira entre os anos de 1942 a 1945.
A FEB operou na Itália durante aproximadamente sete meses e dezenove dias. Nesse período, que se iniciou em 16 de setembro de 1944 até 02 de maio de 1945[ii], a FEB perdeu cerca de 440 homens, entre soldados e oficiais. Teve perto de três mil internados nos hospitais da retaguarda, mas, conseguiu capturar 20.573 prisioneiros[iii].
Tudo isso são números, que transmitidos de forma fria e desavisada não possibilita àqueles que os examinam uma melhor compreensão do quadro de horror que serviu de base para a exteriorização dessa lógica matemática, tão apartada dos sentidos e que representou por muito tempo a única base de sustentação das obras tidas como historiográficas sobre o período em que alguns brasileiros estiveram envolvidos na guerra.
Dessa forma, logo após o fim do conflito grande parte da história da participação de brasileiros na Segunda Guerra Mundial, de início, foi sendo reproduzida apenas pelo segmento militar. A falta de uma bibliografia que não se baseasse somente na lógica fria dos números da guerra foi aos poucos se fazendo presente através de depoimentos de ex-combatentes que dela participaram[iv].
As experiências vividas pelos convocados, as suas falas e as ressignificações dadas sobre aqueles momentos difíceis que os seus depoimentos possibilitaram, tornaram possíveis entender mais detalhadamente o que foi a Segunda Guerra Mundial, não apenas do ponto de vista dos governos ou dos generais, mas pelo olhar dos homens e mulheres simples que lutaram pelo seu país e pouco ou quase nada receberam em troca.
Alagoas foi um dos estados que teve alguns homens e mulheres convocados para a guerra. No total, 148 alagoanos fizeram parte da FEB[v], alguns da FAB[vi] e da Marinha brasileira e outros tantos foram convocados para defenderem o litoral brasileiro. Mesmo assim, poucos trabalhos foram feitos sobre a participação desses alagoanos. Apenas pequenas reportagens e citações bem resumidas podem ser encontradas sobre as experiências desses brasileiros quando do conflito mundial[vii].
Acreditamos que essa lacuna, ou essa falta de memória[viii], tenha sido causada, entre outros motivos, pelo fato de a maioria dos trabalhos produzidos sobre o tema se limitar apenas à bibliografia oficial, esquecendo-se da importância que se deveria ter dado, também, a outras fontes possíveis de serem utilizadas.  
Não há a intenção aqui de hierarquizar os meios de prova na construção de um estudo sobre esse tema. Se a importância das entrevistas ganha um destaque especial será pelo fato de não se poder desqualificá-las diante do que representam em relação ao entendimento da participação de ex-combatentes alagoanos durante a Segunda Guerra.
Conseguimos entrevistar alguns alagoanos que dela participaram diretamente. São eles: Os senhores Ulisses Firmino de Oliveira, Joaquim Balbino dos Santos e Aurino Ribeiro da Silva. Todos tiveram a espontaneidade de relatar, depois de quase 70 anos das suas convocações, as suas impressões da guerra e tentaram estabelecer um nexo de relação entre a sua vida durante e depois de terem sido convocados para defenderem o Brasil.
A média de idade dessas pessoas entrevistadas, à época da guerra, estava em torno de vinte e poucos anos[ix]. Era a média de idade dos brasileiros convocados durante os últimos anos do conflito. Eram solteiros, não tinham filhos e detinham pouca instrução escolar. Vinham de famílias com uma renda econômica baixa e trabalhavam no setor urbano, como empregado, comerciante ou servidor do estado, na condução de bondes.
Atualmente, encontram-se instalados em suas casas com seus familiares sendo aposentados como ex-combatentes, recebendo uma quantia irrisória que mal dá para custear as suas necessidades básicas. Ajudam os familiares naquilo que podem e recebem dos mesmos certa consideração por terem os ajudado muito mais quando ainda detinham forças para trabalhar.
São velhos homens, que com a sua velhice conseguem ainda se situar no espaço deturpadamente estabelecido para os mais jovens que eles[x]. Por conta do descaso de alguns e da falta de sensibilidade de outros para com o passado e com a memória, fazem com que estes velhos combatentes continuem lutando para manter vivo aquilo que acreditam ser importante e que moldaram os longos anos de suas vidas, ou seja, a pura e simples vontade de seguir vivendo e continuando a contar as suas experiências de vida, na qual se inclui os seus momentos como jovens convocados para a guerra. Assim sendo, passemos à palavra a esses ex-combatentes alagoanos, verdadeiros homens de guerra.


AURINO RIBEIRO DA SILVA[xi].

Eu me chamo Aurino Ribeiro da Silva, sou do município de Pilar e nasci no dia 16 de outubro de 1920. Minha mãe era doméstica e o meu pai pescador. Sempre trabalharam para sustentar a família. Só estudei até as primeiras séries e completei apenas o primário. Trabalhava como comerciante, vendendo camarão, siri na feira. Sou um ex-combatente alagoano que participou na defesa do litoral brasileiro durante a Segunda Guerra mundial.
Quando fui convocado para guerra tinha, mais ou menos, 22 anos. A minha participação, ou o meu trajeto como convocado pode ser resumido da seguinte forma: Eu fui sorteado e convocado, partindo logo em seguida para o 20º BC. Deste, um trem levou a gente para Recife. Chegando lá já tinha um caminhão esperando para nos levar à outra cidade, no caso, Olinda. De Olinda eu fui para Piedade, sendo levado, junto com outros rapazes, para Fernando de Noronha, no navio Itupiara, passando três dias e três noites, navegando dentro do oceano, vendo gente vomitando aquela água azul, pois não tinha mais o que vomitar dentro do corpo. Chegando em Fernando de Noronha, acabei servindo por quatorze meses. Depois desse tempo, passando uma vida medonha, só tinha lá... rato, só tinha rato branco, cobra não existia, voltei para Olinda. De Olinda eu fui engajado, depois fui reengajado.  Quando terminou o reengajamento aí eu pude ser enviado para casa.
Quando estive em Fernando de Noronha tive contato com vários tipos de armamentos e equipamentos de guerra. Um deles foi o telêmetro[xii], que servia, entre coisas, para avistar os civis ou o inimigo. Tinham também os canhões 152,4 mm, que era preciso duas pessoas na padiola para botar na câmara, para depois disparar. Quando ele dava os estampidos muita gente “pocava” os ouvidos e se estivesse com a boca aberta mordia a língua. No morro, às vezes, desabava muitas pedras por conta do estampido do canhão.
Quando fui convocado, depois da guerra ter estourado, eu não tinha nenhuma ideia do que estava acontecendo no mundo. As notícias que eram publicadas nos jornais, na rádio ou até mesmo entre os meus amigos à época, tinha pouco conhecimento e pouco me interessava. Eu tinha medo, mas não tinha jeito.
Quando estive em Fernando de Noronha, local aonde fiz meu curso de combate, aconteceu um fato interessante. Tinha um tenente que obrigava a gente a ir a olhar para um canto e para outro e em uma das vezes apareceu um submarino. Quando o submarino apareceu nos preparamos para fazer fogo. Aí, ele falou que tínhamos que comunicar primeiro para o Rio, quando vier ordem do Rio, então nós poderíamos sentar fogo no submarino. Aconteceu o seguinte: o submarino emergiu foi embora e aí ninguém fez nada. Este submarino era alemão.


Tive contato com poucas pessoas lá em Fernando de Noronha. Não me lembro mais dos seus nomes e nem do lugar de onde vieram. Lembro apenas de um advogado que passou batido nas provas que nós fizemos quando lá chegamos. O curso foi muito interessante. Passei onze meses naquela região. Sei que não podia ser mandado para Itália, mas alguns acabaram indo. O meu dever era proteger o litoral de possíveis ataques alemães. Sempre houve essa conversa de que os alemães poderiam atacar o Brasil. Mas aí a gente estava na atividade. Sempre olhando, por que se aparecesse dentro do oceano algum submarino inimigo a gente atirava, claro que com o aval do comando superior. Só podíamos matar se houvesse a ordem do Rio. No momento em que avistamos o submarino bateu uma cisma na gente pelo fato de não sabermos o que vem de lá, né? Por isso que é bom às vezes esquecer esses acontecimentos.
Passado tantos anos, eu me vejo hoje como um Ex-combatente, sócio da Associação de Ex-combatentes do Brasil, seção Alagoas, aposentado e tendo que me apresentar de seis a seis meses na 20ª CSM.
Guardo da guerra mais tristezas do que alegrias. Eu sou ex-combatente e recebo como ex-combatente, depois de muita luta. Na minha carteira, sou Cabo. Não quis continuar no Exército por um simples fato: quando acabou a guerra ninguém queria saber mais de nada, queria era ir para casa. Se eu não tivesse sido obrigado a me apresentar e a participar como soldado brasileiro, eu é que não ia me arriscar numa coisa daquela. Seria bom que não existissem mais guerras. Quem quer saber de guerra, rapaz?




[i] MOURA, Gerson. Relações Exteriores do Brasil: 1939-1945: Mudanças na natureza das relações Brasil-Estados Unidos Durante e após a Segunda Guerra Mundial / Gerson Moura; apresentação de Letícia Pinheiro; prefácio à nova edição de Leslie Bethell.─ Brasília: FUNAG, 2012.

[ii] SILVEIRA, Joel e, THASSILO, Mitke. A Luta dos Pracinhas: A FEB 50 anos depois, uma visão crítica. Rio de Janeiro: Record, 1987.

[iii] Roteiro da FEB, disponibilizado pela Associação dos Ex-combatentes do Brasil, secção de Alagoas, baseado em dados disponibilizados pelo Exército brasileiro.

[iv]Ver: FERRAZ, Francisco C. A. A guerra que não acabou: A reintegração social dos veteranos da Força Expedicionária Brasileira (1945-2000). Londrina: Editora da Universidade Estadual de Londrina (EDUEL), 2012.

[v] MORAES, J. B. Mascarenhas. A FEB Pelo Seu Comandante. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército, 2005.

[vi] BUYERS, John W. A História do 1º Grupo de Caça, 1943-1945. Maceió: Editora do Autor, 2001.


[vii] Jornais como A Notícia, O Semeador e o Jornal de Alagoas, além de algumas reportagens encontradas no acervo da Associação dos Ex-combatentes do Brasil-Secção de Alagoas (AECB-AL).

[viii] Sobre as memórias subterrâneas ver: POLLAK, M. Memória, Esquecimento e Silêncio. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, vol. 2, n. 3, 1989, p. 3-15.

[ix] Requisitos para ser convocado: Ser brasileiro nato, ter mais de 21 anos e menos de 26 anos de idade, ter boa conduta comprovada com atestado da competente autoridade policial ou por oficial das Forças Armadas Nacionais, ser solteiro ou viúvo sem filhos e ter no mínimo instrução primária completa (fonte: Jornal de Alagoas: 27/06/43 (IHGAL)).

[x] Sobre a memória dos velhos, ler: BOSI, Ecléa. Memória e Sociedade: Lembranças dos Velhos. São Paulo: Companhia das Letras, 1994.

[xi] O ex-combatente alagoano Aurino, morador do bairro do Vergel do Lago, localizado em Maceió, foi outro dos pracinhas que conseguimos entrevistar. Foi convocado para a defesa do litoral brasileiro, mas especificadamente em Fernando de Noronha. Aurino, homem de poucas palavras, demonstra uma boa saúde e relata as suas experiências de guerra, sendo um dos colaboradores deste trabalho. Sua entrevista aconteceu em 12/04/2014. 

[xii] É um dispositivo de precisão destinado à medição de distâncias em tempo real