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quarta-feira, 7 de junho de 2017

Movimento monarquista



 

 O Movimento Monárquico


 Barão de Penedo


Isaac Vasconcelos Barros
         
Com as crises de identidade nacional, com as frustrações sobre os representantes políticos, com os conflitos de valores, principalmente de ordem moral e intelectual em nosso país, vimos estourar grandes manifestações no ano de 2013. Foram convulsões sociais que se protestava por tudo, e fazia-se de tudo, mas ninguém chegava a lugar algum. "O que fazer?" Era a pergunta ecoante na alma dos brasileiros de bem que queriam uma solução para um problema sentido mais que compreendido. Um cancro oculto dentro da alma da brasilidade. Um instinto que dizia que o animal está ferido. Vimos um país cheio de líderes, mas sem qualquer liderança.
"O que fazer?"

Pessoas se uniram. Procuraram estudo, conhecimento, em livros, em dados estatísticos, em vídeos na rede, nas redes sociais. Procuraram a ciência. Procuraram soluções. Uma busca que rejeitava por instinto qualquer “solução” proposta pelo estamento burocrático de então. "O Brasil é o país do futuro." Um futuro que parecia nunca chegar. Como um faminto que dorme, e sonha que come, mas acorda e ainda está com fome.

Perguntaram-me por ocasião do lançamento do meu livro de ficção científica "A Ordem dos Reis" em 2014 qual era a minha orientação política. Respondi prontamente que não penso em partidos, mas em um sistema de governo que funcione. E que “o sistema de governo que funciona pelo mundo, inquestionavelmente, é a monarquia parlamentar.” Quando escutei aquelas palavras saindo de mim, pensei (sim! como um eureka!, mesmo) "seria esta a solução para o Brasil? Seria possível para o Brasil? Por que não?" Tais questões vieram com pungência.

Fui pesquisar. Eu havia ouvido falar de um tal de Dom Joãozinho, que ficou famoso na época do plebiscito de 1993, quando eu ainda era uma criança. Comecei por aí. E foi um BUM!

Foi como a descoberta de um mundo novo! Ou, melhor ainda, um Brasil que eu nunca havia conhecido. Um Brasil de se orgulhar. Conheci finalmente a bandeira do Império do Brasil.

Que beleza de bandeira! 



Aprendi finalmente que o verde é da Casa de Bragança, e não “do verde das nossas matas”. E que o amarelo é da Casa de Habsburgo, e não “das nossas riquezas minerais”. Descobri que “Ordem e Progresso” é um lema de uma religião atéia, chamada Igreja Positivista, cujos princípios seduziram uns militares ociosos com o fim da trágica Guerra do Paraguai, e com ideias utópicas levantaram uma quartelada, manipularam um marechal e deram um golpe de Estado em 15 de novembro 1889. Descobri que Deodoro da Fonseca era monarquista, e que na “proclamação” que fizera, havia gritado “Viva o Imperador!”, mas enganado, os canhões estouraram e os seus manipuladores berraram por cima “Viva a república! Viva a república!”. E mesmo sendo presidente (eleito tão somente pelos golpistas), Deodoro sempre posava para retratos com todas as suas condecorações imperiais, entre elas, a Ordem da Rosa – uma condecoração íntima da Casa do imperador, dada para aqueles que demonstraram amor e fidelidade à Família Imperial. Que ele ameaçou os golpistas diversas vezes de acabar com a república e chamar “o velho de volta”, mas nunca teve a coragem para tal.

Descobri que a música do hino nacional é a música da coroação de Dom Pedro II, e que Deodoro se recusou a abandonar; e que apenas em 1922 por meio de um concurso, foi comprada a letra que usamos hoje, a “Ouviram do Ipiranga”. Aprendi que o verdadeiro hino nacional, o Hino da Independência, o “Já podeis da pátria filhos”, fora composto por Dom Pedro I, e sua letra fora escrita e doada por Evaristo da Veiga, um jornalista português que adotou o Brasil por sua pátria.

E sucedeu uma miríade de descobertas… um reencontro. Horas e horas de estudo dentro de Eduardo Prado e Joaquim Nabuco, artigos, vídeos de debates, palestras, etc. Conheci pela internet o herdeiro constitucional do trono dos brasileiros, Dom Luiz de Orleans e Bragança, e seus legítimos sucessores. Falei com os príncipes. Encontrei pessoas que se diziam “monarquistas”. Percebi que meu conhecimento estava completamente adulterado pelo ensino imposto pela república através do MEC. Tive que reaprender toda a história do Brasil, o que me lançou a um novo entendimento sobre o mundo. E uma nova compreensão de onde estou e qual o meu papel. Enfim, tornei-me também um monarquista. Enfim, encontrei a resposta daquela fatídica pergunta “O que fazer?”.

“Será que existem monarquistas em Alagoas além de mim?” Fiquei curioso, ansioso. E, incrível! Existiam sim. E não eram poucos. E não eram recentes, noviços como eu. Desde sempre houve monarquistas em Alagoas. Mas todas as Constituições republicanas proibiam a discussão sobre outras formas de governo que não a república. Os textos, os símbolos, os encontros, o ensino, eram proibidos. Monarquistas ficaram na clandestinidade por quase cem anos! Até que na ocasião da Constituinte de 1987, Dom Luiz corajosamente lhes escreveu um manifesto: 

Quando o Império era vigente, aliás, tal discriminação não se suportaria contra os republicanos, que aqui gozavam de toda a liberdade. Se coisa diversa acontecesse, muitos dentre os próprios monarquistas haveriam de cerrar fileiras em torno de seus adversários políticos, para que tal liberdade lhes fosse concedida.

Como explicar que o regime republicano — o qual se pretende ainda mais cioso das liberdades do que o regime monárquico — tolha entretanto à causa monárquica o direito de existir no coração de muitos brasileiros, de se propagar e de disputar ante o Pais livre as preferências para si mesma? Não é isto amordaçar o Pais, impedindo-o de escolher seus rumos quando e como ele quiser?”




          Na época do plebiscito houve um grupo forte aqui em Alagoas. Tentaram fundar um Círculo Monárquico Brasileiro alguns anos depois. Mas a ilusão republicana, a massificação dos povos, e o caráter mesquinho-prepotente comum ao alagoano médio reduziram os monarquistas ao isolamento e deste, ao ostracismo. E assim permaneceram até virem novamente as bofetadas que esse sistema de governo lança em rosto dos brasileiros de tempos em tempos. São bofetadas seguidas de sopros de consolo, mas com um hálito de uma carne comida de véspera. Lançam em rosto, os escarnecedores, políticos de carreira, que o parlamento não é balcão de pedido do povo. Mas do povo, os parlamentares tiram suas legitimações com o fito de exercer suas efêmeras autoridades a fim de intervir em sua vida. Intervenções, estas sim, de efeitos perpétuos. Fazem e desfazem, a despeito da opinião pública. Manipulam, fragmentam, confundem o pensamento de um povo disperso. Votam às escondidas, os mais funestos projetos à revelia dos anseios dos indivíduos. Colocam palavras confusas em seus textos-lei dúbios. Não há nada que os freie, senão a ameaça ou vantagens entre eles mesmos.

Diante disso, o sentimento de impotência. É necessário ir trabalhar, conseguir o dinheiro para o leite das crianças. Voltamos para casa cansados… precisamos relaxar e nos divertir um pouco, quem sabe? Tentar usufruir alguma coisa dessa vida miserável, repetitiva… pensar em política? Mas que estorvo! “Deviam ser todos presos.” “Mereciam uma boa vala” “Os homens do botão dourado deviam colocar uma azeitona na testa desses!” Interessante como o brasileiro odeia a política e os políticos de carreira, mas adora o sistema e o defende! “Monarquistas?! Kkkkk” São os comentários de muitos nas redes sociais. “Monarquia parlamentar? Ilusão! O brasileiro não tem cultura para isso.” É a fala mais amena nas conversas cara a cara.

A verdade é que precisamos amadurecer e ser pragmáticos. Não dá mais para viver a política como a um time de futebol, ou achar que é um corpo cósmico que aparece a cada dois anos diante de um computador com uns botões. Se verdadeiramente nos importamos conosco e com os nossos semelhantes, com nossa progênie, precisamos fazer uma busca ativa pelo que comprovadamente dá certo na administração da coisa pública. Precisamos nos expor: expor nosso parco conhecimento, expor nossas vulnerabilidades. Admiti-las. Aprender com o passado, não se esquivar do presente, e se preparar para o futuro.

Em 2015, quando nos encontramos através da internet, os monarquistas de Alagoas estávamos desconfiados. Marcamos um encontro. Foram apenas dois. Estenderam a bandeira do Império do Brasil sobre os braços de suas poltronas e conversaram por duas horas sobre as virtudes do sistema de monarquia constitucional parlamentar, sobre os erros e acertos de Dom Pedro II, as honras e vícios do Império, e o estado precário da república presidencialista na qual estamos presos. Por fim, despediram-se com uma foto para postar na rede, é claro.

 Fizeram uma página na rede, continuaram a procurar mais pessoas dispostas a discutir sistemas de governo e meios para reordenar o Brasil. Trabalho árido, em terreno pedregoso. Quando as circunstâncias mais uma vez empurravam os novos monarquistas de Alagoas ao mesmo destino que seus desconhecidos antecessores, Mário Jorge, um novo monarquista ligado ao Conservadorismo os encontrou. Em 2016 ele provocou uma reunião mais compromissada. Daquela vez compareceram 7 pessoas. Ainda tímidas. Uns com o conhecimento sobre o monarquismo ainda em broto verde, e de convicção cautelosa. Decidimos iniciar alguma coisa. Uma coisa que reunisse pessoas, que espalhasse os ideais monárquicos a todos os alagoanos, que promovesse elevação na moral de nossos conterrâneos. Começou naquela reunião um esboço.



Semanas depois, encontramos Krystian Patrick, um monarquista aguerrido de Arapiraca, que havia tempos divulgava os ideais monárquicos e o sistema de governo moderno em sua cidade e por todo o Brasil por meio de eficiente ativismo digital. E muitos outros que se achegaram para avolumar o grupo. Assim, o que seríamos? Aventou-se o nome de “instituto monárquico”. Mas não desejávamos, como grupo, ser reconhecidos por gente atrás de uma mesa, ou dentro de um escritório, a tratar de tradição, ideologia, cultura e história. Era o nosso desejo fazer, agir, realizar: ir portas afora. Éramos um movimento. Um Movimento Monárquico. João Paulo, um monarquista em Alagoas voltado ao estudo nobiliárquico histórico nos alertou da necessidade de distinção. Afinal, estamos na terra dos Marechais… não podemos ser confundidos. É no mínimo algo ousado essa empreitada! João Paulo nos lembrou do Barão de Penedo, do Visconde de Sinimbu, e outros eminentes alagoanos do Império do Brasil, pessoas que por uma vida cheia de atos nobres receberam o reconhecimento de sua nobreza.

Escolhemos levar o nome do Barão de Penedo. Seu nome era Francisco Inácio de Carvalho Moreira. Nasceu em Alagoas, na Vila do Penedo. Formou-se na Faculdade de Direito de São Paulo, obteve doutorado pela Faculdade de Direito de São Paulo. Foi advogado no Rio de Janeiro, deputado por Alagoas de 1849 a 1852. Em 1852, foi nomeado para representar o Brasil junto aos Estados Unidos, entrando para o serviço diplomático. Exerceu vários cargos na Europa, entre eles o de ministro plenipotenciário na Grã-Bretanha. Na Grã-Bretanha, o barão de Penedo foi honrado com o doutoramento de Oxford, o primeiro até então concedido a um cidadão do Novo Mundo. Recebeu, entre outras condecorações, a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo e a Imperial Ordem da Rosa.

Há brasileiros com nível (ou nobreza) semelhante ao de Barão de Penedo hoje? Há, sim. Só não são bem-vindos no sistema que está. Podem até entrar, mas não antes de efetuarem algumas mudanças de caráter. Como podemos negar que os políticos de carreira não sustentam uma cleptocracia? Como defender eles? Pretensamente podem advogar que o sistema republicano e a Constituição de 1988 promovem um progresso rumo a justiça social, a uma sociedade igualitária. Que “nossa democracia é jovem”. Que vivemos num país livre. Que a culpa é da desigualdade social. Monarquia é loucura. Estamos no caminho certo, e essa história de monarquia é retrocesso.

A verdade é que somos um povo de diversidade, espalhado sobre um território continental. A humanidade já é desigual por natureza. É a consequência da liberdade. Lutar contra essa desigualdade só é possível por meio de intervenções na vida particular das pessoas, que por fim, limitam em graus variados a sua liberdade. Mas somente com a  diversidade de ideias, de construções, de vontades – enfim, com a liberdade – que se pode iniciar a busca por união. Esta busca nem sempre é consciente ou voluntária. Nem sempre é pacífica e harmoniosa. Aliás, é comum haver a falta de harmonia, que leve a disputas, e das disputas a conflitos, e destes a destruição. Uma solução hipotética é a aniquilação dessas desigualdades, para atingir uma perfeição social utópica. A busca pela igualdade é uma desvirtuação do sentido de ser humano. Essa busca de "igualdade social" acontece tipicamente em sistemas de governo afastados dos indivíduos, autocráticos, em que há uma cisão entre o Estado e o povo. Um governa um território por meio do trabalho de seus habitantes, o outro formaria uma nação autodeterminada. O governo impõe a construção de uma ideia social. E assim, passa a ser desumano. A suposta ou aparente união é uma farsa, imposta por um poder operante, ilegítimo por não ter sido originalmente procurado por vontade voluntária.

O respeito às diferenças é fundamentada no respeito à liberdade e a tudo que foi construído por meio do exercício dela. Quando não existe este respeito, sequer pelos indivíduos entre si, temos a anarquia. E novamente, os conflitos. Os que sobram, feridos e cansados, enfim aquiescem por uma convergência. Chegam afinal os divergentes a almejarem a ordem, a justiça e a paz. A suportarem-se para encontrar um destino comum a realizar. Assim, todos com este intuito cercam um que interpreta este ponto em comum no meio de tantos anseios. Este um integrante destes diferentes, mas como tal por eles reconhecido, passa a ser o elemento de união. É o legítimo monarca. O que seria o equilíbrio entre um governo autocrático e a anarquia. É a monarquia. Para existir a monarquia é necessária a liberdade e a busca ativa pela manutenção da ordem. Isto fomenta a união real, e disto, um verdadeiro povo. Por isso se diz que o poder emana do monarca. Não significa isto que o poder emana do sangue de uma dinastia, ou da pessoa do herdeiro, mas sim da união de um povo. Este povo disperso, desunido, vimos que não gera poder algum, apenas a ruína. Se aquele que ocupa o cargo de monarca, por outro lado, deixa de interpretar os anseios do povo, ou passar a ser um fator de desunião, seu sangue e seu nome já não valem nada. Não passa de um impostor sob a coroa. Poder algum emana dele. O monarca continua existindo, e o poder permanece a emanar dele, só não é aquele impostor sentado num trono do qual não é digno.

Por 127 anos vemos indignos sentarem sobre um trono que sequer é trono. Porem uma faixa, com mais poderes sobre o povo que uma coroa. Isso mesmo. TODOS os presidentes de república tiveram mais poderes que nosso último imperador, Dom Pedro II. Basta ler as Constituições de 1824 e as seis republicanas.

Como seria o nosso Brasil se o Chefe de Estado não fosse ligado a nenhum partido político? Se não tivesse que pleitear com o interesse da oligarquia o apoio para vencer eleições a cada quatro anos? Se fosse preparado desde criança para este cargo? Se pudéssemos conhecer por décadas o futuro sucessor? Se pudéssemos votar se queremos que ele continue ou que seja destituído? Se esse Chefe de Estado pudesse dissolver o parlamento e convocar novas eleições mediante a desconfiança do povo? Se o Chefe de Governo fosse apenas mais um ministério? Se ele pudesse ser retirado por voto do parlamento ou do povo? Ou ainda, pelo Chefe de Estado? Se tivéssemos plebiscito, em média, duas vezes a cada mês? É assim que funciona nas monarquias parlamentares pelo mundo hoje.

Compreendendo a nossa verdadeira história e o funcionamento da moderna monarquia; conhecendo nossos príncipes de hoje, a inequívoca ruína da república, e tendo em vista quem são as excelências dela, o Movimento Monárquico Barão de Penedo tem ido às ruas, com as bandeiras do Império do Brasil, com os peitos e braços. Monarquistas alagoanos distribuem panfletos, explicam princípios, dão entrevistas. Para todos, convidando a todos, de todos os partidos, de todos os pensamentos. Buscando uma união mais excelente mesmo através de nossas diferenças. Somos todos brasileiros. 

O movimento de independência hoje tomou outra forma. O Império do Brasil é a união política de todos os brasileiros. Não dependemos dos políticos de carreira, nem de seu sistema corrupto e ilegítimo. Dependemos uns dos outros, inclusive para nos libertarmos desse sistema que nos aprisiona num labirinto enlameado de chorume. Suas promessas sempre foram ilusões. Seu apelo é pela miséria que eles mesmos provocam. As benesses que alardeiam nos presentear são meras devoluções parciais do que nos fora por eles confiscado.

Se a monarquia constitucional parlamentar é um sonho, a república é um pesadelo difícil de se acordar. Nós, o Movimento Monárquico Barão de Penedo, estamos aqui para isso. Para o despertar. Para levar a efeito nossa independência. Para tomarmos nosso Brasil de volta, e sermos novamente brasileiros. Diferentes, mas com um destino em comum a realizar. Pesquise, comprove. Torne-se monarquista.


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