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quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Adna de Almeida Lopes. A singularidade do erro ortográfico e os efeitos do funcionamento da língua

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LINGÜÍSTICA
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O trabalho que aqui nos propusemos realizar tem como objetivo a análise de erros de escrita que apresentam um caráter singular, estatisticamente irrelevante, colocando em suspenso uma noção de língua enquanto uma ordem homogênea, estabilizada e constituída de fenômenos regulares. Chamamos esses erros de “erros ortográficos singulares” e analisamos aqueles presentes em 10 textos produzidos por alunos da 4º série do Ensino Fundamental de uma rede pública de Alagoas, em um teste de Português elaborado pelo Núcleo de Avaliação e Pesquisa Educacional da Universidade Federal de Pernambuco (NAPE-UFPE), no ano de 1997. O corpus é formado por 229 textos e, atualmente, pertence ao banco de dados do Projeto Integrado “Práticas de Textualização na Escola”, coordenado pelo professor Eduardo Calil, do Centro de Educação da Universidade Federal de Alagoas (CEDU-UFAL). De um ponto de vista diferenciado da noção psicológica de desenvolvimento tentamos mostrar como a singularidade desses erros aponta para um funcionamento que difere daquele suposto pelas habilidades cognitivas, na medida em que indicia uma ordem própria que escapa ao domínio do sujeito e que não mantém total relação entre o sistema de formas escritas e o sistema oral. Um funcionamento pautado na noção saussureana de valor lingüístico marcado pelas relações de diferença que mantém os significantes com outros significantes da língua, enquanto uma ordem simbólica habitada por uma subjetividade, operada pelos processos metafóricos e metonímicos (Jakobson 1966; Milner 1987; Lemos 1992). Assim, quando tomamos para análise os erros ortográficos singulares quisemos, na verdade, mostrar que o funcionamento lingüístico que rege o sistema ortográfico possui uma autonomia que nos obriga a relativizar as categorizações. Pela estrutura desse sistema, as ocorrências singulares não podem simplesmente ser descartadas ou consideradas irrelevantes para o processo de aquisição porque não são estatisticamente significativas. Elas estão inscritas num funcionamento próprio do sistema ortográfico e não podem ser apagadas pela busca do regular, do estabilizado, do categorizável. Elas nos revelam um sujeito sob os efeitos de um funcionamento de ordem lingüística

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