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domingo, 3 de abril de 2016

Railton DA SILVA. Sávio e Periferia: Algumas linhas em homenagem ao ‘guerreiro do profundo de Alagoas’



 




Sávio e Periferia: Algumas linhas em homenagem ao ‘guerreiro do profundo de Alagoas’
Railton DA SILVA
Jornalista e editor do projeto Casa de Taipa

“A periferia precisa que a sua própria população fale”
Sávio de Almeida

Muito poucos são os que se propõem lançar um olhar sobre os costumes e o cotidiano de uma população que esta sufocada na periferia, como também, são poucos os espaços de divulgação e apresentação das particularidades que mereceriam atenção, inclusive, para o entendimento sócio-histórico de uma cidade que tem atravessado momentos cruciais e determinantes no processo de manutenção e encaminhamento do poder e produção na principal cidade de Alagoas: Maceió.
A nossa bibliografia sobre a periferia poderia ser considerada - parafraseando o professor Aurino Maciel (in: CRAVEIRO COSTA, S/D) - “de uma pobreza, com licença da palavra, franciscana”. Essa máxima teria força e veracidade se não fossem os novos olhares que vêm sendo lançados, inclusive, de dentro das próprias periferias onde vem sendo promovidas discussões sérias e – de certa forma – é preciso reconhecer antes de mais nada o empenho de um ‘guerreiro’ – com licença poética – das Alagoas: Luiz Sávio de Almeida.
É importante destacar que o termo guerreiro versa para uma expressão usada na periferia e tende apresentar àqueles que estão na luta com a gente, a bem dizer, a periferia tem encontrado em Sávio de Almeida a pioneira oportunidade de se expressar e se fazer presente na escrita de uma história longe dos modos tradicionais e dominantes, porque não dizer, uma história próxima da gente, dos nossos e que mais parece que acontece no aqui e no agora.
Esse “Guerreiro das Alagoas” tem aberto importantes espaços para as ‘quebradas’ – aqui entendam como todas as localidades, independente de ser na capital ou no interior e que tem um objetivo especifico na condução do encaminhamento do poder na sociedade - contarem suas próprias histórias, suas origens. Entre esses espaços, queremos destacar aqueles que têm circulação em jornais impressos na grande Maceió, sendo, na verdade, como Sávio de Almeida incansavelmente denomina: Um painel sobre Alagoas.
Espaço, Contexto e Campus. Três espaços em três jornais impressos na capital e em épocas diferentes, mas com um elemento diferencial, que teve e tem várias contribuições: as falas de uma população perigosa e sufocada no mais profundo das Alagoas que não encontrariam espaços na mídia tradicional, a não ser para servir de instrumentos que levem a inclinações tendenciosas: Índios, pretos, macumbeiros, ciganos, prostitutas, trabalhadores e todos empobrecidos.
O pioneiro foi o ‘Espaço’ que teve circulação no extinto ‘O Jornal’. Logo após, outro espaço foi aberto, só que no jornal Tribuna Independente, e era chamado de Contexto, e, agora ‘Campus’ com circulação no semanário ‘O Dia’. Certa vez na casa de Almeida, ele explicou como funcionava o processo de circulação dos suplementos que coordenava. Segundo ele, sempre houve o devido respeito por parte dos editores que se comprometiam – e no atual caso do Campus, se compromete – a não mexer no texto a não ser com seu consentimento. 
“Sempre houve e ainda há um respeito. No ‘Espaço’ e ‘Contexto’, como agora no ‘Campus’ nunca foi publicado um texto em que não desse o ok. Ele diagrama o texto e depois me enviam para que eu possa ver se esta tudo ok, com um detalhe importante, sem alterar o material e esse respeito é muito importante para mim e para quem nos ajuda com os trabalhos a serem publicados”, destacou Sávio de Almeida durante uma conversa em sua residência.
Com esse respeito foram e vem sendo publicados vários trabalhos, inclusive das periferias de Maceió e com vários olhares. Nós lançamos olhares para as histórias dos moradores da Grota do Cigano, do artista e cantor de rap, Fellipe Boca, e outros trabalhos estão sendo engatilhados para futuramente serem lançados.
Novamente voltamos a afirmar que não são todos que se propõem a lançar e incentivar novos olhares sobre os costumes e o cotidiano de uma população sufocada nas periferias alagoanas, principalmente, a de Maceió, por essa razão nós da periferia agradecemos a atenção e o carinho desse “guerreiro das Alagoas”, Luiz Sávio de Almeida, e lhe mandamos um ‘salve’.

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