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segunda-feira, 16 de abril de 2018

Um rio, a vida e as histórias: memórias


Ana Cláudia Laurindo é graduada em Ciências Sociais, Mestra em Educação na linha História e Política. Autora de quatro livros com enfoque na sociedade alagoana, registra pormenores da cultura local mediante estudo de campo e análise sociológica, resgatando história oral e memórias. 
Fotos de Ana Cláudia Laurindo
  



Infância nas águas do Camaragibe 


Lembrança é coisa parecida com mal-me-quer, flor miúda que nasce na beira do caminho para ser despetalada, arriscando o bem e o mal das experiências da vida; diante dela assim me porto, sabendo que tem momentos nos quais o bom e o ruim são coisas gêmeas, semelhantes demais para serem separadas. Da mistura doce e amarga as coisas são o que são.


A infância no Norte alagoano teve cheiro de água amarela e banhos proibidos nas águas do Camaragibe, onde meus olhos de menina desobediente viram as lavadeiras e seus filhos felizes que nadavam nus e livres, como eu nunca pude fazer. Lençóis mais brancos não existiam em lugar nenhum, porque o tempo exato gasto para que “quarassem” ao sol, antes das últimas batidas na pedra, era suprido pelas falações de todas elas, fazendo correr a fofoca e o elogio, maneira própria de identificar as melhores patroas e aquelas outras que economizavam na barra de sabão.   Aquelas sabiam do perigo que era cair na boca das lavadeiras, e pechinchavam por conta e risco. Pois uma vez mal falada, nada mais tiraria a mancha.

Viviam todas distantes das noções de ecologia, educação ambiental e outros senões que poderiam ter preservado aquelas águas e salvo o camarão-pitú, que de uma vez abandonou as locas na margem barrenta - deixando o patrimônio coletivo nas mãos ressequidas da usina que jogava a “tiborna” e das gestões públicas que jamais desenharam um único projeto de manutenção das matas ciliares e fiscalização e controle do saneamento. Aquelas águas escureceram.

Olhar para aquelas bandas me faz fechar os olhos, e muitas vezes, neste gesto sentir o estalar antigo de um chicote no lombo, enquanto rememoro os partidos de cana na plenitude agoniada de um verão, misturando suor e o pelo da cana na mesma pele queimada, que reveste os músculos do homem que movimenta a foice para cortar as toneladas necessárias ao mínimo quinhão. Quando a feira era no domingo parecia mais matuta, e a cada sete dias esse cortador vivia o gozo de ser disputado em público por aqueles que vendiam o peixe seco – refugo da pesca – para alimentar sua pobreza, o flau de coco com morango para aliviar a sede e a cachaça temperada para acender o ânimo.

Nessa feira tantos outros seres me encantavam, com suas aparições semanais; alguns em forma de velhas artesãs que construíam as bonecas de pano mais atraentes que uma infância pode contemplar e vendiam barato para completar o doce dos netinhos. Eu que por sorte era neta de um grande comerciante local, sempre tinha quem me desse o tostão cobrado para poder escolher a cor do cabelo de linha ou a veste de chita mais bonita que as bruxinhas traziam. Dali para a rua das louceiras era um pulo só, e na vastidão de panelas de barros, jarras e potes, encontrava as panelinhas para fazer o cozinhado no quintal de casa, meu primeiro guizado teve esse sabor.

Mas encantado mesmo era o “Reino da Pedra Fina”, que o cordelista lia em voz alta, rimando os infortúnios e a sorte de uma princesa no meio da rua, cercado de ouvintes analfabetos, que davam espaço para uma menina letrada comprar vários “folhetos” para ler com o pai, no sofá da sala. Deixava de lado as aventuras do diabo e do malasarte, para conhecer a “Princesa da Pedra Fina” e suas colegas de outros reinados.

O incômodo dessas feiras se resumia às fileiras de cavalos com caçuás despendurados nas ancas, que eram amarrados próximos a minha casa, aproveitando um beco que havia. Este por sua vez, recebia tanto mijo quanto aqueles equinos conseguissem despejar, escorrendo pela rua e perturbando os outros cheiros do lugar. Seus donos costumavam entrar em um boteco que ficava perto, exibindo as bainhas das peixeiras sob as camisas finas, olhando para as meninas que passavam e tirando grosas com copos de cachaça nas mãos, cena que tentava evitar fitar quando precisava caminhar pelo lugar, e fazia cara amarrada para não dá cabimento a eles.

- Cuidado com esse orgulho! – me gritou um deles, certa vez. – Ainda vai cair da ponte! – Me praguejou.

Tempos depois esse mesmo morreu de cirrose e ao saber da notícia não senti pena, fora pegajoso e constrangia minha meninice. Sempre detestei o assédio escancarado, principalmente de homens feitos, que cercavam nossa feminilidade nascente, enquanto formávamos bandos barulhentos para brincar de pega-pega, cabra-cega e mestre-cuca usando a tintura do urucum que abundava pela vizinhança. Mas os velhos repetiam que o homem tinha o direito de “cantar” a própria mãe, pois ela só aceitava se fosse safada. No entanto, na prática, suas mães sempre eram sagradas, o que me faz desconfiar de que a frase era uma justificativa para a safadeza com as outras mulheres.

Todos os dias que se vive se deve exercitar o perdão aos seres embrutecidos que perambulam à margem da história, embora a componham e sustentem, pois eles existem para serem por ela triturados, pertencendo à engenharia da desigualdade desenhada pelos donos do poder. Enquanto a fome movimenta a vida sempre em busca de alimentos, prefeitos, juízes e outros possuidores de nomes fortes no lugar, mantém a estrutura de compadrio, e mesmo quando educados e de fino trato, são cúmplices em atos espúrios, com um teor maior de violência, porque se abre em largo leque de alcance social, e seguem assim romantizando crimes e misérias em causa própria. Nunca confiei naquelas autoridades, desde muito cedo percebia algo errado na forma como tratavam as pessoas. Ao olhar para suas estruturas castelares, me desencantava, como uma princesa avessada.

Minha infância camaragibana conhecia um único efeito de assistência social oferecida por prefeitos: doação de caixões! Talvez a fábrica de gratidões mais perfeita que conseguiram inventar tenha sido mesmo esta. Pois as perdas de vidas infantis eram contínuas, e os olhos lacrimejantes dos pais choravam a morte e a pobreza na hora das exéquias, pois sem dinheiro não se enterra cristão. Os vi de chapéu entre as mãos na altura do peito, aguardando na porta da casa do prefeito, prostrado e grato, choroso e esperançoso, até receber a ordem de despacho para poder enfeitar o anjo com jasmins. Depois o repicar alegre do sino e a meninada acompanhando o enterro com farfalhar de festa, coisa que me deprimia, porque ali eu só via morte e não gostava dela, preferia os bebês brincando.

A pobreza sempre estava diante dos meus olhos, que mesmo infantis, perceberam cedo o desequilíbrio que ela causava. Algumas meninas usavam roupas que não cabiam mais em mim, e algumas delas escondiam meus brinquedos na esperança de levar para casa, quando as suas mães prestavam algum tipo de serviço, como torrar o café em grão, pisar no pilão e recolher a preciosidade negra na lata de leite reutilizada; porque depois de levar uma queimadura, minha mãe decidira pagar e nunca mais pegou um caco para derreter o açúcar e depois jogar os grãos cheirosos no melaço, queimando para endurecer, antes de ser jogado no pilão. Eu amava esse ritual. Mas vi o incidente acontecer, a dor sentida e as cicatrizes deixadas, por isso apoiava sua decisão.

Conheci a infância de crianças miseráveis, pois elas desfilavam diante dos meus olhos, e algumas vezes tomei uma bolsa de tecido que era esquecida em um quarto, para brincar de pedir esmolas também. Eram tantas as caras ossudas de meninos e meninas que pediam uma esmolinha batendo palmas na porta, que minha mãe racionava a oferta, e depois de uma cota de alimentos dados, me ensinava a responder: perdoe! Segundo ela essa era uma forma de negar sem pecar.

Lembro-me bem da carcaça de sofá que minha casa descartou na entrada do beco, sendo levada avidamente por um grupo de irmãs que costumava me atacar quando eu passava pela esquina da casa onde elas moravam, geralmente quando estava vindo da escola. Meu espanto com aquela cena diminuiu a raiva que sentia delas, e da covarde atitude de cinco contra uma, que ainda por cima, não tinha ímpeto nenhum de brigar na rua e era capaz de mudar a rota para evitar encontros indesejáveis. Aquelas meninas briguentas não estudavam.

Os trabalhadores sazonais, que arrancavam as famílias do chão natal e apareciam para o corte da cana ou a limpa do mato, se arranchando em antigas casas e na senzala desativada, pelas  bandas das fazendas Vale e Bom Jesus, traziam filhos que não podiam esperar o primeiro pagamento semanal, e enfeitavam as calçadas e portas alheias com rostos pampudos e amarelados, que os adultos da minha casa afirmavam serem assim porque eles só andavam descalços, me enviando mensagens sutis. Estes eram os corumbas, gente feia e faminta com quem ninguém deveria se juntar. Eu tinha muita vontade de saber mais sobre eles, mas meu instinto de sobrevivência fazia recuar, pois a surra seria grande mesmo.


Contudo, não resistia à passagem dos ciganos, que quando apenas cruzavam a ponte a cidade inteira já sabia que chegavam, e os criadores de cavalos e porcos ficavam de orelhas em pé, pois a fama de ladrões que cegavam as vítimas com magia, os tornava temidos e detestados. Também se falava da beleza de seus homens e mulheres, e mil histórias de moças endoidecidas que subiam na garupa dos rapazes cabeludos e perfilados, matando pais e antigos noivos de desgosto, abalavam as famílias.

Ao passarem as caravanas, eu recebia ordem de entrar no quarto, para não ser levada, mas nunca conseguia despregar da janela, e mesmo quando alguma velha cigana se aproximava para pedir algo, eu não sentia medo, mas fascínio por aqueles que não tinham morada. Embora não soubesse de fato, o que era aquele povo. Era uma espécie de ricos que migravam na garupa de cavalos ou de pobres que pediam comida vestidos com roupas enfeitadas? Os ciganos eram uma aparição fantástica, que aos poucos foi sumindo e até hoje não voltou com o formato de outrora.

O cenário fértil de informações culturais por certo era acrescentado na temporada de desfiles, quando a rua ganhava ares festivos e as duas únicas escolas da cidade, uma municipal e outra estadual marchavam em homenagem à pátria. Minha mãe era professora na escola do município, nos meus primeiros anos, e muitas vezes fui sua acompanhante, e convivi intimamente com alunos mais velhos do que eu aos quais ajudava na lição; mas estudava na escola estadual.

Havia desde ali uma seleção perversa, pois as crianças mais pobres eram matriculadas na escola municipal, que também pagava salário menor aos professores e possuía menos rigor para com o traje escolar. Os professores da estadual apresentavam estima e a supervisão escolar aplicava testes de leitura com os alunos além de exigir fardamento completo, pois os pais podiam pagar. Jamais gostei daquela blusa branca de tecido, com mangas e um bolso no lado esquerdo a exibir um tipo de brasão com o nome Grupo Escolar Saturnino Souza, para ser acompanhada por uma saia azul marinho e sapatos conga com as meias brancas esquentando os pés, praticamente o ano inteiro.

Os alunos da municipal eram apelidados de “reborréias”, e apesar de não entender o que significava, eu já sabia que aquilo não era uma coisa boa. A criatividade popular na construção neológica dos seus pejorativos abundam pelas plagas da infância, muitas vezes imaginei um dicionário matrizense, cheio de ofensas engraçadas, embora saiba que há muita seriedade nisso, pois infelicita a vítima.
Os elementos de distinção estavam postos, mas seria no desfile de 7 de setembro que a luta entre Estado e Município ganharia as ruas e a praça, onde um palanque cheio de autoridades locais aplaudiria os pelotões mais bonitos.

Desfilei de miss Sergipe, baiana, camponesa, bailarina, telefonista, e também com o pior traje, quando a direção da escola decidiu que naquele ano, todos os alunos desfilariam de farda. Após esse trauma, decidi não desfilar nunca mais, me tornando expectadora de desfiles. Ajudava minha mãe a organizar seus criativos pelotões.


Em um destes desfiles, quando as escolas se esmeraram nos trajes e na marcha, e a municipal passava na frente do palanque para ser aplaudida pelo prefeito e vereadores, um grito de “reborréia” ecoou, e depois outro, mais outros e foi crescendo sem controle, como se todas as bocas estivessem intimadas a participar da violência simbólica que fez professores e pais de alunos chorarem, causando imenso desagrado no palanque, que logo promoveu a tal escola municipal à dona do melhor desfile, causando uma onda comovida de revoltados, enquanto os pais dos “reborréias” os recolhiam apressados com instinto de proteção aguçado e prudente.

Apenas o tempo se encarregou de diminuir paulatinamente as marcas deste confronto, e nos dias atuais não existe mais a disputa nem o apelido, tudo foi enterrado e só não será esquecido de todo, porque insisto em resgatar memórias, agradecendo aos céus pela precisão das lembranças que guardo.
Esse céu amplo que de vez em quando se transformava em um quadro aberto, no qual Nossa Senhora era coroada no dia 31 de maio, nos dando um trabalho grande com ensaios na hora própria da preguiça depois do almoço, assim que chegava da escola e a gente por vezes deseja deter-se um pouco mais em casa, brincar com as bonecas ou ler um gibi, chegava então, a amiga pontual gritando na porta, pois as freiras já estavam a postos, com a entrada lateral da igreja aberta, e um sem fim de estrofes para que decorássemos. Fui me tornando boa na arte de decorar e a cada dia tinha menos timidez nas aparições públicas, por isso o recital era garantido, mas aqui não se tratava disso e tinha outras regras.

Começava a seleção: Meninas maiores na frente, menores atrás (sempre me parecia injusto!). Mas o pior mesmo ainda não era isso, era quando em silêncio as freiras escolhiam as meninas de cabelos lisos e longos para mostrar no altar, praticamente ocultando as de cabelos cacheados e crespos, que eram necessárias apenas para fazer coro. Salvo, se alguma “feia” destacasse uma voz afinada, pois então seria a cantora, que necessariamente não precisava coroar a santa, porque este ato era naturalmente outorgado às meninas bonitas.

Sempre fiquei no meio, nem era última, tampouco primeira. Mas uma vez pude coroar, porque uma das freiras resolveu que Maria seria coroada por uma menina vestida de azul e as vestes que pertenciam à igreja eram brancas, e minha mãe financiou aquela “mortalhazinha” para o grande momento. Meus cachos foram oportunamente desconsiderados, e Nossa Senhora me parecia tão sorridente naquela noite!

Aos poucos eu ia percebendo que alguns seres humanos eram maus. Não raro estes encontros se davam da forma mais inusitada possível. Certa vez a igreja promoveu um concurso de cartaz, estava eu com 7 anos, estudando segunda série, quando alguns mensageiros entraram na sala de aula para divulgar o evento. Obviamente fiquei empolgada e corri na venda do avô materno pedir dinheiro para comprar a cartolina e lápis para colorir.

Desenhei uma pomba de asas abertas, e a seguinte frase emergiu, “o elemento básico da paz não é o dinheiro, é o amor”.  O cartaz foi feito por mim, o desenho era meu, e até essa frase grande demais para o meu tamanho saiu da minha própria cabeça. Fiquei orgulhosa!
Ao entardecer fui visitar uma colega que morava na Rua São Vicente, e ao chegar lá, fui testemunha da fraude: ela pagara para um colega desenhista fazer o seu cartaz. O envolvimento com o tema e o trabalho era econômico, mas ele estava um show!

No sábado à tarde, fui pessoalmente acompanhar a exposição e o resultado, com meu silêncio aguçando a percepção sobre os julgadores, quando de repente, uma moça da cidade parou defronte ao meu cartaz, e emitiu a calúnia:
- Essa frase não é de criança! Foi feito por um adulto, está desclassificado!

Aquela mesma moça má que desclassificou o meu cartaz, elegeu em primeiro lugar aquele que a minha colega comprara, me causando muita tristeza nesse final de semana, no qual nem meus parentes poderiam me consolar ou defender, pois minha autonomia fora tanta, que minha participação neste evento não teve nenhuma testemunha.

O cenário marcado pela ignorância por certo teve sua cota de preparo em minha
personalidade rebelada, pois o que hoje me causa mais medo começou na infância, e com certeza não tenho medo de gente, seja grande ou pequena, olho para cada rosto com a mesma expectativa, gente é previsível demais. Meu maior medo é a cara grande de um boi solto, correndo na rua, perseguido por vaqueiros e acossado por meninos danados e curiosos, gritando em estranho frenesi, endoidando o bicho.

A primeira experiência se deu antes dos meus 5 anos, quando aquela festa barulhenta passou pela Rua do Beco, onde morava, e sem pestanejar corri atrás, sendo pega antes da esquina por meu pai, que naquela noite me deu a primeira surra com bainha de facão, porque ficou muito nervoso diante do risco que inocentemente eu correra. Creio que desse episódio nasceu a fobia e o fascínio, que até hoje me condicionam a olhar os bovinos sempre a uma distância segura, por mais que me comprovem atestado de mansidão.

Ao longo de toda a infância corri deles, não importava local e hora, pois o estado decrépito do matadouro da cidade permitia fugas semanais, ocorrendo até mais de dois ou três bichos bravos a avançarem pela praça, ganhando as ruas mais distantes, em um ritual que se anunciava pelos gritos daqueles mesmos meninos danados e curiosos de sempre.

A segurança da casa sempre foi o antídoto contra as ameaças que o mundo apresentava, e horas de leitura me retiravam do lugar comum que envolvia a infância, enfadando meus parentes e de modo especial a minha mãe, que sempre criticou o fato de eu viver “com a cara enfiada no livro”, berrando exemplos de pessoas que endoidaram de tanto ler, ficando com a mente fraca.

Uma coleção inteirinha de Contos da Carochinha ela mesma comprou para mim, quando com seis anos andava à cata de palavras, onde quer que elas estivessem escritas, para ler em voz alta ou silenciosamente, encantando uns e aborrecendo outros. Mas foi minha tia Silvia quem alimentou minha fome, comprando livros em catálogos, recebendo 15 dias depois pelos correios. Quando os livros demoravam a chegar eu atacava sua biblioteca, e cedo demais conheci Iracema, Helena e Lucíola, entre outras mulheres que invadiram minha meninice com coisas de adultos e relações tão semelhantes àquelas que eu observava em meu entorno, porque gente é coisa fácil demais de identificar, presumir e chegar ao fim da história. Difícil mesmo é saber para qual o lado o boi vai escolher correr, se vai chifrar ou somente cabecear o mortal, ou mesmo apenas olhar e ignorar, correndo para longe da balbúrdia infame. Talvez por isso a força a qual eu mais reverencio seja a dele, o invasor dos meus pesadelos, o boi da cara preta, branca, vermelha ou malhada, que chumba meus pés ao chão e resseca minha garganta que sequer emite gritos, única força que intimidou minha infância.




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