Translation

sexta-feira, 6 de junho de 2014

Luiz Sávio de Almeida, Amaro Hélio Leite da Silva, Gilberto Geraldo Ferreira. Mais um diálogo com os índios









Texto  publicado em Contexto de 23 de outubro de 2011 em Tribuna Independente. Para este blog, estamos utilizando material digitalizado e com gerenciamento das imagens realizado por Kellyson Ferreira, com a coordenação do Professor Antônio Daniel Marinho.





Um pequeno bilhete sobre uma coleção de livros sobre índios
Luiz Sávio de Almeida

 Trataremos da Coleção índios do Nordeste: Temas e Problemas. Contexto traz uma informação sobre a coleção e a história do Grupo índios de Alagoas: cotidiano e etnohistória. Um dos volumes publicados traz trabalho de autoria de Ivan Soares Farias; o outro é uma coletânea de textos sobre índios de Alagoas, organizada por Luiz Sávio de Almeida, Amaro Hélio Leite da Silva e Gilberto Geraldo Ferreira.
A coletânea intitula-se índios de Alagoas: memória, educação, sociedade, trazendo estudos escritos por Rogério Rodrigues dos Santos, Gilberto Geraldo Ferreira, Ivan Soares Farias, José Ivanilson Silva Barbalho, Audenir Barros da Silva Júnior, João Daniel Batista Maia e Jorge Luiz Gonzaga Vieira.
O livro do Professor Ivan Soares Farias intitula-se Doenças, Dramas e Narrativas entre os índios Jeripanko no sertão de Alagoas.
No próximo dia 29 do corrente, o Grupo mencionado estará realizando uma Mesa Redonda intitulada índios de Alagoas: cotidiano e economia.
O Grupo Índios de Alagoas: cotidiano e etnohistória é um dos principais parceiros de Contexto.
Vale a pena tomar conhecimento da sua produção. Compareça ao lançamento (dia 23 de outubro) e à Mesa Redonda intitulada índios de Alagoas: cotidiano e economia (dia 29 de outubro) para ter uma visão da questão indígena em Alagoas.
 

Mais um diálogo com os índios 

Luiz Sávio de Almeida
 Amaro Hélio Leite da Silva
 Gilberto Geraldo Ferreira


Desde a primeira publicação, em 1999, a coletânea índios do Nordeste: temas e problemas vem reafirmando o seu compromisso com uma nova visão sobre a história indígena na região. Independente da diversidade teórica e metodológica presente nos textos, os livros contribuíram tanto para retomada da questão indígena na vida acadêmica, quanto para ajudar a subsidiar o movimento de resistência étnica dos povos indígenas, especialmente em Alagoas.
Os trabalhos desta coletânea nasceram da Mesa Redonda índios de Alagoas, ocorrida na IV Bienal Internacional do Livro de Alagoas, organizada pela Editora da Universidade Federal de Alagoas (EDUFAL), com exceção dos textos dos professores José Ivamilson da Silva Barbalho e Rogério Rodrigues dos Santos. Foram muitos autores - nacionais e estrangeiros - que escreveram sobre os índios na Coleção.
Tanto a diversidade dos temas quanto a formação e atuação desses autores fizeram-na um espaço democrático. É, também, um conjunto de trabalhos que não busca somente a excelência acadêmica, preocupando-se, fundamentalmente, com a luta dos povos indígenas. Este volume traz autores que dão continuidade a este propósito coim todos eles fazendo parte do grupo índios de Alagoas: cotidiano e etno-história.
Gilberto Ferreira é formado em História e Mestre em Educação pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL). Ele é membro do grupo de estudos índios de Alagoas: cotidiano e etno-história, do Centro de Pesquisa e Documentação Maninha Xucuru-Kariri, do Núcleo de Estudos e Pesquisa sobre Direito, Sociedade e Violência do Centro Universitário-CESMAC. Atualmente, é professor da rede municipal e rede estadual, lecionando a disciplina de história; e também professor do Curso de História do CESMAC Centro Universitário.
Ivan Soares Farias é formado em Direito pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL) e em Ciências Sociais pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Féz mestrado em Antropologia Social pela Universidade de Campinas (UNICAMP). Desde 1998, é antropólogo do Ministério Público Federal. É também professor de Introdução ao Direito e de Sociologia Jurídica do Centro de Estudos Superiores de Maceió (CESMAC), fazendo parte do Núcleo de Estudos e Pesquisa sobre Direito, Sociedade e Violência da mesma instituição.

José Ivamilson da Silva Barbalho possui graduação e especialização em História pela Faculdade de Formação de Professores de Garanhuns- PE. É mestre em Educação pela Universidade Federal de Pernambuco, onde também faz o doutorado em educação. É professor da Universidade Federal de Alagoas (campus Delmiro Gouveia), da Escola Estadual Egídio Barbosa- PE e da Faculdade Católica São Tomás de Aquino-PE, atuando principalmente nas áreas de História, Antropologia Cultural, e Filosofia da Educaçãodos Santos possui graduação e especialização em História. Atualmente, é professor da rede estadual de ensino e da rede municipal de Messias, atuando principalmente na área de história. É membro do grupo índios de Alagoas: cotidiano e etno-história
Aldemir Barros da Silva Júnior é doutorando em História Social do Brasil pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). É professor da Universidade Estadual de Alagoas (UNEAL), atuando, principalmente, na área de história regional.
Jorge Luiz Gonzaga Vieira é bacharel em comunicação social, habilitação em Jornalismo, pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL). Tem mestrado em Desenvolvimento Local pela Universidade Católica Dom Bosco (UCDB). É membro do Conselho Indigenista Missionário de Alagoas (CIMI) desde 1986. É professor do Centro de Ensino Superior de Maceió (CESMAC), atuando principalmente nas áreas de comunicação social, antropologia e política.
João Daniel Batista Maia é aluno de jornalismo do CESMAC. Foi membro do grupo de pesquisa A Prática do Jornalismo em Alagoas e a Diversidade Cultural: Monoculturalismo e Etnogênese Koiupanká. Atualmente, atua como estagiário na assessoria de comunicação da Secretaria de Estado de Planejamento e Orçamento de Alagoas (SEPLAN-AL) e integra o Núcleo de Pesquisa em Antropologia e Comunicação do CESMAC.

Desses estudos, dois deles se dedicam aos povos Xucuru-Kariri, é o caso dos textos de Gilberto Ferreira e Rogério Rodrigues sobre “as lembranças de Antonio Selestino, Pajé Xucuru-Kariri”; e de Aldemir Barros sobre “o cotidiano dos índios aldeados” .
Comenta Rodrigues: “Antonio Selestino relata sua trajetória que envolve a história do povo Xucuru-Kariri, ao qual pertence. Aborda a luta que permanece até os dias atuais como estratégia de garantir a memória e a cultura, bem como, a sobrevivência dos povos indígenas (FERREIRA; RODRIGUES)”
Barros por sua vez escreve:
“O cotidiano é lugar de visita obrigatória para se entender a interação do espaço aldeia com o espaço Posto Indígena. Ressalta- se que são espaços construídos e sobrepostos. A Fazenda Canto representa a aldeia possível para os Xucuru-Kariri no contexto do SPI. O cotidiano revela o lugar onde acontece o encadeamento desta interação, permitindo observar o caminho percorrido pelo grupo para construir a aldeia Fazenda Canto (BARROS).” .
O de Jorge Vieira e João Daniel Batista Maia trabalha o papel dos meios de comunicação impressa sobre a diversidade cultural do povo indígena Koiupanká: “O presente trabalho tem como objetivo identificar e analisâr o processo de resistência Koiupanká na convivência com a sociedade sertaneja, a sua afirmação étnica e a luta pela conquista da terra, educação, saúde e projetos de desenvolvimento econômico,
considerando as transformações políticas da emergência étnica. Neste contexto, avalia-se o papel da comunicação impressa em Alagoas na veiculação de informações sobre as culturas diversas, especificamente a do povo indígena Kouipanká e a luta por seus direitos (VIEIRA; MAIA).”
O estudo de José Ivamilson Silva Barbalho passa, fundamentalmente, pela pesquisa sobre a educação indígena, destacando- se o lugar da escola para os povos indígenas do Brasil: “Em primeiro lugar, procuramos destacar, sob quais situações se estabeleceu a cruzada-catequética jesuítica, refletindo particularmente sobre a concepção ou ideia de educação e escola perspectivada pelo projeto missionário.
Em seguida, discute-se o projeto de integração indígena enquanto montagem da política indigenista do período republicano, analisando quais tarefas seriam cobradas ao sistema escolar, na organização dos programas educacionais para o índio, enquanto frente de assimilação e contato. Por fim, nos detemos na análise dos desdobramentos da educação escolar indígena e suas múltiplas configurações de interesses, a partir das demandas advindas do processo pós-constitucional de 1988.”
Já o estudo de Ivan Farias Soares, trata da etnohistória e etnicidade dos índios Jeripankó: “Podemos afirmar que o registro memorialístico de violências e fugas, fonte de diferentes narrativas de domínio comum, se constitui elemento essencial da identidade Jeripankó. São as histórias da expulsão da terra, seja pela posse direta, seja pela ocupação do gado, ou mesmo das invasões da aldeia, que constituem a rein- venção identitária dos Jeripankó (SOARES)”.
Como se pode notar, Alagoas tornou-se um campo fértil para os estudos e pesquisas sobre os povos indígenas, o que acontece pela relação existente entre política e academia. Nos próximos números, a Coleção continuará discutindo e propondo sobre a vida nordestina, tomando o índio como uma figura política essencial.

Nenhum comentário:

Postar um comentário