Bailarina
profissional, professora, coreógrafa, assistente social (UFAL), pós-graduada em Metodologia do Ensino
das Artes Cênicas (UNINTER). Integrante da Companhia Ballet Stagium (década de
90).
Maria Emília Clark é
uma artista e trabalhadora das artes em Alagoas, bailarina profissional que vem
atuando de forma intensa e altamente qualificada no campo do ballet em nosso
Estado. Na oportunidade em que traz mais
um de seus espetáculos, é natural que se preste uma homenagem à artista e à
excepcional figura humana que tanto nos honra.
Maria é uma pessoa
definitivamente empenhada em um processo criativo de larga influência e
qualidade em nossa vida cultural. Campus/O Dia agradece sua atenção ao deixar
este registro conosco, sem dúvida uma importante contribuição para a história
da arte em Alagoas.
Tenha uma boa leitura.
Sávio de Almeida
II - Generosidade: eis o caminho
Em
1661, Luís XIV criou a academia real da música e dança,na França, que tinha como objetivo profissionalizar a
dança, determinando reformulações técnicas e estéticas para a arte, envolvendo
os pés com sapatilhas de cetim, escondendo a superfície do corpo e sua força de
trabalho, a dança moderna veio se preocupar com a expressividade dos gestos,
desnudando corpos, assegurando o contato com a terra, carregada de energia e
vitalidade, a Pós-modernidade, trouxe a ideia de aliar a dança a outras formas
de arte e novas estruturas que permitissem a exploração dos limites, sair dos
teatros para novos e provocativos lugares envolvendo o cotidiano das pessoas,
até mesmo paredes e tetos de edifícios, a dança contemporânea, não irá se
basear em técnicas e possibilitará a qualquer corpo dançar, e tendo como premissa a pesquisa e a investigação,
construindo o movimento de dentro para fora e não separando o corpo da mente.
Assim como os estilos, as coreografias também evoluíram, dentro de um atual
conceito, as experiências coreográficas precisam hoje ser generosas.
Desde
o ano de 1999 que venho envolvida neste processo evolutivo de informações
capturadas por uma formação intensa e fervorosa junto ao Ballet Stagium (SP),
repensando a dança e internamente construindo uma esfera de liberdade e
solidariedade.
ensaio - matéria G1 (clique)
Dentro
das atividades da criação, a mais importante para a socialização do movimento,
a partilha do “pão”, cada um com seu momento e todos no momento de cada um, um
aprendendo com o outro. A possibilidade de se sentir pertencente a um grupo, de
forma ativa e criativa, traz grande satisfação para o indivíduo ampliando seu
campo de ação e o seu potencial criativo tanto no teatro, como na dança, quanto
no seu cotidiano. Neste início de processo da dança criativa, a coreografia,
concentrei-me no processo de ação, ao invés de direcionar as ações para as
consequências das práticas, sem preocupação sobre resultados.
Aprendi
a ser generosa com os meus pais, com o cotidiano dos meus amigos na minha
infância e carrego essa característica no meu processo coreográfico coletivo.
Dei continuidade com o meu curso de Serviço Social (UFAL) e na minha profissão
de bailarina, professora e coreógrafa, tive a influência de nomes como Ademar
Guerra, que me ensinou a ser verdadeira e observar a dança como se observa os
atos do cotidiano, com a Márika Gidali, a efetiva forma soberana de fazer esta arte com uma prática intensa e voltada
para a educação e honestidade nas ações e interpretações, não passando apenas
pela teoria, mas na práxis infinita, com Décio Otero, que me conferiu a
persistência e o método, com Ademar Dornelles, aprendi a olhar para o meu
interior e tentar enxergar quem sou, com Fábio Villardi, a observar os caminhos
da teatralidade, com Áurea Ferreira e Paula Perillo, a importância da amizade,
da simplicidade e do amor a nossa arte. Com Fernando Gomes,
companheiro da minha jornada, a construção de nossos enredos e vida intensa.
Na
criação recebi a parceria dos registros por meio de cartas, livros e críticas
em jornais do cineasta Joaquim Alves, um nosso impulsionador, dos teatrólogos
Braúlio Leite Junior e Pedro Onofre, da atriz Anilda Leão, do memorialista
Romeu de Mello Loureiro, dos professores Antônio Lopes, Fernando Ribeiro e
Reginaldo Oliveira, das coreógrafas Eliana Cavalcanti, Telma César e Isabelle
Rocha, da arquiteta Mirna Porto Maia, Cássia Navas, Helena Katz, Eliana
Caminada, Flávio Sampaio traduzindo na ampliação do estudo do movimento e do
seu consequente resultado em práticas corporais conscientes, criativas e
transformadoras são objetivos que desafiam a todos que queiram desenvolver um
trabalho artístico que tenha comunicação com o seu objetivo principal.
veja ensaio
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Este
processo indicará uma opção onde todos o envolvidos continuarão preparando
cidadãos que participem da realidade social de forma mais criativa, crítica e
construtiva, embaso na formação
histórica ampla em torno do Ballet
Clássico e estudos coreográficos com foco na generosidade das linguagens cênicas do teatro
da dança, da música como áreas específicas autônomas do conhecimento.
O
inconsciente coletivo do tipo humano do alagoano está recebendo ainda as
informações das antigas casas de vivendas que faziam apresentações rotineiras
do coco de roda, ao sabor de canções populares e que chegaram aos nossos dias,
foram modificadas e entraram no nosso cotidiano e maliciosamente se faz esquecida,
desta forma devemos através desta citação acrescentar de forma igualitária a
qualquer caminho da dança, o nosso Folclore, as nossas danças tradicionais
locais e todo o universo cultural das terras alagoanas.
Diante desta reflexão,
iniciei no ano de 1999, o primeiro trabalho em ballet voltado a coletividade e
a diversidade, que resultou na primeira obra coreográfica, que pela sua
autodeterminação “Nigrum”, clamou a marca maior de nossa ancestralidade, que
reuniu alunos deste trabalho social, iniciado na FUNTED (Fundação Teatro
Deodoro), em parceria com as minhas expectativas e filosofia de vida, neste
trabalho a estruturação de um ambiente propício e finalidades supremas,
vinculado ao homem, história e divindades.
A evolução coreográfica
deste momento, denotou compromisso da formação do bailarino clássico, atrelado
a um projeto coreográfico amplo, comprometido, trazendo ações reflexivas
através da utilização de diversos elementos cênicos, como cordas, como
utilização de elementos da natureza (água, terra, fogo), reunião de atividades
circenses (voos, suspensão, pernas de pau), como também a palha, om figurinos
feitos a partir do tema da reutilização de materiais (como tampas e lacres de
latas), aparecimento de estruturas móveis, que circularam e propuseram um novo
painel profissional cênico no ballet alagoano.
Referências estas que
influenciariam toda a década dos anos 2000, influenciando as companhias locais
e colaborando decisivamente para um repensar coreográfico, ativo e atual.
Iniciei um processo
criativo, que não pararia jamais. Diversos momentos foram criados ao longo do
período (1999 a 2016), completando neste ano a
trigésima terceira obra coreográfica voltada a nossa história e vida,
para Alagoas, Brasil e mundo.
Citando o exemplo o estimado
Ib Gato Falcão, traduzimos em um Processo Criativo que seria nominado: Grandis
Posso citar também outra
obra coreográfica do ano de 2008, que pontificaria 4uatro(04), representantes
do Teatro Alagoano ( Bráulio Leite Jr, Venúzia de Barros, Selma Britto e Anilda
Leão). No período de 2014 a 2015, trabalhei a história da urbanidade e mobilidade
alagoana, uma pesquisa histórica baseada nesta evolução, introduzindo o meio de
transporte da bicicleta, como a forma não poluente de acesso e reflexões diversas
sobre o processo educativo no trânsito. Num segundo momento, entramos na história
da nossa moda, tendo como contextualizada a Arquiteta e Designer Mirna Porto
Maia, que possui uma trajetória de beleza, atitude, criatividade e cidadania,
amplamente difundida no estado. Abordei por
meio da evolução dos costumes a história de nossa cultura, valorizando e
reconhecendo o trabalho dos artesãos, dos estilistas, provocando debates,
estimulando a criatividade e traduzindo em memória, para questionamentos e reflexões
desta moda produtiva, provocando uma investigação, reunindo conceitos de arte e
de história, uma visão criativa, social, objetivado pela imaginação do
espetáculo Croquis das Princesas
Vale lembrar que no ano de
2005, foi concebido o significativo trabalho sobre este tema, cujo o fio de ligação
foram os diversos pontos do artesanato alagoano, tendo como a matriz principal ,
o Ponto Singeleza e a vida de D. Marinita, sempre propondo uma reflexão
memorialista sobre os nossos criadores e criaturas que foi intitulado: Mãos.
No ano de 2011, tivemos a
experiência, com os nossos manguezais alagoanos, denominado Evergreen
(sempre-vivos), uma grita contra a destruição dos nossos manguezais e sobre a
invasão territorial deste ecossistema. No segundo semestre deste ano, apresentei
uma especial reflexão sobre a cultura popular alagoana, onde o viés era que o artista
popular faz sua arte com o que tem a seu alcance, criando das sobras de seu
cotidiano um mundo novo, que é o mundo da sua gente, do seu povo, da sua
história. Sob o prisma de suas fantasias pessoais, as que não cabem na rotina
formal ou funcional de seu dia-a-dia, sem nenhum Intuito exótico, mas a arte
enraizando o Humus Cultural do seu território. O espetáculo percorreu a
trajetória da colecionadora e artista naif
Tânia Pedrosa, referendando os artistas populares dos municípios alagoanos, a
exemplo de Fernando Rodrigues da Ilha do Ferro e outros que compõem o acervo do
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN.
Entre inúmeros processos
criativos e significativos ao longo destes 17 anos de existência do Ballet
Maria Emília Clark, com uma ampla reunião de homens marcantes em seu tempo e
que se eternizaram ou se eternizam através de suas árvores reflexivas,
criativas, musicais, teatrais, seus escritos sejam pelo meio físico ou por
sobre diversas obras de arte, chamando Graciliano Ramos (Torta de Maça a Vidas
Secas, ano 2013), distribuindo Djavan ( Místico Clã de Sereia, ano 2010),
pintando a visualidade de Pierre Chalita (Chalita, ano 2007), colorindo a diversidade de Delson Uchoa (Tanz,ano
2006), trazendo as Confissões de um Poeta (Lêdo Ivo,ano 2003), colhendo as flores da pintura e da escultura de
Eva Lecampion ( O Importante e´a Rosa, ano 2014), coreografando versos de Arriete Vilela, Solange Chalita e Paulo Caldas( O Primeiro Voo do Pássaro,ano
2013), indicando a seca do Rio São
Francisco( Opara,ano 2006) e entre
tantos outros processos criativos , cheguei no ano de 2016, com uma vasta
pesquisa sobre o nosso estado.
Neste ano, no contexto das
comemorações dos 200 anos do Estado de Alagoas (1817-2017), a Cia Maria Emília Clark, evoca a
trajetória do escritor, historiador, jurista, músico e poeta, Jayme de Altavila
(Anfilófio Jayme de Altavila Melo/1895-1970).
A
Cia. Maria Emília Clark, realizará no Teatro Deodoro, no dia 14
de julho de 2016 o seu novo espetáculo, que traduz os 17 anos da Cia, com o seu
décimo sétimo trabalho memorialista, onde conduz a formação do bailarino
clássico aliado ao projeto coreográfico em torno da transversalidade das artes.
Este momento se realizará por conta da parceira do Ballet Maria Emília Clark,
da DITEAL (Diretoria de Teatros Alagoanos) e do Instituto Histórico e
Geográfico de Alagoas (IHGAL), dentro do momento histórico que reflete o Maceió
200 anos.
Este ano iniciamos um
projeto de pesquisa iniciado no ano de 2014 e que resultará numa trilogia
(Alagoas 200 anos). A primeira parte será apresentada no próximo 14 de julho de
2016 em teatro Deodoro, às 19:30h onde a reflexão será a continuidade das
atitudes memorialistas e o reconhecimento dos homens de bem.
Agradecimento a possibilidade de apresentarmos este referencial criativo de vida e arte com o Ballet Alagoano em nossos 17 anos de escola( Ballet Maria Emilia Clark) e 37 anos de envolvimento , estudos e trabalhos, parte deles em momentos fora do estado com a Cia Stagium( Anos 90) !
ResponderExcluirTODO O NOSSO CARINHO,
A LUIZ SAVIO E JORNAL: O DIA