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quarta-feira, 13 de julho de 2016

MÚSICA e memória: sons de minha vida: Sadi Cabral e o Realejo que jamais deixaria de tocar



A música – sem qualquer dúvida – está entranhada na vida de cada um, nos cantos da sala, nas varandas, nas alcovas. Minha mãe gostava de cantar, como se a música ajudasse a embalar o pedal da velha Singer. Eu ficava brincando e ouvindo o som tomar conta da velha varanda de ladrilho hidráulico.  
A antiga Filha de Maria da Matriz de Nossa Senhora da Conceição da Capela gostava das modinhas e se deixava arrastar pelo dolente dos poemas, como se em qualquer hora estivéssemos no por do sol. 
          Uma de suas músicas falava de um velho realejo e toda vez que eu me lembro da música, sinto assim um pequeno aperto na garganta. Fala de um amor que some e o velho realejo permanece, e se identifica com quem lembra e parece chorar de pena. 
Era de Custódio de Mesquita e do Sadi Cabral ou Sadi Souza Leite Cabral que alguns diziam que tinha costados junto aos Cabrais da Capela.
          Minha cabeça foi construída assim: um pedaço junto a uma máquina de costura e o ouvido levando a imaginar o velho realejo.

         Ninguém mais sabe o que é um realejo. Naquele tempo, muita gente chamava de realejo, também, a gaita de boca. Esta, eu ainda toco. Aqui mesmo em Maceió, vi realejo na Rua do Comércio vendendo as sortes extraídas pelo famoso periquitinho verde.

Dircinha Batista: clique 

Pois bem, o Realejo ficou com um poder mágico  em minha memória, como evocador de muitas situações, mas especialmente sinalizando para a minha mãe, velha, encurvada e solfejando a música que tem cara, apesar do caminhar urbano, do bucólico cenário quase rural dos fins de tarde. Nasceu aqui em Maceió no ano de 1906 e com 17 estava no Rio de Janeiro. Sua biografia publicada na Funarte pode ser vista em Memória das Artes. Clique se desejar ler:

Muito da vida fica traduzido em músicas e harmonia e melodia terminam por serem textos a bem dizer biográficos. Tenho a certeza como muitas senhoras olharam o céu, a lua, a tristeza de Penedo e cantaram a música que, para mim, esta misturada com os bordados maravilhosos que saiam da Singer da minha mãe e que ainda conservo prontinha para ela costurar.


 Toque para ouvir o Relejo 

O site História de Alagoas traz uma excelente matéria sobre ele;
querendo ler, click: http://www.historiadealagoas.com.br/sadi-cabral-o-ator-alagoano-que-criou-a-radionovela-seriada.html 

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