Carlos
Emanuel da Silva, pseudônimo, Carlos Varela. . Pesquisador, músico e militar
alagoano. Desde criança, sempre gostou de ler. Já o amor pela escrita só se deu
depois que entrou na Universidade. Fez o ensino fundamental e médio em
Taquarana. Estudou Geografia e Direito em Arapiraca. Em 2011, foi um dos
fundadores do Grupo Escoteiro Oficina Azimute em Taquarana. Em 2015, exerceu o
cargo de Diretor-Presidente do principal clube de Taquarana – o Santa Cruz
Esporte Clube de Taquarana. É organizador do Solstício de Inverno, tradicional
festival junino local. Há 12 anos trabalha no Corpo de Bombeiros Militar de
Alagoas. É Casado com Cristhiane Melo, com quem tem um filho - José Emanuel.
Foto 1 - A beleza e grandeza da Pedra |
A Pedra de Itapaúna em Taquarana (Alagoas, Brasil)
Carlos
Emanuel da Silva
A Itapaúna (do tupi Pedra Preta) está inserida
na zona rural do município de Taquarana, distando três (3) quilômetros ao norte
da sede administrativa. Possui as seguintes coordenadas geográficas: 9°36’53’’
de latitude sul e 36°29’44 de longitude oeste. Já a declividade varia de 25° a
45° e a amplitude altimétrica de 280 a 380 metros. A rocha que compõe a área
tem estrutura geológica escudo cristalino. No seu entorno, a vegetação é do
tipo mata atlântica, com espécies de médio e grande porte. Segundo dados do RADAMBRASIL, tal
paisagem está localizada numa zona de transição do Planalto da Borborema e o
Piomontes Inumados (tabuleiros costeiros). Constitui-se numa área pediplanada
formada por inselbergs.
Na base da pedra existe uma nascente
d’água - tributário do Rio Coruripe – e uma pequena lagoa, que serve como
habitat e passagem de aves e pequenos mamíferos. A vista
do alto possui uma beleza cênica expressiva. Motivo pelo qual muitas pessoas e
grupos se aventuram em subi-la. Foto 3 - Turistas de Maceió em visita à Pedra |
Conforme relatos orais e
escritos, foi em meados do século XVIII que o invasor português avistou tal
pedra pela primeira vez. Antes, porém, é bem provável que Quilombolas e Índios
já a conhecessem. Desde então, a referida pedra é contada,
cantada, recitada em diversas histórias, lendas e contos que muito fascinam os
munícipes taquaranenses.
No
hino do Santa Cruz Esporte Clube de Taquarana, em um de seus versos, está
escrito:
“ Do alto do Itapaúna / Vejo um passado de glória / Nas terras de Taquarana /
Cristiano e Santa é vitória”.
Igualmente,
temos músicas sob sua inspiração:
“Na minha terra é assim / Bom pra você/ Tá bom pra mim. De
vez em quando um amor / Venha no meu interior / Diga que sim.
Ir lá no Itapaúna
e poder te olhar / Toda bonita vendo o sol clarear / Quero dançar, pular no teu
carnaval”.
Dentro
desta perspectiva, há poucos anos, a Universidade Federal de Alagoas, por meio do Grupo de
Pesquisa Nordestanças, catalogou o local como patrimônio do agreste, tendo em
vista que a pedra conserva em si elementos da história do lugar e de sua
população, precisando ser preservada. Não
obstante a tudo isso, há um ano – em março de 2017 -, o cartão postal em
comento foi objeto de discussão nas redes sociais e, até mesmo, no jornalismo
televisivo estadual por conta de depredação. Ocorreu
que um indivíduo, alegando
ser conectado com o sobrenatural ou divino, ocupou
a Itapaúna para prestar culto ao seu deus. Para tanto, modificou a paisagem natural
do lugar retirando cobertura vegetal, fazendo fogueiras, pintando pedras e, em alguns
casos, tolhendo o direito de entrada de algumas pessoas ou grupos que não eram
do seu interesse.
É bem verdade que o “profeta” estava no local com autorização
de um dos proprietários de terreno que dá acesso a Pedra. No entanto, em que
pese a Itapaúna está dentro de propriedades particulares, a comunidade (coletividade)
demonstrou bastante interesse na preservação do espaço, sendo contrária ao modo
como a ocupação estava sendo feita pelo “mensageiro” e seus seguidores.
Foto 4 - A Placa da Revelação |
Vale lembrar que o local sempre foi visitado por diversas
“tribos” – católicos, protestantes, afrobrasileiros, maconheiros, cachaceiros,
ateus, agnósticos, escoteiros e estudantes –; e que essas visitas sempre se
deram de forma não predatória, ou seja, sem impactar a biodiversidade.
Ora, perdemos muito cada vez que nosso patrimônio é demolido,
descaracterizado ou mutilado. É como se apagassem uma página de nossa história.
Todavia,
por meio da imagem abaixo, percebemos que nem
todos pensam assim. Na figura,
verificamos:
ü pedras
sobre pedras pintadas de branco formando um templo aberto;
ü lenhas
cortadas para fazer fogueiras;
ü o nome
VOLTANDO escrito na pedra; e
ü a
retirada da vegetação rasteira.
Foto 5 - Área do cume durante a ocupação |
É sabido que a destruição do patrimônio histórico significa
perda de qualidade de vida, da cidadania e de senso de pertencimento aos locais
e aos grupos comunitários. Por isso, a pressão popular foi grande
para que o local fosse desocupado. Inclusive, órgãos públicos foram acionados a
fim de colaborar com a empreitada. O esforço valeu a pena. Como resultado, os
invasores desistiram da ocupação. Agora, cabe a todos (coletividade e o poder púbico), mais
do que nunca, preservar aquele espaço.
Hoje
a Pedra Preta encontra-se aos cuidados da natureza, tentando se recuperar dos
ataques sofridos. Espera-se de
imediato, por parte do poder público, o tombamento da área para que fatos semelhantes não se repitam. Por fim, visando
receber amantes dos esportes radicais, uma via de escalada foi aberta no final
do ano 2017. A empresa arapiraquense Colmeia Adventure foi a responsável por
inaugurar este novo segmento de turismo. Para concluir, atualmente, qualquer cidadão
pode acessar a Itapaúna - de forma consciente e responsável – a hora que bem
quiser.
Foto 6 - Escalada da Pedra |
Autoria
das fotos
Foto 1
|
Ítalo Bruno
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Foto 2
|
Sivaldo Domingos
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Foto 3
|
Sivaldo Domingos
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Foto 4
|
Ítalo Bruno
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Foto 5
|
Guilherme Firmino
|
Foto 6
|
Colmeia Adventure (Arapiraca)
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