Estas fotos devem ter mais ou menos 15 anos e foram tiradas como testemunho da morte dos grandes investimentos imobiliários no centro, e, também, como a forma do sul de Maceió ser bem mais conservadora em termos de mudança de paisagem urbana.
Estávamos olhando em direção à Levada, Trapiche... É como se o fluxo de investimentos do capital na condição urbana de Maceió tivesse deslocado o eixo para o litoral que começa sua fronteira na Pajuçara. Outra Maceió? Mais outra Maceió? Ou apenas uma Maceió que vive as oportunidades de suas contradições?
Estávamos olhando em direção à Levada, Trapiche... É como se o fluxo de investimentos do capital na condição urbana de Maceió tivesse deslocado o eixo para o litoral que começa sua fronteira na Pajuçara. Outra Maceió? Mais outra Maceió? Ou apenas uma Maceió que vive as oportunidades de suas contradições?
Você que observa a cidade, seu cotidiano, poderia dizer o que mudou? Veja as fotos? Estamos, você e eu, na primeira abaixo, olhando para a lagoa, pegando as torres da Igreja dos Martírios como guia.
Com os ângulos, você vai sentindo a paisagem desenrolando. Examine e sinta o movimento. Marque o centro da foto como o ponto zero e veja a capital em boa visão de sua parte baixa.
Você que é de Maceió terá facilidade de ler as imagens. Você que é de fora, veja se consegue sentir e imaginar a cidade.
Talvez você ajude a nos entender a cidade, discutindo o tempo em que ela está assim Talvez valha uma viagem sentimental em volta da cidade e ver como o passado ao sumir, deixa suas marcas.
O que eu vejo, jamais será o que já vi: é claro. Estamos diante de um princípio para ver as coisas; toda vez que eu vejo, faço uma releitura, e sempre, por consequência, o meu olhar é atual. A mecânica sobre a paisagem é que nos dá a impressão de uma eterna permanência. De fato, esta é a função dos registros.
Então, desde quando este esqueleto está de pé?
Quem deslocou a cidade e como deslocou?
Antigamente se dizia dos ricos: "Fulano é rico: tem um bocado de imóvel na Rua do Comércio?".
Hoje, quem seria o grande proprietário urbano?
Sinceramente, duvido que a capital suba pelos ares, nestes pedaços que tem. E o engraçado: veja quantos telhados antigos você encontra. São restos de sobrados numa cidade que destruiu sua beleza em troca de uma modernidade feia? O moderno deveria ter trazido a beleza para esta área, mas ela ficou feia.
Pronto: os telhados velhos e o grande conjunto do centro que sobe aos céus, procurando arranhar, numa espécie de volúpia de concreto. Não estou sendo conservador; jamais o seria, até mesmo pelo farto de acreditar que nada se conserva, tudo muda. Conserva somente em lata e assim mesmo com prazo de validade.
A árvore solitária e o desmazelo do capim falam mais do que o homem da cobra, do que vendia a banha do peixe elétrico do Amazonas, lá nas brenhas do Mercado Público.
Aqui se nota melhor o gabarito do tempo. Tempo também é medida, ao lado do nosso capinzal urbano. Não sou contra ao capinzal, sou contra ao modo de fazê-lo urbano.
Sinta-se no mirante e comece a pensar o que vive as gentes que moram nas casas e trabalham nos prédios. Ou veja a alegoria da rua que de reta liga o Palácio ao Mercado.
Vendo esta foto, entendo a razão dos profetas tanto se incomodarem com Jerusalém e, por outro lado, como se poderia entender uma cidade que parece ter nascido para pecar contra si mesma.
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