Ana Amélia é filha do tio João e da Tia Maria, nascida no Rio de Janeiro, casada com Guaracy e moradora em Valença, naquele mesmo Estado para onde foi Tio João viver em um sítio, talvez para matar as saudades de suas raízes no Matão e na Bananeira da Boca da Mata.
Viveu e vive, a Ana Amélia, o mesmo destino do pai, pois, por opção é nascida aqui nas Alagoas e extremamente afeiçoada a uma família que vê de tempos em tempos. Recentemente, esteve entre nós, agora acompanhada pelo Guaracy e veio não somente para matar saudades e sim, também, para encontrar-se nesta saudade e nas maravilhas de recordação que ela contém.
Viveu e vive, a Ana Amélia, o mesmo destino do pai, pois, por opção é nascida aqui nas Alagoas e extremamente afeiçoada a uma família que vê de tempos em tempos. Recentemente, esteve entre nós, agora acompanhada pelo Guaracy e veio não somente para matar saudades e sim, também, para encontrar-se nesta saudade e nas maravilhas de recordação que ela contém.
E apois veio e apois foi, mas a persistência da necessidade da raiz fez com que anotasse, escrevesse, desejasse comunicar um pouco do que foi sua visão e sentimentos nas Alagoas, terra de avós de longo costado nos mundo de boca de mata e também de tabuleiro.
Hoje estamos colocando seus escritos em nosso blog, com muita honra e agradecimento por ter decidido partilhar cantos de sua alma que nunca a largam neste mundo, vasto mundo por sinal, que nos legou o poeta.
Ana Amélia no Matão |
MATÃO DA BOA VISTA
Ana Amélia
JANEIRO 1958
TENDA DO VOVÔ NÉ
Um
cheiro bom de creolina, ferragens, cacos de coco...
“Vovô o
que é aquilo pendurado no teto?”
(Nos
caibros morcegos “olhando” o mundo de cabeça para baixo).
Nunca
entendi uma palavra do meu avô. Ele gungunou alguma coisa, continuou botando um
pau na enxada e eu saí...
Tínhamos
feito cavalos de pau, eu, Gué e Ué com pau de cerca e um barbante sujo.
Cavalgamos até a casa de farinha.
Era fria
e cheirosa. Gostava de ver o fuso e passar a mão nele.
Sou e
sempre fui tátil e olorosa. Cheiros são marcantes.
Tiros!!!!
Voltei
sozinha cavalgando pra casa da fazenda. No caminho meu Vô Né estendeu uma lata
com alguma coisa dentro e sem dizer uma palavra virou-se e foi.
Eram os
morcegos que ele abatera a tiros para a neta carioca, citadina e prisioneira de
um apartamento.
Passei a
mão nos bichos. Eram macios, quentes e bem bonitinhos. Levei pra casa e mostrei
para o papai. Ele mandou eu jogar nos fundos da casa onde ficava o pomar e os
porcos.
Papai
cagava ali e os porcos comiam. AFFF eu ficava admirada...
BODES, CABRAS, CABRITOS E VACAS
Meu
vô escovava os dentes numa pia na varanda com juá. Amargo... Eu ficava olhando
admirada... Magrinho, cara encovada, testa larga cheirando a suor e creolina.
Pra tudo usava creolina: cortes, machucados, sem falar que tomava com água.
Acho que por isso cheirava a creolina. Adoro o cheiro dela.
Gungunou
algo e me pegou pela mão levando até o cabrital.
Fiquei
acocorada pois tinha visto ele fazer aquilo, esperando... Ele veio com um
cabritinho novo e colocou nos meus braços.
Lindeza...
Ele
me deu duas vacas: Camponeza e Tiroleza. Uma virou uma máquina de escrever Wonderood e a outra um mimeógrafo Olivette.
O engenho Bananeiras |
O AÇUDE, A CACIMBA E OS PENICOS
Descíamos
uma escada desgovernada para chegar ao açude que diziam ter um jacaré. Ao lado
a cacimba. Como era bom tomar banhos lá!
Um
dia tio Propício, Papai e Vovô secaram o açude o miseravi apareceu. Meu tio
Propício matou.
Vixe
que gritaria!
Cagávamos
e mijávamos em penicos. Eu achava o máximo.
Não
havia luz elétrica e o cheiro dos lampiões, placas enchia o ar de luz e as
ventas ficavam pretas por dentro.
COMILANÇA
Café
da manhã todos a mesa: cuscuz, inhame, leite de vaca, café, nata, mingau pro
Vovô, ovos fritos e charque.
“Loló
pra mim: quer mais um ovinho? Sim! Vinham quatro”.
Eu
empanturrava: cuscuz com ovo, não gostava de por leite e charque.
Almoço
e café da noite: a primeira mesa era dos homens e a segunda das mulheres. Que
esquisito!
Meu Vô chamava
mamãe para sentar ao seu lado.
A pivetada
comia na mesa das mulheres: Ai meus sais! Que cabrito! Que charque!
Jacas, cajus, pitomba
que a Quequé trazia pra mim. Eu e Gué assávamos as castanhas e ficávamos
imundos da seiva que chiava na fogueira. Como cheirava bem!!!
A
jaqueira enorme, frondosa, com aquele perfume de jaca madura e jaca podre.
Papai abria, passava gordura e tirava os bagos.
Gosto
da jaca dura, a mole só serve pra doce. Parece chiclete.
QUATRO DA TARDE
Vovô
sentava num banco enorme na varanda e pegava as canas que deixava descansar sob
uma cama patente no quarto de pagar os empregados. Cortava em roletes e
distribuía. Um mel... Fazia palitos pros dentes de pau rosa com seu canivete.
Tenho até hoje.
Que
ninguém me ouça mas os melhores doces eram os da titia Guió: Nego bom, caju
cristalizado, laranja de cidra, doce de jaca...
E
a galinha a molho pardo? E o cheiro de cominho e coentro...
LOLÓ UM CAUSO A PARTE
Era
irmã da Vovó Zezinha. Miúda, branquinha, suave, prendada e cheia de temor a Deus.
Puxava
o terço e cuidava da capela do Matão. Tocava o sino que Papai levara para a
capela num avião da Panair do Brasil. Precioso!
Acendiam-se
as placas. Adultos na sala da frente sentados nos móveis de palhinha
austríaca.
Pivetes
na varanda: eu, primos e primas e crianças da fazenda. Começava o terço. De
repente risadaria geral. Papai saia da sala e brigava comigo, da mesma forma
Titá e Guió com os meninos.
Começava
tudo outra vez. Era um castigo...
E
pedir a benção? Obrigatório. Eu criada no Rio não tinha o hábito. Amei pedí-la. Fazia-o até com o fogão a lenha. Um
pagode!!!
Loló
cuidou do vovô até sua morte. Sempre a mesma: segundo o Ué ela não beijava,
osculava, era pureza em pessoa. Morreu na casa da Titá: ela, suas flores e seus
ovinhos fritos...
Tenho
até hoje um terço que me deu.
Loló...
Minha
Vó Zezinha na verdade tia e madrasta do meu pai.
Gostava
de vê-la esfregando as mãos no alto da cabeça após as refeições. Era como se
abençoasse os alimentos ingeridos, era sua forma de satisfação.
Falávamos
pouco mas um dia vendo um avião passar no céu ela me disse que sempre falava
“avião, avião leva minha benção para o meu João”.
Pouco
entrava em seu quarto, por puro respeito e não me lembro dele e nem dos seus
móveis.
Meu
pai tinha uma imagem da Sagrada Família que a Loló dizia que a mãe dele, minha
vó Eurídice morreu olhando para ela.
Enterrei-a
junto ao peito de papai quando ele morreu...
Carro de boi no Matão |
BATIZADO DO BONECO DE BORRACHA
AS BONECAS DE PANO DA FEIRA
A CASA DE BONECAS DA BETÂNIA
A
menina do Rio ganhara um boneco-bebê no Natal, de borracha. Um luxo! Levou-o
para o norte. As crianças de lá enlouqueciam mas a menina amou ganhar da Vó
Zézinha bonecas de pano, pequenas, lindamente horrorosas, compradas na feira de
Boca da Mata. Esqueceu o boneco. Houve, porém, um batizado do boneco: Gué o
Padre, Ué o Padrinho, não me lembro da Madrinha.
Bolo,
guaraná e fogos que meu Vô mandou buscar em Boca da Mata.
Passamos
dias no “Pipiri” e lá estava a prima Betânia. Linda, olhos verdes, quieta, tímida,
estranhando a prima carioca, falastrona, sempre correndo.
Ah!!!
A casa de bonecas da Beta. Em alvenaria com portas e janelas. Passava os dias
lá com as bonecas e cacos de barro servindo de panelas.
A
solitude da menina do sul voltava se para aquela casinha.
Se
Papai não gritasse eu não saia de lá nem pra comer...
Gostava
de ficar ouvindo tio Propício conversando com Papai. Ele era alto, vermelho e
muito carinhoso comigo. Mandava selar um cavalo pra mim e um garoto puxava.
Minha Mãe não deixava eu cavalgar sozinha, pois de uma feita sai correndo às
risadas sobre o cavalinho... menina endiabrada, “cavala de pau”... Tia Guió
comandava a casa, reinava na cozinha, achava engraçado a comilança de lá: café
da manhã na copa, junto a cozinha. Almoço num segundo salão e a janta no salão
principal.
Tio
Propício sentado à cabeceira da mesa e uma saca de laranjas ao seu lado. Ele
descascando pra todo mundo: chupa Maria! Tá doce!
Vô, Vó e Morenita |
TITÁ E OS MENINOS
Dava
sempre um jeito de fugir do Matão. A bagunça na São José era melhor. Dormia com
um pijama listrado do Miguel e ele ficava muito zangado, dizendo que não ia
usá-lo mais: “pijama que mulher usou”...
Gué
tinha um caminhão de madeira com rodas de rolimã, fez uma estradinha até com
meio fio, uma ladeira que terminava num monte de areia.
Sentávamos
assim: Miguel, eu, Manoel e José. Quando ele soltava o carrinho caiamos num
monte de areia, sem falar que no meio do caminho Manoel me jogava do
caminhão... gritaria, chororô, puxões de cabelo.
Fogueira
+ castanha do caju + seiva + chiado. Gostosura! Cheiro bom e todo mundo pintado
de preto. Titá zangava. Banho lá fora...
Adorava
Titá. Riso largo, muito alegre. Papai dizia que eu me parecia com ela, no
grito, na desobediência, mandona... seria? Tio Chico era alto, muito magro, voz
grave, sempre acompanhado de uma cadela branca com pintas pretas. Achava muita
graça da Titá chamar o marido “de Seu Chico”...
Perus
por todo o quintal: Glugluglu e eu correndo pra vê-lo gritar. E as “to fraco”?
Titá fazia à cabidela para o Papai.
A FEIRA DE BOCA DA MATA
Domingo
ia todo mundo. Que loucura! Que cheiros! Que lindeza!
Frutas,
ervas medicinais, porrões de barro e panelas, especiarias: o cheiro do cominho
e da pimenta ardendo as ventas.
O
Açougue era o que mais impressionava: as cabeças dos bois e cabritos com olhos
opacos, cobertos de moscas!!!
E
os peixes secos? Manjubas, pissiquira e que tais... Cheirava tudo! Provava
tudo!
E
as farinhas? Grossas, finas, branquinhas... feijão de corda, fava, charque...
Meu
Vô parava num lugar e se juntava a outros fazendeiros. Vestia um terno azul.
Lá
vinha eu com as bonequinhas e as panelinhas de barro...
Até
hoje lembro da feira: cheiros, sons, visagens... fiquei muito triste quando Miroca me disse que com o fechamento da
Usina a feira minguara.
Esqueci:
Fomos todos a Cachoeira de Paulo Afonso. Eu olhava para o alto para vê-la...
mas só ouvia o ronco. De repente um susto: “Ela era para baixo”. Enorme,
violenta, espumante, respinguenta.
Vi
as ruínas de Delmiro Gouveia. A primeira Usina Hidroelétrica. Já destruída. Não
me lembro porque.
Atravessamos
por um teleférico duvidoso, todos amedrontados e eu as gargalhadas.
Sempre
radical...
JANEIRO DE 1966
MATÃO DA BOA VISTA
Chegara
a luz elétrica e um banheiro! Progresso!!!
“Quem tá
fumando ai”? (Vovó Zézinha)
Silêncio...
Esqueci
que as paredes não iam até em cima e que a casa não tinha forro...
Janelões
azuis...
Todos
namoravam e fumavam. Eu, o Dinho, Miguel, Fátima, Manoel, Sonia.
Eu
continuava louca pelos cheiros... fugia para São José.
Tio
Chico tinha uma Rural e o Gué uma lambreta. Até mamãe andou de lambreta.
Fomos de
Rural para Recife visitar o Manoel que fazia faculdade. Eu levei uma peruca longa. Fui para o quarto
que ele morava e me paramentei: Peruca, macaquinho azul e chapéu de turista: um
luxo!
Alguém
comprara uma caixa de uvas. O Cheiro invadia a Rural. Mamãe com uma enxaqueca
dos diabos. Passamos o dia lá. Na volta mamãe bateu com a cabeça na porta da
Rural e a enxaqueca parou, risos...
As uvas
sumiram, ninguém suportava seu perfume pungente naquele calor.
Lembro
que todos usavam sabonete da Phebo: odor de rosas... acho que era moda.
Como de
hábito feira da Boca da Mata... de novo peixes secos, cabeças de boi e bode
cobertas de moscas. Titá e Maria da Paz compravam a carne em baldes.
Frutas,
especiarias, os porrões de barro para guardar água. Comprei dois e papai
despachou pro Rio com feijão de corda, fava, farinha, inhame, manjuba seca.
Boca da Mata (Sete Segundos) |
Fomos ao
circo. Amo circo até hoje, dos ricos, dos pobres...
Circo em
Boca da Mata: tábuas bem finas serviam de assento. Cai lá de cima: culpa do meu
fogo no rabo.
Sensacional:
Bode amestrado que andava numa ripa. Não saiu do lugar. Palhaços e rumbeiras
horrorosas dançando e fazendo a alegria do povaréu. E nós fumando roliude com filtro
vermelho sem parar.
Chegávamos
em casa fedendo tanto que íamos pra bica tomar banho. Titá não podia
desconfiar...
Fomos
para a Barra de São Miguel de caminhão: melancias rolavam ao léu e eu fiz um
bolo horroroso para o aniversário do Gué e para felicidade de todos papai caiu
sentado nele.
Do mar
fomos para o Niquin, limpo e morno. Biquini. Radical.
Eu me
empapuçava de siri de coral e suco de caju.
Comprei
um tanto de bonecos de barro, bois, dançarinos, horrorosamente lindos e mal
feitos. Já começava ai meu amor pelo artesanato rústico, rural que me
acompanharia a vida toda. Foi nessa época que um sertanejo trabalhando no corte
de cana na São José, fez uma pequena xícara com píres, de jaqueira no canivete
e me deu. Não sei porque. Mas tenho até hoje e olho, cheiro e aliso com
carinho.
Tive que
voltar pro Rio sozinha! Radical! Fora chamada para tomar posse como professora
pela prefeitura. Voo com parada em Salvador. Aviso: A aeronave não seguiria e
fomos levados para um hotel. Glória!
Fomos
passear de taxi por Salvador com um Deputado do Rio Grande do Norte e um jovem
que estava assustado com a parada. Luxo: jantamos num restaurante regado a
dendê, vimos um candomblé e comprei um berimbau...
Tinha
que ser comigo.
JANEIRO DE 1978
BOA VISTA DO MATÃO
SÃO JOSÉ
Olavo
com sete anos, Giovanna com três.
Levei
os para que os bisavós os vissem. Olavo primeiro bisneto macho e Giovanna
primeira bisneta fêmea.
Vovô
e Vovó andavam com eles pra cima e pra baixo mas dessa vez ficamos com a Titá.
Casa nova. Tio Chico e tio Geraldo haviam morrido há pouco tempo. Foi um tempo
carrancudo pra mim mas de muita alegria para os meus filhos.
Papai
fez um quiosque para Titá coberto de sapê onde depois foi feito um outro
grande, coberto de piaçava, com rede e cheio de plantas.
A
Lúcia era a babá das crianças e as empurrava num carrinho de mão por lá...
Primos
casados e com filhos. Lembro pouco dessa
vez.
Giovanna
descobriu as canas do Vovô e sem ninguém ensinar ia buscar no quarto, agora com
tv e vinha arrastando para o velho banco e o vô ria.
Cortava
os roletes e chupávamos: agora neta e bisnetos.
Ficamos
pouco tempo. Crianças dão um trabalhão...
Igreja Matriz de Boca da Mata (wikimedia) |
ANOS DEPOIS
Já
não me recordo os anos porém sei que foram três ou quatro vezes.
Uma
delas com a Giovanna já moça e namorando. Ficamos na Titá.
Houve
dois cafés: um com tia Guió, tio Propício e os primos e outro com os meninos da
Titá.
Passamos
boa temporada na Barra de São Miguel sob os cuidados amorosos da Maria da Paz.
Carnaval:
Gué era subprefeito de lá e o furdunço era numa quadra. Giovanna se esbaldou.
Fomos ao Gunga ainda agreste, de lancha com o Léu pilotando e fizemos esqui
bunda na areia.
Manoel
tinha comprado um bode pra fazer buchada pra um graduadão. Os meninos roubaram
o bode e com sua pele fizeram um estandarte para o “bloco do bode”.
José
tinha casa vizinha ao Manoel e o bloco passou por lá. Um pagode!!!
Sonia
ficou puta da vida. Zangadíssima! E nós, os descarados, rindo as bandeiras
desfraldadas.
Nessa
época endoidei com as artes dos filhos do Mané da Marinheira. Tudo feito em
tronco de jaqueira no canivete. Comprei uma onça em tamanho natural, um
cachorro de pé e despachei pela Itapemirim, sem falar de dois gatinhos lindos.
Na
feira da Boca da Mata (sempre ela...) comprei porrões, cuscuzeira de barro,
panelas, manjuba seca (sempre), temperos sem falar nos bichos de barro
lindamente mal feitos.
Estivemos
também nas rendeiras, Giovanna apaixonou-se.
Nesse
ano conheci um perfume da Phebo chamado Matinal, comercializado somente no
norte / nordeste. Comprei duas caixas com doze frascos de meio litro. Foi minha
marca registrada por muitos anos.
A
medida que tudo se modernizava eu ia ficando triste. Minhas memórias táteis,
olfativas e recordativas ainda eram da infância.
Não
havia mais Vô, Vó, Matão. Os ventos da modernidade levaram para longe o que eu
mais amava. A última vez que fui com Papai ele já estava doente. Foi sua última
visita. Tio Propício havia morrido de pouco e passamos um dia no Pipiri com a
Miroca e Tia Guió.
Tenho
lembranças pungentes daquele dia. Luiz Carlos se esmerando para servir e
passando toda hora, muito lustroso, com avental imaculado e uma bandeja na mão
subindo e descendo.
Perguntei
a Tia que tanta comida ele levava e para quem? Tia Guió disse: acho que ele
está namorando seu motorista. Que galhofada! Papai riu muito...
Anos
depois se foram Betânia e Tia Guió, Papai as seguira... recentemente Titá...
Estão
todos juntos outra vez em algum lugar do universo, rindo, rezando, comendo,
conversando, chupando cana...
DEZEMBRO, QUARTA FEIRA, DIA 13 – 2017
MACEIÓ
Casada
com Guaracy voltei. Coração apertado, crise de bronquite, lágrimas e mais
lágrimas. Revi Miroca e seu marido Sávio e os filhos do casal e Rita de Cássia.
Ficamos
de boa nas praias. Não tive coragem de ir a Boca da Mata. Um medo, um aperto no
peito e uma saudade sem fim.
Com
Mirian e Sávio a conversa fluiu sem dor, com muita risada. Quando entramos na
casa dela: Surpresa! “É a minha casa gente”
Descobrimos
que temos muito em comum. Ela é artista plástica, ama artesanato e memórias do
passado. Ele um professor, historiador, s delicioso. Me deu
seu livro que me inspirou a escrever essas “maltraçadas linhas”.
Gaiata
essa Anna Amélia...
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