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quinta-feira, 24 de julho de 2014

O rio São Francisco e seus lugares: Penedinho e a travessia do gado



A travessia do gado no São Francisco
Luiz Sávio de Almeida
Sempre gostei de ler sobre a história do rio de São Francisco e sempre o entendi como ligado à pecuária que fez a geografia econômica de Alagoas. Uma das cenas que passava pela minha cabeça quando lia sobre as boiadas era, justamente, os bois atravessando de uma margem para outra, inclusive, numa época  quando existia muita piranha. Acho que em 2010, mergulamos no rio, um grande grupo de amigos dando continuidade ao que chamamos de OPARA OU RACHA  II. Por um desses acasos da vida, estávamos no Penedinho quando, de repente, uma pequena boiada  seria atravessada para a Ilha em frente.
Claro que tudo estava diferente: a margem, o rio, a paisagem, o próprio gado. No entanto, com boa vontade dava para fechar os olhos e sonhar o passado. Foi o que decidi fazer, mas exatamente o contrário no que diz respeito a fechar os olhos. Era sonhar com os olhos abertos e reduzindo o tamanho do mundo e do sonho ao visor da máquina. 
Foto 1
Eis o gado talvez adivinhando; bicho magro que iria de engorda para a ilha. As costelas da novilha castanha, aparecem clara. Nem cheiro do que era chamado de boi curraleiro e nem mesmo do boi do Moxotó, bicho pequeno e do chifre grande. Está aí, um lote do que se diz pé duro, alguns com pinta de pingos de sangue nelore. 

Foto 2
Num de repente, o nome da canoa me chamou atenção e nem precisa comentar a razão. O texto miúdo, enxuto, indicava uma ação de ir, quando apontava o futuro, ou de estar acontecendo? Tô indo, na realidade, é corrente com sinônimo de vou já. Ouvi muto em casa: "Manoel (era meu pai), venha almoçar (chamava minha mãe)!". Meu pai respondia: "Tô indo!". E a velha Maria José de Almeida sabendo que não havia pressa neste ir, falava sério: "Pois venha já!".  Voltando à vaca fria, aposto como o gado sabia que iria atravessar o rio e que tava com medo.
Foto 3
E começa a aventura. Os bois foram imprensados em um canto; não tinham como fugir. Os vaqueiros entraram como espécie de cunha, para facilmente irem à esquerda ou à direita. O chefe está de camisa branca e a seu lado, um pequeno bezerro. Não se vê cachorro.
Foto 4
Fica a retaguarda e são dois vaqueiros menores, sinal de que não podem enfrentar o problema que se dará à frente.
Foto 5
Começa a aventura da travessia. Apertado pelos vaqueiros, o gado não pode ir adiante. Foi colocado um obstáculo. Trata-se de uma canoa, da qual se pode verificar o bico. É de notar o gado já entrando na água do rio, a tatear o  chão. Beira de rio às vezes é perigosa: pode haver um barranco.
Foto 6
Começa a travessia; quase toda a boiada já se encontra na água e os bois terão de nadar; alguns tentarão voltar e outros tentarão pisar na ilha. 


Foto 7
Não há mais o que fazer. O chefe dos vaqueiros volta.

Foto 8
Um deles fica em vigilância para caso de boi voltar.



Foto 9
É a canoa que vai tomar conta da boiada. O vaqueiro se transformou em canoeiro. 




Foto 10

Os bois nadam, alguns ameaçam a volta. Ali é fundo demais.

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