Luiz Sávio de Almeida
Sempre
gostei de ler sobre a história do rio de São Francisco e sempre o
entendi como ligado à pecuária que fez a geografia econômica de Alagoas.
Uma das cenas que passava pela minha cabeça quando lia sobre as boiadas
era, justamente, os bois atravessando de uma margem para outra,
inclusive, numa época quando existia muita piranha. Acho que em 2010,
mergulamos no rio, um grande grupo de amigos dando continuidade ao que
chamamos de OPARA OU RACHA II. Por um desses acasos da vida, estávamos
no Penedinho quando, de repente, uma pequena boiada seria atravessada
para a Ilha em frente.
Claro
que tudo estava diferente: a margem, o rio, a paisagem, o próprio gado.
No entanto, com boa vontade dava para fechar os olhos e sonhar o
passado. Foi o que decidi fazer, mas exatamente o contrário no que diz
respeito a fechar os olhos. Era sonhar com os olhos abertos e reduzindo o
tamanho do mundo e do sonho ao visor da máquina.
Foto 1
Eis
o gado talvez adivinhando; bicho magro que iria de engorda para a ilha.
As costelas da novilha castanha, aparecem clara. Nem cheiro do que era
chamado de boi curraleiro e nem mesmo do boi do Moxotó, bicho pequeno e
do chifre grande. Está aí, um lote do que se diz pé duro, alguns com
pinta de pingos de sangue nelore.
Foto 2
Num de repente, o
nome da canoa me chamou atenção e nem precisa comentar a razão. O texto
miúdo, enxuto, indicava uma ação de ir, quando apontava o futuro, ou de
estar acontecendo? Tô indo, na realidade, é corrente com sinônimo de vou
já. Ouvi muto em casa: "Manoel (era meu pai), venha almoçar (chamava
minha mãe)!". Meu pai respondia: "Tô indo!". E a velha Maria José de
Almeida sabendo que não havia pressa neste ir, falava sério: "Pois venha
já!". Voltando à vaca fria, aposto como o gado sabia que iria
atravessar o rio e que tava com medo.
Foto 3
E
começa a aventura. Os bois foram imprensados em um canto; não tinham
como fugir. Os vaqueiros entraram como espécie de cunha, para facilmente
irem à esquerda ou à direita. O chefe está de camisa branca e a seu
lado, um pequeno bezerro. Não se vê cachorro.
Foto 4
Fica a retaguarda e são dois vaqueiros menores, sinal de que não podem enfrentar o problema que se dará à frente.
Foto 5
Começa
a aventura da travessia. Apertado pelos vaqueiros, o gado não pode ir
adiante. Foi colocado um obstáculo. Trata-se de uma canoa, da qual se
pode verificar o bico. É de notar o gado já entrando na água do rio, a
tatear o chão. Beira de rio às vezes é perigosa: pode haver um
barranco.
Foto 6
Começa
a travessia; quase toda a boiada já se encontra na água e os bois terão
de nadar; alguns tentarão voltar e outros tentarão pisar na ilha.
Foto 7
Não há mais o que fazer. O chefe dos vaqueiros volta.
Foto 8
Um deles fica em vigilância para caso de boi voltar.
Foto 9
Foto 10
Os bois nadam, alguns ameaçam a volta. Ali é fundo demais.
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