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sexta-feira, 25 de julho de 2014

Luiz Sávio de Almeida. Uma nova mulher e um novo homem: rumos do ser

 











Esta matéria foi publicada no tablóide Contexto do jornal Tribuna Independente, Maceió, na edição de  9  de Outubro de 2011









Certa feita, minha grande amiga Cida (Professora Maria Cida de Oliveira) pediu para que eu expressasse o que penso sobre a situação da mulher, Não é difícil dizer o que sinto, embora seja difícil esboçar o que penso em face da complexidade das situações que vão do cotidiano às estruturas. Vejo a violência todos os dias; ela não é matéria que se esconde. Pelo contrário, está escancarada e lança a sua força a todo o momento, a todo passo. No fundo, a sociedade não tem receio de demonstrá-la, pois, de tão costumeira, terminou por fazer parte de um imenso roteiro   que a poucos incomoda. É um  triste espetáculo, mas apresentado sem interrupção no fio dos segundos que fazem o tempo, atrás das portas ou nas praças, pública ou privadamente. Ela não tem qualquer limite e está em todos os ângulos da vida, como se a própria sociedade somente se entendesse fundada nessa exploração construída nos intrincados do poder.

É uma vida absolutamente deformada pela violência em suas mais diversas formas e pelo exercício ideológico do preconceito, que monta estratégias de dominação. O preconceito é uma expressão ideológica e redunda em um modo estratégico objetivando a manutenção de poder. A tese é a manutenção da desigualdade, do desequilíbrio e para subsistir necessita dar continuidade ao que se poderia chamar, genericamente, de machismo. Ele, sem dúvida, é a porta essencial por onde passam as contradições do sistema que reserva um espaço para a mulher, e, nele, pelo menos dois requisitos demonstram-se fundamentais: um deles é o de que se maximize a negação de oportunidades e  o outro é que se procure legitimar a utilização da violência.

Claro que formas sociais concretas são construídas a partir desses elementos. São corriqueiros os exemplos, sendo bastante olhar para as ruas, pensar nas intimidades das casas e sentir o que se passa, seja numa pobre tapera, seja num rico palacete, seja numa favela, seja na orla dos ricos.  Essa é uma das demonstrações mais perversas do machismo: ele é insidioso, tem o dom da ubiqüidade e se reparte igualmente sem dó e nem piedade pelas diferenças de renda, educação formal e outras. O machismo é de uma violência matreira.

É na tentativa de legitimar que se encontra a hipocrisia das estruturas e que deve ser rompida, realocada para que se encontre a harmonia da igualdade dos sujeitos dentro da diversidade que se pronuncie. Para isso, existem requisitos concretos que devem surgir no universo político e, dentre eles, a necessária aliança entre os que não aceitam preconceitos e discriminações, entre os que desejam a plenitude democrática. A resolução da questão da mulher é matéria essencial para que se tenha a democracia e deve estar fundada na consciência da igualdade. Essa consciência da igualdade que poderá refazer o modo como se vem montando formas de exclusão nos seus mais diversos matizes. É ela que justifica este Contexto, parte, justamente, desta consciência de igualdade e  componente deste espaço  político que é a busca pela democracia.

É preciso estar atento pra o aparente miúdo do dia a dia. A violência deve ser combatida em todos os momentos, devendo ser reforçados, inclusive, os serviços de sustentação da mulher, abrangentes, indo da segurança à justiça, da violência ao espaço do repouso da vida. A sociedade civil tem que se expressar e ser ouvida e fazer sentir ao Estado  a voz da mulher, como deve ser ouvido, também, o grande mar de humilhados e ofendidos pelo preconceito, pela lógica que monta uma sociedade cruel, a partir de formas de dominação evidentes ou não.  O machismo é muito mais do que um mero argumento; ele é um modo de ser e de agir que sustenta, efetivamente, a crueldade que nos dá repulsa.

É preciso participar, somar, denunciar, exigir. Esses são elementos que trazem a plena cidadania para o âmbito da questão da mulher. Não é possível uma consciência que não seja uma determinação por agir. É importante discutir, mas sem que haja descanso

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