Associação Teatral Joana Gajuru |
Esse trabalho está presente em A Farinhada, espetáculo com mais de 20 prêmios e que marcou o teatro alagoano, Uma Canção de Guerreiro no Chumbrego da Orgia, espetáculo de rua que marcou a estreia do grupo, Baldroca, Versos de um Lambe Sola, Fome Come, A Estória da Moça Preguiçosa, Severino Gajuru, entre outros.
Em 2010, o grupo completou 15 anos e para marcar essa data, realizou o projeto Memórias dos Filhos de Joana. Entre as ações comemorativas estava o lançamento da revista Gajuru 15 anos – Memórias dos Filhos de Joana.
A revista conta a história do Joana Gajuru, com registro fotográfico de seus espetáculos, informações sobre suas montagens, homenagens.
O objetivo era documentar a história de um dos grupos mais importantes do teatro alagoano e contribuir para a pesquisa, a arte e a formação.
Além desse registro, no ano de seus 15 anos o grupo realizou outras ações: exposição de figurinos e apresentação de seu repertório com a Mostra Gajuru de Teatro.
A história
A Associação Teatral Joana Gajuru, fundada em 29 de janeiro de 1995, na cidade de Maceió, é o primeiro grupo de teatro de rua de Alagoas, Estado da região Nordeste do Brasil. Seu nome é uma homenagem a Maria Joana da Conceição, a Joana Gajuru, primeira mestra de Guerreiro, folguedo alagoano.
O Joana Gajuru surgiu a partir de uma oficina de teatro de rua ministrada pelo grupo Imbuaça-SE, em 1994, em Maceió.
Abides de Oliveira, Aílton Protásio, Diva Gonçalves, Jairo Bezerra, Jorge Adriani, Regis de Souza, Vlademir Dantas e Tereza Gonzaga, que também eram alunos do Curso de Formação do Ator da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), resolvem criar o grupo.
A estreia aconteceu na performance Uma Palavra em Quatro Tempos, com direção de Homero Cavalcante, encenada no Teatro de Arena Sérgio Cardoso, com Abides de Oliveira, Jorge Adriani, Regis de Souza e Aílton Protásio em cena.
Desde o seu início o grupo teve como metas desenvolver o seu trabalho a partir de pesquisas da cultura popular, dos elementos dos folclores alagoano e nordestino e da Literatura de Cordel. Além disso, manter o intercâmbio com fazedores das artes cênicas no Brasil, sempre trabalhando com profissionais locais e de outros estados, a exemplo de Lindolfo Amaral-SE, Marcondes Lima-PE, Eliézer Rolim-PB, René Guerra-AL, Homero Cavalcante-AL, entre outros. E a rua como palco principal.
Entre os frutos do reconhecimento do teatro desenvolvido pela associação estão os mais de 40 prêmios recebidos nesse período em festivais nacionais, eventos locais e regionais. Até 2011, o grupo desenvolveu também um trabalho com crianças e adolescentes do bairro de Fernão Velho, em Maceió- AL, por meio do ponto de cultura ABC Guerreiros de Joana.
O grupo alagoano é alvo de pesquisa em Alagoas e seu teatro referência para trabalhos de conclusão de curso nas universidades alagoanas.
No ano de sua fundação, o grupo estreia Uma Canção de Guerreiro no Chumbrego da Orgia, que traz texto adaptado da Literatura de Cordel e elementos do guerreiro, como músicas, danças e cores. Na direção, Lindolfo Amaral, do grupo Imbuaça, que foi fundamental para os novos atores estrearem na rua.
Com o trabalho reconhecido em Alagoas, o Joana Gajuru leva em 1996 seu espetáculo de estreia para outros estados do Nordeste e do Brasil. Em Santa Catarina, no Festival de Teatro Isnard Azevedo, Uma Canção de Guerreiro leva o prêmio de melhor direção e figurino e é indicado a melhor espetáculo – teatro de rua. Ainda esse ano, o grupo participa da Circuito Nordeste de Teatro, levando seu espetáculo de rua para Paraíba, Rio Grande do Norte e Seripe.
Em 1996, os componentes do grupo aceitam o desafio da autoencenação e levam à cena o texto do alagoano Luiz Gutemberg, O Auto da Lapinha Mágica, auto de Natal que, sob a direção dos próprios integrantes do Joana Gajuru, utiliza as figuras de uma lapinha para fazer questionamentos sobre cultura e política em nosso século.
Após duas montagens de rua, os membros do Joana Gajuru decidem desenvolver um trabalho no palco. E a "estreia" é com o texto do sociólogo alagoano Luís Sávio de Almeida: A Farinhada. A peça conta o cotidiano das casas de farinha, a opressão do patrão e uma história de amor que acaba em tragédia. Com A Farinhada, a associação firma seu nome no Nordeste e no cenário nacional. Em quase dez anos, a peça colecionou mais de 20 prêmios em festivais nacionais e cerca de 56 indicações.
Na montagem seguinte, de 1998, o grupo retorna à rua com Olé, Olé, Gajuru o Guerreiro é Você!, uma homenagem à mestra de guerreiro Joana Gajuru. Em 2000, o grupo leva o cancioneiro infantil tradicional e popular para o palco, com o infantil A Estória da Moça Preguiçosa. No ano seguinte, o Gajuru monta Severino Gajuru, que é uma adaptação de Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto.
Em 2004, o Joana Gajuru monta dois espetáculos de rua. O primeiro, Fome Come, texto do sociólogo Luís Sávio de Almeida. Em seguida, a associação adapta um conto de João Guimarães Rosa, Corpo Fechado, para a rua. É o espetáculo Baldroca, com direção de Lindolfo Amaral. Em 2006, o grupo monta outro espetáculo de rua, A História do Casamento Coisado. Em 2007, o Gajuru faz a adaptação para o palco da obra do ex-sapateiro Antônio Aurélio de Morais com Versos de um Lambe Sola.
Em suas inúmeras montagens, a associação desenvolveu pesquisas e a partir delas usou o trabalho estudado em seus espetáculos. A literatura de cordel em Uma Canção de Guerreiro no Chumbrego da Orgia (1995), o folguedo Guerreiro em Olê, Olê Gajuru o Guerreiro é Você (1999), os causos e ditos populares em A Farinhada (1997), o pastoril em O Auto da Lapinha Mágica (1996), as crenças religiosas e a medicina popular em Baldroca (2004), as tradições juninas em O Casamento Coisado (2006), o cancioneiro infantil em A Estória da Moça Preguiçosa (2000).
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