Domingo, 18 de dezembro de 2011
21 Pesquisa Paisagem e cotidiano Centro Maceió Rua Moreira Lima 2005
O texto sobre as fotografias está da forma como foi
redigido em campo, logo após ter sido
tirada a foto ou depois, à noite, quando as imagens do dia eram repassadas.
A rua é impudica. Eu mesmo fiquei imaginando os enchimentos do sutiã pendurado. Ela era baixinha e não poderia ter mais do que 1,50 m. Basta ver a distância do sutiã azul para os seios da mulher que usa camiseta verde. A de verde não está com; bem que poderia comprar ao vendedor fantasma. Só dá mulher andando e praticamente os homens estão preguiçando.
As fotos foram tiradas para posterior comparação.
Infelizmente perdemos as anotaçõs de visada e coordenadas. Na verdade, a fotografia está sendo usada para realizar uma
espécie de etnografia urbana, tentando captar cenas do cotidiano de diversos
pontos de Maceió, além de montar uma série de imagens que na certa ajudarão, no futuro, a quem desejar estudar a cidade e
sua vida.
A
rua se transformou em um imenso espaço de tudo e de nada. Acho que
alguns já estão arrumando a carga. Quem desejar ver o passado nesta
foto, olhe para cima e terá a sensação de como a cidade poderia ser
linda, não fosse o modernoso que a invadiu. Para sentir, basta deslocar a
vista para o lado esquerdo. Mas eu então fico perguntando sobre o que
poderia ser considerado como a arqueologia da rua, como se tivesse o
tempo soterrado em cima e deixasse o novo aberto embaixo. Parece que
estou nas mãos de um tipo inusitado de Hermes Trimegistrus. O tempo da
Maceió é a Maceió do tempo; isto leva a uma igualdade? É tão linear
assim, aquilo que acontece nesta foto? Dá o que pensar! Não resta
dúvida.
Muitas
bundas. Bundas novas, bundas velhas às vistas de São Caetano. Um
historiador apresado no futuro, vendo esta foto, diria que o povo de
Maceió somente tinha costas e 6/8 habitantes eram do sexo feminino.
Para onde vão os do lado esquerdo e o que estão vendo os do centro? De
onde vem a roupa à direita, das bandas de Caruaru? Esqueceram o número
do telefone? Quantas dúvidas a realidade lança, joga; quem sabe bem mais
do que brotam do imaginário?
A rua é impudica. Eu mesmo fiquei imaginando os enchimentos do sutiã pendurado. Ela era baixinha e não poderia ter mais do que 1,50 m. Basta ver a distância do sutiã azul para os seios da mulher que usa camiseta verde. A de verde não está com; bem que poderia comprar ao vendedor fantasma. Só dá mulher andando e praticamente os homens estão preguiçando.
Um
oásis e a devastação das fachadas. O comércio de Maceió decretou-se
como a solenização nacional da feiura . A fotografia olha para os lados
do Mercado Público e acho que naquele casão ao fundo funcionou
as Casas Pernambucanas. Isso era lindo, modesto porém decente. Aqui,
até a parte de cima caparam. Ai que saudades que eu tenho da aurora de
minha vida...
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