O texto sobre as fotografias está
da forma como foi redigido em campo, logo após ter sido tirada a foto ou depois, à
noite, quando as imagens do dia eram repassadas.
E
mais uma vez aparece foto de Carrapicho. Foi na volta. O pessoal subiu.
Resolvi ficar. Uma imensa dor de cabeça. Não sei a razão, mas sou
fascinado por esta casa que fica na subida. Quem a teria construído?
Ela
não é tão antiga assim, mas também não é tão nova. Na certa quem a fez,
não imaginava o quanto de gente iria passar no seu oitão ou por sua
frente. Quem sabe, pensava que o tempo ficaria detido nas cores de suas
janelas? O cara buscava simetria e eu acho que as janelas estão altas
demais. Será?
Ao lado dela, nada parece com ela. São construções que viram dois mundos em andamento e, portanto, duas Carrapichos. Já li sobre Carrapicho no século XIX e não sei em quem. Será um dos vacantes ou será Halfed? Alguma
coisa mudou em Carrapicho? Na certa que sim. O volume da cerâmica não
deve ser o mesmo de meu tempo de menino. Eu ía comprar boi de barro, num
pedaço da feira de Penedo que era reservado para potes e panelas. Hoje
estão barracas de artesanato. Na minha cabeça ficou que era perto do
Hotel dos Navegantes. Mas isso não é mais Carrapicho: é Carrapicho em
Penedo. Um Carrapicho do meu próprio mapa mundi.A gente do Carrapicho faz do rio um pouco de tudo. O menino brinca e aponta alguma coisa. As pedras são no porto; o lagedo deve continuar rio a dentro, obrigando a uma curva lá pelos lados da ilha para fazer o caminho seguro do porto. Não se vê marola: não ventava. O avermelhado da roupa marca um violento contraste com o azulaverdejado. Seria um menino peixe? Um menino jacaré? Anfíbio não resta dúvida.
É uma mistura de tudo: cavalo, menino e mulher. Embaixo, um nada construído. Será preciso dizer que sujam-lavam roupas ou seria melhor admitir que o critério do sujo e do limpo varia? A bacia de alumínio foi embora. Plástico.
Será que vai levar a roupa para Penedo? Será que pegou um lavado de roupa? Pode ser preconceito meu, achando que pobre não pode ter roupa. Elas protegem a cabeça. Protegem a vida? Deveria ser escrita a história dasd lavadeiras do São Francisco.
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