O professor doutor em
Antropologia Sávio Almeida já viu o texto A Farinhada ser encenada diversas
vezes. Agora, a peça que caiu no gosto popular, recebeu uma versão do diretor
de Teatro René Guerra (o mesmo que assinou o clip da música Memória da Flor, interpretada
pelos cantores Júnior de Almeida e Ney Matogrosso). Com foco na dicotomia
velho/novo contemporâneo/tradicional, o ousado diretor alagoano convidou um
escritório de arquitetura para criar um cenário que atendesse a concepção
arrojada e que ainda correspondesse as especificidades que o espaço cênico
necessita. Um desafio e tanto, na opinião da arquiteta Fabíola Siqueira, do
escritório Conceito A, que dividiu a autoria do projeto com o produtor cultural
Marcos Antônio.
O conceito para a criação do cenário estabeleceu trabalhar na dicotomia novo/velhos, moderno/tradicional |
O diretor René Guerra explicou que a concepção conceitual dessa versão
devia atender também duas metas: além de agregar o conceito sustentabilidade ao
espetáculo, ele necessariamente precisava ter praticidade de deslocamento. “Quando
estamos dentro de um processo de criação a questão da materialidade dos objetos
cênicos é sempre tratada do ponto de vista da praticidade, leveza e custo. São
fatores determinantes para ter um cenário que possa ocupar menor espaço
possível dentro de um case para as andanças pelo Brasil”, explicou René. “A
linguagem da encenação alinhada ao conceito de sustentabilidade, acrescentou o
diretor, reafirma o compromisso artístico do Grupo Joana Gajuru com os temas
sociais, recolocando-o na categoria de socioambiental tão importante e coerente
com a trajetória de grupo que busca trazer discussões sobre o presente e o
futuro”.
De acordo com Fabíola Siqueira, o
fato de ter tido uma experiência anterior do fazer Teatro foi decisiva na hora
de conceber um cenário, em tese um ambiente que demanda duas características
imprescindíveis para as encenações cénicas: simbologia e subjetividade. “Foi-me solicitado
pelo diretor um cenário que remetesse a história, mas que indiretamente também fosse
moderno, contrastando com aquele cenário clássico, em que vinha-se valorizando
o obvio. A preocupação era onde achar as peças, porque elas deveriam ser de
fácil manuseio, já que em alguns no momento do espetáculo elas sairiam do lugar”,
disse.
"A materialidade dos objetos cênicos é sempre tratada do ponto de vista da praticidade", justificou o diretor da peça. |
Uma vez cenário definido, o toque de
modernidade veio com uma estrutura em LED instalada no centro do espaço cénico.
René esclareceu que o quadrado em LED, contrapondo com os
signos estéticos ancestrais necessários, reforçou o conceito
plástico da cena. “A modernidade do LED funcionou como outro elemento cênico
determinante para a linguagem da encenação. Essas escolhas podem parecer
simples, mas não são. É necessário o olhar atento de uma profissional da área
na escolha do material que tivesse essas qualidades,” acrescentou René.
O texto do antropólogo Sávio de Almeida, escrito para o Grupo Joana Gajuru, caiu no gosto popular. |
Essa parceria entre o Design
de Interiores e o Teatro abre um nicho de mercado para este profissional, pois
Alagoas ainda é muito carente de técnicos especialistas nesse ramo.
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