Rita Maria de Almeida Minha irmã covardemente assassinada. O vestido caprichosamente feito e bordado por minha mãe. |
Minha caderneta de lembranças e pendências com a vida (I)
Luiz Sávio de Almeida
Família e história
Impossível pensar em uma família sem que, de imediato,
tenha-se a noção de que existe um processo de vida que se desenvolve articulado
a algo bem maior: um contexto no qual interfere e do qual recebe
interferências. Como nada do que acontece no tempo pode ficar isolado, bem que
poderíamos entender a família como um sistema de relações que formam um
conjunto específico de significados dentro de um contexto a que é inerente.
O pagode da memória
A memória é
a grande cronista deste dia a dia, onde, via de regra, os registros vão sendo
estruturados, mas não de um modo único, inequívoco, sendo uma grande construção
coletiva e aparentemente atomizada pelas ações de sujeitos diferentes, mas que
terminam por gerar um todo multifacetado e, assim, surge a crônica da família
que nada mais e nada menos é do que um conjunto de múltiplas percepções.
Ela
obrigatoriamente não lida com a precisão da verdade, como se ensaiam as
verdades ou como no tempo são construídos efeitos de verdade. Não é que
inexista o verdadeiro; é que ele repousa ou se encontra no seio da pluralidade
de visões e versões que se esboçam nos pontos de conflito ou de integrações.
Deste modo, a crônica familiar é um conjunto de
percepções, devendo ser visto que ela sempre existe e jamais poderá deixar de
existir, pois trata do tempo do local pessoal no conjunto; raríssima parte
disto vem para a escrita. Não há uma espécie de livro de tombo das famílias com
suas anotações que deveriam ser sistemáticas; a crônica é permeada pela
oralidade, circunstanciada pela posição dentro do conjunto que tanto é de papel
como pai e mãe, quanto de status global, não sendo raro ouvir-se sobre os ramos
ricos e pobres, parecendo indicar que esta distinção é essencial: “Eu sou
Pereira, mas dos pobres!”, como se pode ouvir aqui e ali.
O especialista de plantão
Dentro deste universo, geralmente aparece a figura do
especialista, daquele que chega a ser um cartório familiar, sabedor de tricas e
futricas: “quem sabia de tudo isto era a Tia Fulana... Se ela estivesse
viva...” Mas todo e qualquer membro de uma unidade familiar é um cronista, pois
nele há o sentido que percebe o andamento no tempo. E há uma diferença deste trabalho de crônica
para o memorialista, aquele que escreve memórias, embora ele entre para o
conjunto do que é produzido sobre a história familiar.
Dois tipos
podem ser vistos, quando se pega o significado de Wenceslau de Almeida para,
especialmente, os Almeidas da Capela, pesquisando, escrevendo, erudito,
esmiunçando o passado da localidade e fazendo necessárias anotações
genealógicas; é o contraponto dos subsídios dados ao Jobim em seu trabalho
sobre Anadia e saídos de moradora do Periperi do véio Quintella.
Os tempos implicados
E tudo se implica em um passado próximo ou distante. O
que era longe é chamado de tempo dos troncos, lembrando longínquas bases históricas da formação e andamento da
família; é quando se fala do tempo do ronca, do rococó, dos antigamentes,
espécies de marcos de calendário inalcançável, mas de fatos e atos existentes,
alguns, por decreto da mera criação, nesta espécie de literatura que pode viver
escondida nos cantos da imaginação.
Este tempo parece-me que hoje em dia encurtou. Possivelmente, no meio rural nada da crônica
vai além dos bisavós e quem sabe, tudo se vai esgarçando quando, pelos mais
diversos motivos, os laços vão sendo quebrados e até mesmo os primos em segundo
grau já desaparecem e o que era tio em consideração também some mirrado no
esquecimento. Filhos meus passam por primos e não sabem quem são: vice-versa.
Viemos de longe: os Almeidas
Wenceslau de Almeida nos ensinou que viemos de longe e há
uma relativa cópia de informações sobre os Almeidas e um quase nada sobre os
Albuquerque Pontes ou simplesmente Albuquerque que nos ficou da parte da véia
Dondon, nossa avó materna, filha do Dindinho Néo: Manoel de Albuquerque Pontes
e que se casou com a Mariquinhas Sampaio.
Acho lindo este nome de Mariquinhas e sinto o intenso
sabor lusitano; dela, ouvi registros maravilhosos: era a Dindinha Mariquinhas e
o povo dizia de sua beleza e pureza, a viver com o olor da santidade. Do
Dindinho Néo, pouco sei; apenas que eu sou ele cagado e cuspido, como dizia a
minha mãe. Ver um era ver o outro, do jeito de falar ao de andar e sentar.
Muitas vezes ouvi: ”Que é isso veio Néo? Se endireite!”, É que eu gostava de
sentar na cadeira, para as refeições, em cima da perna cruzada.
Sempre fui ligado ao que era contado |
Sempre teve gente com esta mania e ainda a cultivo enquanto posso, pois dá a vez de coçar com arte o dedão grande do pé. Tem gente que gosta de amolegar o dedo, cutucando as unhas e apertando de lado. Tem muito jeito de sentar. Os veios do Riachão ficavam de cócoras em cima do banco de pelar porco, chegando a ter fila deles, como se, assim, o assunto chegasse mais engraçado e melhor. É muito jeito de sentar, como a veia Elvira que se esquecia e deixava as pernas abertas.
Sei que Dindinho Néo morreu numa situação vexaminosa, lá mesmo no
engenho Minhuns, esmagado quando foi atrelar um carro de suas canas para o trem
carregar e moer não sei aonde. Tudo devia vir no cambito, carro de boi, jogado
no tombador e de lá para uma viagem maior, por trem resfolegando, a velha Maria
Fumaça cujo apito deveria espantar galinha, porco, boi e menino no eito.
Os Albuquerque Pontes
Sei também
que por conta de um caso de morte sobre o qual nunca me aprofundei, ele se
ficou contra o genro, Fausto Vieira de Almeida, que não manteve uma sua versão
sobre certos acontecidos e, disso, parece ter nascido a falta de sorte do
Fausto, casado mais Dondon, a Caetana Maria de Albuquerque. Dizem que não moeu
a cana do vovô e disto, o Caborje se inutilizou.
É
interessante como as coisas se esfumaçam pelo tempo, ao não deixarem um
registro claro; as histórias vão assumindo, às vezes, proporções drásticas,
mudando-se as cores, a intensidade e não deixa de haver sabedoria em quem
acredita em algo singelo: quem conta um conto aumenta um ponto. As histórias
caminham quando são contadas, envelhecem e morrem ou chegam a renascer todos os
dias.
Não tenho a mínima
ideia de como os Albuquerque Pontes chegaram ao Rio Paraíba. De onde vieram e se o nome de família era
este quando chegaram. Lembro-me apenas ter ouvido que eram gente sertaneja,
vinda dos lados de Belo Jardim em um tempo de seca pesada. Encontram a rede de
água do Paraíba e por ali se estabelecem. Caso foi assim, lutaram para se
estabelecer no senhorial que foi criado, fundamentalmente, no vale do Paraíba,
desde o término das batalhas dos Palmares no século XIX.
Seria uma
gente Caborje, à procura da água, mas protegido pela possibilidade de
procurá-la. Era um peixe viajante, segundo os elegantes dizeres do Echo
Maceioense, em sua edição de junho de 1888. Aliás, en passant e antes que eu me esqueça, o pirão de caborje é de
primeira qualidade. Aliás, novamente,
esse Caborge foi propriedade de Antônio de Almeida Braga e Balbino de
Almeida Braga, e que também tinham parte no Monte Alegre que vai ser do velho
José Francisco de Almeida, justamente meu bisavô por parte de pai.
Os irmãos
Almeida tinham partes e terras em diversos pontos da Atalaia e mesmo na Serra
do Tronco nas bandas do Murici. Na Atalaia se fala do Monte Alegre, Camarada,
Cabeça de Boi, Telha, Várzea Grande, Cova de Negro, Largatixa, Nussu, conforme
anúncio de venda que fizeram em 1892. Por volta de 1891, o Caborje era dado
como de Guilhermino de Almeida.
Se vieram,
os Pontes, – e, portanto, não eram daqui
–acredito que deve ter sido pelo século XVIII, depois das lutas palmarinas. Os
Almeidas devem ter vindo com as tropas de Domingos Jorge Velho. Sabe-se mais
sobre estes Almeidas, graças, em parte, ao saberoto interesse e curiosidade
do primo Wenceslau de Almeida, um baita
talento investigativo sobre história local.
No Mapa dos engenhos de fabricar açúcar
moentes e correntes da Província das Alagoas no ano de 1849, nada consta de
Albuquerque Pontes como produtor de açúcar, embora conste o Flexeiras como de
propriedade de Antônio de Almeida Braga, o velho, o avô do Capitão Antônio de
Almeida Braga, o moço, e do Balbino de Almeida Braga. Somente como Albuquerque,
aparecem João Carlos de Albuquerque com o Espelho, José de Mendonça Albuquerque
com o Anhumas, Antônio Carlos de Albuquerque com o União, João Ireno de
Albuquerque com o Gavião e Joaquim Tenório
Albuquerque com o Izabel. Seriam no todo ou em parte também Pontes?
Contudo,
José de Albuquerque Pontes era dono do Coité, um pequeno engenho a fabricar
entre 680 a 700 pães de açúcar por ano e, nesta mesma oportunidade, Joaquim
Vieira de Almeida era dono do Frecheiras,
650 a 670 pães, demonstrando que por volta de 1859, já havia falecido o
patriarca dos Almeidas, o velho Antônio de Almeida Braga, pai de Luiz de
Almeida Braga e avô do caudilho, o moço, o do Tamoatá. Esta referência se
encontra no Mapa demonstrativo dos engenhos
de açúcar da Província das Alagoas no ano de 1859.
Segundo o
livro do véio Pedro que foi copista do Wenceslau, o Antônio de Almeida Braga, o velho, foi casado com Francisca Joaquina Magalhães e terão Luiz de
Almeida Braga já mencionado e, dentre outros, o Joaquim Vieira de Almeida que
foi casado com a Senhorinha Vieira; é o Joaquim do Caborge, pai de Antônio
Vieira de Almeida, casado com a Maria Balbina de Almeida, todos gentes de
costados no Caborge, onde meu avô Fausto Vieira de Almeida cuidou do pai
entrevado numa rede.
Sem dúvida,
dentre os Albuquerques de 1849 deveriam existir Pontes estabelecido com açúcar.
Então, tudo nos leva para o fato de que deveriam ser recentes no peso senhorial
da época, não teriam costados palmarinos, como se teve com Antônio de Almeida
Braga, o velho, o edificador do Frecheiras, que sem dúvida vem de Ignácia de
Almeida Braga, descida de São Paulo para compor as terras dos Palmares, casada
que era com o Capitão do Terço de Domingos Jorge Velho: Antônio Roiz Vieira.
Mas em 1874,
na Freguesia de Atalaia, aparece José de Albuquerque Pontes como sendo o senhor
do Coité. Era o terceiro Juiz de Paz do Distrito da Capela; existia, também,
Antônio de Albuquerque Pontes, subdelegado de polícia do mesmo Distrito, com
ambos na relação de Eleitor Geral. Em
1891, o José era dado como Subdelegado do Distrito da Sapucaia e aparece Manoel
de Albuquerque Pontes Júnior como senhor do Cruzeiro e quem sabe, aí, estamos
perto do Dindinho Néo. Será que meu trisavô era o Néo sem o Júnior? Antônio –
de quem fa- lamos – estava como senhor do Garopa e era Suplente de Juiz
Municipal; nesta época, meu bisavô, pelo lado de pai, José Francisco de Almeida era Juiz de Paz no
Distrito da Paraíba.
O Coité era
de José de Albuquerque Pontes e o Cantinho era de José de Albuquerque Pontes
Júnior. Mais um outro, Manoel de Albuquerque Pontes surge: o Sobrinho e era
Comissário de Polícia do Distrito de Gameleira, sendo dono do Desengano. Neste
mesmo período, existiam dois engenhos Triunfo, sendo um deles de Manoel de
Albuquerque Pontes.
Na altura, o
Antônio deve ter falecido, pois o Flor da Serra pertencia a seus herdeiros. Ele
em 1878 era mencionado pelo Jornal do Pilar em sua edição de 14 de julho, como testemunha de um crime
de redução de pessoa livre à condição de escravo, o que se dizia ter
acontecido. Em 1892, aparece o nome de Elias de Albuquerque Pontes como nomeado para 3º Suplente de Delegado do
Paraíba. Este é mais identificável, pois minha mãe mencionava um Tio Elias que,
se não me engano, morou pelos lados da Branca de Atalaia. O registro do Tio
Elias se encontra em uma edição do Cruzeiro do Norte de 18 de março de 1892.
Devem
existir muitos que ainda grifam o nome de família como Albuquerque Pontes pelas
regiões onde se teve o que vou chamar de grande Atalaia, como se pode pensar no
nome do Estádio em Atalaia, o nome de uma escola rural do Cajueiro, na Fazenda
Serra do Mamao, acima e a oeste da Capela; há também escola no Santo Antônio
dos Milagres em Atalaia com o nome de Francisco de Albuquerque Pontes e seria
fácil listar inúmeros nomes demonstrando que o de família não se acabou.
Está estabelecido um nexo entre vale do Paraíba, açúcar e
minha família ou, dando um corte no sistema, uma família que começa com Caetena
e Fausto Vieira de Almeida e Manoel Hermenegildo de Almeida e Adelaide Melo. E,
enlaçamento que quero dar, completamente demarcada pelo ciclo Dondon, que
termina, basicamente, com seu enterro no cemitério de Arapiraca, ou Eurapiraca,
a diferente da minha Arapiraca, a Eurapiraca deles que constroem o palácio do
cacófato: Arapiraca Garden.
O ciclo da Dondon
Então fica um problema: como começa e termina o ciclo
Dondon? Simples, com uma festa de São João e uma doença maligna que levou a
Dondon para a cova. Dondon era irmã do
Major Dionísio de Albuquerque e Tia Vidinha era irmâ de Fausto Vieira de
Almeida. Dondon já havia casado com seus 15 anos de idade e o marido deveria
ser um aparentado com a Mariquinhas, aquela que rescindia à santidade.
Menina,
dizem que o casamento teria sido um desastre, mas logo tudo acabou, pois o
marido chegou um dia carregado numa rede, a refém de mordida de uma cobra
venenosa, quem sabe a diacha de uma cascavel misanguenta? Mordida de cascavel,
da pico de jaca, mata ou aleija a bem de
dizer num de repente. Ser mordido por jararaca, cascavel é sempre de despedida;
elas não alisam e nem é que veneninho besta e seboso. Existe a surucucu pico de
jaca, mas não é daqui, é bicho de outras partes.
A cascavel pico de jaca
Não sei bem
a razão, mas o píco de jaca estima a infeliz como terrível e acho mesmo que
raro o curador que dá conta delas. Existe um monte de cobrinha besta, mas tendo
o nome de pico de jaca, jamais pode ser ofendida com este desmantêlo. Sei que
ele não escapou e, tão logo chegou à casa, embarcou para a curvatura do mundo
dos mortos.
Dondon era
geniosa e contam os povos que o marido
não fez bom negócio com o Dindinho Néo: “Dondon, me dê um copo d’água!”. E a
resposta veio em cima: “Sabe andar não? A distância daí praqui é a mesma daqui
pra lá!”. Teve dia de ser pior e nem chego a acreditar que ela, com raiva de
não sei o que, subiu no fogão e fez xixi numa das bocas do mesmo. Pior desastre
não podia acontecer na cozinha, que deve ter ficado imprestável para tudo que
era de comida.
Nem sei se a
Mariquinhas era viva; Dondon deve ter voltado para o engenho, viúva nova e
recatada tendo de viver com o pai e à espera de novo casamento. Acontece que
era tempo de São João e na espera pelo futuro, Dondon, que já devia ter baixado
o luto, deseja antecipar o que estava por vir e fez uma adivinhação na noite do
santo. Pois apareceu perfeitamente, o rosto de um homem com quem iria se casar.
São João descobre o futuro
Folia ou
verdadeiro fora dos paleios do São João, é de se achar que ela queria um
casamento, uma vida própria. Passa tempo e estava na casa da Vidinha, de prosa
com a cunhada. Chamam, vai atender, voltando correndo e esbaforida, quase gritando:
“Vidinha, é o homem de quem vi o rosto na adivinhação de São João. É com ele
que vou me casar”. Nada mais e nada menos do que vovô Fausto Vieira de Almeida.
Casou mesmo
e nem sei se foram felizes mas sei que o pau quebrava. A crônica sempre transformou
a Dondon em heroína, a mulher de respeito que se sentava na máquina de costura
para sustentar a família, enquanto Fausto era um mulherengo, jogador de
pernada, adorador de rabo de saia e alucinado por um pé de bode. Ela era
costureira fina, a bem dizer uma modista e sempre suas filhas tiveram as mais
belas roupas e se apresentavam limpas e arrumadas; eram pobres, mas tinham
berço e nunca faltou a roupa das festas, tinham a roupa de ir para os cantos.
As
desavenças fizeram com que Fausto Vieira de Almeida terminasse vindo para
Maceió e aqui, possivelmente com a ajuda do Major Dionísio, montou uma
bodeguinha na Praça 13 de Maio. Mamãe contava, o quanto tudo era pobre,
lembrava das brincadeiras dos irmãos, do Tio Cícero torcedor do CSA, a gravar o
nome do time no peito, usando a castanha de caju:
CSA tava
doente
CRB foi
visitar
CSA pediu
dinheiro
Pra quarta
de ceará.
A quadrinha
servindo para a molecoreba se enfrentar, no tempo em que não existia torcida
organizada. Mamãe contava, também, e eu fica maravilhado a ouvir, a história do
Cigano Pereira e o casamento de sua filha. Pereira era o cigano mais rico que
existia; as barracas cobriram a praça e foram, três dias de festa. Era o cigano
transformado em mito, o mesmo que andava nas terras de Seu Né, chegava, pedia
permissão, armava tudo e ficava o tempo de precisão. Nunca tocaram em uma
estaca das terras; o Cigano Pereira poderia ser estradeiro, mas tinha palavra e
força. Sempre fui fascinado pela figura de Pereira, na certa mio mito e meio
gente.
Nada era ou
poderia ser fácil para Fausto. Conta-se a história da falência da bodega, de
uma forma completamente cruel, como se desejassem cultivar a imagem de um
palerma sem jeito na vida. Teria passado um pracista e vendido, a ele, uma
quantidade enorme de lata de manteiga; ele pagou e quando recebeu, todas as
latas estavam rançosas. A crônica, sem dúvida, desejava a perdição e esta das
latas de manteiga levantam toda uma ordem fantasiosa. Poderia ter acontecido a
compra de manteiga, mas jamais na monta que se contava.
Jamais se
levou em conta, o deslocamento de um homem, a saída de seus eixos, o
afundamento na pobreza urbana da
capital. O problema de sustentar uma
família com uma bodega de ponta de rua da cidade de Maceió, tudo isto passava
longe, enquanto se focalizava o gaiato da manteiga que deve, sem dúvida, ter
sido comentado nas rodas de conversa.
Sem
dinheiro, estava agora o velho Fausto Vieira de Almeida, carregando a família
para a Rua do Cisco, quem sabe, uma das mais pobres de toda cidade e onde
esteve ou estava a Tia Terezinha, irmã da velha Dondon.
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