Segunda-feira, 19 de dezembro de 2011
O texto sobre as fotografias está da forma como foi redigido em campo, logo após ter sido tirada a foto ou depois, à noite, quando as imagens do dia eram repassadas. As fotos foram tiradas para posterior comparação. Infelizmente perdemos as anotações de visada e coordenadas. Na verdade, a fotografia está sendo usada para realizar uma espécie de etnografia urbana, tentando captar cenas do cotidiano de diversos pontos de Maceió, além de montar uma série de imagens que na certa ajudarão, no futuro, a quem desejar estudar a cidade e sua vida.
As anotações, desta feita, foram realizadas sobre os entornos da Praça Deodoro.

Esta foto é extraordinária. É interessante ver o majestoso do Teatro como pano de fundo para uma quase angústia urbana. A carrocinha se imprensa e a preferência do ônibus é magnifica: ele toma a rua. A rua é do povo? O ciclista quem vem à direita, começa a acautelar-se e um cara, bem lá no fundo parece conversar com o motorista. Haja Maceió nesta foto! Sinto-me perfeitamente em casa.
Manoel
Correia de Andrade me dizia que somente havia tido uma amante em toda
sua vida: Penedo. Uma cidade pode ser amada, até mesmo pela forma como
se faz pecadora. A Secretaria de Educação ocupa o que era o Colégio
Estadual. Ela está ao fundo e, em primeiro plano, o ginásio de esportes.
O incrível é a linha da pobreza ancorada na calçada, cada qual com
seu bagulho, cada bagulho com seu vintém, cada vintém com seu pão. Mas
de tudo de tudo que a foto contém, o que me chamou mesmo a atenção foi a
carrocinha pobre e vazia, quase sem dono e absolutamente sem nada. É
um fantasma de vida ou é a ida que não pode existir sem fantasmas?

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