Este texto foi publicado em Campus, suplemento do jornal O Dia, Maceió, Alagoas
Dois dedos de prosa
Alagoas merece
invenções, saídas da dependência da máquina do poder, encontro de formas
alternativas que caiba a todos. Esta é
uma lição que nos dá a Confraria: Nós, Poetas, um grupo que se reuniu e foi
crescendo, como se fosse necessário abrir uma porta para muita gente passar.
Neste edição, Campus homenageia a todos os poetas de
Alagoas e, especialmente, os que vivem a Confraria, uma iniciativa que gera
congraçamento, encontro e louvores à arte de dizer versos e reversos. O texto
que publicamos é de autoria coletiva,
com maior participação de Gal
Monteiro, uma grande amiga, pessoa que tem prestado um serviço à vida alagoana
como jornalista e como artista.
Espero que apareçam
novas iniciativas deste tipo pois, sem dúvida, melhoraremos.
Vamos ler poesia e ler
sobre poetas.
Um abraço
Sávio
Atividades recentes da Confraria: um resumo:
Aos oito meses do
exercício dessa ideia – inicialmente uma proposta virtual – a Confraria se tornou real e com direito a
espaço cativo na Biblioteca Pública Estadual Graciliano Ramos. Nesse ínterim,
seus poetas espalharam poesia pelos quatro cantos de Maceió, cumprindo parte da
missão que lhes cabe:
Em Abril: Recitais Literários do SESC, no Teatro Jofre Soares, e Recital
literário para os idosos no SESC POÇO.
Em Maio: Semana Literária do Colégio Marista de Maceió – Ruth Rocha e Sarau
Poético do Bar e Restaurante Zeppelin.
Em Junho: Sarau Literário no Quintal Cultural e Sarau poético em homenagem aos 150
anos da Biblioteca Pública Estadual, com inauguração do espaço físico da Confraria: Nós, poetas.
Em Julho: Recitais Literários do SESC no
Teatro Jofre Soares.
Em Agosto: Evento pró Quintal cultural, no restaurante Fidel e evento “Agosto
da Cultura Popular”, na Praça Santa Tereza, Vergel do Lago.
Em Setembro: Mostra fotográfica: “Poesia em foco – Uma visão Contemporânea
de Maceió”.
Em um futuro próximo: muitas propostas e desafios.
A doutrina secreta da poesia
Gal
Monteiro, André Maurício, Ciro Veras, Eduardo Proffa, Geo Santos e Majal-San
A poesia é um grito,
Um álibi para uma grande farsa,
É antes de tudo um oásis numa terra devastada,
É uma espécie de luz deixando pegadas
Na direção do infinito...
(Alexsandro Barros)
No princípio era a
escuridão; e Deus fez a poesia. Numa noite de quarta-feira, mais precisamente
14 de janeiro de 2015 (guardadas as devidas proporções), os cinco fundadores
pariram a Confraria Nós, Poetas, numa
espécie de materpaternidade em que
seios, falos, úteros e genitálias se confundem em nome do que há de maior que
eles mesmos. E poderíamos usar um sem número de metáforas para ilustrar essa
iniciativa cujos resultados vêm surpreendendo até os próprios idealizadores.
Talvez esse preâmbulo
seja uma tentativa (possivelmente, vã) de compreender/explicar os mistérios que
rondam os encontros pela vida a que o senso comum convenciona chamar de
“casuais” para não se ocupar com ilações filosóficas sobre a existência. Pois
que seja: podemos e gostamos de decifrar mistérios, perscrutar o intangível que
se nos coloca à frente. É o que pareceu, à primeira vista, o encontro desses
poetas-confrades: obra do intangível e imponderável, portanto, mistério digno
de literaturas que passam, apenas tangencialmente, pela poesia e poemas, mas
que sempre encontram algum ponto de convergência com esses temas. É, às vezes,
a vida escreve certo por linhas certas, apesar de os caminhos serem meio
tortos. Ou será que os caminhos seguem certos sobre vidas tortas? Ou vidas
tortas podem produzir caminhos certos? Deixemos fluir, seguindo o performático
curso do rio – quem sabe, um dia, o rio elucide esse enredo metafísico.
O certo é que eles nunca
mais se apartaram e esta fábula moderna foi ficando mais intensa, à medida que,
a partir daquela conjunção, seguiram desvelando detalhes sobre suas singulares
existências: além da amizade coletiva que nascia, comungavam também do gosto
pelas “coisas” da poesia. Moral da história: o casamento por poesia (que é também por amor) torna-se indissolúvel! E eles
seguem ousando, para além dos laços de ternura que se formaram.
Importante reforçar
que eles eram cinco. Como o
pentagrama, onde se constroem frases de outra linguagem artística irmã: a
música. A metáfora reside no fato de que a palavra
tem música e, portanto, além da rima, expressa ritmos, tessituras, cores,
dinâmicas, cadências próprias. E – sem necessariamente adentrar o terreno
fértil do esoterismo – ressalte-se que na alquimia o número cinco ocupa posição de destaque. Vem daí
a expressão quintessência, “símbolo da concepção alquímica segundo a qual os
quatro elementos da antiguidade (água, fogo, terra e ar) devem ser
complementados por uma quinta essência, originária do elemento dominante imaterial
do espírito do mundo”1. Portanto, soma-se à poesia, a totalidade do
universo, acrescida da atividade espiritual.
O quinto elemento, não
explícito – porque pode ser qualquer um dos cinco
a quem o “acaso” incumbiu de estabelecer a liga com os demais – possivelmente,
seguirá incógnito. Aparentemente, seria Eduardo Proffa – o ponto de intersecção
dessa história – mas ainda assim é possível cogitar sobre o clichê “caprichos
do destino” que, por alguma razão de foro íntimo, conduziu um por um ao mesmo
lugar, no mesmo lapso de tempo. Deixemos fluir, “seguindo o performático curso
do rio...”.
Passado o momento das
apresentações mútuas, eis que nasceram as primeiras boas intenções: trocar
ideias sobre o vasto universo da poesia; partilhar poemas outrora engavetados;
e, na sequência, elaborar e parir/publicar o livro Nós, poetas contendo textos dos cinco “elementos fundadores” e com
a incumbência implícita de instigar o surgimento de novas produções entre os
membros da Confraria.
No entanto, os
objetivos originais foram ampliados quando “os cinco” criaram e ainda mantêm uma
página no Facebook, como meio de comunicação entre eles. Neste ambiente
virtual, cada um convidou um amigo que convidou outro amigo e o espaço se
transformou em “ponto de encontro” para centenas de pessoas que curtem e
escrevem poesia, publicando poemas, compartilhando ideias e promovendo a
interação entre os que comungam do mesmo prazer. O que era um projeto de cinco
pessoas, em apenas oito meses transmutou-se em fértil e dinâmica plataforma de
1.000 (mil!) criaturas dispostas a usar boa parte do seu tempo na organização,
manifestação, multiplicação e reengenharia da palavra poética ali germinada.
Atenção: entenda-se reengenharia, nesse contexto, como
alguma coisa próxima a ressignificação de encontros poéticos. Ou seja, o
intuito de propor mais que listas de debates e/ou saraus onde se permitem a
plena liberdade ao ego, convertendo-os em ação coletiva, proativa e
transformadora.
Caminhando na mesma direção, sem vaidades e por princípio
Quando você estiver sozinho
Realmente sozinho
Quando suas pernas fraquejarem
E no seu peito reinar
O hálito de todas as mortes precoce.
...
Escreva sem perseguições com nada
Escreva como se música tocasse dentro de você
Escreva como se você dançasse...
(Apontamentos de um escritor
latino-americano sobre
tudo aquilo que vem acontecendo com ele
e com você – Sidney Rocha)
O que move um destino se não o desejo de ser o que se sonhou ser, pelo caminho da ótica
individualista do querer ser? O que
move vários destinos se, como dito, a sina é individualista, vez que todo ser é
“egoísta” na mesma medida que prevalecer a individualidade egocêntrica? A
resposta a esta indagação torna-se muito simples, quando reunimos entes que partilham
do mesmo objetivo, que bebem do mesmo vinho agridoce e melífluo que é a poesia: ela, entre outros bens imateriais que movimentam o espírito humano,
pode – como fonte inesgotável de riqueza sustentável – fazer convergirem, para o mesmo ideal, as enumeráveis cachimônias
que a produzem. E, nesse processo, é capaz torná-las aptas a se despojarem de
qualquer forma de personalismo.
A Confraria: Nós,
poetas, de forma alguma, pretende se arvorar em crítica literária – porque
não o é; nem engendrar juízos de valor sobre questões que não podem ser
submetidas a juízos; tampouco proclamar-se senhora de qualquer verdade.
Resume-se à humilde, porém robusta, busca de apresentar, reapresentar ou
reafirmar poesia e poetas. O que mais atraiu (e atrai) a Confraria nessa missão – a que foi conduzida com a naturalidade de
uma respiração – chama-se possibilidade de homenagear e, com sincero apreço,
contar histórias de vida e talento. Afinal, contar e ouvir histórias é, sim,
valorosa incumbência.
A Confraria vê as
coisas dessa forma e se desnuda de qualquer vaidade, acolhendo tantos quantos
cruzarem seus portais virtuais e/ou presenciais e buscando projetar-se no
cenário local como catapulta isenta de presunções e criticismos. A ideia básica é:
não julgar, mas ajudar a avaliar; divulgar, sem incentivar o “estrelato”
estéril; contribuir para a evolução poética sem relativismos simplistas ou
elucubrações intelectualoides; contrapor-se aos (pré) conceitos (minimalistas?)
que alardeiam “poesia é para poucos!”. Por tudo isso, prontificou-se a ir para
as ruas e praças, teatros e bares, casas e quintais no desígnio de se mostrar e
mostrar a poesia que abastece suas veias.
E, verdade, em verdade, o
movimento quer sugerir que a poesia pode ser o que o leitor quiser – leia-se, o
que o leitor perceber. E isso remete a um trecho do instigante O Carteiro e o poeta, onde o carteiro
diz a Neruda que “a poesia não é de quem faz, é de quem dela precisa".
Enfim, poesia não é para ser lida, apenas, mas concebida, parida, apresentada,
mastigada, digerida e regurgitada para germinar e renascer poesia. É um jeito
de olhar; uma maneira de sentir; uma forma de construir e vivenciar o cotidiano
sem o excessivo peso das realidades. Cremos que a coisa vai por aí...
A poesia pode ser forte:
“Eu estava com eles na sala do medo
quando a luz apagou/Eu estava junto com as mães que enlutadas gemiam de dor...”2.
Pode ser poesia: “é algo que se encontra
no ar, entre os objetos físicos e a poeira da vida, no meio, no limbo,
adormecida, à espera de mãos e olhos hábeis...”3. Pode ser
simplesmente leveza: “Bem me quer/Mal me
quer/ Bem me quer/Mal me quer/ Bem me quer/Mal me quer/ Acabaram-se as
pétalas/Mais uma flor, por favor/ É pelo Amor/Bem me quer...”4.
Gostamos de repetir,
parafraseando alguém, que ousadia pouca é equívoco: ousar é preciso, temer não
é preciso. E foi esse senso que nos guiou até aqui. Um senso que mistura noções
holísticas de impermanência e eternidade; paixão pelas palavras e desejo de
mostrar a cara; alcovas sombrias e palcos iluminados; vaidades versos a eterna
luta pela virtude do desapego; amizade de copos, pratos, renovação, cruzes e
conquistas. E, bem em tempo: jamais tomaremos para nós a incumbência de ser
ponto final. Seguimos pelas vírgulas, pelas entrelinhas, pelos silêncios
eloquentes e, mais que tudo, por um princípio básico: navegar juntos.
Quem será testemunha se a palavra cair?
Sob o pesado céu de mais um dia inútil
me teço das viagens não cumpridas,
às causas que busquei sem chegar-lhe ao âmago ou,
se cheguei, em vão retive os seus contornos.
Às árvores pedi seu mais verde murmúrio
e colei-me às suas raízes para me salvar.
Se toda
salvação exige testemunhas,
quem será testemunha se a palavra cair?
(De passagem
– Ângelo Monteiro)
Aldemar
Paiva, Ângelo Monteiro, Cloves Marques, Ernani Méro, Francisco Cavalcante
Pontes de Miranda, Gil Correia, Guimarães Passos, Jorge de Lima, Ledo Ivo,
Goulart de Andrade, Judas Isgorogota, Margarida de Mesquita, Oscar Calixto,
Tito de Barros, Graciliano Ramos, Djavan, Hermeto Pascoal, Aurélio Buarque de
Holanda, Jofre Soares, Théo Brandão, Jucá Santos, Jayme de Altavila... E segue,
infinitamente. (A lista é longa e está incompleta: perdoem-nos pelos que não
citamos por lapso de memória, nunca por má vontade).
Todos
foram/são importantíssimos para a construção de nossas identidades culturais.
Todos, cada um a seu modo, colocaram/colocam seu “tijolo por tijolo, num
desenho lógico”5 – ou nem tão lógico assim, afinal, à criatividade e
à criação é permitido (e até exigido) a transgressão da norma e do raciocínio
válido e, portanto, essas faculdades nem sempre servem à harmonia e proporcionalidade formal entre argumentos. Os nominados são colunas erguidas ao longo de nossa história
lítero-musical e que hoje compõem a paisagem da cultura alagoana.
E se
– contextualizando essa lida específica/especial com a língua-mãe de nós todos
e circunscrevendo-a ao ambiente doméstico das Alagoas – a palavra tivesse caído
com os que já partiram? – Oh meu Deus, um buraco negro! – Mas, não caiu! Pelo
contrário, permaneceu e cresceu, só que individual e individualizada. É nesse
vácuo que a Confraria deseja atuar, aprendendo
as nuanças desse hiato e contribuindo para modificar essa condição.
Aqueles,
de antes, servem de eficiente e encantadora inspiração, é indiscutível, posto
que se imortalizaram pela densidade e contundência de sua expressão literária.
Mas não se pode esnobar, negligenciar, preterir e/ou tornar invisíveis os
tantos contemporâneos que seguem buscando reinventar/revigorar a cena local.
Afinal, a cultura é um bicho solto, sem estribeiras, sem gesso: não tem
patrões, assento cativo, “casa grande e senzala”, cargos comissionados, essas
coisas que refletem a verve mandatária/coronelista que compõe nosso perfil
sociológico – tão irracionalmente refratária a mudanças, mesmo ciente de que “o
novo sempre vem”6.
O “Manifesto Antropofágico
Cultural Alagoano”, escrito pelo
confrade Eduardo Proffa, é ilustrado,
nominalmente, por tantos dos
talentos navegantes desta edícula que, mesmo geograficamente diminuta, não os
conhece ou reconhece. Ele diz: “[...] Há anos vemos a construção cultural
alagoana acontecer [...] Novas vertentes intelectuais brotam com uma produção
magnífica, dando-nos o prazer de mergulhar em obras magistrais [...] Precisamos
prestigiar nossos parceiros artísticos e, principalmente, sair da imponente ‘morada
dos deuses da arrogância’ para nos juntarmos como formiguinhas e alimentar
nossa rainha, a cultura caeté [...] Quando criarmos projetos que tentemos
fazê-lo de maneira coletiva...”.
Não
se trata de reinventar o já patenteado: essa aspiração não figura entre nossas
pretensões. Trata-se de assumir e assimilar as narrativas de nossa história
literária recente, entendendo que as novas produções poéticas agregam valor ao
currículo da literatura produzida em Alagoas e/ou por alagoanos inspirados em
sua bagagem cultural de gênese. Trata-se, sem nenhuma arrogância subjacente, de
somar para garantir que a produção literária contemporânea seja inventariada e
inscrita na história de Alagoas e do Brasil, feito sangue correndo nas veias,
“rio seguindo seu curso”. Trata-se de fomentar – com todas as forças possíveis
e até improváveis – um registro sistemático do passado e do presente, como elementos
imprescindíveis às escrituras do futuro.
Um
futuro justo, que resguarde espaços à expressão de todas as eras, cada uma em
seu capítulo e depois misturadas, à medida que se amplie a compreensão das
gerações que nos procederem. É esse o grande anseio da Confraria: Nós, Poetas. Se for grande demais, que nos perdoem, mas não nos
permitimos sonhar pequeno.
A poesia no seu lugar mais alto
A poesia precisa da
voz
Mas ela fala bem no silêncio
A poesia nunca andou
Nem anda ao relento
A poesia tem a força
Do enfrentamento
Voa como o vento
Nas palavras e na música
Na dança e na pintura...
(Charlie
Hebdo – Geo Santos)
Em seu Manifesto, o
confrade André Maurício, reflete: “o existir, por si só, não é determinante no processo historiográfico. O fazer é coadjuvante no processo e o ser é diretriz para uma ação
modificadora. Isoladamente,
estes componentes não se fazem perceber. Em dueto, não se completam. A tríade
sim, é sinônimo de ação modificadora.
Então, encarnemos este espírito: façamos a história antes que ela nos atropele
e sejamos apenas mais um [...] Não leguemos ao tempo a função de escriba
oficial, posto que é déspota e anárquico. Sejamos o aríete que irá derribar o
lacre da imobilidade que paira sobre nós e lancemos a poesia ao lugar de
destaque que deve ocupar”.
A proposta ousada e, simultaneamente, simples e legítima de
se colocar a poesia no “seu lugar mais alto” – seguindo a lógica do trinômio
existir/fazer/ser – é quase redundância, mas queremos insistir, à guisa de
mantra. E assim, cada um define o próprio “lugar mais alto” e suas coordenadas
– às vezes, cabendo o livre arbítrio.
Sabe-se – mas, permitam-nos esse exercício do óbvio – que: o
universo reflete a poesia, por vezes intangível, do Criador; a criatura, por
mínima que seja, é imagem e semelhança da poesia da invenção; a vida, por mais
banal e miúda, nasce vocacionada para a poesia – ou seria insuportável, em
determinados átimos. Sabe-se, enfim, que ela, a poesia, não é apenas o poema e
a prosa.
Nascemos e morremos poesia: jeito lírico e imaterial de ser,
fazer e dizer o improvável; bálsamo e antídoto contra a crueza da consciência
racional; uma das sete artes tradicionais da linguagem humana; contraponto à
inexorabilidade da inexistência e da solidão cósmica (sempre iminentes); traçado
da imaginação em rebuliço; e tudo mais o que se quiser dizer a respeito – ela
aceita todas as teses, conexões e equações.
Referenciados por essas elucubrações e/ou por suas motivações
mais secretas, os fundadores da Confraria
pariram o Nós, Poetas, coletânea com
exatos 100 poemas, elegendo-o como seu “lugar mais alto”. À exceção de Eduardo
Proffa, que já publicou dois livros, eles foram catapultados do anonimato
literário às páginas de um livro concebido em regime de comunhão de bens. Ali,
falam de tudo o que lhes bate no quengo, cada qual em seu estilo: do amor ao
ódio; da lascívia à candura; da inocência ao pecado rasgado; da solidão às boas
companhias; da fé ao niilismo; de Deus ao diabo; do inferno ao paraíso,
passando pelo purgatório. Afinal, como diria Dostoiévski: "Se Deus está
morto, então tudo é permitido". Será? Pelo sim, pelo talvez, não haveria
melhor pretexto para que o universo unisse essas almas prenhes de expressão
poética – e, tomara, o Nós, poetas
seja o primeiro de uma série infinita.
Que cada um eleja o seu “lugar mais alto” para a poesia. De
uma maneira ou de outra, ela é livre e escorregadia; pejada de antagonismos e
idiossincrasias. Infiltra-se pelas brechas da cidade, força todos os portões e,
feito vampiro, mergulha nas veias dos mortais que por si se apaixonarem –
afinal é desaforada e amoral. Tanto que não cabe em si e transborda. Apostamos
que até Deus (que é leitor exigente) aprecia!
NOTAS
FINAIS:
1.
Texto disponibilizado nos termos da licença Creative Commons
2.
Brasil em
Tortura -Tânia Oliveira
3.
O aroma da
poesia - Ari Lins Pedrosa
4.
Infinito
- Eduardo Proffa
5.
Retirado da letra de Construção de Chico Buarque de Holanda
6. Retirado
da letra de Como nossos pais de Belchior
Ola Sávio, a muito tempo atras encontrei no alto da Sé em Olinda - PE um papel dobrado... velho, sujo que continha uma das mais belas poesias que já vi (que me caiu como uma luva no momento que estava passando na minha vida). O papel continha os "Apontamentos de um escritor latino-americano sobre tudo aquilo que vem acontecendo com ele e com você – Sidney Rocha"... Infelizmente perdi esse papel em minhas andanças e não consegui encontrar em nenhum lugar (internet, livraria e etc) o bendito apontamento completo. Em uma pesquisa no google vejo que seu blog possui uma parte do apontamento, você poderia me enviar ou disponibilizar no site ele completo? Por favor... Aguardo seu retorno. Obrigado. Emerson Alves - emersonnok@gmail.com
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