Education.
Este material foi publicado em Campus, O Dia.Kleverton Arthur de Almirante é natural de Maceió, capital de Alagoas. Mestre em Educação (2015) pela Universidade Federal de Alagoas. Graduou-se em Comunicação Social, no ano de 2012, também pela Universidade Federal de Alagoas. Exerceu o Jornalismo com reportagens e em Assessoria de Imprensa. Pesquisa no campo afrorreligioso com interesses nas áreas da Antropologia da Educação, da Criança e da Religião, na Sociologia da Educação e da Infância, nas Pesquisas com Crianças e Pesquisa Etnográfica, além da História e Cultura das Religiosidades Afrodescendentes no Brasil. Trabalha com pesquisa em Educação e orientações.
Dois dedos de prosa
Este artigo deriva de uma dissertação elaborada para
obtenção do grau de Mestre em Educação Brasileira pela Universidade Federal de
Alagoas. O trabalho intitula-se A
infância religiosa do candomblé: os olhos dos pesquisandos, etnografia, e
educação, tendo sido orientada pelo Professor Dr. Amurabi Pereira de Oliveira.
Agradecemos a gentileza do autor e esperamos uma boa
leitura.
Abraços.
Sávio.
A temática da infância afrorreligiosa alagoana em pesquisa
Kleverton Arthur de Almirante
Este artigo resulta de uma dissertação que investigou,
por meio de uma pesquisa etnográfica na área da Educação, a vivência religiosa
das crianças de Candomblé no terreiro e seus olhares sobre o saber escolar, sobre
a religião, o terreiro, os aprendizados e quem elas são. Assim, foi possível
compreender as vivências das crianças no terreiro, como elas agem e interagem
nesse espaço de educação, aprendizados e formação.
Aqui,
temos uma versão adaptada e modificada do primeiro capítulo e das
considerações finais da dissertação de Mestrado em Educação do autor. A pesquisa da dissertação que
originou este artigo contou com uma bolsa de financiamento para pós-graduação
stricto sensu, concedida pelo Acordo CAPES/FAPEAL
0001/2013.
A dissertação, initulada A infância religiosa do Candomblé: os olhares dos pesquisandos,
etnografia e educação, foi a primeira de Alagoas a tratar do tema da
infância no Candomblé. Ela foi defendida no dia 4 de maio do ano de 2015, no Programa
de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Alagoas.
O Candomblé é uma religião afro-brasileira,
constituída há séculos por negros africanos de diferentes etnias. A
respeito do universo religioso do Candomblé, é possível dizer que é uma
religião formulada pelos negros africanos escravizados no Brasil, que trouxeram
suas práticas religiosas, ainda que houvesse aqui a necessidade de construírem
e reinventarem tais práticas, dado o novo contexto social no qual estavam
inseridas.
Há crianças no Candomblé. Há crianças de Candomblé,
inclusive, na escola. Nos terreiros, templos onde se pratica o candomblé,
crescem crianças que, pelos mais variados motivos, abraçaram a crença nos
santos do Candomblé como norteadora de suas vidas.
Quando escrevemos Candomblé,
iniciado com letra maiúscula, estamos nos referindo à instituição religiosa –
como o Cristianismo, o Judaísmo, o Islamismo etc. – que realiza a cerimônia do
candomblé, ou seja, a prática fundamental desta religião.
O Candomblé envolve o culto às divindades ancestrais, aos
espíritos da Natureza e às energias transcendentais, chamados de “santos”. Os
santos podem ser femininos, masculinos, andróginos, bissexuais, jovens, idosos,
calmos, impacientes etc. Cada santo tem suas características particulares e se
relacionam com os demais santos pacifica ou apaticamente, possuindo qualidades
e defeitos totalmente humanos – o que os torna mais próximos de seus devotos.
A
necessidade de se conhecer mais sobre as vivências experienciadas na infância
religiosa do Candomblé levou o pesquisador ao campo do terreiro, do qual também
é membro religioso. Por se empreender com crianças, que têm ligações diretas
com a escola, especificamente, e com a educação de forma geral, a pesquisa se
mostrou inovadora dentro do programa de pós-graduação na qual foi desenvolvida.
E os recursos de investigação etnográfica lançam a pesquisa em Educação a uma recorrência
interdisciplinar à Antropologia.
Indo ao primeiro locus
de pesquisa, nos primeiros contatos científicos, realizados no primeiro
semestre do ano de 2013, é possível perceber que se desenvolvem relações
interacionais de ensino-aprendizagem das visões/leituras de mundo, da
ritualística e as múltiplas sociabilidades entre os agentes pesquisandos. Este lócus foi, inicialmente, a primeira casa
de Candomblé pesquisada para a dissertação. As crianças que faziam parte desse
terreiro migraram para o terreiro do pai-de-santo delas, assim que ele o
inaugurou, no dia 3 de novembro de 2013.
O primeiro locus é
o terreiro Axé Vodun Tó Yeyê Apará,
uma casa de candomblé regida pela divindade aquática de origem nagô-iorubá Oxum. Este terreiro localiza-se numa
região de difícil acesso por estradas de barro de um dos bairros periféricos da
parte alta da cidade de Maceió – o bairro do Tabuleiro do Martins.
A casa de axé, como também se chamam os terreiros de
candomblé, é dirigida pelo zelador de culto Marcos de Apará, conhecido pelo hierônimo Aparálòmí
– que significa que Oxum recebe o raio
nas águas – e pela mãe-pequena Sandra de Aganjú, conhecida como Obágànjèwí
– que significa que Aganjú é o rei das
lavas vulcânicas [correntes de fogo].
Na localização atual, sua forma espacial data do ano de 2007, conquanto que seu
axé data do ano de 1979.
O axé foi inaugurado em 1979, no bairro de Bebedouro, com a
casa reinaugurada no bairro atual, em 1999 e teve seu axé reinaugurado em outra
casa do mesmo bairro, no ano de 2007. Segundo Bastide (2001, p. 308), o termo axé “corresponde mais ou menos ao que os
sociólogos chamam mana e é sempre empregado, não para designar uma força
impessoal, mas para certas espécies de encarnação de forças (ervas, alicerces
do candomblé etc)”.
De igual peso, mas medidas diferentes, pois o mesmo fio
tênue que separa o que seja uma atividade ritualística de um afazer cotidiano
doméstico é o que os une numa mesma prática de devoção dentro desse terreiro de
candomblé. A todos é ensinado que, desde acender uma vela, até varrer o salão
do terreiro, ou lavar as louças do almoço partilhado no terreiro, tudo é feito
para as divindades como ato devocional.
O segundo lócus
do campo é o Ilê Aiyê Axé Odé
Mitaquassy, um
terreiro que segue os mesmos princípios do Tó
Apará, a mesma nação Jeje Bravum. O
Axé Mitaquassy está localizado numa
ladeira do bairro da Chã da Jaqueira. O terreiro foi inaugurado no dia 3 de
novembro de 2013.
As leituras de mundo desenvolvidas nas crianças, das quais
pode-se dizer que vivenciam os dois terreiros, são incutidas por meio de
processos educativos próprios do terreiro, que se colocam com conteúdos
diferentemente praticados em comparação aos processos educativos das dinâmicas
religiosas hegemônicas. Isto é, os ensinamentos são postos em prática como em
qualquer cultura, mas parecem se apresentar com formas pedagógicas alheias a
uma sala de aula e com conteúdos que não condizem com aqueles mais pragmáticos
da religiosidade (pré)dominante até na educação.
Os povos africanos, em suas distintas culturas étnicas, têm
diferentes maneiras para explicar o surgimento do universo. Um exemplo é que,
para os iorubás, tudo o que existe surgiu do hálito do Deus Supremo (Olodumarê), se opondo à teoria
criacionista cristã. Um exemplo de visão de mundo é mostrado nos mitos que
explicam as chuvas, colocando a divindade Oxumarê
como responsável por transformar a água dos rios em nuvem, levando-a aos céus
por meio da evaporação e fazendo aparecer o arco-íris como símbolo de mudança
climática. Assim, as visões de mundo e identidades destas crianças vão se
alicerçando com suas experiências religiosas, haja vista se tratar da educação
estabelecida no terreiro, dependente e confrontante da que se estabelece fora
dele.
Por exemplo, durante a fase final da iniciação iorubá ao
orixá Xangô, registrada por Verger na
África, a Iyá Xangô adverte os
iniciados sobre casos de acidentes e casos que necessitam de vingança, dentre
outras pertinências da vida cotidiana. “Se alguém te der um pontapé, te puxar
as orelhas ou te der pancadas na testa, por descuido ou acidente, não precisas
dizer nada, mas se exagerar e o fizer de propósito, é preciso que te vingues”
(VERGER, 2002, p. 31). Esses ensinamentos religiosos tendem a seguir um mesmo
padrão de internalização, como na escola.
Logicamente, como a internalização se faz na consciência e
se manifesta circunscrita no corpo, a construção de um estar no mundo dentro da
religião do Candomblé implica na construção de um habitus (BOURDIEU, 1983), especificamente de uma héxis corporal que aceite o estar ali e
integrar aquele grupo. Assim como na escola, o corpo é demandado por um
julgamento no qual se analisem capacidades e disposições.
No terreiro, o corpo se mostra imprescindível em determinadas
ritualísticas, ou seja, quando a observação é fundamental para o
desenvolvimento da atividade, assim como é do aprendizado. Entrar num terreiro
em festa e se deparar com crianças participando ativamente dela pode gerar um
choque, caso a pessoa esteja com seu olhar carregado de preconceitos a respeito
da prática religiosa – ainda mais sem uma antropologização do olhar.
Quatro crianças protagonizaram a pesquisa de campo em
dois bairros periféricos de Maceió, capital do Estado de Alagoas: três meninas,
duas brancas de pele e uma negra, e um menino de pele parda. Suas idades não os
situavam na categoria de crianças pequenas. Eram crianças grandes: de 7, 9-10,
12-13 e 13-14 anos no período pesquisado, desde as primeiras iincursões em
campo até ao final do ano de 2014, quando finalizou-se a pesquisa. A escola sempre
se confirmou como o espaço do qual as crianças pretendem lograr a ascensão
econômica e social de um sucesso profissional.
O que é ser criança de
Candomblé em Alagoas
Os olhares das crianças e as pertinências da religião
ajudaram a destrinchar o que vem a ser a infância no Candomblé, sem se curvar
às determinações etárias modernas dos estatutos. Elementos como o
pertencimento, a moradia, os laços de parentesco, sanguíneos e religiosos, as
condicionantes para se caracterizar estatutariamente uma criança no Candomblé e
a execução de funções em cargos considerados exclusivos aos adultos pelo senso
comum acabaram tendo suas explicações construídas de maneira analítica e interpretativa
com base nesses mesmos olhares.
Também trabalhos produzidos nas áreas de
Educação e Antropologia, que se destinaram a pesquisar com e sobre as crianças
de Candomblé, no terreiro e na escola, fornecem um verdadeiro arcabouço
teórico-metodológico. Mas o acervo não é muito vasto ainda. Só recentemente, as
investigações sobre a escolaridade das crianças de Candomblé se tornaram mais
evidentes.
Igualmente, não podemos olvidar que, na última década,
questões como o advento da Lei 10.639/03, que trata do ensino de história e
cultura africanas e afro-brasileiras na Educação Básica, bem como a criação da
Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão – SECADI,
em 2004, pelo Ministério da Educação têm estimulado a produção acadêmica nessas
múltiplas interfaces.
Falando sobre essas crianças, que
são escolarizadas, intrinsecamente falamos também de escolas e de terreiros.
Isso nos leva a discorrer sobre dois campos, obrigatoriamente, sendo somente um
deles o espaço investigado in loco,
sem, no entanto, desmerecer a discussão sobre a escola. O que justamente as
pesquisas da área apontam é que deve haver uma ruptura com o modelo de ensino
vigente para que se possa vislumbrar uma educação plural e ampla nas escolas.
A regulamentação dos conteúdos lecionados na disciplina de
Ensino Religioso fica ao encargo das Secretarias Estaduais e Municipais de
Educação. Isso já nos indica haver, não efetivamente uma variante, dada a
existência desses modelos, mas uma condicionante que se ajusta a cada um deles.
Agrupar crianças que têm vivências culturais ricas demais
para serem desprezadas, todas num mesmo espaço, e sequer promover o que saibam
dentro da escola como uma espécie de intercâmbio sem sair da cidade, é praticar
uma abjeção à alteridade – esta que tanto exercita o reconhecimento de si no
outro, cada vez menos de maneira preconceituosa –, veja-se a Antropologia da
Educação.
O contexto religioso em Alagoas também apresenta dados
históricos que demarcam um diferencial para a realidade alagoana. Enquanto
nacionalmente temos o termo “macumba” como designativo genérico às práticas
religiosas de matriz africana, ao Candomblé e à Umbanda, em Alagoas e
Pernambuco há o termo “xangô”, ao lado de “macumba”, como designativo geral à
tudo o se que remeta às religiões afro-brasileiras.
O Quebra de Xangô, ou Quebra de 1912, ou somente “Quebra”
foi um evento, ocorrido no mês de fevereiro, considerado um marco histórico
para a luta contra a discriminação às religiões de matriz africana e o racismo
no Estado de Alagoas. O episódio do Quebra aconteceu movido não só por motivos
políticos, pois o racismo já era presente na sociedade brasileira.
As problemáticas envolvidas na questão afro-brasileira são
intimamente ligadas aos processos históricos da formação da sociedade
brasileira, que se reverberam na escola. Tendo em vista todas as implicações
destes processos, não seria de se estranhar que as primeiras referências aos
cultos afro-brasileiros em Alagoas, registrados no início do século XX, tenham
sido feitas de modo depreciativo.
Não somente os jornais registravam tendenciosamente suas
notícias envolvendo o “xangô”, designação para como ficaram conhecidas no
Estado as práticas religiosas de matriz africana, quanto os estudos do
“folclore negro” apresentavam uma visão negativa desses cultos. Mesmo tomando o
Quebra como variável traumática, evidencia-se uma lacuna no que concerne à memória
do povo-de-santo alagoano para com o evento como causa-efeito da discriminação
e dos silenciamentos atuais.
A memória sobre o Quebra, no entanto, sobrevive nas
pesquisas históricas e o evento teve seus efeitos comprovados na sociedade
alagoana. Além do que, nacionalmente, o quadro de discriminação é recorrente.
Os olhares das crianças são definitivos para ampliar
os conhecimentos sobre a infância religiosa do Candomblé, ajudando a ampliar as
discussões sobre quem são as crianças de candomblé, o que elas fazem e como é
essa vivência infantil no terreiro.
Ao menos, alguém que já não seja mais criança acaba
realizando um conjunto de atividades que mostram-na apta para ser considerada adulta.
Nessas mesmas condições são encontrados elementos negociáveis para que, ainda
assim, haja a possibilidade de se considerar uma criança capaz de realizar
certa atividade permanecendo criança.
Os olhares dos adultos e das próprias crianças sobre
suas infâncias acabam entrando em negociação. É o momento em que uma criança
deixar de ser criança aos olhos de todos por um conjunto de condições: pelo seu
tamanho, idade, capacidade e integração aos grupos de pares formados
interiormente nos terreiros.
A infância no candomblé e a infância do Candomblé na
escola se situam num campo que ainda necessita de muitas abordagens e elementos
para a ciência conhecer. Investigando essa infância por meio da etnografia,
também foi possível contribuir para os conhecimentos sobre o seu fazer,
contribuindo para a Antropologia e para a Educação; trazendo elementos como a
recorrência às memórias, os dilemas científicos sobre a construção mais próxima
da realidade de pesquisa, e as aplicações metodológicas.
O que
se observou foi que há uma vida infantil escolarizada no terreiro, com
especificidades distintas e um mesmo quadro de conflito social – o
enfrentamento ao preconceito e à discriminação religiosa, especificidades as
quais a ciência pouco tem conhecimento ainda. As crianças dos terreiros têm
muito para falar, assim como os pesquisadores têm muito que ouvi-las.
Ser
uma criança de Candomblé é ser normal. Também ser uma criança de Candomblé é
ter de enfrentar o preconceito para afirmar sua identidade na escola, ainda que
rodeada de adversidades para isso. É se comportar na escola como se comporta
dentro dos espaços de sua religião, com a condição de que se reproduza qualquer
comportamento de forma velada, sem que ninguém “saiba” confessadamente qual a
identidade religiosa carregada pela criança. É ter de estudar numa escola
invisibilizando essa identidade, silenciando-se enquanto religiosa que tanto
ama os orixás, para se esquivar do preconceito que já está posto.
Percebeu-se que as identidades não são deixadas para
trás pelos sujeitos, elas os acompanham aonde eles forem. No entanto, algumas
dessas identidades são invisibilizadas, silenciadas, desmerecidas, perseguidas
e discriminadas tanto explicitamente, quanto implicitamente em muitos espaços,
sobretudo na escola.
As regras implícitas de alguns espaços são bem claras
e brancas: a religião que não for cristã não é aceita, não deve aparecer no
decorrer das relações, salvo sob responsabilidade por conta própria para lidar
com o preconceito. Nem todas as crianças estão preparadas e com todas as
ferramentas para lidar com ele.
Apesar
do que ainda sofrem nas escolas, as crianças consideram a permanência e
continuidade nela uma porta para a ascensão econômica e social, olhar do qual
seus responsáveis familiares e religiosos também tomam parte, nem que para isso
elas precisem esconder suas identidades religiosas para se protegerem. Esse
silenciamento e a invisibilização se mostraram elementos protetivos ao longo de
anos para a religião.
REFERÊNCIAS
BASTIDE, Roger. O Candomblé da Bahia: rito nagô.
São Paulo: Companhia das Letras, 2001.
BOURDIEU, Pierre. Questões
de Sociologia. Rio de Janeiro: Marco Zero, 1983.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação
Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão. História e cultura africana e afro-brasileira na educação infantil.
Brasília: MEC/SECADI, UFSCar, 2014.
______. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e
bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, 21 de dezembro
de 1996.
SANTOS, Irinéia Maria Franco dos. “O axé nunca se quebra”: transformações históricas em religiões
afrobrasileiras, São Paulo e Maceió (1970-2000). Maceió: Edufal, 2014.
VERGER, Pierre. Orixás:
deuses iorubás na África e no novo mundo. Salvador: Corrupio, 2002.
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