Sou um grande fanzão do cidadão que canta esta música e, especialmente, o que me vidra nela é a poética, é a sutileza como a dizer que o belo deve fluir na mais absoluta simplicidade. Por conta desta música, tenho uma escultura de uma casaca de couro pendurada em meu escritório; quando quero ir embora, ela me segura no sertão e no mundo que me fez os sonhos de criança. Então, esta postagem é em homenagem a minha casaca de couro.
Jackson do Pandeiro é um sujeito genial; a forma quase apressada com que conduz a música leva a que se ande, realmente, pelas veredas do Pajeú do sertão.
Talvez, somente que tenha vivido estes caminhos e tenha a intimidade com a casaca de couro entenda a razão desta minha fixação. Tá ela ali pendurada e eu grudado às Alagoas e nunca, apesar dos convites, desejei sair.
Mas devo confessar uma coisa: gosto mais da música cantada por Zé Gonzaga, irmão de Luiz Gonzaga, sanfoneiro bem melhor do que o irmão famoso.
Para os não iniciados, a música diz:
Cantando as duas na teia!
Clique e chegue no Pajeú do sertão
Veja a casaca
https://www.youtube.com/watch?v=6irga7zCEvE
Procure ouvir a música.
Translation
domingo, 31 de julho de 2016
sábado, 23 de julho de 2016
A revolução de março de 1817
Este material foi publicado em Campus/O Dia.
Escute o Hino de Alagoas enquanto estiver lendo
https://www.youtube.com/watch?v=cSl118JzxpE
Texto em destaque
Um
bom exemplo disto decorre do 16 de Setembro e se encontra na febre de emancipação municipal, uma das
tratativas solenes do poder local com o
enorme marcha-marcha; tem-se a disposição de alguns verem-se importantes diante
de pés desnutridos e empobrecidos, aqui
e ali roubados em suas merendas, afanados nas suas escolas do mesmo modo como
são violentados em seus direitos constitucionais em geral. É assim e quase
sempre, que usamos ser civicamente
comemorativos; marchamos, cantamos e
louvamos, malgrado estarmos no fundo do poço da pobreza nacional, dentro
dos mundos da violência, da pirâmide da
renda. Aprendemos nestes 200 anos a
construir índices de alta posição no que se refere ao pior, embora Alagoas jamais possa ser traduzida e
reduzida a esta indução ao horrendo que
vemos diariamente ser trabalhada e demonstrada nas cruzes tronchas das covas
rasas, nas indigências dos que vivem
situação de rua, no grande conjunto, por sinal, dos empobrecidos dentro do
sistema. São terríveis os nossos demônios,
nossos incubus e sucubus.
Alguns preliminares sobre 1817 (1)
Luiz Sávio de Almeida
I – A efeméride e o efêmero
É
interessante a relação que se dá entre as palavras efêmero e efeméride; partem
da mesma fonte, mas assumem rumos diferentes. O efêmero é o passageiro e a
efeméride é aquilo que fica marcado. No âmbito deste artigo, a segunda é algo
para ser lembrado de alguma maneira, não necessariamente agradável e não
necessariamente triste, mas algo que a sociedade deve recordar comemorar. Não se comemora apenas aquilo que é bom. Comemorar é uma determinada forma de agir sob
diversas motivações às vezes ditas patrióticas, religiosas, cívicas e o
interessante é que este cívica, em várias situações, reverbera bem mais o
estado do que a sociedade civil e aí aparece um grande problema.
Um
bom exemplo disto decorre do 16 de Setembro e se encontra na febre de emancipação municipal, uma das
tratativas solenes do poder local com o
enorme marcha-marcha; tem-se a disposição de alguns verem-se importantes diante
de pés desnutridos e empobrecidos, aqui
e ali roubados em suas merendas, afanados nas suas escolas do mesmo modo como
são violentados em seus direitos constitucionais em geral. É assim e quase
sempre, que usamos ser civicamente comemorativos; marchamos, cantamos e louvamos, malgrado estarmos no fundo do poço da pobreza nacional, dentro
dos mundos da violência, da pirâmide da renda. Aprendemos nestes 200 anos a construir
índices de alta posição no que se refere ao pior, embora Alagoas jamais possa ser traduzida e
reduzida a esta indução ao horrendo que
vemos diariamente ser trabalhada e demonstrada nas cruzes tronchas das covas
rasas, nas indigências dos que vivem
situação de rua, no grande conjunto, por sinal, dos empobrecidos dentro do
sistema. São terríveis os nossos demônios,
nossos incubus e sucubus.
II
– Todos temos o direito de comemorar e perguntar
Numa
sociedade democrática, todos têm o direito de se posicionar e de se perguntar
sobre as razões de determinada comemoração ou mesmo sobre o conjunto delas;
todos podem perguntar sobre o que, de
fato, aquilo significa e a razão de uma parafernália de ações a seu derredor. É
o caso de uma efeméride à qual vamos chamar de 1817, ano em que, praticamente, se poderia
considerar como da “fundação” das Alagoas, por via de uma capitania desmembrada
de Pernambuco, depois Província e finalmente unidade federada. O tempo de
Comarca foi rompido mesmo que fosse restrito ao formal. No entanto, vai mais
além deste formal, o momento é bem mais elástico politicamente.
Então,
percebe-se o aparentemente óbvio: cabem, perguntas. São três as principais que faço
quando o tema aparece: o que é esta Alagoas que comemora, quem comemora e o
que é este 1817 que motiva a tanta comemoração? Aparentemente singelas, elas nos conduzem para
o ponto fundamental e que se refere às grandes motivações de ordem política,
pois nos obrigam a sair do imediato da data para o contexto histórico onde tudo
se apresenta e, neste caminho, a mania metodológica me traz a grande distância
entre 1817 e 2017 e, então, como se encontram os marcos sem que se crie uma
genética linear do presente? No fundo, somos remetidos ao inexorável de que
temos dois centenários na perspectiva de um arrastado parabéns a você, mas isto
pouco significa, pouco nos leva ao que é fundamental: o contexto. E assim, por
tese preliminar, devo dizer que somente a formação histórica é capaz de
permitir que se veja o processo onde-fui e o diferente-que-estou, o ontem, e o
hoje. O onde-fui é longínquo, nesta
substantivação que realizamos da relação lugar e tempo. O diferente-que-estou é
tentativa de substantivar o meu próprio tempo, a circunstância dialética,
portanto, de meu 2017. E então, tudo passa a
ser posto na conta do modo e
natureza desta formação.
É a hora de
lembrar que tenho argumentado sobre três paradigmas construídos para se trabalhar este “ente-Alagoas” ou “entalagoas”,
começando por Caroatá, passando pelo grande intelectual que foi Dias Cabral e por Pedro Nolasco Maciel. Três
figuras admiráveis de nossa vida cultural e que geraram modos diferentes de ver
o entalagoas e tais modos ainda estão
plenamente em curso; na realidade eles são apenas nominações a conjuntos de
pensamento que representaram com suas escritas e que resultaram em um lugar
virtual como está em Caroatá, discutível como está na ênfase (note-se que
destaco a ênfase) de Dias Cabral e na contradição expressa em Nolasco. E estas
correntes estarão presentes quando se abordar a relação 1817/2017, pois embora ainda geradas na transição do escravismo para o
capitalismo formalizado e na transição do Império para a República, estão em
uso corrente nas Alagoas e, obrigatoriamente, estarão neste tempo de intensas
referências a 200 anos, dois séculos que vivemos.
Então, como
consequência, cabe de pronto uma
pergunta: Alagoas de fato comemora ou será que nos poderíamos dividir em
diversas Alagoas, uma das quais, e poderosa, comemora aquilo que a mais pobre
nem sabe do que se trata ou anda por um ouvir dizer? É grave a questão: somos
ou não somos um conjunto de sujeitos em comemoração? Da resposta a esta pingue
pergunta, teremos muitos caminhos a andar, muitos por onde ir a partir de duas
rotas principais cujas placas indicativas são: “Eu como!” e a outra é “Não me
deixam comer!”. Como se vê, pode existir de tudo, menos um espírito de comunitas ou realização coletiva,
impossível.
Carta de Batalha relatando os acontecimentos |
III - Uma filiação de texto e contexto
Se existe um
rastro histórico nos interligando ao sistema, ele nos leva e estar no que
enunciou Pedro Nolasco Maciel que foi originário das primeiras gerações,
embrionárias, de uma visão não patrocinada pelos poderosos da terra e capaz de
pedir que se conteste a organização da sociedade, suas bases
constitutivas. Ele foi da geração que se
adotou como filhos do trabalho, expressão que,
grosso modo, reportava ao conflito de interesses na sociedade; assumiam
uma paternidade e ela se dava no
trabalho.
Estava com
eles, com seus pequenos jornais, a tentativa de se ir formulando um novo modo
de ver Alagoas e isto transparece em romance escrito por Pedro Nolasco Maciel
em que a sociedade é a personagem central, tendo-se Maceió interligada a uma
categoria que não estava assentada em literatura anterior: a pobreza. Nolasco –
não importando seus percalços – foi abolicionista, socialista e
republicano. Sem dúvida, no seu universo
literário é praticamente etnográfico ao nos falar de um mundo rural e depois em
um mundo urbano onde a pobreza tinha assento na sociedade, vivia em
determinados lugares e em determinadas formas.
É
por onde desejamos pensar 1817: o caminho dos filhos do trabalho e com isto fica
claro que olharemos a partir de um local onde se realça o drama dos humilhados
e ofendidos por dois séculos em nossa terra. Desejamos olhar para pensar as Alagoas com os índios, os
negros, os humilhados por suas opções religiosas e sexuais e todos aqueles que
sofrem o empobrecimento ditado pela dominação política. Desde logo ficando
claro que, se 1817 permite surgir Alagoas, ela surge sob o comando de um
Governo Interino que representa o que se tinha de mais retrógado e realengo no
universo político d’antanho; vai dirigir Alagoas a força contra a liberdade
que, embora ingenuamente, manifestou-se por uma redefinição dos ajustes
econômicos e políticos oriundos do status
“colonial” e lançava um novo projeto sobre o solo gentil da antiquíssima
Pindorama à medida em que éramos, agora, parte de um Reino Unido. A chamada
Revolução de 1817 significou mais para Alagoas, do que Alagoas para ela. Não
fomos um território de conspiração, mas ressonância e não se pode deixar de
considerar que decorremos de clara estratégia do governo no que tange à
geopolítica da época.
IV – Mandos e desmandos
Como
atualização da acumulação, ela necessariamente foi de expressão urbana, gerada inclusive
dentro de um contexto intelectual, tanto que foi entendida por muitos como uma
revolução dos Padres e foram muitos deles que chegaram ao cárcere. Não é nosso
objetivo ressaltar o quadro de vida ao
norte da Comarca. Passavam ideias pelo Recife como passavam navios em seu porto
e uma afirmação regional estava em seus preliminares. Como se faria uma região
é outro tipo de assunto que também foge abordar.
Então,
não fomos e não poderíamos ser um centro de conspiração, como não seremos
posteriormente na Confederação do Equador e na Praieira. Isto não autoriza a
minimizar a nossa participação, reduzindo-nos apenas a uma rota de tropa vinda
do sul e também de fornecedor de gente de guerra. O problema era estrutural
para suportar uma organização revolucionária, inclusive como dos primeiros pontos
de confronto com as tropas que viriam da Bahia e mandadas pelo Conde dos Arcos. Na certa iriam a Penedo e de lá procurariam a
antiga rota ainda do período holandês e precisavam de apoio em Alagoas e Porto
Calvo.
No
mínimo, uma legalidade da Comarca era
essencial e é conseguida, sobretudo pelo modo como chega a Revolução, com o que
acontece e o que vai acontecer. O problema de Borges da Fonseca foi o de reagir com estratégias formais de estado e de
fugir, ao invés de adotar a guerrilha como
a verdadeira barreira a ser instalada em defesa do ponto central, uma
guerrilha que deveria, no entanto, contar com apoio de um razoável número de
pessoas para poder ter sucesso. Então, a Revolução de 1817 estava contida na
Comarca por conta da força e da estratégia e por elementos de natureza
política.
Haveria
potencial para um deslanche revolucionário?
Havia força na região de São Miguel dos Campos e, mormente pela
parentela Vieira Dantas, com possibilidade para extensão aos sertões. Havia força bem menor na região de Porto de
Pedras mas a concentração da resistência legal a sul e sua possibilidade rápida
de expansão foi abortando a adesão das vilas, como se deu com o adere e recua
de Penedo. A Revolução de 1817 chegou de supetão na Comarca das Alagoas e não
teve condições de ramificar-se.
No entanto,
tivemos consequências internas de peso. Uma delas foi a de aclarar o conflito
de interesses entre os portugueses e pernambucanos. Outro ponto importante foi,
como levantamos de modo preliminar, a possibilidade de um primeiro mapeamento
político, em termos de verificar espacialmente lideranças conservadoras e
liberais, e especialmente o papel que vai ser levado para o vale do São Miguel
onde já estava assentada uma poderosa plataforma de exportação do algodão, que
possibilitava maior ligação com o oeste, especialmente agreste e, não se deve
esquecer, parte do sertão. O algodão
estava em plena paisagem urbana de São Miguel.
Grosso modo,
poder-se-ia falar do papel estratégico que São Miguel dos Campos passa a
desempenhar, no seu rumo de produzir açúcar, como se tem por exemplo no
Furado, Varrela e outros, além de escoar e produzir algodão. Claro que
o açúcar ainda não havia assentado fortemente seus banguês no vale; isto virá
depois, mas, inequivocamente, era uma região diferenciada e disto, ainda como
exemplo, olhe-se para Anadia e seu papel na Confederação do Equador, continuando, portanto, politizada.
Atalaia
continuava com seu porte ultra conservador e de forte renda portuguesa, o que
vai gerar os problemas do mata marinheiros na Independência. Era uma região
afirmando-se, ainda sem densidade de açúcar, mas uma das concentradoras da
riqueza que se plantava no quadrante I da Comarca, avançada a oeste, em pleno
roteiro das águas do Rio Paraíba. É ali que
Batalha encontra segurança necessária para montar a resistência e seus
movimentos serão em direção ao centro que seria Maceió e em direção ao norte
onde se encontrava a liderança de Matos Moreira. É numa linha que vai
interligando Penedo, São Miguel, Alagoas, Maceió, Atalaia, Porto Calvo
que se vão montando os grandes lances de 1817 nas terras das Alagoas ou o
conjunto evidente das ações que estamos a comemorar.
O
golpe assentado sobre as forças liberais levou à perseguições e à entronização
do realengo no mando da nova Capitania. Saudar o aparecimento das Alagoas é
mais do que aceitável, mas jamais
aceitar a forma como foi assumida no
interesse da Coroa, pelos mais conservadores que existiam e na reafirmação da
condição ”colonial”, inclusive, na continuidade do empoderamento do que
poderia, grosso modo, ser chamado de português e que vai sofrer vexame após o
1822 nacional, pois o 1822 alagoano foi antes de 7 de setembro. Depois virão os
anos de 30 do século XIX, tão cheios de densidade histórica de resoluções quanto
foram os do século XX. Jamais se pode deixar de considerar: ao surgir Alagoas,
o mando vai para as mãos do que há de mais contundente contra a ideia de
liberdade que esvoaçava a Capitania.
V – Nomes a homenagear
Por
outro lado, temos de entender que entre 1817 e nós, medeia a tensão que informa
a natureza de nossas transições na formação histórica. Sem dúvida, ela é integrada
por rotas e circunstâncias de acumulação que se desenvolvem. Na verdade, mais
do que apenas um evento, 1817 é uma circunstância de transição no que se pode, apesar do viés frankfurtiano,
aplicar a teorização do trânsito que Manheimm realiza, trabalhando o que ele apresenta como abertura e por conta dela,
acontecendo elementos no trânsito enquanto se dão os elementos do trânsito. O
rompimento de uma estrutura X leva, necessariamente, à consolidação de uma
outra condição. A saída de X leva à Y e
então isto indica que se dá um trânsito de
X para Y, mas elementos (A) que estavam em X podem estar neste trânsito
e serão os valores no trânsito. Por outro lado,
o complexo de relações que caracterizam o trânsito gera novos elementos (B)
que serão, portanto, do trânsito. Agrada-me a relação que é proposta, malgrado a aparência mecânica de que se reveste, mas é
fértil para incentivar a discutir as ligações entre o que foi e o que vem sendo
quando se lida com X e Y, observando as relações de (A) e (B).
Então, 1817 não é um enclave político, mas resultado
da maturação de intervenções econômicas e políticas na área do norte,
especialmente em Pernambuco. Nós não vivemos, pelo que se sabe, episódios como o
1808 dos Suassuna da Paraíba. Somos apanhados de imediato, pois a presença de
Borges da Fonseca não trazia propósitos de subversão e girava sob os temores
pânicos da revolta de escravo de 1815.
Não se tem notícias de movimentos conspiradores em Alagoas e nem que
houvesse o clima das discussões de novas ideias e casas como em Recife. A
notícia de 1817 aparece com o Capitão-Mor Nicolau Paes Sarmento. Sua
participação é titubeante, depois é que ele assume a revolução junto com Borges
da Fonseca que se liga a partir da presença do Padre Roma, quando o sacerdote seguia
em diretura à Bahia do Conde dos Arcos.
A
historiografia tradicional vai querer apresentar Borges da Fonseca como pessoa
que não foi capaz de manter a força revolucionária, mas sua fuga, como é
chamada, deve ser vista como estratégia
e, então, ele procurou outro nível de utilidade ao seguir para incorporar-se ao
corpo da guerra. O que ele conseguiu foi uma espécie de revolução de ofícios e
proclamas, tropa insignificante, enquanto as ordenanças e milícia fazem um
grosso integrado pela atividade coordenadora de Batalha que se encontrava em
Atalaia, somando recursos especialmente
portugueses e conservadores como se deu com Matos Moreira na região norte.
Claro que ao falarmos de revolução de proclamas e ofícios, jamais estaríamos minimizando a importância e o
sacro do sangue que correu. É que Borges da Fonseca está em impotência de
guerra e o apoio senhorial não foi tão alto quanto deveria ter esperado.
Na realidade,
1817 inicia uma fase nova em Alagoas, pois levanta teses sobre a construção
política e avança, indo a mais do que se
tinha sobre as discussões de câmeras apegadas a seus locais e disputas
correspondentes. Por outro lado, na ordem
econômica estamos tendo a intervenção mais orgânica e sistemática do
capital que vai fazer a vila de Maceió em 1815. No fundo, o que aparentava
estar vivendo placidamente, era complexo em confrontos: o século XVI foi o da
matança indígena, o século XVII foi da
matança dos quilombos e o século XIX começava a viver a matança das matas. Infelizmente não se tem uma boa documentação
– no limite de nosso parco conhecimento
– sobre o universo senhorial e suas
lides políticas, mas a acumulação de fatores levará ao trânsito que
transformará o primeiro terço do século XIX em palco de definições essenciais
para a nossa vida provincial.
Chega o
momento, em que o conjunto das questões políticas cresce em função das perguntas para o próprio status “colonial”, reino de fachada, o
que demonstra uma unidade amparada pela noção de um poder central, no caso a
Coroa e, depois, na continuidade do
Império. Por mais frouxos que parecessem
os laços, havia uma unidade sob a ordem de um reino e que teria de ser rompida.
O que teria trazido maturidade suficiente para o rompimento do aparentemente
plácido para o conflito aberto em escala política que assumia o contexto do
Reino? O que estava presente na complexidade das estruturas e se isto poderia
ser visto repartido da mesma forma no que fazia agora uma região em busca de
rec
onhecer-se política e economicamente?
Dois nomes, no
conjunto do choque que se procede, mereceriam destaque; um deles, Antônio
Ferreira Batalha, foi a grande expressão “colonialista” e, do outro lado, Borges da Fonseca que teve de gerenciar as estratégias
revolucionárias em um campo sem grandes possibilidades de manobra. Batalha já
se encontrava em Alagoas desde os tempos do levante escravo que aconteceu em
1815 e devia conhecer a malha de
interesses que fundava e suportava o poder senhorial, ao qual teria de ligar-se
obrigatoriamente a partir de suas tarefas de Ouvidor. E é em decorrência do
mesmo levante, que Borges da Fonseca estará aqui, embora tenha chegado em 1816.
Foi designado, mas não teve condições de vir para residência, em face de doença.
Sua função era a de comando do destacamento de 1ª Linha que se achava
localizado na Comarca, em decorrência do levante mencionado e da circulação,
portanto, dos temores pânicos.
Eles são pessoas dos dois polos ideológicos do
confronto: Batalha era a burocracia de comando avançada no lusco-fusco do reino de 1808, sobre a malha de interesses senhoriais e de
construção preliminar de consciência política regional. O mundo dos negócios torna-se político e
forma-se a consciência de um nós a confrontar o outro. Sem dúvida, 1817 seria o começo da formação de uma consciência regional que
teria de ser combatida até mesmo pela força e é, daí, que vamos ter 1824 e até mesmo a Praieira
cujos rescaldos rurais dar-se-ão em nossas fronteiras pelo derredor da Mata do
Jacuípe e, pelos mundos do oeste, correrão nos contrafortes da Serra Negra, lá
pelos lados da Floresta do Navio e Pajeú sertanejos.
sábado, 16 de julho de 2016
Companhia de ballet. Maria Emília Clarck
Esta matéria foi publicada em Campus/ O Dia
Bailarina
profissional, professora, coreógrafa, assistente social (UFAL), pós-graduada em Metodologia do Ensino
das Artes Cênicas (UNINTER). Integrante da Companhia Ballet Stagium (década de
90).
DOIS DEDOS DE PROSA
Maria Emília Clark é
uma artista e trabalhadora das artes em Alagoas, bailarina profissional que vem
atuando de forma intensa e altamente qualificada no campo do ballet em nosso
Estado. Na oportunidade em que traz mais
um de seus espetáculos, é natural que se preste uma homenagem à artista e à
excepcional figura humana que tanto nos honra.
Maria é uma pessoa
definitivamente empenhada em um processo criativo de larga influência e
qualidade em nossa vida cultural. Campus/O Dia agradece sua atenção ao deixar
este registro conosco, sem dúvida uma importante contribuição para a história
da arte em Alagoas.
Tenha uma boa leitura
Sávio de Almeida
Atitude: eis a palavra
Maria Emília Clark
I –
A razão de um caminho
Eis a palavra em que neste
momento penso a dança através da minha trajetória com o ballet clássico e com
projetos coreográficos que buscam a transversalidade das artes. Vivo uma continua investigação do processo
pedagógico desenvolvido no Ballet Maria Emília Clark, no qual acredito, que une
a formação acadêmica do bailarino profissional com ações práticas,
coreográficas, intuitivas, trabalhando o universo da criança a partir dos 3
anos de idade, através do método da socialização do movimento com fortalecimento
da autoestima, gerando atitudes em vias de transformação pessoal e social em
evolução.
Esta é ua atitude
ressignificante, definindo a arte do ballet, como linguagem do conhecimento,
que pode ser um meio de preparar cidadãos que, emancipados cognitivamente, são
capazes de fazer escolhas fiéis, onde suas reflexões, traduzidas, de forma
responsável do ponto de vista de apropriação de base histórica, com conteúdo
informativo, através das ações diárias, pelas vivências artísticas, defendo que
os seres humanos sensibilizados, experimentam a possibilidade de se entenderem
e se perceberem de forma consciente e prazerosa, modificando o seu dia a dia.
Nos processos criativos históricos, temos como base em nosso projeto pedagógico
a criança e a sua formação com Ballet Clássico (Métodos estudados ao longo dos
anos como: Vaganova, Barre-à-Terre e outros existentes nos maestros presentes
na história brasileira da arte do Ballet Clássico).
A nossa base acadêmica foi fortalecida pela interligação
de nossa condição de Assistente Social
(UFAL) e bailarina do Ballet Stagium, que abriu portas para tudo que hoje se
faz com a nossa profissão, Cia. na qual me construí como bailarina profissional
e por mais de uma década tive a vivência
dos grandes Festivais nacionais e internacionais como: Bienal de Lyon (França),
Festival de Cadiz (Espanha), Festival de L’Áquila (Itália), Acordanse (Suiça),
Vevey Lausanne, Festival de Havana (Cuba), Festival de Guanajuato (México) e
outros como na Argentina, Uruguai e Hungria.
No
ano de 1999, retornei a Maceió como coordenadora de dança do Teatro Deodoro,
antiga FUNTED (Fundação Teatro Deodoro); encontrei uma cidade com limites
claros, vale lembrar a ausência do Teatro Deodoro, fechado para reforma por 10
anos, com as escolas resistindo a esta situação, com esforços, mas limites
claros em suas produções e processos criativos, Era final dos anos 90 e duas
escolas fecharam suas portas.
A
contribuição que foi dada ao nosso meio vai além da formação profissional no
nível técnico de aula ( compatível ao meu, vivenciado com práxis e
possibilidades, trouxemos as palavras “Projeto Social Voluntário”, que hoje eu
definiria como opção de vida ) pois abrimos as portas para muitos bailarinos:
mais de 350 rapazes passaram por nossas escolas, nunca se viu tantos homens
dançando, com uma alta evolução técnica, em giros, saltos, técnica de Pas de Deux,
com estruturas coreográficas amplas, requintadas, com um enredo e uma concepção
de expressividade ressignificante, vale frisar o excelente nível técnico que
deve perpassar a palavra Cia., uma outra contribuição valorosa, foi a utilização
de elementos cênicos diversos e a forma inspiradora de tratar o espaço cênico
via jogos cênicos, usufruindo das possibilidades dos elásticos, das rodas, dos
quadros, dos andaimes, das portas, das pinturas, das esculturas, partindo para reutilização
de peças de demolição, de obras de artes alagoanas, água, grama, tapetes,
latas, lacres, palha, cestos, infinitas possibilidades de material alternativo.
Iniciei
com os figurinos de palha, intensificando a criatividade artesanal no estado,
bordados, pontos e texturas diversas, ampliei o terreno da sonoridade, buscando
mixagens amplas, sonoridades diversas, o som das nossas raízes e o silêncio
profundo, isto resultou em 33 projetos coreográficos, a metade para a escola e
a outra para a Cia Maria Emília Clarck.
Minha
vida pode ser definida por 3 ciclos, o primeiro inicia no ano de 1968, no dia
19 de janeiro, tendo os meus pais, Lydio Peixoto de Carvalho e Eva Marta Clark
de Carvalho, nascida em Maceió, mas até os 11 anos morei na bela histórica
cidade de Penedo, cidade na qual residiam os meus avós paternos, Lydio Araújo
de Carvalho e Ester Peixoto de Carvalho, observando o homem folk, participando
de todas as atividades artísticas do Colégio Imaculada Conceição, declamando,
interpretando, e dançando a alegria e a história do nosso povo.
No
ano de 1978, nos meus 11 anos de idade, passei a minha maior provação até então,
a quase perda de nosso pai por conta de um infarto no miocárdio, nos seus 44
anos de idade, e que nos fez mudar definitivamente para a cidade de Maceió,
desfazendo a estruturação de uma vida e todo o nosso contexto de vida,
modificado a partir daquela data.
Em
Maceió, passei a residir no bairro do Farol, estudei no colégio Sagrada Família,
com bolsa de estudo, eu, Lídiva Yvette Clark de Carvalho (irmã mais velha) e
Marta Clark de Carvalho (a mais nova). Na Avenida Rotary, vivenciei 10 anos,
até o final de 1988, ano que conclui o meu curso de Serviço Social, pela UFAL
(Universidade Federal de Alagoas), estudei inglês no Lincoln Center, iniciei
meus estudos de ballet na escola Eliana Cavalcanti, com o professor Fernando
Ribeiro, e, no ano seguinte, com esta diretora, tive na minha vida a primeira
carteira assinada, (1986) como
professora; passei por diversos cursos de aperfeiçoamento. Ingressei no final
de 1988 na Cia. Ballet Stagium e este foi o ciclo mais valioso da minha formação,
que compreendeu de 1988 a 1998, data de retorno para a cidade de Maceió,
residindo todos os anos 90 na cidade de São Paulo, eixo da minha
profissionalização, fase decisiva para a minha vida como um todo e com
intercâmbio profissional por todo o Brasil, a América Latina e Europa.
II - Generosidade: eis o caminho
Em
1661, Luís XIV criou a academia real da música e dança,na França, que tinha como objetivo profissionalizar a
dança, determinando reformulações técnicas e estéticas para a arte, envolvendo
os pés com sapatilhas de cetim, escondendo a superfície do corpo e sua força de
trabalho, a dança moderna veio se preocupar com a expressividade dos gestos,
desnudando corpos, assegurando o contato com a terra, carregada de energia e
vitalidade, a Pós-modernidade, trouxe a ideia de aliar a dança a outras formas
de arte e novas estruturas que permitissem a exploração dos limites, sair dos
teatros para novos e provocativos lugares envolvendo o cotidiano das pessoas,
até mesmo paredes e tetos de edifícios, a dança contemporânea, não irá se
basear em técnicas e possibilitará a qualquer corpo dançar, e tendo como premissa a pesquisa e a investigação,
construindo o movimento de dentro para fora e não separando o corpo da mente.
Assim como os estilos, as coreografias também evoluíram, dentro de um atual
conceito, as experiências coreográficas precisam hoje ser generosas.
Desde
o ano de 1999 que venho envolvida neste processo evolutivo de informações
capturadas por uma formação intensa e fervorosa junto ao Ballet Stagium (SP),
repensando a dança e internamente construindo uma esfera de liberdade e
solidariedade.
Dentro
das atividades da criação, a mais importante para a socialização do movimento,
a partilha do “pão”, cada um com seu momento e todos no momento de cada um, um
aprendendo com o outro. A possibilidade de se sentir pertencente a um grupo, de
forma ativa e criativa, traz grande satisfação para o indivíduo ampliando seu
campo de ação e o seu potencial criativo tanto no teatro, como na dança, quanto
no seu cotidiano. Neste início de processo da dança criativa, a coreografia,
concentrei-me no processo de ação, ao invés de direcionar as ações para as
consequências das práticas, sem preocupação sobre resultados.
Aprendi
a ser generosa com os meus pais, com o cotidiano dos meus amigos na minha
infância e carrego essa característica no meu processo coreográfico coletivo.
Dei continuidade com o meu curso de Serviço Social (UFAL) e na minha profissão
de bailarina, professora e coreógrafa, tive a influência de nomes como Ademar
Guerra, que me ensinou a ser verdadeira e observar a dança como se observa os
atos do cotidiano, com a Márika Gidali, a efetiva forma soberana de fazer esta arte com uma prática intensa e voltada
para a educação e honestidade nas ações e interpretações, não passando apenas
pela teoria, mas na práxis infinita, com Décio Otero, que me conferiu a
persistência e o método, com Ademar Dornelles, aprendi a olhar para o meu
interior e tentar enxergar quem sou, com Fábio Villardi, a observar os caminhos
da teatralidade, com Áurea Ferreira e Paula Perillo, a importância da amizade,
da simplicidade e do amor a nossa arte. Com Fernando Gomes,
companheiro da minha jornada, a construção de nossos enredos e vida intensa.
Na
criação recebi a parceria dos registros por meio de cartas, livros e críticas
em jornais do cineasta Joaquim Alves, um nosso impulsionador, dos teatrólogos
Braúlio Leite Junior e Pedro Onofre, da atriz Anilda Leão, do memorialista
Romeu de Mello Loureiro, dos professores Antônio Lopes, Fernando Ribeiro e
Reginaldo Oliveira, das coreógrafas Eliana Cavalcanti, Telma César e Isabelle
Rocha, da arquiteta Mirna Porto Maia, Cássia Navas, Helena Katz, Eliana
Caminada, Flávio Sampaio traduzindo na ampliação do estudo do movimento e do
seu consequente resultado em práticas corporais conscientes, criativas e
transformadoras são objetivos que desafiam a todos que queiram desenvolver um
trabalho artístico que tenha comunicação com o seu objetivo principal.
Este
processo indicará uma opção onde todos o envolvidos continuarão preparando
cidadãos que participem da realidade social de forma mais criativa, crítica e
construtiva, embaso na formação
histórica ampla em torno do Ballet
Clássico e estudos coreográficos com foco na generosidade das linguagens cênicas do teatro
da dança, da música como áreas específicas autônomas do conhecimento.
O
inconsciente coletivo do tipo humano do alagoano está recebendo ainda as
informações das antigas casas de vivendas que faziam apresentações rotineiras
do coco de roda, ao sabor de canções populares e que chegaram aos nossos dias,
foram modificadas e entraram no nosso cotidiano e maliciosamente se faz esquecida,
desta forma devemos através desta citação acrescentar de forma igualitária a
qualquer caminho da dança, o nosso Folclore, as nossas danças tradicionais
locais e todo o universo cultural das terras alagoanas.
Diante desta reflexão,
iniciei no ano de 1999, o primeiro trabalho em ballet voltado a coletividade e
a diversidade, que resultou na primeira obra coreográfica, que pela sua
autodeterminação “Nigrum”, clamou a marca maior de nossa ancestralidade, que
reuniu alunos deste trabalho social, iniciado na FUNTED (Fundação Teatro
Deodoro), em parceria com as minhas expectativas e filosofia de vida, neste
trabalho a estruturação de um ambiente propício e finalidades supremas,
vinculado ao homem, história e divindades.
A evolução coreográfica
deste momento, denotou compromisso da formação do bailarino clássico, atrelado
a um projeto coreográfico amplo, comprometido, trazendo ações reflexivas
através da utilização de diversos elementos cênicos, como cordas, como
utilização de elementos da natureza (água, terra, fogo), reunião de atividades
circenses (voos, suspensão, pernas de pau), como também a palha, om figurinos
feitos a partir do tema da reutilização de materiais (como tampas e lacres de
latas), aparecimento de estruturas móveis, que circularam e propuseram um novo
painel profissional cênico no ballet alagoano.
Referências estas que
influenciariam toda a década dos anos 2000, influenciando as companhias locais
e colaborando decisivamente para um repensar coreográfico, ativo e atual.
Iniciei um processo
criativo, que não pararia jamais. Diversos momentos foram criados ao longo do
período (1999 a 2016), completando neste ano a
trigésima terceira obra coreográfica voltada a nossa história e vida,
para Alagoas, Brasil e mundo.
Citando o exemplo o estimado
Ib Gato Falcão, traduzimos em um Processo Criativo que seria nominado: Grandis
Posso citar também outra
obra coreográfica do ano de 2008, que pontificaria 4uatro(04), representantes
do Teatro Alagoano ( Bráulio Leite Jr, Venúzia de Barros, Selma Britto e Anilda
Leão). No período de 2014 a 2015, trabalhei a história da urbanidade e mobilidade
alagoana, uma pesquisa histórica baseada nesta evolução, introduzindo o meio de
transporte da bicicleta, como a forma não poluente de acesso e reflexões diversas
sobre o processo educativo no trânsito. Num segundo momento, entramos na história
da nossa moda, tendo como contextualizada a Arquiteta e Designer Mirna Porto
Maia, que possui uma trajetória de beleza, atitude, criatividade e cidadania,
amplamente difundida no estado. Abordei por
meio da evolução dos costumes a história de nossa cultura, valorizando e
reconhecendo o trabalho dos artesãos, dos estilistas, provocando debates,
estimulando a criatividade e traduzindo em memória, para questionamentos e reflexões
desta moda produtiva, provocando uma investigação, reunindo conceitos de arte e
de história, uma visão criativa, social, objetivado pela imaginação do
espetáculo Croquis das Princesas
Vale lembrar que no ano de
2005, foi concebido o significativo trabalho sobre este tema, cujo o fio de ligação
foram os diversos pontos do artesanato alagoano, tendo como a matriz principal ,
o Ponto Singeleza e a vida de D. Marinita, sempre propondo uma reflexão
memorialista sobre os nossos criadores e criaturas que foi intitulado: Mãos.
No ano de 2011, tivemos a
experiência, com os nossos manguezais alagoanos, denominado Evergreen
(sempre-vivos), uma grita contra a destruição dos nossos manguezais e sobre a
invasão territorial deste ecossistema. No segundo semestre deste ano, apresentei
uma especial reflexão sobre a cultura popular alagoana, onde o viés era que o artista
popular faz sua arte com o que tem a seu alcance, criando das sobras de seu
cotidiano um mundo novo, que é o mundo da sua gente, do seu povo, da sua
história. Sob o prisma de suas fantasias pessoais, as que não cabem na rotina
formal ou funcional de seu dia-a-dia, sem nenhum Intuito exótico, mas a arte
enraizando o Humus Cultural do seu território. O espetáculo percorreu a
trajetória da colecionadora e artista naif
Tânia Pedrosa, referendando os artistas populares dos municípios alagoanos, a
exemplo de Fernando Rodrigues da Ilha do Ferro e outros que compõem o acervo do
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN.
Entre inúmeros processos
criativos e significativos ao longo destes 17 anos de existência do Ballet
Maria Emília Clark, com uma ampla reunião de homens marcantes em seu tempo e
que se eternizaram ou se eternizam através de suas árvores reflexivas,
criativas, musicais, teatrais, seus escritos sejam pelo meio físico ou por
sobre diversas obras de arte, chamando Graciliano Ramos (Torta de Maça a Vidas
Secas, ano 2013), distribuindo Djavan ( Místico Clã de Sereia, ano 2010),
pintando a visualidade de Pierre Chalita (Chalita, ano 2007), colorindo a diversidade de Delson Uchoa (Tanz,ano
2006), trazendo as Confissões de um Poeta (Lêdo Ivo,ano 2003), colhendo as flores da pintura e da escultura de
Eva Lecampion ( O Importante e´a Rosa, ano 2014), coreografando versos de Arriete Vilela, Solange Chalita e Paulo Caldas( O Primeiro Voo do Pássaro,ano
2013), indicando a seca do Rio São
Francisco( Opara,ano 2006) e entre
tantos outros processos criativos , cheguei no ano de 2016, com uma vasta
pesquisa sobre o nosso estado.
Neste ano, no contexto das
comemorações dos 200 anos do Estado de Alagoas (1817-2017), a Cia Maria Emília Clark, evoca a
trajetória do escritor, historiador, jurista, músico e poeta, Jayme de Altavila
(Anfilófio Jayme de Altavila Melo/1895-1970).
A
Cia. Maria Emília Clark, realizará no Teatro Deodoro, no dia 14
de julho de 2016 o seu novo espetáculo, que traduz os 17 anos da Cia, com o seu
décimo sétimo trabalho memorialista, onde conduz a formação do bailarino
clássico aliado ao projeto coreográfico em torno da transversalidade das artes.
Este momento se realizará por conta da parceira do Ballet Maria Emília Clark,
da DITEAL (Diretoria de Teatros Alagoanos) e do Instituto Histórico e
Geográfico de Alagoas (IHGAL), dentro do momento histórico que reflete o Maceió
200 anos.
Este ano iniciamos um
projeto de pesquisa iniciado no ano de 2014 e que resultará numa trilogia
(Alagoas 200 anos). A primeira parte será apresentada no próximo 14 de julho de
2016 em teatro Deodoro, às 19:30h onde a reflexão será a continuidade das
atitudes memorialistas e o reconhecimento dos homens de bem.
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