E então? Que tal ver os coqueiros e sentir a vida deles com o vento e, mais ainda, com a saudade. Os coqueiros não são os donos da terra, vieram de longe, assentaram-se, tornaram-se um poema muito bem conjugado pela beleza da lagoa. Como estarão nesta LAGOA que a fizemos perdida? Ela ainda existirá nos anos que virão? Pode morrer? Como se enterra uma lagoa? Quando se aterra?
A caiçara testemunha que ainda há peixe. Isto é formidável, mas até quando? Tenho um, grande amigo que mora lá no segredo, nome do lugar que jamais direi. Tem uma barraca pelos lados do mercado. Conhece todas as bibocas de Maceió por onde já vendeu de tudo que fabrica; seu negócio agora é água sanitária. Uma vez, de papo, ele me disse: "Professor, o senhor já pensou quantos quilos de bosta, aquela favela joga por dia na lagoa?". Comecei a rir pelo inusitado do indicador do que faz a miséria das gentes e a miséria da lagoa que vem sendo aterrada por tudo.
Olhei para esta árvore e pensei se ela conversava com a água e com os coqueiros? O que diriam além do bom dia ou boa noite? Não sei... Na verdade achei linda a bromélia que repousava em seus braços e entendi uma coisa: a depender da vida, a beleza passa por cima de tudo e termina por prevalecer; no caso ela é, sobretudo, as curvas desta árvore em contraste com o reto dos coqueiros. Os coqueiros têm um porte sem invenção, mas resgatam o que é belo no movimento de suas folhas. Não existisse vento, o coqueiro poderia ser feio. A beleza depende de muita coisa.
Veja as folhas e sonhem com elas. São os poemas de Caymi mostrando as regalias da água, como se tem em seu belíssimo texto sobre a Abaeté.
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