O Movimento Monárquico
Barão de Penedo
Isaac
Vasconcelos Barros
Com as crises de identidade nacional, com as frustrações sobre os representantes políticos, com os conflitos de valores, principalmente de ordem moral e intelectual em nosso país, vimos estourar grandes manifestações no ano de 2013. Foram convulsões sociais que se protestava por tudo, e fazia-se de tudo, mas ninguém chegava a lugar algum. "O que fazer?" Era a pergunta ecoante na alma dos brasileiros de bem que queriam uma solução para um problema sentido mais que compreendido. Um cancro oculto dentro da alma da brasilidade. Um instinto que dizia que o animal está ferido. Vimos um país cheio de líderes, mas sem qualquer liderança.
"O que fazer?"
Pessoas se uniram. Procuraram estudo, conhecimento, em livros, em dados
estatísticos, em vídeos na rede, nas redes sociais. Procuraram a ciência.
Procuraram soluções. Uma busca que rejeitava por instinto qualquer “solução”
proposta pelo estamento burocrático de então. "O Brasil é o país do
futuro." Um futuro que parecia nunca chegar. Como um faminto que dorme, e
sonha que come, mas acorda e ainda está com fome.
Perguntaram-me por ocasião do lançamento do meu livro de ficção
científica "A Ordem dos Reis" em 2014 qual era a minha orientação
política. Respondi prontamente que não penso em partidos, mas em um sistema de
governo que funcione. E que “o sistema de governo que funciona pelo mundo,
inquestionavelmente, é a monarquia parlamentar.” Quando escutei aquelas palavras
saindo de mim, pensei (sim! como um eureka!, mesmo) "seria esta a solução
para o Brasil? Seria possível para o Brasil? Por que não?" Tais questões
vieram com pungência.
Fui pesquisar. Eu havia ouvido falar de um tal de Dom Joãozinho, que
ficou famoso na época do plebiscito de 1993, quando eu ainda era uma criança.
Comecei por aí. E foi um BUM!
Foi como a descoberta de um mundo novo! Ou, melhor ainda, um Brasil que
eu nunca havia conhecido. Um Brasil de se orgulhar. Conheci finalmente a
bandeira do Império do Brasil.
Que beleza de bandeira!
Aprendi finalmente que o verde é da Casa de Bragança, e não “do verde das
nossas matas”. E que o amarelo é da Casa de Habsburgo, e não “das nossas
riquezas minerais”. Descobri que “Ordem e Progresso” é um lema de uma religião
atéia, chamada Igreja Positivista, cujos princípios seduziram uns militares
ociosos com o fim da trágica Guerra do Paraguai, e com ideias utópicas
levantaram uma quartelada, manipularam um marechal e deram um golpe de Estado
em 15 de novembro 1889. Descobri que Deodoro da Fonseca era monarquista, e que
na “proclamação” que fizera, havia gritado “Viva o Imperador!”, mas enganado,
os canhões estouraram e os seus manipuladores berraram por cima “Viva a
república! Viva a república!”. E mesmo sendo presidente (eleito tão somente
pelos golpistas), Deodoro sempre posava para retratos com todas as suas
condecorações imperiais, entre elas, a Ordem da Rosa – uma condecoração íntima
da Casa do imperador, dada para aqueles que demonstraram amor e fidelidade à
Família Imperial. Que ele ameaçou os golpistas diversas vezes de acabar com a
república e chamar “o velho de volta”, mas nunca teve a coragem para tal.
Descobri que a música do hino nacional é a música da coroação de Dom
Pedro II, e que Deodoro se recusou a abandonar; e que apenas em 1922 por meio
de um concurso, foi comprada a letra que usamos hoje, a “Ouviram do Ipiranga”.
Aprendi que o verdadeiro hino nacional, o Hino da Independência, o “Já podeis
da pátria filhos”, fora composto por Dom Pedro I, e sua letra fora escrita e
doada por Evaristo da Veiga, um jornalista português que adotou o Brasil por
sua pátria.
E sucedeu uma miríade de descobertas… um reencontro. Horas e horas de
estudo dentro de Eduardo Prado e Joaquim Nabuco, artigos, vídeos de debates,
palestras, etc. Conheci pela internet o herdeiro constitucional do trono dos
brasileiros, Dom Luiz de Orleans e Bragança, e seus legítimos sucessores. Falei
com os príncipes. Encontrei pessoas que se diziam “monarquistas”. Percebi que
meu conhecimento estava completamente adulterado pelo ensino imposto pela
república através do MEC. Tive que reaprender toda a história do Brasil, o que
me lançou a um novo entendimento sobre o mundo. E uma nova compreensão de onde
estou e qual o meu papel. Enfim, tornei-me também um monarquista. Enfim,
encontrei a resposta daquela fatídica pergunta “O que fazer?”.
“Será que existem monarquistas em Alagoas além de mim?” Fiquei curioso,
ansioso. E, incrível! Existiam sim. E não eram poucos. E não eram recentes,
noviços como eu. Desde sempre houve monarquistas em Alagoas. Mas todas as
Constituições republicanas proibiam a discussão sobre outras formas de governo
que não a república. Os textos, os símbolos, os encontros, o ensino, eram
proibidos. Monarquistas ficaram na clandestinidade por quase cem anos! Até que
na ocasião da Constituinte de 1987, Dom Luiz corajosamente lhes escreveu um
manifesto:
“Quando o Império
era vigente, aliás, tal discriminação não se suportaria contra os republicanos,
que aqui gozavam de toda a liberdade. Se coisa diversa acontecesse, muitos
dentre os próprios monarquistas haveriam de cerrar fileiras em torno de seus
adversários políticos, para que tal liberdade lhes fosse concedida.
Como explicar que
o regime republicano — o qual se pretende ainda mais cioso das liberdades do
que o regime monárquico — tolha entretanto à causa monárquica o direito de
existir no coração de muitos brasileiros, de se propagar e de disputar ante o
Pais livre as preferências para si mesma? Não é isto amordaçar o Pais, impedindo-o
de escolher seus rumos quando e como ele quiser?”
Na época do plebiscito houve um
grupo forte aqui em Alagoas. Tentaram fundar um Círculo Monárquico Brasileiro
alguns anos depois. Mas a ilusão republicana, a massificação dos povos, e o
caráter mesquinho-prepotente comum ao alagoano médio reduziram os monarquistas
ao isolamento e deste, ao ostracismo. E assim permaneceram até virem novamente
as bofetadas que esse sistema de governo lança em rosto dos brasileiros de
tempos em tempos. São bofetadas seguidas de sopros de consolo, mas com um
hálito de uma carne comida de véspera. Lançam em rosto, os escarnecedores,
políticos de carreira, que o parlamento não é balcão de pedido do povo. Mas do
povo, os parlamentares tiram suas legitimações com o fito de exercer suas
efêmeras autoridades a fim de intervir em sua vida. Intervenções, estas sim, de
efeitos perpétuos. Fazem e desfazem, a despeito da opinião pública. Manipulam,
fragmentam, confundem o pensamento de um povo disperso. Votam às escondidas, os
mais funestos projetos à revelia dos anseios dos indivíduos. Colocam palavras
confusas em seus textos-lei dúbios. Não há nada que os freie, senão a ameaça ou
vantagens entre eles mesmos.
Diante disso, o sentimento de impotência. É necessário ir trabalhar,
conseguir o dinheiro para o leite das crianças. Voltamos para casa cansados…
precisamos relaxar e nos divertir um pouco, quem sabe? Tentar usufruir alguma
coisa dessa vida miserável, repetitiva… pensar em política? Mas que estorvo!
“Deviam ser todos presos.” “Mereciam uma boa vala” “Os homens do botão dourado
deviam colocar uma azeitona na testa desses!” Interessante como o brasileiro
odeia a política e os políticos de carreira, mas adora o sistema e o defende!
“Monarquistas?! Kkkkk” São os comentários de muitos nas redes sociais.
“Monarquia parlamentar? Ilusão! O brasileiro não tem cultura para isso.” É a
fala mais amena nas conversas cara a cara.
A verdade é que precisamos amadurecer e ser pragmáticos. Não dá mais para
viver a política como a um time de futebol, ou achar que é um corpo cósmico que
aparece a cada dois anos diante de um computador com uns botões. Se
verdadeiramente nos importamos conosco e com os nossos semelhantes, com nossa
progênie, precisamos fazer uma busca ativa pelo que comprovadamente dá certo na
administração da coisa pública. Precisamos nos expor: expor nosso parco
conhecimento, expor nossas vulnerabilidades. Admiti-las. Aprender com o
passado, não se esquivar do presente, e se preparar para o futuro.
Em 2015, quando nos encontramos através da internet, os monarquistas de
Alagoas estávamos desconfiados. Marcamos um encontro. Foram apenas dois.
Estenderam a bandeira do Império do Brasil sobre os braços de suas poltronas e
conversaram por duas horas sobre as virtudes do sistema de monarquia constitucional
parlamentar, sobre os erros e acertos de Dom Pedro II, as honras e vícios do
Império, e o estado precário da república presidencialista na qual estamos
presos. Por fim, despediram-se com uma foto para postar na rede, é claro.
Fizeram uma página na rede,
continuaram a procurar mais pessoas dispostas a discutir sistemas de governo e
meios para reordenar o Brasil. Trabalho árido, em terreno pedregoso. Quando as
circunstâncias mais uma vez empurravam os novos monarquistas de Alagoas ao
mesmo destino que seus desconhecidos antecessores, Mário Jorge, um novo
monarquista ligado ao Conservadorismo os encontrou. Em 2016 ele provocou uma
reunião mais compromissada. Daquela vez compareceram 7 pessoas. Ainda tímidas.
Uns com o conhecimento sobre o monarquismo ainda em broto verde, e de convicção
cautelosa. Decidimos iniciar alguma coisa. Uma coisa que reunisse pessoas, que
espalhasse os ideais monárquicos a todos os alagoanos, que promovesse elevação
na moral de nossos conterrâneos. Começou naquela reunião um esboço.
Semanas depois, encontramos Krystian Patrick, um monarquista aguerrido de
Arapiraca, que havia tempos divulgava os ideais monárquicos e o sistema de
governo moderno em sua cidade e por todo o Brasil por meio de eficiente ativismo
digital. E muitos outros que se achegaram para avolumar o grupo. Assim, o que
seríamos? Aventou-se o nome de “instituto monárquico”. Mas não desejávamos,
como grupo, ser reconhecidos por gente atrás de uma mesa, ou dentro de um
escritório, a tratar de tradição, ideologia, cultura e história. Era o nosso
desejo fazer, agir, realizar: ir portas afora. Éramos um movimento. Um
Movimento Monárquico. João Paulo, um monarquista em Alagoas voltado ao estudo
nobiliárquico histórico nos alertou da necessidade de distinção. Afinal,
estamos na terra dos Marechais… não podemos ser confundidos. É no mínimo algo
ousado essa empreitada! João Paulo nos lembrou do Barão de Penedo, do Visconde
de Sinimbu, e outros eminentes alagoanos do Império do Brasil, pessoas que por
uma vida cheia de atos nobres receberam o reconhecimento de sua nobreza.
Escolhemos levar o nome do
Barão de Penedo. Seu nome era Francisco Inácio de Carvalho Moreira. Nasceu em
Alagoas, na Vila do Penedo. Formou-se na Faculdade de Direito de São
Paulo, obteve
doutorado pela Faculdade de Direito de São Paulo. Foi advogado no Rio de Janeiro, deputado por Alagoas de 1849 a 1852. Em
1852, foi nomeado para representar o Brasil junto aos Estados Unidos, entrando para o serviço diplomático.
Exerceu vários cargos na Europa, entre eles o de ministro
plenipotenciário na Grã-Bretanha. Na Grã-Bretanha, o barão de Penedo
foi honrado com o doutoramento de Oxford, o primeiro até então concedido a um
cidadão do Novo Mundo. Recebeu, entre outras condecorações, a Grã-Cruz da Ordem
Militar de Cristo e a Imperial Ordem da Rosa.
Há brasileiros com nível (ou nobreza) semelhante ao de Barão de Penedo
hoje? Há, sim. Só não são bem-vindos no sistema que está. Podem até entrar, mas
não antes de efetuarem algumas mudanças de caráter. Como podemos negar que os
políticos de carreira não sustentam uma cleptocracia? Como defender eles?
Pretensamente podem advogar que o sistema republicano e a Constituição de 1988
promovem um progresso rumo a justiça social, a uma sociedade igualitária. Que
“nossa democracia é jovem”. Que vivemos num país livre. Que a culpa é da
desigualdade social. Monarquia é loucura. Estamos no caminho certo, e essa
história de monarquia é retrocesso.
A verdade é que somos um povo de diversidade, espalhado sobre um
território continental. A humanidade já é desigual por natureza.
É a consequência da liberdade. Lutar contra essa desigualdade só é possível por
meio de intervenções na vida particular das pessoas, que por fim, limitam em
graus variados a sua liberdade. Mas somente com a diversidade de ideias, de construções, de
vontades – enfim, com a liberdade – que se pode iniciar a busca por união. Esta
busca nem sempre é consciente ou voluntária. Nem sempre é pacífica e
harmoniosa. Aliás, é comum haver a falta de harmonia, que leve a disputas, e
das disputas a conflitos, e destes a destruição. Uma solução hipotética é a
aniquilação dessas desigualdades, para atingir uma perfeição social utópica. A
busca pela igualdade é uma desvirtuação do sentido de ser humano. Essa busca de
"igualdade social" acontece tipicamente em sistemas de governo
afastados dos indivíduos, autocráticos, em que há uma cisão entre o Estado e o
povo. Um governa um território por meio do trabalho de seus habitantes, o outro
formaria uma nação autodeterminada. O governo impõe a construção de uma ideia
social. E assim, passa a ser desumano. A suposta ou aparente união é uma farsa,
imposta por um poder operante, ilegítimo por não ter sido originalmente
procurado por vontade voluntária.
O respeito às diferenças é fundamentada no respeito à liberdade e a tudo
que foi construído por meio do exercício dela. Quando não existe este respeito,
sequer pelos indivíduos entre si, temos a anarquia. E novamente, os conflitos.
Os que sobram, feridos e cansados, enfim aquiescem por uma convergência. Chegam
afinal os divergentes a almejarem a ordem, a justiça e a paz. A suportarem-se
para encontrar um destino comum a realizar. Assim, todos com este intuito
cercam um que interpreta este ponto em comum no meio de tantos anseios. Este um
integrante destes diferentes, mas como tal por eles reconhecido, passa a ser o
elemento de união. É o legítimo monarca. O que seria o equilíbrio entre um
governo autocrático e a anarquia. É a monarquia. Para existir a monarquia é
necessária a liberdade e a busca ativa pela manutenção da ordem. Isto fomenta a
união real, e disto, um verdadeiro povo. Por isso se diz que o poder emana do
monarca. Não significa isto que o poder emana do sangue de uma dinastia, ou da
pessoa do herdeiro, mas sim da união de um povo. Este povo disperso, desunido,
vimos que não gera poder algum, apenas a ruína. Se aquele que ocupa o cargo de
monarca, por outro lado, deixa de interpretar os anseios do povo, ou passar a
ser um fator de desunião, seu sangue e seu nome já não valem nada. Não passa de
um impostor sob a coroa. Poder algum emana dele. O monarca continua existindo,
e o poder permanece a emanar dele, só não é aquele impostor sentado num trono
do qual não é digno.
Por 127 anos vemos indignos sentarem sobre um trono que sequer é trono.
Porem uma faixa, com mais poderes sobre o povo que uma coroa. Isso mesmo. TODOS
os presidentes de república tiveram mais poderes que nosso último imperador,
Dom Pedro II. Basta ler as Constituições de 1824 e as seis republicanas.
Como seria o nosso Brasil se o Chefe de Estado não fosse ligado a nenhum
partido político? Se não tivesse que pleitear com o interesse da oligarquia o
apoio para vencer eleições a cada quatro anos? Se fosse preparado desde criança
para este cargo? Se pudéssemos conhecer por décadas o futuro sucessor? Se
pudéssemos votar se queremos que ele continue ou que seja destituído? Se esse
Chefe de Estado pudesse dissolver o parlamento e convocar novas eleições
mediante a desconfiança do povo? Se o Chefe de Governo fosse apenas mais um
ministério? Se ele pudesse ser retirado por voto do parlamento ou do povo? Ou
ainda, pelo Chefe de Estado? Se tivéssemos plebiscito, em média, duas vezes a cada
mês? É assim que funciona nas monarquias parlamentares pelo mundo hoje.
Compreendendo a nossa verdadeira história e o funcionamento da moderna
monarquia; conhecendo nossos príncipes de hoje, a inequívoca ruína da
república, e tendo em vista quem são as excelências dela, o Movimento
Monárquico Barão de Penedo tem ido às ruas, com as bandeiras do Império do
Brasil, com os peitos e braços. Monarquistas alagoanos distribuem panfletos,
explicam princípios, dão entrevistas. Para todos, convidando a todos, de todos
os partidos, de todos os pensamentos. Buscando uma união mais excelente mesmo
através de nossas diferenças. Somos todos brasileiros.
O movimento de independência hoje tomou outra forma. O Império do Brasil
é a união política de todos os brasileiros. Não dependemos dos políticos de
carreira, nem de seu sistema corrupto e ilegítimo. Dependemos uns dos outros,
inclusive para nos libertarmos desse sistema que nos aprisiona num labirinto
enlameado de chorume. Suas promessas sempre foram ilusões. Seu apelo é pela
miséria que eles mesmos provocam. As benesses que alardeiam nos presentear são
meras devoluções parciais do que nos fora por eles confiscado.
Se a monarquia constitucional parlamentar é um sonho, a república é um
pesadelo difícil de se acordar. Nós, o Movimento Monárquico Barão de Penedo,
estamos aqui para isso. Para o despertar. Para levar a efeito nossa
independência. Para tomarmos nosso Brasil de volta, e sermos novamente
brasileiros. Diferentes, mas com um destino em comum a realizar. Pesquise,
comprove. Torne-se monarquista.
Esclarecedor. Ave, Império!
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