Esta matéria foi publicada em Campus, suplemento do jornal O Dia, editado em Maceió, nº 137, 11 a 17 de outubro de 2015
Obv. Este conjunto foi subdividido e em todos os artigos colocaremos, no final, o texto da Professora Alexandra Marchioni e os Dois dedos de prosa da edição 137. ESTE NÚMERO FOI POR ELA COORDENADO..
Urbanism. Capitalism. Space. Law
Quem é quem
Núcleo de Estudos e Pesquisas em Direito Internacional e Meio Ambiente
–Nedima que funciona na UFAL sob coordenação da professora Alexandra Marchioni.
Dois dedos de prosa
É instigante notar que vem sendo formada
uma nova geração de estudiosos do direito em Alagoas, e nisto, a professora Alexandra Marchioni tem um papel
relevante. Este número é mais uma demonstração de como se pode integrar alunos
à pesquisa e levá-los a pensar a sua circunstância, trabalhando a relação entre
sociedade e direito, vendo, com a participação dele, a construção do novo.
Estamos diante de textos de alunos e
professores que se filiam ao Núcleo de Estudos e Pesquisas em Direito
Internacional e Meio Ambiente –Nedima, que vem sendo um dos campos principais,
atualmente, de discussão sobre direito e o cotidiano alagoano.
Vamos ler.
Obrigado Professora .
Sávio.
O alcance do
direito à moradia adequada na cidade de Maceió: um debate necessário
Alexandra Marchioni
Alessandra Marchioni é professora na
Faculdade de Direito na Universidade Federal de Alagoas e coordenadora do
Núcleo de Estudos e Pesquisas em Direito Internacional e Meio Ambiente –Nedima.
Atualmente realiza estudos na área ambiental e urbanística e escreve sobre a
efetividade de normas internacionais em relação às minorias étnicas e grupos
sociais.
Durante
o Congresso Acadêmico Integrado de Inovação e Tecnologia (CAIITE) de 2015,
evento organizado por instituições de ensino médio e superior, públicas e privadas,
os membros do Núcleo de Estudo e Pesquisa de Direito Internacional e Meio
Ambiente-Nedima tiveram a oportunidade de apresentar e debater com o público presente
os resultados dos últimos cinco anos de pesquisa. Assim, é que a mesa redonda, intitulada: O “direito à moradia adequada” e o contexto da lógica capitalista na
cidade de Maceió, teve como objetivo geral discutir um conjunto de relações
sociais no espaço urbano de Maceió, tomando por hipótese o fato de que essas
relações estejam sendo determinadas por um tipo específico de sociabilidade: a
“sociabilidade capitalista”. Entre os objetivos específicos do encontro
estavam: a descrição de diversas abordagens sobre a cidade e sobre o espaço
urbano, os “olhares” da filosofia urbana de Henry Lefebvre, da geografia humana
de Milton Santos e de David Harvey e do urbanismo crítico de Ermínia Maricato,
e a verificação de algumas dessas referências nas características estruturais
da “produção do espaço urbano” em Maceió.
A partir desses
parâmetros, e em razão da vocação sócio-jurídica de seus membros, o Núcleo foi fundado
em 2009, na Faculdade de Direito da UFAL, não passou ao largo, a identificação das
funções da política urbana municipal e do uso do direito urbanístico na
concretização do “direito à moradia adequada”, tomando-se a cidade e certos
casos para análise.
É possível observar
práticas capitalistas nas cidades em geral? Referências capitalistas aparecem estruturadas
na cidade de Maceió? O “espaço urbano” tornou-se uma mercadoria? Quem tem
acesso ao mercado imobiliário em Maceió? O “direito à moradia adequada” vem
sendo garantido pelas políticas públicas urbanas do Município a todos, sem
distinção? O que dizem os órgãos judiciais? O que acontece nos casos da Vila
Emater 2, Grota do Índio 2 e que ocorreu na Vila dos Pescadores de Jaraguá?
Ora, se, como diz João
Paulo Netto, a sociedade é sujeito de
sua própria realização, é ela mesma a única capaz de desvendar as “noções de sentido” que lhe cercam e os “mecanismos
sociais de alienação” que se naturalizam no cotidiano da cidade, com destaque às
formas de relação econômica (e imobiliária) que se estabelecem e à
“coisificação” do espaço urbano.
Nesse sentido, as pesquisas alcançaram um resultado comum, qual seja: a
observação de um determinado padrão de comportamento social, verificável a
partir das tensões entre classes sociais que disputam o “lugar,
mais conveniente, para morar”, e das práticas e estratégias de dominação sobre
os investimentos públicos que garantam “melhoramentos às condições de moradia”.
Por último, cabe
refletir sobre a tarefa de realizar uma pesquisa na área das ciências sociais que
depende, via-de-regra, do estudo de diversas
áreas do conhecimento para alcançar a melhor apreensão possível dos
fenômenos da realidade. Essa metodologia levou em conta de um lado, os
conhecimentos históricos e contemporâneos sobre a qualidade de vida na cidade, e, de outro, alguns casos concretos de análise, em que se
observou a produção e reprodução
de desigualdades urbanas, com enfoque ao descumprimento da garantia ao “direito
à moradia adequada”.
Nesse contexto, e amparados pela metodologia
do geógrafo Milton Santos (2010), o conhecimento produzido sobre esses casos
concretos foi essencialmente organizado a partir de três espécies de fontes de
pesquisa: dados estatísticos, bibliografias e saídas de campo, todos os métodos
orientados no sentido de responder às questões centrais da pesquisa.
Nesse
primeiro volume do Campus, será apresentada a noção “produção capitalista do espaço”, sob
o ponto de vista da geografia urbana de David Harvey. Em seguida, será descrito
o processo de concentração e expansão urbana de Maceió, o qual pode também ser
interpretado pelo pensamento do filósofo urbano Henri Lefebvre, desde a sua
perspectiva de formação de uma “cidade do capital”.
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