Nunes é das beiradas do rio de São Francisco. Passei um bom tempo conversando com ele e tentando conseguir que assentasse suas lembranças num pedaço de papel. Hoje em dia, ele escreve e eu apenas digito. Devo dizer, que as reticências no texto são minhas e são coisas de cabeça seca. Por outro lado, sugeri alguns tópicos, como poderia acontecer com outro e qualquer amigo.
Nunes é considerado como espécie de guardião da história das tradições Kariri-Xocó. Ele lê muito e guarda grande parte do que é escrito sobre o seu e outros povos; anota o que dizem os mais velhos. No seu texto, é fácil verificar um pé na raiz e outro nas conversas dos cabeça seca.
No mais, gostaria de referir-me a uma fala de Maria de Lurdes, branca, casada com um Karapotó, gente com a qual Nunes tem relação de família. Na verdade, a Lurdes constrói um conceito de história que tem sua expressão, também, no texto do Nunes e que sigo assim, assim, assim na tentativa de historiar sobre os índios das Alagoas: "A história dos Karapotó é uma história. Uma história bonita e interessante. Já é de descendentes, bisavós, tataravós, de pai, de mãe... Vai passando de geração em geração. E cada um vai contando: meu avô me contava assim, assim, assim... Meu bisavô me contava assim, assim, assim... Meu pai me contava assim, assim, assim... e cada um vai contando" .
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José Nunes de Oliveira
Um pouco da minha infância
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