Jeferson Santos Da Silva
Cultura negra em Alagoas: uma construção de negritude
Dissertação PUC/São Paulo
2008
RESUMO
Etnicidade e identidade constituem assuntos bastante controversos na atualidade brasileira; haja vista o debate que cerca a adoção de políticas públicas que têm na raça seu critério de sustentação. Tal debate não é inédito; tampouco a prática de classificação com base na etnia. Neste trabalho; procuramos investigar como algumas organizações do movimento negro do Estado de Alagoas constroem e verbalizam sua negritude; tendo nas manifestações da cultura negra baiana (Salvador) uma importante influência na definição do que é ser negro para as organizações daquele movimento. Percebemos que não se trata apenas de um mero espelhamento; mas também de um modo através do qual os segmentos negros alagoanos externalizam sua cultura; de forma a ser melhor aceitos pela sociedade local; uma vez que os grupos negros de Salvador gozam de um respeito que podemos dizer nacional. Nesse processo foi se constituindo algo que denominamos como sendo um padrão de como afirmar a negritude; o qual ao invés de se voltar à sua cultura; buscou na afro-referêncialidade soteropolitana sua fonte de alimentação. Prosseguimos em nossa análise buscando investigar como a intervenção estatal nas entidades negras contribuem no processo de definição da cultura negra; bem como procuramos estabelecer um diálogo entre os militantes do movimento negro alagoano e os estudiosos que se debruçaram sobre o estudo da identidade negra. Aqui; constatamos uma forte tendência convergindo à construção de um individuo deslocado; não obstante o racismo situar o negro de forma bastante precisa na sociedade. Desenvolvemos ainda uma crítica ao fazer político daquele movimento uma vez que o mesmo se utiliza de signos que alicerçam o racismo em seu discurso e práticas políticas. Por outro lado; percebemos a necessidade do mesmo se portar de tal maneira; pois é assim que o negro existe; como negro.
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