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domingo, 2 de novembro de 2014

Rafael Aubert de Araújo Barros, Luiz Eduardo Simões de Souza. Revisitando Manuel Correia de Andrade: a pecuária na formação da estrutura socioeconômica de Alagoas no sertão nordestin



Dois dedos de prosa


Os autores estudam a obra de Manoel Correia de Andrade no que ela se relaciona à história da pecuária nordestina. Na realidade, o Professor Dr. Luiz Eduardo, que foi membro do corpo docente da UFAL, era orientador do economista Rafael Barros. Foi o próprio Luiz Eduardo quem nos encaminhou este artigo e deu, a si mesmo, a segunda posição na autoria.


Não me resta dúvida que Manoel Correia de Andrade é um dos nomes centrais para o estudo da história e da geografia do Nordeste e sempre me honrava a amizade que nos unia. É hora de recordar a última vez que nos encontramos aqui em Maceió: dois dias depois ele falecia e deixou, segundo sua filha,  em cima de sua mesa de trabalho, uma carta para mim.  Na verdade, até hoje eu não gosto de receber imêios de amigos e para eles, sempre reservo uma missiva escrita à mão e com minha antiga Parker 51 ou com uma antiquíssima caneta Compactor, daquelas que todo estudante tinha.  Às vezes, quando é mesmo o coração, escrevo com caneta de pena, daquelas que mergulhavam no tinteiro.


É assim Professor Manoel, que estou escrevendo esta Dois dedos de prosa,  pegando uma carona em textos de amigos,  para mais uma vez agradecer publicamente o tanto que o senhor fez por mim. Eu sempre me senti honrado por seus convites costumeiros.  E o senhor sabe de minha admiração por sua obra. É muita honra para um trágico comedor de sururu, conviver e privar de seu relacionamento. 

Não posso esquecer que o senhor é o autor de um dos mais importantes livros publicados no Brasil em toda nossa história e que o senhor me deu – guardo como relíquia – um  velho exemplar da primeira edição. Obrigado Professor Manoel, por tudo, especialmente por me ter publicado e me convidado para uns tantos encontros e seminários na Fundação Joaquim Nabuco.


Luiz Eduardo e Rafeal desculpem, mas a saudade e a emoção tomaram o texto. Mas devo deixar aqui, o imenso respeito e admiração  pelo professor  Luiz Eduardo que transfiro para seu parceiro neste texto.

Luiz Sávio de Almeida

Saudade, abril de 2014

Historiador e Economista formado pela USP. Professor Adjunto da UFJF, campus Governador Valadares. Autor de Formação Econômica do Brasil – Tópicos Especiais (LCTE, 2005), Contas Nacionais (LCTE, 2007), Elementos de Demografia Econômica (LCTE, 2006), Economia Brasileira: da Colônia ao Governo Lula (Saraiva, 2010) e Moeda e Câmbio (LCTE, 2014), entre outros. Rafael Aubert de Araujo Barros economista formado pela UFAL. Monografia premiada em 2013 pelo CORECON-AL. Vem estudando a obra de Manuel Correia de Andrade desde 2010


Revisitando Manuel Correia de Andrade: a pecuária na formação da estrutura socioeconômica de Alagoas no sertão nordestino



Rafael Aubert de Araújo Barros[i]

Luiz Eduardo Simões de Souza[ii]

Resumo:

Manuel Correia de Andrade (1922 – 2007) é uma das principais referências sobre a formação econômica do complexo nordestino.  No vasto conjunto de sua obra, o autor veio a tratar, com uma visão multidisciplinar, das relações sociais produtivas e sua influência sobre a formação da estrutura socioeconômica do nordeste. O presente trabalho visa expor e discorrer sobre as hipóteses do autor quanto à formação da economia do sertão nordestino, com ênfase na pecuária na construção da sociedade sertaneja, e de sua relação com o centro de poder político desde suas origens.

Palavras-chave: Formação Econômica do Brasil, Nordeste, Manuel Correia de Andrade, Pecuária.

 

1. Introdução




           
Manuel Correia de Andrade (1922 – 2007) é uma das principais referências sobre a formação econômica do complexo nordestino.  No vasto conjunto de sua obra, o autor veio a tratar, com uma visão multidisciplinar, das relações sociais produtivas e sua influência sobre a formação da estrutura socioeconômica do nordeste, sempre levando em consideração as questões climáticas e geomorfológicas especificas de cada sub-região.  O presente trabalho visa expor e discorrer sobre as hipóteses do autor quanto à formação da economia do sertão nordestino, com ênfase na atividade pecuária na construção da sociedade sertaneja, e de sua estreita relação com o centro de poder político, desde suas origens.

            Transitando com desenvoltura  entre  várias  áreas – Geografia,  História,  Economia,  Sociologia – e  em  seus  interstícios,  o autor  de A  Terra  e  o  Homem  no  Nordeste,  à  maneira  de  Josué  de  Castro  e  da  tradição  de  pensadores brasileiros  de  sua  geração  (Celso  Furtado,  Nelson  Werneck  Sodré,  Caio  Prado  Júnior,  Florestan Fernandes,  e  outros) buscou,  ao  longo  de  sua  vida  acadêmica,  a  explicação  de  um  problema  de  solução necessariamente multidisciplinar: o subdesenvolvimento e a pobreza, presentes em um país naturalmente rico  como  o  Brasil.  Para tanto, e é provável que pelo uso de multidisciplinaridade, Manuel Correia de Andrade também não se limitou a aplicar os esquemas interpretativos importados das metrópoles de ocasião, colocando o entendimento objetivo da realidade regional antes de um ajuste mais próximo aos espéculos de análise dos esquemas teóricos que utilizou, como na tradição de vários pensadores brasileiros, servindo-se deles antes de a eles servir.

            Manuel Correia de Andrade buscou entender o papel da pecuária nordestina na expansão da ocupação do território rumo ao sertão, estabelecendo não apenas relações resultantes de atividades reflexas à cultura da cana, mas novas formas de lidar com os recursos de capital e trabalho disponíveis.  Nessa trilha, Andrade encontrou não apenas resultados empíricos interessantes, muitos dos quais contribuíram para análises mais amplas da formação econômica do Brasil, mas também o seu próprio entendimento da formação econômica nordestina, sobretudo do papel da pecuária, caracterizada de forma única, adequada e precisa por ele como ultra intensiva.



2. O Desbravamento do Sertão Nordestino no Período de Colonização





            Ao analisar a expansão do território colonizado é importante denotar o impacto que tal processo teve sobre aquele que já habitavam os espaços englobados, no caso do sertão nordestino as áreas mais férteis eram ocupadas por diversas tribos que foram massacradas, escravizadas ou assimiladas aos povoamentos coloniais nascentes.            

            A necessidade de consolidação da posse sobre o território da parte da coroa portuguesa durante o processo de colonização parece ter sido o elemento chave da origem e fortalecimento da classe dos grandes latifundiários, capazes de movimentar recursos suficientes para garantir o território da colonia portuguesa. À margem da concentração dos meios produtivos nos grandes latifundiários, foram-se formando pequenas sociedades marginais de posseiros e vaqueiros, que adentraram cada vez mais na inóspita vegetação da caatinga, constituindo a vanguarda de uma sociedade desigual que abriu os caminhos do sertão para a chegada dos senhores de terras. Com relação aos grandes latifundiários, Manuel Correia de Andrade expõe:

“Garcia d’Ávila e seus descendentes, porém, estabelecidos na casa-forte da baía Tatuapera – a famosa casa Tôrre -, embora não desdenhassem as possibilidades de riquezas minerais, deram maior importância ao gado e desde então o governo de Tomé de Souza, trataram de conseguir doações de terra, sesmarias, que cada vez mais penetravam o sertão, subindo o Itapicuru e o Rio Real, para alcançar o Rio São Francisco.”(ANDRADE, 1963. p.177)

            Na maioria dos casos, os proprietários das terras viviam nas cidades do sertão, envolvidos em atividades comerciais, enquanto as fazendas era administradas por seus vaqueiros. Os fazendeiros proprietários das terras tinham a função de, durante os períodos de chuva, fiscalizar o trabalho dos vaqueiros e corrigir quaisquer irregularidades.

            Com a virada do século XVII para o XVIII, as grandes sesmarias tomaram os sertões da Bahia e de Pernambuco, incluindo a parte ocidental do que é hoje o estado de Alagoas. Manuel Correia de Andrade, em sua famosa obra A Terra e o Homem no Nordeste, aponta a produção de couro e leite para o consumo interno como um dos traços característicos da população sertaneja, sendo isso devido as grandes distâncias e à escassez de outros produtos que não aqueles derivados do gado bovino, suíno e caprino. O autor discorre sobre as características da sociedade sertaneja do século XVIII da seguinte maneira:

“Nestes sertões desenvolveu-se uma civilização sui generis. Aí os grandes sesmeiros mantinham alguns currais nos melhores pontos de suas propriedades dirigidos quase sempre por um vaqueiro que ou era escravo de confiança, ou um agregado que tinha como remuneração a “quarta” dos bezerros e potros que nasciam. Outras áreas eram dadas em enfiteuse, os “sitios” que correspondiam a uma légua em quadro e eram arrendadas a 10 mil-réis por ano aos posseiros. As grandes distâncias e as dificuldades de comunicação fizeram com que aí se desenvolvesse uma civilização que procurava retirar do próprio meio o máximo, a fim de atender às suas necessidades.” (ANDRADE, 1963. p.180)

            Mesmo nessa sociedade afastada de vaqueiros e posseiros, a influência dos poderes governamentais tinha grande força para a formação e estabelecimento das relações sociais de produção. Não é à toa que as principais atividades desenvolvidas na época eram subprodutos da pecuária, tendo em vista que essa tinha uma função complementar para com as regiões primário-exportadoras. Assim, criou-se um modelo de crescimento dependente, cujas atividades do interior do nordeste seguiam as tendências dos proprietários das terras.

            Na análise da formação das estruturas produtivas e sociais do sertão, deve-se levar em conta a pequena intensidade do trabalho escravo utilizado, que devido às condições ambientais, aos grandes custos de transporte e à baixa produtividade das terras, não foi plenamente empregado na região durante o período colonial, sendo que o trabalho assalariado fora o escolhido para a expansão da pecuária extensiva por dentro do sertão. Quanto à não aplicação do trabalho assalariado no sertão, Manuel Correia explicita:

“(...) Numa área em que quase a cada decênio havia uma grande seca dizimando o gado e provocando a migração dos proprietários mais sólidos, não poderia dar bons resultados o emprego de grandes cadeias de escravos. (...)” (ANDRADE. M. 1963, p. 178)



            O “imperialismo[iii]” da cana-de-açúcar, característico da economia nordestina até o início do século XX, fez uso de uma relação de dependência da principal atividade econômica realizada no sertão para criar um vinculo de “serventia[iv]” dos interesses da maior região abrangida no nordeste - o sertão -  com os interesses das atividades financiadoras e estruturantes da hierarquia de classes dividida não somente por nível de renda, mas também por localização geográfica.

            Durante o desenvolvimento da economia nordestina nos últimos cinco séculos, as mudanças na estrutura social de produção do nordeste têm ocorrido geralmente de maneira conjuntural, de forma que somente destaca-se de maneira acentuada a ampliação do trabalho assalariado decorrida no século XIX e início do século XX. Entretanto, essa mudança na estrutura ocorreu de forma a manter as bases de dependência intactas, e teria caráter reacionário a uma tendência que não somente vinha do nível nacional, como também do internacional, com as dificuldades impostas ao tráfego negreiro.

3. O Sistema de Criação da Pecuária no Sertão





               A pecuária e agricultura de subsistência são praticadas nas serras e na caatinga do sertão, de forma que durante o período de chuvas, o gado pasta na caatinga para aproveitar-se da abundancia das pastagens. Ao mesmo tempo, é realizado o cultivo de gêneros agrícolas diversos nas serras. Com a chegada das secas, o gado é levado às serras para pastar o resquício da  produção agrícola. A forma a qual é configurado o sistema de criação da pecuária no sertão nordestino é  denominado ultra extensivo em campo aberto com migrações sazonais. Manuel Correia de Andrade assim o conceitua:

“O sistema ultra-extensivo em campo aberto é aquele dominante nas áreas subpovoadas, de pastagem pobres e em que a terra não é apropriada individualmente, ou o é, mas tem pouco valor. O gado tem ai uma grande facilidade de adaptação ao meio, geralmente hostil, e dá um baixo rendimento.”(ANDRADE,1976, P.208)

            Dentro desse sistema de criação, o gado predominantemente híbrido alcançado através do cruzamento entre os bois descendentes da antiga linha colonial do tipo crioulo e o posteriormente introduzido zebu, acaba perdendo valor, o que se intensifica pelo efeito de secas prolongadas. Os longos caminhos de gado que iam desde o Maranhão passando pelo Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, até Olinda, ou cruzavam o Piauí, rumo a Salvador, foram de fundamental importância para o povoamento da região, sendo que esses criaram uma rede de atividade complementar à da agricultura canavieira, de modo a transferir parte do excedente populacional, e garantiu o suprimento de matéria prima lavoura açucareira.

            Dentro de uma das regiões mais prejudicadas pelo meio ambiente, caracteriza-se a exploração de uma mão de obra em situação de miséria com grandes jornadas de trabalho que não geram renda suficiente para o trabalhador que lhe dê capacidade de subsistir, forçando muitos a migrarem para as áreas litorâneas ou para outras regiões, em época de secas prolongadas esse processo se dá de maneira acentuada, o que leva à ampliação do processo do êxodo rural.       Com o surgimento das usinas de açúcar e do aprimoramento do cultivos da cana, tornou-se possível o aproveitamento da área dos tabuleiros. Isso teve repercussões sobre os estabelecimentos agrícolas e principalmente sobre a pecuária, que até meados do século XX dominavam a região. Ao avançar a cultura canavieira para as terras dos tabuleiros, a pecuária passou a ser expulsa para as hinterlândia do sertão, englobando espaços que, por terem vegetação mais escassa e períodos de secas mais longos, tendem a diminuir a produtividade dos animais. Um exemplo disso é o caso do estado de Alagoas que “a pecuária não tem, na parte meridional das Alagoas, a importância que teve no passado”(ANDRADE,2010. p. 71). No agreste do estado de Alagoas, o gado é criado com intuito de complementar a cultura canavieira, ocupando áreas não utilizadas no cultivo da cana e na produção de estrume para o plantio.

            A mão de obra empregada no sistema de criação de gado do sertão nordestino tornou-se predominantemente assalariada. Entretanto, até meados do seculo XX, a pecuária utilizava-se de um sistema de trabalho em que o vaqueiro era a figura central, que administrava as fazendas com a criação e transporte dos rebanhos, como sua função principal.

            Esses vaqueiros eram remunerados com uma “quartição” do rebanho, ou seja, esses recebiam 25% dos bezerros produzidos na fazenda. Manuel Correia de Andrade, ao descrever a vida dos vaqueiros na fazenda, aponta ao fato de que, apesar da aparência de tranquilidade da criação em um sistema ultra extensivo, pela simples noção de criação dos animais em campo aberto com pouca interferência, isso não é verdade. De fato, o trabalho de um vaqueiro é árduo. Andrade discorre, conferindo uma estocada final na visão idílica de Roberto Simonsen, influenciado por Oliveira Viana, a respeito da rotina do vaqueiro[v]:

 “Parece à primeira vista que o gado criado sôlto, à lei da natureza, permite ao vaqueiro uma vida morigerada, de pouco trabalho,êste, porém, é árduo e contínuo. Passa o vaqueiro grande parte do tempo montado a cavalo percorrendo a fazenda, fiscalizando as pastagens, as cêrcas e as aguadas. Nas migrações, conduz o gado a lugares distantes na ida e no regresso visitando-o algumas vêzes durante o “refrigério” para informas-se do estado do rebanho. No “inverso, com o gado recolhido às “mangas”, reúne os bezerros à tarde para que durmam presos, e ordenha as vacas pela manhã. Sua família se encarrega da fabricação por processos rotineiros, do queijo e da coalhada. Neste período é que êles cuidam da reconstrução das cêrcas e currais; zelam pouco pela casa de taipa onde residem principalmente depois que o proprietário eliminou a “quartiação”, pois o pagamento em moeda é considerado pelo vaqueiro como um esbulho parcial do seu salário.” (ANDRADE, 1963. P.197)

            Pode se perceber claramente o quão desigual o sistema de criação da pecuária sertaneja é com uma mão de obra sobre-explorada, vivendo em situação de miséria e, acima de tudo, alienada quanto ao valor de seu próprio trabalho.

4. Algumas Considerações

 


            Um passo importante é a caracterização da atividade pecuária na ocupação do sertão nordestino como um sistema “ultra extensivo em campo aberto”, enquadrando as características da atividade em si, utilizada não apenas para o aproveitamento de seu produto, mas também para a expansão da posse por sobre o território brasileiro, incorporando de maneira mais refletida as características humanas e econômicas da geoeconomia do tema. Essa caracterização é original e precisa e constitui uma importante contribuição de Manuel Correia de Andrade ao entendimento do assunto.

            A pecuária sertaneja parece ter nascido para preencher as lacunas que a cultura canaveira não contemplou, inicialmente tendo duas funções primordiais: (1) abastecer os centros litorâneos com animais para força motriz; e (2) ocupar o espaço que não poderia ser abrangido pela principal atividade exportadora. Isso posto, a pecuária era e ainda é uma atividade dependente da demanda por insumos, criando assim uma estrutura de dependência que exerce forte influência sobre a configuração da própria atividade e de suas relações sociais produtivas.

            A ultra extensividade, associada ao caráter sazonal, parecem condenar o produto da pecuária ao consumo intraregional, e mesmo ao autoconsumo. Ainda que, a princípio, o objetivo de tais atividades seja, em primeiro lugar, justamente o abastecimento interno, chama a atenção o emprego de extensões largas de terra e o uso de mão de obra, reses, recursos naturais e tempo em uma atividade de baixíssima produtividade a qual, ainda hoje, graças à força do aprendizado tradicionalista, reproduz atividades que têm como consequência a própria condição menor da atividade de criação de gado. Hoje não mais se faz se necessária a ocupação de território em caráter extensivo por gado, a menos que se fale em grilagem.

            Contudo, a necessidade de concentrar-se a terra da parte da classe proprietária dos meios produtivos, os latifundiários, faz com que não apenas duas culturas sofram em sua produtividade – a pecuária e a própria agricultura – mas o próprio desenvolvimento da região se torna atrofiado, caracterizando o atraso econômico das estruturas arcaicas que sustentam a economia do sertão nordestino. Seriam esses os gargalos impostos por um conjunto de características herdadas do período de formação e expansão da pecuária pelo sertão, que faz com que seja difícil superar os problemas sociais e econômicos da região.

            A solução para tais impasses apresentada por Manuel Correia de Andrade, em sua época – a saber Reforma Agrária e desconcentração da posse dos meios produtivos – ainda hoje parece ser a mais adequada à resolução do problema do subdesenvolvimento regional. Como na época, o problema político, reflexo e causa das condições estruturais de produção, persiste.







[i]              Economista formado pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL). Membro do GEEPHE (Grupo de Estudos em Economia Política e História Econômica).

[ii]             Doutor em História Econômica, Professor Adjunto da Universidade Federal de Juiz de Fora – campus Governador Valadares (UFJF – GV).

[iii]            O termo é amplamente utilizado por Manuel Correia de Andrade em A Terra e o Homem no Nordeste.

[iv]            Idem nota 4.


[v]             SIMONSEN, 2005, p. 198.

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