Os caminhos tortuosos da violência
Vera Valério
Vera Valério formada em jornalismo pela Universidade Federal de
Alagoas em 2001. Foi chefe de reportagem, editora-adjunta de Cidades e Editora
de Cidades, do extinto O Jornal de 2005 a 2012. É produtora da TV Educativa de
Alagoas desde 2005. Em 2013 assumiu a
função de editora-chefe do Programa Fique Alerta.
Dois dedos de prosa
A
violência é um dado dominante dentro da constelação de problemas chamada
Alagoas. Está em todas as conversas, em
todos os lugares, afeta classes sociais e segue sua faina cotidiana. Esta
ênfase, segundo demonstra o Banco de Dados
do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Direito, Sociedade e Violência do
Centro Universitário CESMAC que acompanhou
em 2012 e 2013 as matérias publicadas sobre o assunto pela imprensa diária de
Maceió.
Alguns
poucos jornalistas dedicam-se sistematicamente à escrita sobre violência,
partindo de diversos pontos, defendendo posições diversas em uma pauta que
parece vai ocupando cada vez mais o espaço dos jornais e matéria de pauta
obrigatória pelas redações. Concordando ou não com o que enunciam, dizem,
pregam e argumentam estes jornalistas, é
de se reconhecer um fato básico: tornam-se senhores de uma grande informação
sobre o quadro que se desenha em Alagoas. E têm o que falar.
O
texto que vamos apresentar, é da editora
de um dos mais importantes programas de nossa televisão e que faz a crônica da
violência especialmente em Maceió. É sem dúvida importante ouvi-la e Campus
agradece sua gentileza, sua disponibilidade de dialogar sobre o assunto,
ajudando-nos a montar o painel que desejamos dar à sociedade alagoana sobre si
mesma. Vera é membro do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Direito, Sociedade
e Violência do Centro Universitário CESMAC.
Maceió,
agosto de 2014
Luiz
Sávio de Almeida
Os
caminhos tortuosos da violência
Vera Valério
Nos
últimos 20 anos a violência tem sido, paulatinamente, um dos indicadores negativos
com o crescimento mais vertiginoso no nosso país. E o Nordeste, sendo uma das regiões mais
castigadas, ao longo de sua história de colonização, exploração e atraso, foi
um terreno fértil para a proliferação dessa “doença social” que nos aflige. É
claro, que sendo Alagoas, um dos estados mais pobres da federação, também
colheríamos os frutos que outros plantaram e que nós ajudamos a plantar,
explico em breve essa “parábola da colheita”.
Há
cerca de um ano por conta da minha profissão, sou jornalista, tenho me deparado
diariamente com relatos de vítimas de violência, ou tenho tido contato com
casos e mais casos de violência, de toda natureza. Vejo cotidianamente a face
mais cruel da violência, que é a exclusão social. Para mim, a grande matriarca
de todas as outras formas de violência. Em quase todos os relatos a que tenho
acesso, vindos geralmente das pessoas mais pobres, classes “D” e “E”, a violência aparece como algo fisiológico.
O
mais preocupante é que cada vez mais cedo a violência vem sendo normalizada na
periferia da capital e também no interior do Estado. Crianças de 11, 12 anos
com fichas criminais extensas, semianalfabetas, mas letradas no crime. São
massas de alta resiliência cooptadas na infância que têm os direitos
negligenciados, desde o ventre da mãe ( que quase sempre também não teve nenhum
dos direitos garantidos pela Constituição Federal preservados) que crescem à
beira de esgotos, em casas de papelão e zinco e que aprendem desde muito cedo a
distinguir, um revolver 38, de uma pistola ponto 40, mas que não sabem nem
assinar seu próprio nome.
Seria simplista atribuir aos
nossos péssimos índices na Educação a culpa por todas nossas mazelas. Se tudo
isso fosse apenas culpa da nossa falta de escolaridade, os índices de violência
teriam caído nos últimos dez anos. De acordo com dados do IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística), do Censo Demográfico de 2010 , Alagoas
tem 22,5% da população com mais de 10 anos de idade analfabeta.
A taxa no Estado é quase 13%
maior que a nacional (9,6%). Ainda que o resultado mostrado pela pesquisa
realizada pelo IBGE seja ruim, em 2000,
a situação era muito pior. O índice registrado no penúltimo Censo chegava a
31,8%. Em 10 anos, o Estado conseguiu reduzir a taxa em pouco mais de 9%. Mas,
e a violência caiu junto?
Pelos dados do Mapa da Violência 2013, com dados catalogados entre
2000 e 2010, Maceió está no topo da lista das capitais mais violentas do
Brasil. Além da falta de educação de qualidade e em tempo integral para as
crianças, adolescentes e jovens, outros fatores também têm relevante contribuição nestes índices.
Um deles, a circulação
de armas de fogo. É muito difícil saber o número exato,
pois quem tem armas não as declara, mas estima-se que sejam 120 milhões de
armas de fogo em circulação no país. Segundo documento divulgado pela
entidade Small Arms Survey em julho de
2013, o Brasil ocupa a quarta posição no ranking de maiores exportadores de
armamentos do mundo. De acordo com o relatório, em 2010, o país vendeu US$ 326
milhões (R$ 736 milhões) em armas e munições, ficando atrás apenas dos Estados
Unidos (US$ 821 milhões, ou R$ 1,6 bilhão), da Alemanha (US$ 495 milhões, ou R$
1 bilhão) e da Itália (US$ 473 milhões, ou R$ 950 milhões). Isto é o que sai do
país, o que entra ilegalmente, por motivos óbvios, não é contabilizado.
A taxa do número
de vítimas de arma de fogo em Maceió é quase dez vezes maior do que o
considerado 'tolerável' pelas Organizações das Nações Unidas (ONU). De acordo
com a ONU, o índice tolerável é de dez homicídios por 100 mil habitantes; em
Maceió, a taxa é de 94,5 por 100 mil. Quanto ao número
de vítimas de arma de fogo, Alagoas figura na terceira posição. Um salto de
17,5 (em 2000) para 55,3 (em 2010); o que representa um crescimento de 215,2%.
O investimento do Governo Federal, com o programa Brasil Mais
Seguro, causou aparentemente uma retração no número de homicídios, isto de
acordo com os dados do Mapa da Violência de 2014. Eles mostram que apenas cinco Estados conseguiram
reduzir suas taxas de homicídios. Dois deles — Rio de Janeiro e Espírito Santo
— se mantiveram praticamente estáveis, com quedas de 0,3% e 0,4%,
respectivamente. Os outros três foram Alagoas, com retração de 10,4%; Paraíba,
com 6,2%, e Pernambuco, com 5,1%. Ainda assim Alagoas continua entre os dez
estados com maiores taxas de homicídio do país.
A falta de escolaridade, a falta de oportunidade de
emprego e renda, a livre circulação de armas e mais um ingrediente nessa
receita explosiva: o tráfico de drogas.
São fenômenos que separados não formariam um quadro tão
grave. Há uma grande circulação e disponibilidade de armas de fogo no Brasil,
isso é fato. Mas nos Estados Unidos da
América ( EUA) também há grande circulação de armas de fogo, mas o número de
homicídios é três vezes menor do que o registrado no Brasil todos os anos. É
fácil perceber que o determina essa liderança perniciosa na nossa sociedade é a junção do primeiro fator, com uma cultura
da violência, uma disposição para matar, diante de qualquer conflito; matar o
adversário, o vizinho, o motorista do carro que te fecha no trânsito, a mulher
que te trai, o funcionário que te rouba, o chefe que tem mais dinheiro que
você...E nessa disposição para o crime, vamos perdendo vidas e nos
envergonhando do futuro que estamos construindo.
Lá no início deste texto eu falava da “parábola da
colheita”, herança que outros plantaram e que ajudamos a plantar. Uma das
colheitas obrigatórias que fazemos nos dias de hoje é a péssima situação nos
sistemas de educação pública e todos os seus reflexos. Esse esfacelamento não
se deu da noite para dia. Foram décadas e décadas de descaso, falta de investimento, desvios de recursos,
resultando no que temos hoje. Sem o pilar primordial da educação nada se
sustenta. Nenhuma mudança de realidade, cultura, forma de pensar, se dará sem o
trabalho minucioso da educação.
Mas por que ajudamos a plantar? Por que não
cobramos melhorias, não nos importamos com o nosso voto, não nos indignamos com
nossa juventude sendo perdida diariamente para o crime. Achamos ainda que a
morte é o melhor remédio para combater a criminalidade.
Dos
vários especialistas em segurança pública que já ouvi, nenhum deles é a favor
da pena de morte. Só levanta e empunha essa bandeira, na maioria das vezes,
quem tem alguma pretensão de convencer massas, sejam pretensões eleitorais ou
de audiência. Sentença de morte é
irreversível e erros judiciais ou de investigação acontecem com muito mais
frequência do que é divulgado aqui em Alagoas, no Brasil e no Mundo. A Anistia
Internacional calcula que, desde 1973, pelo menos 138 condenados à morte nos
EUA acabaram sendo absolvidos antes que a pena capital ( pena de morte) fosse
executada. Se tivessem morrido, não haveria, é óbvio, reparação possível.
O argumento de que a pena de morte é eficaz na redução da criminalidade também é falacioso. Porque nos 36 estados americanos que adotam a pena, o índice de assassinatos por 100 mil habitantes é maior que o registrado nos outros 14 estados que não condenam à morte. Na França, especialistas em segurança pública garantem que a violência não explodiu depois que a guilhotina foi aposentada, em 1977. No Irã, o exemplo é inverso: a pena de morte foi reintroduzida em 1979, com a revolução islâmica, mas não significou nenhuma redução das taxas de criminalidade.
O argumento de que a pena de morte é eficaz na redução da criminalidade também é falacioso. Porque nos 36 estados americanos que adotam a pena, o índice de assassinatos por 100 mil habitantes é maior que o registrado nos outros 14 estados que não condenam à morte. Na França, especialistas em segurança pública garantem que a violência não explodiu depois que a guilhotina foi aposentada, em 1977. No Irã, o exemplo é inverso: a pena de morte foi reintroduzida em 1979, com a revolução islâmica, mas não significou nenhuma redução das taxas de criminalidade.
Uma pesquisa realizada em 2010 pelo instituto
Gallup apontou que, apesar de todas as evidências contrárias à pena de morte,
64% da população dos EUA ainda a aprovam. Mas eles já foram muitos mais.
"A pena de morte é a mais cruel, desumana e
degradante forma de punição", declarou a imprensa americana Irene Khan,
ex-secretária geral da Anistia Internacional. "Decapitação, eletrocussão,
enforcamento, injeção letal, fuzilamento e apedrejamento não têm mais lugar no
século 21."
Execuções em 2010
China - *
Irã - 252
Coreia do Norte - 60
Iêmen - 53
EUA - 46
Arábia Saudita - 27
Líbia - 18
Síria - 17
Bangladesh - 9
Somália - 8
Sudão - 6
Autoridade Palestina - 5
Egito - 4
Guiné Equatorial - 4
Taiwan - 4
Bielo-Rússia - 2
Japão - 2
Bahrein - 1
Botsuana - 1
Iraque - 1
Malásia - 1
*O governo chinês não informa, mas estima-se que o número tenha ultrapassado a soma de todos os outros 20 países que executaram penas de morte em 2010.
Fonte: Anistia Internacional
China - *
Irã - 252
Coreia do Norte - 60
Iêmen - 53
EUA - 46
Arábia Saudita - 27
Líbia - 18
Síria - 17
Bangladesh - 9
Somália - 8
Sudão - 6
Autoridade Palestina - 5
Egito - 4
Guiné Equatorial - 4
Taiwan - 4
Bielo-Rússia - 2
Japão - 2
Bahrein - 1
Botsuana - 1
Iraque - 1
Malásia - 1
*O governo chinês não informa, mas estima-se que o número tenha ultrapassado a soma de todos os outros 20 países que executaram penas de morte em 2010.
Fonte: Anistia Internacional
Apedrejamento,
linchamento, sociedade doente e ensandecida
Se pelo mundo governantes e autoridades veem que
não há mais lugar no século XXI para este tipo de agressão e tortura, aqui no
Brasil nos deparamos com o crescimento dos casos de linchamento. Baseados no
discurso de que se a Justiça e a Polícia não agem a comunidade tem que agir, as pessoas vêm
aplicando o Justiciamento e o número de vítimas dessa histeria coletiva vem
aumentando. Impossível não citar aqui o caso da dona de casa linchada por moradores do bairro Morrinhos, em Guarujá (litoral de São
Paulo), confundida com uma suposta praticante de magia
negra e executora de crianças, que foi brutalmente assassinada. Fabiane Maria de Jesus, de 33 anos,
morreu depois de brincar com um menino que ela não conhecia e oferecer
uma fruta para ele. É o que sustentam os parentes da vítima, segundo relatos
colhidos por eles com testemunhas do crime. Segundo os parentes e relatos da
imprensa nacional, Fabiane teria visto uma criança sozinha na rua. Além de
brincar com a criança, ela teria chegado a dar uma fruta para o menino _ Fabiane
havia feito compras instantes antes. Mas a mãe da criança viu a cena, e
achou que a desconhecida seria a tal bruxa que assombrava a região, boato que
havia sido espalhado pelo perfil do Facebook chamado "Guarujá
Alerta". E começaram a agredi-la por causa disso.
Aí se destaca mais uma vez a responsabilidade da
imprensa nessa disseminação do terrorismo e da violência. Adjetivos como
monstro, terror e outros tantos são usados para “desumanizar” os autores de
crimes brutais ou não e justificar a “ira reparadora da sociedade”.
Aqui em Maceió, nos também já temos vítimas dessas
práticas, um trabalhador foi confundido com um assaltante no inicio deste ano, no Centro de Maceió, por que correu quando viu
a polícia e a multidão gritando “pega ladrão”.
Foi espancado pela população, preso pela polícia e na delegacia, após
ter a inocência comprovada foi liberado. Mas já tinha sido humilhado e essa
marca ninguém vai conseguir apagar da memória dele.
É bem recente também a destruição da casa e do
estabelecimento comercial de dois suspeitos de matar uma criança no Conjunto
Cidade Sorriso, parte alta de Maceió. A população enfurecida, destruiu
completamente os imóveis dos suspeitos, numa tentativa de mostrar a revolta e
ódio pelos criminosos. Se esquecendo que na verdade prejudicavam também o
trabalho da polícia. Pois, junto com a casa possíveis indícios ou provas também
foram destruídos.
Uma sociedade justa e evoluída, como queremos ser, não pune os autores de crimes brutais com os
mesmo requintes de crueldade empregados por eles, isto seria voltar a idade
média, visto ainda que o objetivo da pena não é a vingança, mas sim a
responsabilização pelos atos cometidos.
É inegável que nosso sistema jurídico e nosso Código
Penal, nos dão essa infeliz sensação de impunidade. Nossas cadeias, centro de
recuperação juvenil e presídios não cumprem o papel a que se destinam. São
verdadeiras universidades para o crime, com um intercâmbio mais eficiente dos
já vistos pelo mundo. E também sabemos que muitos desses indivíduos não têm
recuperação, muitas vezes por psicopatias graves e mantê-los isolados para
sempre do convívio social seria sim a
única opção.
Há luz no fim desse túnel?
Mas
há pelo mundo bons exemplos de cidades e povos que conseguiram se livrar do
estigma da violência? Como? Qual o caminho? Não me atreveria a apontar a
fórmula mágica para acabar com a violência em Alagoas, por que em alguns
momentos chego a temer o futuro e achar uma meta impossível. Mas se existem
esses bons exemplos por que não tentar segui-los? Não simplesmente importando
as experiências, por que esse caminho de resolução dos nossos problemas urbanos
deve ser empírico, mas vale entender como se deu o caminho de redenção em
alguns lugares do mundo.
Colômbia dá exemplo
para reduzir violência.
As cidades
de Bogotá e Medellín se tornaram laboratórios
sobre como
prevenir e como
combater à criminalidade.
Níveis de pobreza ainda são altos, mas essas cidades conseguiram reduzir suas taxas de homicídio em 79% e 90%, respectivamente . Medellín passou de capital da violência a laboratório da paz. Desde o início dos anos 90, homicídios caíram de 360 por 100 mil habitantes para 39. Governos nacional, estadual e municipal se uniram contra o narcotráfico, os paramilitares e as guerrilhas, entre elas Farc e ELN.
Aí vem o nosso maior desafio, por que
nossos governos não conseguem essa união de forças para começar a mudar essa
realidade? Será que a não está da hora da “politicagem” dar lugar a projetos de Estado. Que devem ser
mantidos com lisura e compromisso independente da legenda partidária que
representem. A resolução do problema da violência, é sem dúvida, demorada,
trabalhosa e já está atrasada. O que se espera para resolvê-lo? Acredito que
depende de nossa ação individual e coletiva. Individual sendo mais criteriosos
nas nossas escolhas, mais conscientes do nosso papel como integrantes da
sociedade. Não são só, os nossos representantes políticos que vão resolver a
doença da nossa sociedade. E coletiva quando pensamos como sociedade, o que
queremos para os nossos filhos e netos? Que legado queremos deixar e que
cidade, país eles vão ter que enfrentar?
Que cidadãos são esses que estamos preparando?
Que
não há um consenso sobre o que causa a violência, e como reduzi-la não é
novidade. Para um dos fundadores da Sociologia, Émile Durkheim (1978), "a
violência é um subproduto social decorrente de falhas no processo de
socialização das pessoas e da ineficiência das instituições sociais
modernas". Para Marx (1971) ela seria resultante das lutas de classes.
Apesar
de discordar do positivismo de Durkheim, uma das afirmações dele no que fala de
políticas públicas voltadas às crianças, é uma lição de casa fácil de cumprir; "A
consciência não contém ainda senão pequeno número de representações, capazes de
lutar contra os que lhe são sugeridos; a vontade é ainda rudimentar. Por isso,
é a criança facilmente sugestionável. [...] realmente, só uma cultura
amplamente humana pode dar às sociedades modernas os cidadãos de que elas têm
necessidade".
O
tácito nessa questão da violência é que ela não pode ser tratada apenas como
plataforma eleitoral. Pois assim, foi feito ao longo das décadas e como
consequência disso chegamos a esse estado lamentável de verdadeira guerra
civil. A responsabilidade pela criação da cultura de paz e de politicas
consistentes é da sociedade e de seus representantes. Sem justiça social e sem reformas estruturais que mexam no sistema
penitenciário e no modelo obsoleto de Polícia Civil e Militar, o caminho vai
ser longo, sofrido e tortuoso.
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