Problemas comuns nos países em desenvolvimento incluem a desnutrição energético-protéica e a anemia ferropriva. Estas carências nutricionais são comumente associadas ao parasitismo intestinal; causando prejuízos ao crescimento e desenvolvimento infantil; além de aumentar os riscos de morbimortalidade. Entretanto; estudos têm demonstrado controvérsias a respeito desta relação. O presente trabalho tem como objetivo avaliar a associação entre parasitoses; estado nutricional; consumo alimentar e indicadores sociais em crianças e adolescentes; residentes numa área de invasão em Maceió; Alagoas. Para tal; realizou-se um estudo de delineamento transversal com 367 indivíduos menores de 16 anos; residentes em uma área de assentamento subnormal de Maceió; Alagoas. Foram realizadas avaliações parasitológica; sócio-econômica e nutricional. Para os exames coproparasitológicos foram utilizados os métodos de sedimentação espontânea e Kato-Katz. Os dados socioeconômicos foram coletados através da aplicação de questionários abordando aspectos referentes às condições de moradia; características econômicas e comportamentos relacionados à educação sanitária. A avaliação nutricional incluiu inquérito dietético; exame bioquímico e avaliação antropométrica. Na avaliação dietética utilizou-se o método da Necessidade Média Estimada (EAR) como ponto de corte; sendo os dados coletados através de recordatório de 24 horas; ajustados quanto à variabilidade intrapessoal. Foram dosadas as concentrações séricas de hemoglobina; ferro sérico (FeS) e ferritina (FER) para avaliação do estado orgânico de ferro. As medidas antropométricas foram avaliadas através do índice altura para idade e do índice de massa corporal para idade; expressos em escores Z em relação ao padrão antropométrico de crescimento da OMS 2005/2006. A associação entre as variáveis foi realizada por análise logística bivariada seguida da multivariada. Em todos os testes; foi adotado um nível de significância estatística de 5%. A população estudada não possui saneamento básico; encontra-se nas piores classes econômicas e a maioria dela possui renda menor ou igual a um salário mínimo. A freqüência de enteroparasitoses nas crianças e adolescentes foi 68;0%; sendo 63;7% com poliparasitismo. Do total de indivíduos avaliados pela antropometria; 12;3% apresentou déficit estatural e 3;5% baixo peso. As freqüências de déficit estatural (12;3%) e sobrepeso (13;4%) foram equivalentes. Dosagens abaixo da referência para FER; FeS e Hb foram encontradas; repectivamente; em 15;9%; 33;2% e 10% dos indivíduos. Com relação ao consumo alimentar; 5;6% apresentavam ingestão energética excessiva e 3;7% insuficiente. A freqüência de ingestão protéica inadequada variou de 28;6% a 47;8% entre as faixas etárias; e o consumo dos micronutrientes foi mais deficiente na faixa etária de 1 a 3 anos. Na verificação da associação entre as variáveis; não foi possível construir um modelo logístico multivariado final para déficit estatural e baixo peso; pois não foi encontrada associação destes agravos antropométricos com as demais variáveis. A concentração sérica de FER; concentração de FeS e classe econômica associaram-se com anemia. As enteroparasitoses apresentaram associação com classe econômica e aglomeração familiar. Devido à morbidade causada pelas parasitoses; e os efeitos prejudiciais da anemia e nutrição inadequada para o crescimento e desenvolvimento de crianças e adolescentes; os resultados apresentados alertam para a necessidade de implantação de ações para correção dos problemas identificados.
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