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Um pouco sobre a construção de Maceió
Luiz Sávio de Almeida
I - A busca por um lugar para o capital
(Notas de atualização: final do trabalho)
A institucionalização de uma Maceió de serviços e de praça
de negócios – tornada orgânica bem posteriormente com a Associação Comercial –
foi uma das grandes movimentações do capital durante a história provincial das
Alagoas e as consequências serão sentidas
por anos de processo político, a começar com a crise da Assembleia
Provincial e a desembocar pela guerra entre os Lisos e Cabeludos.
É
interessante observar, logo no inicio deste texto, que Mello Povoas era portador
de ideia de modernização e que ela demandava
a quebra da posição das Alagoas, atual Marechal Deodoro, que embaraçava
o andamento dos negócios, tendo perdido a sua utilidade dos começos da colonização, inclusive como guardiã dos
vales do Sumaúma, do Paraíba e do Mundaú, bem como do São Miguel, rios que
levavam à mata e aos tabuleiros.
Existiriam passos a serem dados e rápidos na vida de
Alagoas tendo em vista a atualização econômica e um deles seria maximizar a
oportunidade da exportação, procurando
pontos de escoamento das mercadorias e aumentando a velocidade de todo o
sistema. Isto era uma preocupação que antecedia a vinda de Mello Povoas e
pesava, no contexto, a estruturação da
presença inglesa em Maceió, uma presença portuária que vai sendo solidificada e
irá demonstrar-se em um crescendo na vida da Província e da cidade. Na
realidade, a ideia de porto levava a pensar em calado e proteção e o melhor que
se poderia encontrar era Jaraguá, embora
sendo, também, um fundeadouro de difícil manejo em face dos ventos.
Embora com
empecilhos naturais, Jaraguá seria
próprio para o momento econômico, para a dinamização dos negócios. Ele estaria
dependendo de um centro com capacidade de aportamento e isto pelo litoral. A posição de Alagoas era de interior, não era
litorânea e, por outro lado, inexistiria comparação entre a qualidade de
Jaraguá/Pajuçara e a do Francês/São
Miguel e nem mesmo o São Francisco iria responder por esta necessidade de
afirmação de um locus para o capital
exportador, pela sua posição sul, longe do norte açucareiro e onde se ponderava
a grande riqueza tanto na colônia quanto naqueles começos de Capitania, onde
estava a ponderar o encaminhamento dado por Mello Povoas.
As grandes
casas comerciais demandavam um centro que correspondesse a uma praça de
negócios, capaz de dar identidade de serviços ao local, um novo rol de
comportamentos e costumes que se deveriam alinhar à necessidade de consolidação
comercial. Esta seria uma inovação no sistema e é o que responde por uma reação
do capital ao padrão das solenizações que se encontrava nas torres das igrejas
de enunciado arquitetônico nobiliárquico.
Maceió é uma cidade que existe pela necessidade de uma praça de
negócios, de uma atividade que é sublinhada pela pauta da exportação ou pela
finalização da rede de negócios.
Estamos diante de uma cidade
burguesa. O velho amigo Clarival do Prado Valadares que andou entre nós, em conversas sempre deixava claro que os
grandes monumentos de Maceió eram os trapiches de Jaraguá, tradução do fato de
sermos uma cidade de transição da mercadoria em busca da finalização do
ingresso, da renda.
A
institucionalização desta Maceió – tornada orgânica bem posteriormente com a
Associação Comercial – foi uma das grandes movimentações do capital durante a
história provincial das Alagoas e as consequências serão sentidas por anos de processo político, a começar com a
crise da Assembleia Provincial e pela guerra entre os Lisos e Cabeludos.
É evidente
que 1817 pesa pelo fato de ter sido criada a capitania, mas a mudança substancial vai ser dada quando
começam contradições vindas, possivelmente, dos fins do século XVIII entre a solenização de um
senhorial e a racionalização do capital. Os navios passaram a ser fundamentais
e isso anulava as torres de conventos e
igrejas. Eles precisavam ser resguardados e ter-se ganhos de calado.
II - Interesses senhorias e das casas comerciais
A Igreja se Taperaguá |
Isto nos leva a ver uma Maceió fundamentalmente
serviços, tendo de ser construída e é
esta a razão que se encontra ligada à chamada transferência do cofre. Há um
pacto do capital comercial, empenhado na
circulação para fora da mercadoria com o
capital empenhado na gestão direta agrária, sublinhado o porto e suas funções
de serviços, inclusive governamentais, no interesse de ambos na manutenção do
sistema de produção e portanto político.
Havia uma
separação entre os interesses senhoriais e os das casas comerciais. Havia uma cadeia de extração de lucro
diferenciada; os primeiros montavam seus lucros a partir da posse da terra e da
exploração da força de trabalho escrava, enquanto os segundos geravam seus lucros a partir da intermediação e,
inclusive, operando com financiamentos, de tal modo que não fosse a forte
estruturação da dominação na base, estariam controlando, efetivamente, todo
sistema. Mas eram extremamente poderosos
embora pouco tenha sido abordado sobre eles.
A produção
direta estava no controle da propriedade da terra e na exploração da mão de obra escrava que eram do
âmbito propriamente senhorial; o
processo de circulação da mercadoria com seu destino para fora da Província
ficava com a praça de negócios ou as casas que faziam o encaminhamento da
exportação, com fortíssima presença estrangeira e com ênfase em comerciantes
ingleses.
Isto nos
leva a ver uma Maceió fundamentalmente serviços, tendo de ser construída e é esta a razão que
se encontra ligada à chamada transferência do cofre. Há um pacto do capital
comercial, empenhado na circulação para
fora da mercadoria, com o capital
empenhado na gestão direta agrária, sublinhado o porto e suas funções de
serviços, inclusive governamentais, no interesse de ambos na manutenção do
sistema de produção e portanto político.
Um deles
estaria na produção das mercadorias que eram chaves da pauta de exportação e o
outro, na circulação desta mercadoria para fora da Província e, aí, as casas comerciais se estabelecem na montagem
urbana que lhes é concomitante, em torno do fundeadouro de Jaraguá, mantendo-se,
por outro lado, o núcleo inicial que havia sido plantado, dizem alguns, em face
de um engenho de açúcar que existiu.
III - A destruição de uma almanjarra
Uma rua de Marechal Deodoro |
Desde 1822 tínhamos, efetivamente, a presença de um
Vice-Cônsul inglês a cuidar dos súditos de Sua Majestade e, dentre seus interesses, o principal seria vinculado
a negócios. E o peso deles, jamais poderia ser sustentado por importação. A
afluência a um mercado interno não seria e nem poderia ser forte; não havia
alto poder de compra.
Seria
fundamental sabermos o modo como este engenho foi desaparecendo para dar lugar
ao povoado; ele acaba ainda no século XVIII e tão radicalmente isto acontece
que não deixa vestígio no povoado e na vila e na cidade, tornando-se um marco
sem lembrança, possuído a bem dizer no imaginário de quem o cultivava e até
mesmo fez nascer sua imagem de capela em uma pintura de gosto duvidoso. Difícil
um marco como um engenho que era assentado com seus bois e lavouras, sumir sem deixar vestígio na memória urbana,
desaparecer por encanto, especialmente quando se dizia que ele ocupava o aplanado e uma colina marcante na paisagem.
O reservo,
a lavoura, o pasto, a bagaceira teriam de estar na parte baixa na proximidade
do engenho, ele mesmo, se estava na posição que sempre foi dita, vendo o
íngreme da ladeira pelo seu lado esquerdo e a que seria a do Algarve logo por
sua frente. Deveria ser um denada; pela posição teria de ser almanjarra e quem
sabe um pequeno estabelecimento rapadureiro, não tendo peso no desenvolvimento
da economia que se formava ligada à estrutura de serviços e que logo deve tê-lo
descartado. Neste sentido, Maceió não se origina de um engenho: Maceió destrói
um engenho de almanjarra por ter a função econômica e política de centro de
serviços.
IV – As casas estrangeiras
Desde 1822 tínhamos, efetivamente, a presença de um
Vice-Cônsul inglês a cuidar dos súditos de Sua Majestade e, dentre seus interesses, o principal seria vinculado
a negócios. E o peso deles, jamais poderia ser sustentado por importação. A
afluência a um mercado interno não seria e nem poderia ser forte; não havia
alto poder de compra.
Palácio do Governo |
Desde 1822
tínhamos, efetivamente, a presença de um Vice-Cônsul inglês a cuidar dos
súditos de Sua Majestade e, dentre seus
interesses, o principal seria vinculado a negócios. E o peso deles, jamais
poderia ser sustentado por importação. A afluência a um mercado interno não
seria e nem poderia ser forte; não havia alto poder de compra.
Os ingleses
estavam aqui e são a primeira religião não-católica a acontecer efetivamente em
Alagoas, ao ponto de que no primeiro quarto do XIX tínhamos a ilustração
política de um cemitério inglês como já mencionamos (ver Nota 2) A segunda representação consular foi americana e eles
todos tinham costados nos negócios que se implantavam. Raríssimo seria o
estrangeiro que estivesse a plantar cana ou fosse banguezeiro: coisa
praticamente inexistente. Isto era para quem tinha costados nos lados da
produção agrícola; para ele, o inglês, o estrangeiro interessava a
intermediação da exportação: o resto era miunça. São poucos os exemplos
como de Mornay.
Aliás, uma das funções do consulado inglês era cuidar de seus mortos, sinal de que os vivos eram suficientes para um campo santo próprio e seus negócios pontilhavam.
Vale a pena
explorar o fato de que o comércio ou as casas comerciais como se dizia,
estariam representando o grande interesse do capital que necessitava de plantation ou condição de produção assemelhada.
Isto é fundamental, pois revela a coexistência e articulação do agrarismo com o
capital, o que pode ser alinhado de modo claro, na medida em quem em 1.750
surge o algodão na esteira da revolução industrial. Na economia, um gênero alimentício passa a compor com um
gênero agora industrial por excelência e os tentáculos do capital inglês
assentam-se especialmente nos começos do século XIX.
É de se ver
a possibilidade de considerar a plantation
como instrumento da construção da economia pelo capital mercantil. Ela surge
cumprindo sua performance econômica associada ao envio de mercadoria para o
mercado europeu. Seguindo os passos iniciais de Mintz[i]
em sua busca por uma antropologia que desse conta do significado da plantation, ela existia fundada na
grande propriedade, na mão de obra escrava, no mercado e fazia parte de uma
economia construída para fora, aduzimos para nos acercarmos das Alagoas.
Uma ponte
política articula o sistema e estenderá a Província das Alagoas para o mercado
externo sem que o agrarismo sofra contestação. Pelo contrário, ele confirma-se.
Na verdade, Londres estava aqui e nós estávamos na Inglaterra em um eixo lógico
para o capital, na sustentação do sistema, de tal modo que a articulação de um
pacto seria natural entre produção e distribuição. Assim, a chamada elite
comercial era reduzida aos interesses do sistema e se estivesse, para avanço do
capital, partidária de inovações,
pactuava com a conservação de formas de dominação. O capital não se
multiplicava internamente por inovações na produção e vai interferir, sobretudo, em uma das fases do
processo que seria a distribuição, e, desta forma, dando uma dinâmica ao deslocamento da produção.
Mesmo
quando surge a possibilidade de industrialização pelos lados de Penedo e quando
surge Fernão Velho na sua transposição de
engenho para ser um banguê-têxtil,
a força do sistema será lançada na distribuição, a produção desloca-se com
maior velocidade e isto vai dinamizar Maceió que responde, urbanamente, por
este momento e passa a representar um
mundo rural de produção, com a presença clara do interesse inglese,
necessariamente casados com o algodão. As condições que os ingleses alcançam
para seus mortos era idêntica à que tinham no mundo dos negócios.
V – Mudanças no modo de ser
A mudança para Maceió foi um dos raros momentos de
atualização de nossa vida política e econômica, pois acontecia um fato de
inegável consequência política: a produção estava especializada no espaço, mas
faltava o grande centro de decisões a ser montado. Nisto, supera-se Alagoas e
efetivamente funda-se a Maceió dos negócios.
Convento e Ordem Terceira |
É que o desalojamento de Alagoas da posição de
Capital reajustava, também o modo senhorial de celebrar-se na cidade e não de
apenas estar de negócios nela. Note-se o quanto foi gasto na sustentação das
torres, espigões para o céu de acomodações mundanas pelos lados da cabeça de
comarca dos idos de 1712. Agora, Maceió representaria uma praça, um campo de
negócios e não de veneração. Leve-se em conta o tempo que passou para que
tivesse um templo matriz considerado de porte para uma capital.
A mudança
foi fundamental e significaria uma aparente contradição entre querer o velho
mantido, mas sob atalho novo.
Desejava-se a base do agrarismo, o senhorial sobre a escravidão, a posse da
terra, mas precisava-se de negócios. Maceió resulta do aclaramento que estava
sendo dado à pauta de exportação. O investimento prioritário não se encontrava
no culto ao interno, mas no desenvolvimento de uma ligação, o estabelecimento
de um link forte capaz de dar
continuidade ao sistema.
Descarta-se a antiga capital e rapidamente ela
se verá apenas com a sombra do que era. A sustentação para o cerimonial
cotidiano se esvaiu, ficando poucos recursos para a manutenção de tantas torres
de igreja. Seria natural que assim fosse: a sua posição lógica para comando do
sistema e que se dava em 1712 já estava superada em torno de um século, tal a
dinâmica que sem dúvida, o passou pela economia e o algodão ajudou a arrastar
ou, melhor dizendo, o vapor.
A mudança
para Maceió foi um dos raros momentos de atualização de nossa vida política e
econômica, pois acontecia um fato de inegável consequência política: a produção
estava especializada no espaço, mas faltava o grande centro de decisões a ser
montado. Nisto, supera-se Alagoas e efetivamente funda-se a Maceió dos
negócios. Por isto mesmo, ela teria de ser a correspondência urbana do que se
plantava com o agrarismo da posse da terra. Todo o processo deveria estar
harmonizado, mas harmonização significa equalizar sobre as diferenças.
Note-se
quanto tempo foi necessário para Maceió ter uma matriz decente, mas note-se como foi sendo construída a sua rede de
trapiches. Os modos maceioenses de ser contrapunham-se aos modos alagoanos encostados
a uma lagoa, interiorizado, correspondendo a um tempo anterior de função de
proteção a quatro vales fundamentais para o açúcar e que seriam em diretura
sul, o São Miguel e o Sumaúma e em diretura norte: o Paraíba e o Mundaú.
Pensar Maceió equivalia em pensar no deslocamento da
mercadoria, em finalizar a montagem da renda e do produto e, nisto, a economia
política centralizava os interesses do agrarismo e dos tentáculos da revolução
industrial. Embora se possa considerar uma afirmativa discutível, convém, sem
dúvida, levar em conta que Maceió era o
resultado demorado da queda do antigo regime, quando ele se atualiza perante o
universo da economia europeia.
Esta
introdução em que pesa Maceió, não pode prescindir do trato de Penedo, que
teria alta representatividade do que se passava a oeste, na esteira das
ligações do São Francisco até mesmo com o alto sertão pernambucano. Ele estaria
basicamente, à época, correspondendo ao algodão e cumpria o abastecimento do
mercado interno de inúmeras mercadorias, mas assumia como porto, embora
fluvial, características que mudando o que deve ser mudado, assemelhava-se
verdadeiramente à Maceió, embora a consequência da transferência da capital não
fosse a mesma para ele, como se a rota de acumulação do capital pelo mundo
sanfranciscano tiversse aventuado nível de liberdade face ao que se dava no
norte provincial.
VI – A impossibilidade de Penedo
Penedo
representava um outro universo para o capital e à possibilidade de associar o
centro urbano a um complexo fabril que ficará claro em torno de 1850; a
diferença essencial é o baixíssimo peso do açúcar na formação do produto
interno bruto e, por outro lado, ser fortemente representativo do grosso da
produção das bacias sanfranciscanas, semiárido. Nisto, ele que foi preterido em
1712 e era pensado em função dos sertões, por uma Alagoas em termos de
segurança, conseguiu estabelecer um caminho de independência, ao viver uma
economia que se montava sobre o caudal do rio e a secura esperada para o
semiárido. Penedo e Alagoas tiveram condições de serem
ponderados em 1712 pela segurança. Agora, a posição de Penedo estava mantida e
a das Alagoas estava vulnerável e as razões são encontradas na natureza
econômica e política, pelo encontro de um verdadeiro ponto territorial de gestão.
Para tanto,
foi necessário que os deslocamentos do capital no espaço e a correspondente
tensão política fundassem regiões de produção e, sem dúvida, uma comparação
entre os termos das Comarcas de Penedo e Alagoas pode agora ser realizada,
entendendo-se que este processo seria interferente no modo como a população
estava organizada. A tese é simples: uma
população não se encontra realizada por algum acaso qualquer: ela é vinculada à
estrutura de construção do espaço.
Um dos
nossos pressupostos é o de que as áreas de produção estavam consolidadas, com o
açúcar, algodão e pecuária e combinações e pode-se ver o que estava
correspondendo na microrregião leste em contraposição ao somatório do agreste e
do oeste. Temos de considerar que outras
culturas estão nos intervalos entre as
três atividades mencionadas e centrais nas pautas de exportação, uma das
garantias fundamentais para os ingressos financeiros no tesouro provincial.
Estas
seriam mercadorias a que vamos tratar como coloniais, terminologia corrente. E
esta foi a grande função do agrarismo: manter em longo prazo a relação econômica estabelecida
em três vetores e, para tanto, exercer artimanhas e estratégias precisas de
dominação, uma das mais inteligentes sendo o pacto com o capital hegemônico nas
relações, indo pelo viés do mercantilismo e atingindo a revolução industrial.
É a chegada
política dos efeitos da revolução industrial que renovam o pacto entre o
agrarismo local e a formação capitalista hegemônica e com o capital mercantil
local subsidiando a construção do
capital industrial que nos atinge, sobretudo, em sua função têxtil pelo consumo
do algodão, mas que nos gera o principal insumo da produção e que será o
vapor/circulação e não o vapor/indústria, devendo ser observado que nenhum avanço
fizemos para a operação de engenhos a vapor.
Maceió passa a ser a resposta
urbana à atualização mercantil, ao dar maior velocidade aos seus negócios e
pelo encontro de uma melhor disposição de fundeadouro. Bem mais importante,
portanto, do que a luta armada que se fez é a transição que se operou. Não há uma transformação da economia, pois a
sua organização sempre estaria resguardada. Para esta transformação de fato
existir teria de haver mudança no trato da propriedade e da escravidão. Mas,
sem dúvida, buscava-se mais gerência e maior velocidade. As quatro primeiras
décadas do século XIX foram definidoras da Alagoas provincial, começando por
1817, mas o impacto na economia acontece com a chamada transferência do cofre
em 1839. Durará para que outra aconteça, até que se avance para a década de
cinquenta e se tenha o vapor como opção, um vapor que atingirá, também, a
distribuição e incidindo basicamente no transporte que vai existir nas lagoas
Mundaú e Manguaba, na subida e descida do Rio de São Francisco e depois no que
movimentará trens de ferro.
Na realidade, em ligeiro exame da
economia do século XIX, o grande impacto que aconteceu foram o fundeadouro de
Jaraguá que se firma como opção principal de porto e a disponibilidade do vapor
e, também, as modificações que se fizeram na base da força de trabalho.
Observações
1. 0 - Ao que tudo indica e seguindo um caminho aberto por Sant'Ana, as primeiras casas que se instalam são filiais da Bahia e isto refere ainda a 1830. Posteriormente é que vai sendo estruturada organizamente a condição de uma praça e nisto se adentra a vida econômica pela os anos 60 do XIX.
Ver Sant'Ana, Moacir Medeiros de. Contribuição à História do Açúcar em Alagoas. Recife, Museu do Açúcar, 1970, p. 33.
2.0 - Conforme o mesmo Sant'Ana, um cemitério para os ingleses estava discutido logo em 1825 (ver nota 1). Em 1833 havia pendência judicial com relação à construção provavelmente de muro do cemitério, como se pode ver em libelo cível cujo autor era Alexandre José da Costa e o réu era Robert Gray. Cobrava os tijolos que havia vendido e isto no ano de 1829. Os tijolos foram conduzidos por quatro cavalos conduzidos por dois escravos, acompanhado por um homem livre que a tudo fiscalizava. Este cemitério ficava "em seguimento à Praia de Jaraguá". Ver: SILVEIRA, B. Cemitério dos Ingleses de Jaraguá. Gazeta de Alagoas. Maceió, 14 abr. 1839, p. 3.
[i]
MINTZ, Sidney. A Antropologia da
produção de plantation. In: SORJ, Bernardo; CARDOSO, Fernando Henrique; FONT,
Maurício (Org.). https://books.google.com.br/books?id=2HAuBAAAQBAJ&pg=PA1966&dq=significado+de+plantation&hl=pt-BR&sa=X&ved=0ahUKEwjstJ2GrfDKAhUBCpAKHRD9AY4Q6AEIJDAB#v=onepage&q=significado%20de%20plantation&f=false
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