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quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Imprensa e história: tudo sobre Campus.


 

  

 

 

O suplemento Campus

A Direção de O Dia

Um pouco de história

Campus é herdeiro de um projeto que se desenvolve pelo menos por cinco anos,  tendo começado em O Jornal  com uma coluna chamada Espaço. Posteriormente, o projeto deslocou-se para a Tribuna Independente com o nome de Contexto e, finalmente, em torno de três anos vem tendo continuidade através de O Dia – de onde não pretende deslocar-se. Ele tem por objetivo principal compor um grande painel sobre Alagoas, passando, especialmente, pelas áreas de memória, história e ciências sociais e artes. Seus textos normalmente são pequenos ensaios sobre nossa vida dando, especialmente, oportunidade a novos autores e, desta forma, pretende renovar o modo como se fazia o jornalismo cultural, desprovincializando o conteúdo, aproximando-o, sobretudo, da população acadêmica de Alagoas que já está na incrível marca de cem mil matrículas.

É matéria, portanto, do interesse direto do mundo acadêmico, mas abriga, também,  material produzido fora deste circuito, como, por exemplo, pelo que é considerado periferia. Vamos, então, desde textos ditos de excelência, produzidos pelos doutores e mestres pesquisadores, até ao que  é produzidos pelos autores da periferia que, possivelmente, teriam dificuldades de veiculação da produção que realizam.  Na verdade, espera-se que Campus/O Dia cumpra o papel de viabilizar produções periféricas, abrir caminho para novos atores que desejem contribuir na escrita sobre Alagoas, levar a produção acadêmica para a comunidade e, sobretudo, ser um grande painel sobre nossa vida.

Como funciona

                Tudo começou quando em uma disciplina que ainda ministra em mestrado da  Faculdade de Arquitetura, o Professor Luiz Sávio de Almeida começou a ler algumas provas e sentiu que o esforço do aluno acabaria no momento em que fosse dada a nota e tudo ficaria perdido no mar da Universidade. Chamou alguns alunos  perguntou se não desejavam aumentar mais um pouco, fazer um pequeno ensaio ou algo parecido e divulgar para o público em geral através de jornal. Poucos toparam, mas começou um caminho que nunca mais parou e tudo foi  a partir de O Jornal, passando depois para a Tribuna e finalmente ancorando em O Dia.

O material é coletado por um núcleo de base, composto por pessoas com ligações em  determinados setores. Além do mais, o coordenador do suplemento que é o professor Luiz Sávio de Almeida, também entra em contato com possíveis articulistas. Isto monta uma rede de grande penetração em diversos setores de produção cultural; basicamente, os contatos são virtuais, utilizando-se, sobretudo, o face book. A agilidade faz com que se mantenha um estoque de artigos em diversas áreas, dando cobertura, principalmente, a quem é inédito. Isto leva a que se crie uma espécie de  redação paralela de altíssimo nível intelectual.

Este, na realidade, é um serviço que O Dia presta a Alagoas, abrindo espaço, divulgando e montando um singular painel sobre nossa circunstância histórica. Tanto atualmente, quanto no futuro se terá uma boa coleção de pequenos ensaios. Este é mais um caminho para atingir a sociedade, valendo dizer que Campus não censura texto mas, também, exige uma linguagem adequada e que não haja qualquer defesa de crimes. O espectro político é aberto e tanto é assim, que existe uma notação no jornal afirmando que o artigo pode não coincidir no todo ou em parte com o pensamento do suplemento. Por outro lado, a direção de O Dia também dá liberdade ao suplemento e jamais interveio em qualquer matéria que tenha sido encaminhada pela publicação. É claro, também, que a redação de Campus jamais poderia propor uma subversão ao que se propõe o jornal.

Claro que o suplemento varia na qualidade, mas esta é uma circunstância normal do que é publicado em série, mas a média é sem dúvida boa e interessante e não se pode deixar de considerar que cumpre um papel de relevo na imprensa alagoana. É uma atividade consolidada em seu fluxo de ligações junto à comunidade e também internamente, quando se trabalha com a própria estrutura de O Dia.

Atualmente, Campus conta com uma rede de pessoas fixas e pertencentes à estrutura operacional de O Dia, tendo Cícero Rodrigues como ilustrador, Jobson Pedrosa  na diagramação, Iracema Ferro na revisão. Especificamente vinculados a Campus/O Dia tem-se Professor Luiz Sávio de Almeida como coordenador, a Professora Melissa Mota que é coordenadora da Editora, Professora  Alexandra Marchioni ligação com a área de direito e cidade;  Carlos Lima – mestre em História – que e faz a ligação com os movimentos sociais, Professor Cícero Albuquerque que faz a ligação com o semiárido,  Professor Eduardo Bastos, ligação com artes plásticas e design e, finalmente, Félix Baigon, músico e que faz a ligação com sua área artística. Além destes pertencia também ao grupo de ligação, o jornalista Railton Silva que deixou uma posição formal dentro do grupo, continuando como colaborador,  para dedicar-se integralmente à sua atividade profissional como militante na imprensa local, correspondente de jornal e um dos dirigentes da página Grito na Luta.

Este grupo se articula e vem produzindo um suplemento a cada semana em praticamente três anos de operação ou seja, em três anos gerou em torno de 144 números, em torno de 2.520.000 toques com espaço, um grande volume de trabalho. Giram em torno de Campus por semana umas trinta pessoas as fora da  composição que apresentamos: são pessoas escrevendo, pessoas sugerindo, pessoas entregando material... Então, é como se existisse uma redação paralela somente cuidando do suplemento que, como dissemos, pode variar a qualidade mensal, mas sempre está em um bom patamar.

Problemas mais importantes

Campus tem apenas três problemas: o primeiro foi ter abandonado o planejamento da distribuição paralela à de banca que funcionava praticamente como distribuição dirigida, atingindo de perto aos estudantes universitários, publico da maior importância para os objetivos do suplemento. O segundo é a ausência de artigos de jornalistas e que visem dar maior integração entre o suplemento e o cotidiano da sociedade em seus momentos atuais. São situações fáceis de controlar e de refazer, o que se tentará neste segundo semestre. O terceiro é o controle em banco de dados, do que vem sendo feito para dar velocidade à pesquisa. O banco está pronto, em operação mas não foi mantido. Estamos revelando estes problemas, para que não pareça propaganda sobre a perfeição de um processo que todos sabem ser de erros e acertos, por mais esforço que se possa realizar.

Possivelmente, o maior ponto positivo para Campus é a integração do suplemento com a direção de O Dia; o segundo, a capacidade de fazer parcerias em todos os setores e o terceiro é a forma como é recebido, pois todos sabem da seriedade e da dificuldade de manter-se um painel onde todos devem se pronunciar. Somente um grupo pessoalmente honesto teria a possibilidade de cruzar os diversos caminhos que Alagoas vive e, como já deixamos claro, sem ataques e sem defesa do que Campus considera  um dos maiores inimigos da nação: a droga que, junto à corrupção, deve unir a todos no combate. Os maiores pontos negativos estão na quebra da distribuição e na ausência de maior aporte sobre o cotidiano que se desenvolve, uma espécie de história em andamento.

As parcerias de Campus/ O Dia

Campus mantém parcerias em diversas frentes,  informais e fechando em objetivos transitórios. Existe apenas uma parceria fixa que é com o Blog do Sávio Almeida cujas intenções são similares à do Suplemento. É um blog especializado em temas alagoanos e tem, para sua configuração, uma excepcional frequência de consultas com um mínimo de seis mil e o máximo de dez mil consultas por mês. É pelo blog que a matéria se massifica e , então, o que sai em Campus ganha um elevado número de visões e consultas.

 O blog tem um formato simples e que vem recebendo apoio ao longo do tempo. A matéria publicada em Campus vai para  o blog todo sábado, quando então, novo número encontra-se nas bancas, devendo deixar claro que o blog não tem apenas matérias de Campus, recebendo inúmeras outras contribuições o que deve ajudar a maximizar as consultas.

Como se pode notar, Campus/O Dia é uma pequeníssima mas sistemática e moderna  forma de estar em comunicação, indo do pequeno formato local à net e todo este caminho sem pensar em qualquer fórmula sofisticada, espécie de pequena rede de fundo de quintal. O endereço do blog é http://luizsaviodealmeida.blogspot.com/.  Como já dissemos, tanto em Campus como no blog evitamos qualquer formatação complexa: fundo de quintal. É isto o que nos deve marcar: simplicidade na forma e excelência no texto. No blog, é possível pesquisar por assunto a partir dos marcadores e também pela listagem das matérias que pode ser obtida no lado direito da página.


Um avanço na rede

Dois novos recursos serão colocados na pequena rede que desenvolve o projeto. O primeiro será uma pequena rádio com o objetivo de transmitir eventos culturais e as entrevistas que vez em quando fundamentam números de Campus. Este é um projeto para novembro estar em operação e, por volta de fevereiro, também através do blog,  a possibilidade de transmissão de vídeos. Atualmente, contudo, o que efetivamente está acontecendo, é a criação de uma editora denominada Ag^ncia Fonte de Notícias e  pertencente à estrutura de O Dia, sem objetivos comerciais, visando, sobretudo, publicar volumes com material veiculado por Campus.

A razão é simples: é bastante baixa a preocupação em Alagoas com a montagem de hemerotecas e, por outro lado, a produção de Campus não está agrupada por temas, o que  se teria nos volumes a serem, editados. Por outro lado, isto maximizaria a leitura dos textos e a colocação dos mesmos em bibliotecas especializadas. A primeira providência foi encontrar um padrão que fosse barato, simples e fácil de se dar continuidade, sendo escolhido o de  livros de bolso, com o máximo de 150 páginas, que seriam doados pela editora aos autores. E neste sentido, a editora não teria fins comerciais, mas apenas de viabilização e administração.


Um pouco sobre a editora


A ideia é transformar cada grupo de seis Campus por tema em livro e constituir coleções.  Neste mês de agosto saem dois livros e voltados para discussões essenciais sobre direito, sociedade e violência, enfatizando  uma discussão que foi central no Brasil: a rua e a democracia. Rua e democracia constitui um dos volumes editados e que serão oportunamente lançados; um outro discute a relação entre pobreza, criminalidade e aprisionamento. São duas importantes contribuições para o estudo da violência como se dá em Alagoas e as expectativas de construção de uma sociedade que se aprimore em direção à justiça social. Estes dois livros  trazem os artigos publicados sobre o tema e foram organizados pelos professores Luiz Sávio de Almeida, Sérgio Coutinho, José Marques e França Júnior.

Basicamente, dois outros estão prontos para publicação e deverão sair por volta de novembro, enquanto se organiza dois outros sobre história de Alagoas e um sobre a periferia da cidade. A vida da editora será fértil por estar entrelaçada a Campus, mas poderá aceitar outros trabalhos, sempre sem fins lucrativos. Os que serão oportunamente lançados são A rua e democracia e Pobreza, educação e criminalidade.

Estes livros derivaram de rodas de conversa das quais participaram os autores mencionados.  Os dois outros livros que estão prontos para encaminhamento são da autoria do professor Luiz Sávio de Almeida e fazem parte de produções que o autor denomina História dos Costumes, usos e (ab)usos das Alagoas. O primeiro versa sobre o negro e traz textos dispersos publicados pelo autor em livros, jornais e revistas. O segundo traz uma coletânea de textos publicados pelo mencionado professor em Campus/O Dia sobre a história do kardecismo em Alagoas. São livros que trazem achegas aos problemas relativos à história e cultura  dos negros em Alagoas e sobre o desenvolvimento inicial do kardecismo em Alagoas.

O futuro da editora é garantido na medida em que os trabalhos de Campus forem sendo continuados.  São inúmeros os temas, como já frisamos e todos são uma contribuição ao conhecimento da vida alagoana, indo da memória à análise. Em seu conteúdo e em sua persistência, Campus afirma uma postura editorial que demonstra os próprios avanços acontecidos na produção científica e cultural em Alagoas.  A urbanização de Alagoas, a desprovincialização que ocorre na vida cultural e científica permiteue ele exista e tenha expressão  pública. É interessante compará-lo com suplemento que aconteceram em Alagoas, como o importante Suplemento Literário do Jornal de Alagoas, gerido por  Haroldo Jambo, ainda hoje marcante.

Campus vem no bojo do processo de modernização de Alagoas e da atualização de sua produção científica e cultural, tempo em que acaba a figura do intelectual considerado como sumidade e nasce a figura vinda da pós-graduação da Universidade Federal de Alagoas. Na medida em que a Universidade se afirma com seus mestrados e doutorados, Alagoas  muda seus padrões e passa a permitir iniciativas em que é possível uma entrada da imprensa neste tipo de crônica que é Campus.

Isto é o que possibilita e demanda uma nova visão no processo de comunicação, inclusive incorporando o que a tecnologia vai disponibilizando. Jamais se poderia dizer que é perfeito; jamais poderia ser. Talvez ele se caracterize melhor por ser uma experiência fértil montada em um formato simples e operativo, correspondendo à duplicidade aparente de ser atual e histórico.

Por outro lado, vale ser dito, que todo o trabalho é gratuito. Ninguém que se articula a Campus recebe qualquer tipo de pagamento e isto é importante no sentido de que se acredita na necessidade de dar oportunidade, de divulgar material de primeira linha, de trazer Alagoas em discussão e, sobretudo, de se constituir numa massa documental importante. Temos, portanto, um serviço que a bem dizer, seria considerado como de interesse comunitário. Jovens pesquisadores, por exemplo, têm a oportunidade de mostrarem seus textos que aparecem em trabalhos de conclusão de curso, dissertações de mestrado...  Da mesma forma, a periferia tem possibilidade de expressar-se, de falar, de dizer o que pensa do mundo, da mesma forma que tem o intelectual bem, posto em nosso meio intelectualizado.

Por outro lado, Campus faz parte de uma contradição na vida das Alagoas. Tem-se uma matrícula acadêmica por volta de cem mil pessoas e tiragens de livros na casa de 300 exemplares. O que consumimos de leitura é insignificante: um denada. Então, Campus é, também, um abre-caminho e ser o que pretende dentro deste quadro de 100 mil matrículas e 300 exemplares de edição média por livro, é um tanto quanto audacioso.

Isto nos leva a enfatizar, a importância da relação nossa com Campus. Temos dado todo o apoio. Campus, segundo é evidente,  está muito satisfeito onde está e espera continuar pelo tempo que o jornal existir. Sem dúvida é trabalhoso, mas a gratificação de ver jovens talentos se expressando, ver a periferia tendo acesso livre, ver pessoas dispostas a relembrar a vida escrevendo é mais do que gratificante, pois talvez, a maior característica de Campus seja a generosidade para com este público cuja produção é contida e muitas vezes marginalizada.

Foi atendendo às ponderações de Campus que montamos a editora, sem qualquer fim lucrativo. Viabilizar Campus no formato de livro é importante para ressalvar estes mais diversos depoimentos que são publicados. Campus gerencia a impressão e repassa a edição para os autores que, também, em termos de colaboração participam dos custos editoriais, numa espécie de atitude cooperativa onde a marca da generosidade intelectual encontra-se estabelecida. A expectativa é de um lançamento mensal e, em alguns casos, publica-se também o que não circulou em Campus.


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