O suplemento Campus
A Direção de O Dia
Um pouco de história
Campus é
herdeiro de um projeto que se desenvolve pelo menos por cinco anos, tendo começado em O Jornal com uma coluna chamada Espaço. Posteriormente,
o projeto deslocou-se para a Tribuna Independente com o nome de Contexto e,
finalmente, em torno de três anos vem tendo continuidade através de O Dia – de
onde não pretende deslocar-se. Ele tem por objetivo principal compor um grande
painel sobre Alagoas, passando, especialmente, pelas áreas de memória, história
e ciências sociais e artes. Seus textos normalmente são pequenos ensaios sobre
nossa vida dando, especialmente, oportunidade a novos autores e, desta forma,
pretende renovar o modo como se fazia o jornalismo cultural,
desprovincializando o conteúdo, aproximando-o, sobretudo, da população
acadêmica de Alagoas que já está na incrível marca de cem mil matrículas.
É matéria,
portanto, do interesse direto do mundo acadêmico, mas abriga, também, material produzido fora deste circuito, como,
por exemplo, pelo que é considerado periferia. Vamos, então, desde textos ditos
de excelência, produzidos pelos doutores e mestres pesquisadores, até ao
que é produzidos pelos autores da
periferia que, possivelmente, teriam dificuldades de veiculação da produção que
realizam. Na verdade, espera-se que
Campus/O Dia cumpra o papel de viabilizar produções periféricas, abrir caminho
para novos atores que desejem contribuir na escrita sobre Alagoas, levar a produção
acadêmica para a comunidade e, sobretudo, ser um grande painel sobre nossa
vida.
Como funciona
O material é
coletado por um núcleo de base, composto por pessoas com ligações em determinados setores. Além do mais, o
coordenador do suplemento que é o professor Luiz Sávio de Almeida, também entra
em contato com possíveis articulistas. Isto monta uma rede de grande penetração
em diversos setores de produção cultural; basicamente, os contatos são
virtuais, utilizando-se, sobretudo, o face book. A agilidade faz com que se
mantenha um estoque de artigos em diversas áreas, dando cobertura,
principalmente, a quem é inédito. Isto leva a que se crie uma espécie de redação paralela de altíssimo nível
intelectual.
Este, na
realidade, é um serviço que O Dia presta a Alagoas, abrindo espaço, divulgando
e montando um singular painel sobre nossa circunstância histórica. Tanto
atualmente, quanto no futuro se terá uma boa coleção de pequenos ensaios. Este
é mais um caminho para atingir a sociedade, valendo dizer que Campus não
censura texto mas, também, exige uma linguagem adequada e que não haja qualquer
defesa de crimes. O espectro político é aberto e tanto é assim, que existe uma
notação no jornal afirmando que o artigo pode não coincidir no todo ou em parte
com o pensamento do suplemento. Por outro lado, a direção de O Dia também dá
liberdade ao suplemento e jamais interveio em qualquer matéria que tenha sido
encaminhada pela publicação. É claro, também, que a redação de Campus jamais
poderia propor uma subversão ao que se propõe o jornal.
Claro que o
suplemento varia na qualidade, mas esta é uma circunstância normal do que é
publicado em série, mas a média é sem dúvida boa e interessante e não se pode
deixar de considerar que cumpre um papel de relevo na imprensa alagoana. É uma
atividade consolidada em seu fluxo de ligações junto à comunidade e também
internamente, quando se trabalha com a própria estrutura de O Dia.
Atualmente,
Campus conta com uma rede de pessoas fixas e pertencentes à estrutura
operacional de O Dia, tendo Cícero Rodrigues como ilustrador, Jobson
Pedrosa na diagramação, Iracema Ferro na
revisão. Especificamente vinculados a Campus/O Dia tem-se Professor Luiz Sávio
de Almeida como coordenador, a Professora Melissa Mota que é coordenadora da
Editora, Professora Alexandra Marchioni
ligação com a área de direito e cidade;
Carlos Lima – mestre em História – que e faz a ligação com os movimentos
sociais, Professor Cícero Albuquerque que faz a ligação com o semiárido, Professor Eduardo Bastos, ligação com artes
plásticas e design e, finalmente, Félix Baigon, músico e que faz a ligação com
sua área artística. Além destes pertencia também ao grupo de ligação, o
jornalista Railton Silva que deixou uma posição formal dentro do grupo,
continuando como colaborador, para
dedicar-se integralmente à sua atividade profissional como militante na
imprensa local, correspondente de jornal e um dos dirigentes da página Grito na
Luta.
Este grupo se
articula e vem produzindo um suplemento a cada semana em praticamente três anos
de operação ou seja, em três anos gerou em torno de 144 números, em torno de 2.520.000 toques com espaço, um grande volume de trabalho. Giram em
torno de Campus por semana umas trinta pessoas as fora da composição que apresentamos: são pessoas
escrevendo, pessoas sugerindo, pessoas entregando material... Então, é como se
existisse uma redação paralela somente cuidando do suplemento que, como
dissemos, pode variar a qualidade mensal, mas sempre está em um bom patamar.
Problemas mais importantes
Campus tem apenas três problemas: o primeiro foi ter abandonado o
planejamento da distribuição paralela à de banca que funcionava praticamente
como distribuição dirigida, atingindo de perto aos estudantes universitários,
publico da maior importância para os objetivos do suplemento. O segundo é a
ausência de artigos de jornalistas e que visem dar maior integração entre o
suplemento e o cotidiano da sociedade em seus momentos atuais. São situações
fáceis de controlar e de refazer, o que se tentará neste segundo semestre. O
terceiro é o controle em banco de dados, do que vem sendo feito para dar
velocidade à pesquisa. O banco está pronto, em operação mas não foi mantido.
Estamos revelando estes problemas, para que não pareça propaganda sobre a
perfeição de um processo que todos sabem ser de erros e acertos, por mais
esforço que se possa realizar.
Possivelmente, o maior ponto positivo para Campus é a integração do
suplemento com a direção de O Dia; o segundo, a capacidade de fazer parcerias
em todos os setores e o terceiro é a forma como é recebido, pois todos sabem da
seriedade e da dificuldade de manter-se um painel onde todos devem se
pronunciar. Somente um grupo pessoalmente honesto teria a possibilidade de
cruzar os diversos caminhos que Alagoas vive e, como já deixamos claro, sem
ataques e sem defesa do que Campus considera
um dos maiores inimigos da nação: a droga que, junto à corrupção, deve
unir a todos no combate. Os maiores pontos negativos estão na quebra da
distribuição e na ausência de maior aporte sobre o cotidiano que se desenvolve,
uma espécie de história em andamento.
As parcerias de Campus/ O Dia
Campus mantém parcerias em diversas frentes, informais e fechando em objetivos
transitórios. Existe apenas uma parceria fixa que é com o Blog do Sávio Almeida
cujas intenções são similares à do Suplemento. É um blog especializado em temas
alagoanos e tem, para sua configuração, uma excepcional frequência de consultas
com um mínimo de seis mil e o máximo de dez mil consultas por mês. É pelo blog
que a matéria se massifica e , então, o que sai em Campus ganha um elevado
número de visões e consultas.
O blog tem um formato simples e
que vem recebendo apoio ao longo do tempo. A matéria publicada em Campus vai
para o blog todo sábado, quando então,
novo número encontra-se nas bancas, devendo deixar claro que o blog não tem
apenas matérias de Campus, recebendo inúmeras outras contribuições o que deve
ajudar a maximizar as consultas.
Como se pode notar,
Campus/O Dia é uma pequeníssima mas sistemática e moderna forma de estar em comunicação, indo do
pequeno formato local à net e todo este caminho sem pensar em qualquer fórmula
sofisticada, espécie de pequena rede de fundo de quintal. O endereço do blog é http://luizsaviodealmeida.blogspot.com/. Como já dissemos, tanto em Campus como no blog
evitamos qualquer formatação complexa: fundo de quintal. É isto o que nos deve
marcar: simplicidade na forma e excelência no texto. No blog, é possível
pesquisar por assunto a partir dos marcadores e também pela listagem das
matérias que pode ser obtida no lado direito da página.
Um avanço na rede
Dois novos recursos serão colocados na pequena rede que desenvolve o
projeto. O primeiro será uma pequena rádio com o objetivo de transmitir eventos
culturais e as entrevistas que vez em quando fundamentam números de Campus.
Este é um projeto para novembro estar em operação e, por volta de fevereiro,
também através do blog, a possibilidade
de transmissão de vídeos. Atualmente, contudo, o que efetivamente está
acontecendo, é a criação de uma editora denominada Ag^ncia Fonte de Notícias
e pertencente à estrutura de O Dia, sem
objetivos comerciais, visando, sobretudo, publicar volumes com material
veiculado por Campus.
A razão é simples: é bastante baixa a preocupação em Alagoas com a
montagem de hemerotecas e, por outro lado, a produção de Campus não está
agrupada por temas, o que se teria nos
volumes a serem, editados. Por outro lado, isto maximizaria a leitura dos
textos e a colocação dos mesmos em bibliotecas especializadas. A primeira
providência foi encontrar um padrão que fosse barato, simples e fácil de se dar
continuidade, sendo escolhido o de
livros de bolso, com o máximo de 150 páginas, que seriam doados pela
editora aos autores. E neste sentido, a editora não teria fins comerciais, mas
apenas de viabilização e administração.
Um pouco sobre a editora
A ideia é transformar cada grupo de seis Campus por tema em livro e
constituir coleções. Neste mês de agosto
saem dois livros e voltados para discussões essenciais sobre direito, sociedade
e violência, enfatizando uma discussão
que foi central no Brasil: a rua e a democracia. Rua e democracia constitui um
dos volumes editados e que serão oportunamente lançados; um outro discute a
relação entre pobreza, criminalidade e aprisionamento. São duas importantes
contribuições para o estudo da violência como se dá em Alagoas e as
expectativas de construção de uma sociedade que se aprimore em direção à
justiça social. Estes dois livros trazem
os artigos publicados sobre o tema e foram organizados pelos professores Luiz
Sávio de Almeida, Sérgio Coutinho, José Marques e França Júnior.
Basicamente, dois outros estão prontos para publicação e deverão sair
por volta de novembro, enquanto se organiza dois outros sobre história de
Alagoas e um sobre a periferia da cidade. A vida da editora será fértil por
estar entrelaçada a Campus, mas poderá aceitar outros trabalhos, sempre sem
fins lucrativos. Os que serão oportunamente lançados são A rua e democracia e Pobreza,
educação e criminalidade.
Estes livros derivaram de rodas de conversa das quais participaram os
autores mencionados. Os dois outros
livros que estão prontos para encaminhamento são da autoria do professor Luiz Sávio
de Almeida e fazem parte de produções que o autor denomina História dos
Costumes, usos e (ab)usos das Alagoas. O primeiro versa sobre o negro e traz
textos dispersos publicados pelo autor em livros, jornais e revistas. O segundo
traz uma coletânea de textos publicados pelo mencionado professor em Campus/O
Dia sobre a história do kardecismo em Alagoas. São livros que trazem achegas
aos problemas relativos à história e cultura dos negros em Alagoas e sobre o
desenvolvimento inicial do kardecismo em Alagoas.
O futuro da editora é garantido na medida em que os trabalhos de Campus
forem sendo continuados. São inúmeros os
temas, como já frisamos e todos são uma contribuição ao conhecimento da vida
alagoana, indo da memória à análise. Em seu conteúdo e em sua persistência,
Campus afirma uma postura editorial que demonstra os próprios avanços
acontecidos na produção científica e cultural em Alagoas. A urbanização de Alagoas, a
desprovincialização que ocorre na vida cultural e científica permiteue ele exista
e tenha expressão pública. É
interessante compará-lo com suplemento que aconteceram em Alagoas, como o
importante Suplemento Literário do Jornal de Alagoas, gerido por Haroldo Jambo, ainda hoje marcante.
Campus vem no bojo do processo de modernização de Alagoas e da
atualização de sua produção científica e cultural, tempo em que acaba a figura
do intelectual considerado como sumidade e nasce a figura vinda da
pós-graduação da Universidade Federal de Alagoas. Na medida em que a
Universidade se afirma com seus mestrados e doutorados, Alagoas muda seus padrões e passa a permitir
iniciativas em que é possível uma entrada da imprensa neste tipo de crônica que
é Campus.
Isto é o que possibilita e demanda uma nova visão no processo de
comunicação, inclusive incorporando o que a tecnologia vai disponibilizando.
Jamais se poderia dizer que é perfeito; jamais poderia ser. Talvez ele se
caracterize melhor por ser uma experiência fértil montada em um formato simples
e operativo, correspondendo à duplicidade aparente de ser atual e histórico.
Por outro lado, vale ser dito, que todo o trabalho é gratuito. Ninguém
que se articula a Campus recebe qualquer tipo de pagamento e isto é importante
no sentido de que se acredita na necessidade de dar oportunidade, de divulgar
material de primeira linha, de trazer Alagoas em discussão e, sobretudo, de se
constituir numa massa documental importante. Temos, portanto, um serviço que a
bem dizer, seria considerado como de interesse comunitário. Jovens
pesquisadores, por exemplo, têm a oportunidade de mostrarem seus textos que
aparecem em trabalhos de conclusão de curso, dissertações de mestrado... Da mesma forma, a periferia tem possibilidade
de expressar-se, de falar, de dizer o que pensa do mundo, da mesma forma que
tem o intelectual bem, posto em nosso meio intelectualizado.
Por outro lado, Campus faz parte de uma contradição na vida das Alagoas.
Tem-se uma matrícula acadêmica por volta de cem mil pessoas e tiragens de
livros na casa de 300 exemplares. O que consumimos de leitura é insignificante:
um denada. Então, Campus é, também, um abre-caminho e ser o que pretende dentro
deste quadro de 100 mil matrículas e 300 exemplares de edição média por livro,
é um tanto quanto audacioso.
Isto nos leva a enfatizar, a importância da relação nossa com Campus.
Temos dado todo o apoio. Campus, segundo é evidente, está muito satisfeito onde está e espera
continuar pelo tempo que o jornal existir. Sem dúvida é trabalhoso, mas a
gratificação de ver jovens talentos se expressando, ver a periferia tendo
acesso livre, ver pessoas dispostas a relembrar a vida escrevendo é mais do que
gratificante, pois talvez, a maior característica de Campus seja a generosidade
para com este público cuja produção é contida e muitas vezes marginalizada.
Foi atendendo às ponderações de Campus que montamos a editora, sem
qualquer fim lucrativo. Viabilizar Campus no formato de livro é importante para
ressalvar estes mais diversos depoimentos que são publicados. Campus gerencia a
impressão e repassa a edição para os autores que, também, em termos de
colaboração participam dos custos editoriais, numa espécie de atitude
cooperativa onde a marca da generosidade intelectual encontra-se estabelecida.
A expectativa é de um lançamento mensal e, em alguns casos, publica-se também o
que não circulou em Campus.
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