(Manoel
Neném, antiquíssimo cantador de viola)
Maria Augusta Tavares
Doutora
em Serviço Social. Pós-Doutora em Economia e História Contemporânea. Líder do
Grupo de Pesquisas sobre o Trabalho na UFPB e investigadora integrada ao Grupo de História Global do Trabalho e dos
Conflitos Sociais do Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova
de Lisboa. Autora de Os Fios (In)visíveis
da Produção Capitalista (SP, Cortez, 2004), e de muitos artigos sobre a
precarização e a informalidade do trabalho. Partícipe da organização e
coordenação de outros títulos, como Intermitências
da Crise e Questão Social (João Pessoa, Ed. UFPB, 2013) e Trabalho, Acumulação Capitalista e Regime
Político em Portugal, (Lisboa, Ed. Colibri, 2017).
“O sertão vai virar mar”: da fé ao fato
Maria Augusta Tavares
O projeto de transposição das águas do rio São
Francisco prevê a retirada de 26,4 m³/s de água (1,4% da vazão da barragem de Sobradinho),
que será destinada ao consumo da população de 390 municípios do Ceará,
Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte. Concebido há 32 anos pelo extinto
Departamento Nacional de Obras e Saneamento – DNOS, de 1985 para cá esse
projeto passou por diferentes ministérios, foi tema central do discurso de
muitos políticos e gerou muitas polêmicas ambientalistas. Estas, entre outros
motivos, são justificadas pelos danos que a transposição causaria à
biodiversidade e à utilização do rio em transportes e abastecimento.
Preocupações procedentes, no âmbito mais geral. Mas não mais importantes, a meu
ver, que as necessidades particulares das populações submetidas a uma
deficiência hídrica, historicamente perversa, sobretudo se considerarmos que
essa particularidade se expressa em 969.589,4 km², cuja população,
segundo o IBGE (2011), é de, aproximadamente, 25 milhões de habitantes.
Posso
estar completamente errada ao advogar a particularidade da população do
semiárido, a despeito do todo. Há quem diga que a transposição pode fazer
definhar o rio no seu curso original. Quase nada sei sobre rios, nem nadar eu
sei. Olho para a água com admiração e respeito, e sempre mantenho entre nós uma
segura distância. Portanto, espero que este texto apaixonado não seja
interpretado como leviandade. Respeito as posições dos que pautam seus
argumentos pelo conhecimento científico, ao mesmo tempo que assumo estar sendo
conduzida pelas minhas memórias de sertaneja.
Muito já
se disse sobre essa realidade, ora abordando o atraso da região e as
possibilidades objetivas de desenvolvimento, ora reproduzindo Euclides da
Cunha: “O sertanejo é, antes de tudo, um forte”, ora distinguindo os
nordestinos pela inferioridade, preconceito que, de vez em quando, é revelado
através de propostas separatistas, formuladas por segmentos conservadores das
regiões mais ricas do país.
Não por
acaso, numa referência a um dos estados mais pobres do Brasil, o trabalhador
sem qualificação ou sem escolaridade – independentemente do seu Estado de
origem – é chamado, em São Paulo e no Rio de Janeiro, de “paraíba”. Milhares de
“paraíbas” podem ser encontrados nas referidas cidades, trabalhando como
zeladores de prédios de luxo, na construção civil, nos serviços de limpeza e em
outras ocupações semelhantes. Em comum, têm, além da origem – a maioria é, de
fato, nordestina –, a migração motivada pela ilusão liberal de que a riqueza
beneficiaria a todos.
Entre esses migrantes, numa absoluta exceção à
regra, um mecânico de escolaridade primária, oriundo do Estado de Pernambuco,
tornou-se presidente do Brasil e, como tal, é personagem central desta
discussão, uma vez que no seu governo – 2003 a 2006 e 2007 a 2010 – a “vontade
política” secularmente reivindicada, no que tange ao acesso à água, materializou-se.
Malgrado quaisquer críticas e discordâncias que
se tenha acerca do Presidente Luís Inácio Lula da Silva, para além dos
programas assistenciais em favor da população mais pobre, o fato de ter
possibilitado o acesso à água a cearenses, pernambucanos, paraibanos e
potiguares o remete à profecia de outro homem comum, que se tornou um
personagem histórico na mesma região. Refiro-me a Antonio Conselheiro,
protagonista da Guerra de Canudos, educador e missionário laico que, no século
XIX, deambulou pelo Nordeste e reagiu às injustiças praticadas contra o povo
pobre do sertão. À época, ex-escravos, indígenas e mestiços.
Conselheiro profetizara: “O sertão vai virar
mar e o mar vai virar sertão”. Tal profecia, antes repetida como expressão de
fé pelos nordestinos – afirmativa certamente tomada pelo desejo de que só a
primeira frase se cumpra –, agora ecoa como realidade, o que explica a
quantidade de pessoas que se deslocou, no último domingo, 20 de março de 2017,
de todos os estados circunvizinhos, para o Município de Monteiro – PB, com o
objetivo de se congratular com Lula e Dilma, a meu ver, não só pela água em si,
mas também porque a transposição do rio é, para eles, uma espécie de milagre
que fortalece as suas crenças. Para o sertanejo, se uma obra de tamanha
magnitude se tornou realidade, a esperança se legitima. Pode-se dizer que com a
alma literalmente lavada, a fé do sertanejo está nutrida. Logo, sem nenhuma
dúvida, ele pode asseverar: “Deus tarda, mas não falha”.
Pobreza e religiosidade, no Nordeste
brasileiro, são indissociáveis. Com isso não estou afirmando que só os pobres
atribuem a Deus a responsabilidade por suas vidas. Mas eu diria que aqueles
cujas condições de vida permitem associar água a utensílios como torneiras,
chuveiros, descargas, banheiras e piscinas têm nas suas negociações
transcendentais outra ordem de necessidades. Afinal, essas coisas básicas já
fazem parte do seu quotidiano, sem que para obtê-las tenha sido preciso reza, fé ou
espera. Esses afortunados talvez possam, com mais facilidade, entender e
concordar com os que são contrários à transposição.
Enquanto isso, aqueles que esperam a chuva,
como condição essencial de sobrevivência – o que explica a sua relação com Deus
–, não os queira convencer de prejuízos supostamente decorrentes da
transposição. “Deus não desampara os justos, os caridosos”, pensam eles.
Partindo desse princípio, tirar um pouco de quem tem muito para atender a quem
nada tem deve merecer a aprovação divina. Portanto, para os sertanejos, o
acesso à água não cabe em elaborações teóricas. É completamente fora de
propósito qualquer debate crítico sobre a transposição do rio São Francisco a
um nordestino que sofreu a seca na pele, no estômago e, principalmente, na
cabeça. Sim, porque afora os privilegiados que têm em casa uma cisterna, onde
guardam água para consumir diariamente, a maioria da população – crianças e
adultos –, para sobreviver, tem de aprender a equilibrar um recipiente cheio de
água sobre a cabeça, às vezes carregado por uma distância considerável.
Essa prática, aliás, deve explicar os meus
ombros eretos e a firmeza no caminhar, porque carregar água na cabeça requer
elegância. Contudo, ninguém pensa em beleza quando a fealdade do capitalismo
impõe que um produto indispensável à vida seja adquirido mediante um esforço
que o consome.
Das minhas experiências da infância e da
adolescência, em Olho d’Água das Flores, sertão do Estado de Alagoas, guardei
muitas lembranças das situações humilhantes que eram perpassadas pela falta
d’água, uma vez que se trata de um valor de uso cuja falta é determinante na
precarização do trabalho e da vida da população pobre, sobretudo para os que
vivem da agricultura, segmento a que eu pertencia. Lembro como era sofrida a
distância entre o açude e a casa onde morávamos. Lembro da dureza do meu pai,
um agricultor que precisava tirar da terra seca o alimento para dez filhos e
que, portanto, exigia que esses filhos o ajudassem. Ora, por que trabalhavam
umas crianças enquanto outras brincavam? E por que eu estava exatamente entre
as que eram obrigadas a trabalhar? Só muitos anos depois consegui compreender o
comando quase militar do meu pai, os seus profundos silêncios, o distanciamento
que parecia existir entre toda a família. Memórias essas que me foram trazidas
pela festa que fizeram os paraibanos, na cidade de Monteiro, ao, finalmente,
terem direito à água.
Mas essas memórias, evidentemente, não se
restringem apenas a mim e à minha família. Na rua onde eu morava, todos os
vizinhos eram trabalhadores. Talvez não houvesse um sequer que fosse
trabalhador formal, com carteira assinada. Uns trabalhavam por conta própria,
outros prestavam serviços à população rica. Alguns, para a mesma família, pela
vida inteira, mas sem nenhum vínculo que viesse a lhes garantir um benefício
por doença, acidente, velhice ou morte. Aliás, eles nem sabiam da existência de
qualquer proteção ao trabalhador. Quando ouviam falar sobre direitos, julgavam
tratar-se de algo inalcançável. Concepção fundada, obviamente, nos limites a
que eram submetidas as suas vidas. Para que se tenha ideia do que para eles era
distância, quando se falava de algo como Previdência Social, por exemplo, meu
avô dizia, em tom do mais absoluto descrédito: “Isso só acontece lá no
Recife!”. Ora, ele estava se referindo ao Estado vizinho. Mas era
compreensível, pois toda sua vida estava impressa naquele pequeno sítio,
pomposamente chamado de Alto dos Tavares. A sua realidade era expressa no
trabalho. O sonho na literatura de cordel, através da qual ele me ensinou a
ler. Meus pais, por sua vez, só se tornaram contribuintes da Previdência
Social, quando eu já adulta e empregada tomei essa iniciativa. Assim, puderam
envelhecer com dignidade, o que agora – convém lembrar – torna-se praticamente
impossível, se a reforma da Previdência proposta pelo ilegítimo governo Temer
for aprovada. Pobres trabalhadores!
Eu não saberia dizer quanto guardo da minha
convivência com aqueles trabalhadores. Nesse exato momento, eu me dou conta de
onde vêm as minhas preocupações com o trabalho informal, que se tornara mais
tarde meu objeto de pesquisa e que carrego comigo até hoje. Em meio a tantos
trabalhadores, lembrei-me agora de dona Sebastiana, uma mulher velha – talvez
nem tão velha, talvez apenas castigada pelo trabalho –, que só consigo
imaginá-la com uma imensa trouxa de roupa na cabeça. Lavar e passar roupas foram
o seu trabalho, de segunda a sábado, por todas as semanas em que acompanhei a
sua vida. Provavelmente fez isso enquanto teve forças para se manter de pé e
deslizar o ferro sobre roupas que ela jamais vestira. As roupas que ela vestia
tinham cores indefinidas, bem ao contrário das que ela lavava e engomava.
Apesar da pouca água, o ritual não sofria alterações. As roupas eram ensaboadas
com sabão em barra – não havia sabão em pó –, depois colocadas de molho em
grandes bacias de alumínio – o plástico ainda não chegara ali –, onde era feita
uma primeira lavagem. Depois eram expostas à luz do sol para quarar. Após o
tempo necessário para o clareamento, eram enxaguadas, torcidas nas mãos, uma a
uma, para eliminar a água e, finalmente, postas ao sol para secar, em imensos
varais, na frente ou no quintal da casa, hábito certamente trazido pelos
colonizadores portugueses, que até hoje, estranhamente, estendem as suas
roupas, como se fossem bandeiras ao vento, em qualquer parte da cidade de
Lisboa. Ao menos, nesse pormenor, o Sol agia positivamente. Rapidamente a roupa
estava seca.
A mim chamavam atenção principalmente as roupas
masculinas domingueiras. Eram, geralmente, de linho branco. Talvez para clarear
externamente o que escondiam aquelas almas sombrias. Calças, camisas e paletós
eram umedecidos com uma goma, mistura de
água e tapioca mexidas ao fogo. A etapa seguinte era um incontável vaivém do
ferro à brasa sobre a roupa, por dias inteiros de trabalho, de pé, sob um calor
excessivo. Aos domingos, democraticamente, ricos e pobres iam assistir à missa.
Lá estavam os ricos locais enfatiotados nas suas impecáveis roupas brancas, a
negociarem o perdão dos seus pecados e participarem contritos da comunhão ao
lado da mulher e dos filhos.
Não me lembro de dona Sebastiana na igreja,
embora houvesse santos na parede da sua minúscula sala, a presenciarem
diariamente a exploração do seu trabalho, sem nada fazerem por ela. Também não
me lembro de dona Sebastiana sentada. Sua imagem, nas minhas lembranças, se
mostra de pé ou de cócoras. Sim, de cócoras, posição muito incomum atualmente.
Afora seu uso em algumas academias de ginástica funcional, eu diria que o
“desenvolvimento” aboliu essa posição, que era adotada por homens e mulheres no
sertão nordestino. De cócoras as mulheres faziam muitas coisas, inclusive
pariam. De cócoras os homens fumavam o seu cigarro de palha e bebiam uma pinga,
enquanto esperavam a chuva. Suas esperanças tinham data fixa. Acreditavam que
se chovesse no dia 19 de março, dia de São José, o ano estaria salvo.
A esta altura, o jovem leitor, que não conhece
o Nordeste brasileiro, deve estar pensando que eu sou pré-histórica. Havia
mesmo um lugar onde as pessoas eram capazes de trabalhar de cócoras por horas?
Como aquelas pessoas raquíticas, mal alimentadas conseguiam essa proeza, se é
tão difícil manter-se nessa posição por alguns minutos aos bem nutridos, de
corpos sarados, frequentadores das academias? Que lugar é esse, que na segunda
metade do século XX as pessoas não conheciam uma bacia de plástico? Ferro à brasa,
o que é isso?
Não, eu não sou pré-histórica, mas nasci e vivi
a infância e a adolescência no sertão de Alagoas, Nordeste do Brasil, onde
certos traços do pré-capitalismo resistiram por muito tempo. Para que se tenha
uma ideia precisa sobre a precariedade, à época, só os ricos tinham luz
elétrica em casa. Havia uma fraca iluminação em algumas ruas, um poste aqui,
outro acolá, mas as luzes só ficavam acesas até a hora que se convencionara ser
a hora de dormir. Não tenho certeza se nove, dez horas. Sei somente da
importância daqueles postes na minha vida. Durante o dia, eu estava na escola,
ou a ajudar ora meu pai, ora a minha mãe. Em casa, a luz era de candeeiro. À
noite, sentada ao pé do poste mais próximo da minha casa, eu tive os mais
excitantes encontros da minha adolescência. Encontrei com José de Alencar,
Machado de Assis, Jorge Amado, Hemingway, Shakespeare, Dostoievski e tantos
outros autores que povoam a minha sã loucura.
Novamente o leitor deve estar a se perguntar de
onde vieram esses livros. Essa é uma longa história, que não cabe ser contada
aqui. Mas para não deixar a pergunta inteiramente sem resposta, devo dizer que
tais encontros foram promovidos, inicialmente, por um professor de matemática,
amante da literatura e, depois, por uma mulher que entrou na minha vida por
acaso e que a revolucionou. Aqueles livros foram o meu passaporte. Quem leu Balzac e a Costureirinha Chinesa ou viu
o filme – Dai Sijie –, vai entender perfeitamente o que significaram os livros
na minha vida[i].
Mas retornemos ao tema central.
O surgimento do carro-pipa foi uma novidade. Só
a humilhação era velha. Agora, o trajeto entre a água e a casa era menor, mas
havia a fila, para que a subordinação não fosse esquecida; havia o
empoderamento de quem controlava a distribuição da água e havia um tácito
compromisso entre o eleitor que recebia a água e o político que, supostamente,
estava a ofertá-la. Na maioria das vezes, para ser fiel à realidade, a troca
era explícita. Como eu sentia vergonha de estar naquela fila. Como sofri até
apreender a lógica capitalista e perceber que não havia vergonha
em ser pobre. Na verdade, entendi que a pobreza é um fenômeno vergonhoso, mas
quem devia envergonhar-se não era eu. Vergonha deviam ter os indivíduos que
personificam essa rica sociedade capitalista, porquanto a riqueza é resultado
do trabalho de gente como eu, como meu pai, como dona Sebastiana e como todos
os “paraíbas”.
Anos 90. Para o bem e para o mal, a mercadoria
tornou-se predominante mundialmente, inclusive no Nordeste. O plástico era
agora onipresente. Sob diferentes formas e cores penetrou em todos os espaços.
Com a globalização da economia até as mais longínquas e pobres comunidades
foram invadidas pelo Made in China – da
manufatura ao eletrônico –, introduzindo novos hábitos e tornando descartáveis
algumas ocupações, a exemplo das lavadeiras e passadeiras de roupa. No Brasil,
por um lado, o sistema de crédito bancário e, por outro, o Programa Bolsa
Família contribuíram para o desaparecimento de muitas Sebastianas. Enquanto
algumas famílias puseram no lugar da lavadeira e da passadeira a máquina de
lavar e os tecidos sintéticos, as lavadeiras, por sua vez, já não precisavam se
submeter àquele trabalho pesado, em troca de um pagamento que só lhes permitia
subsistir. Para isso, o Bolsa Família era suficiente. Não foram poucas as
mudanças ocorridas, mas a falta de água permanecia. Os antigos meios de transporte
– cavalos, burros ou jumentos – foram
substituídos por novas motocicletas. Ninguém morre mais de queda ou de coice.
Morre-se civilizadamente, esmagado pelo símbolo do desenvolvimento capitalista,
o automóvel. Enfim, tudo é mercadoria, e sob as leis do mercado deve ser
consumido.
A água também é mercadoria? Mas como comprá-la
nas condições em que vivem os trabalhadores mais pobres? O Estado pode se
omitir da sua função social e também entregá-los a Deus? Seria a resignação do
sertanejo infinita? A mim parece que uma coisa foi resignar-se à falta de água,
quando o sujeito que morava no Estado de Alagoas tinha como concepção de
distância a cidade de Recife; outra, bem diferente, é ter acesso à internet,
viajar virtualmente pelo mundo, comunicar-se de um continente a outro em tempo
real e não ter água para beber, fazer a comida, tomar um banho.
Tudo isso para dizer que compreendo a alegria
dos paraibanos e a sua gratidão a quem tornou possível o acesso à água, bem como
para justificar a forma emocional como tratei das polêmicas da transposição.
Apesar de estar apartada do sertão, sou sertaneja. Nas minhas lembranças ainda
ecoa o som do carro de bois, meio de transporte usado por meu pai. Sem
enveredar pela generalização, eu diria que, como ele, a maioria dos sertanejos
associa dignidade a trabalho. Nessa conquista, portanto, nem de longe passa a
ideia de causar prejuízo a quem quer que seja. Não se trata, para eles, de uma
competição na qual, para um ganhar, o outro tem de perder.
A profecia de Conselheiro teria de se cumprir
integralmente? Para o sertão virar mar, obrigatoriamente o mar teria de virar sertão?
Resta-me acreditar que o elevado nível tecnológico disponível encontrará uma
forma de legitimar a felicidade dos que agora recebem as águas do São
Francisco, sem prejuízo para os que dela dispunham originalmente. É o meu
desejo e, certamente, o de todos os sertanejos.
[i] “Balzac
e a Costureirinha Chinesa é uma crônica da vida na China durante a
revolução de 68. Um romance sobre a felicidade da descoberta da literatura, a
liberdade adquirida através dos livros e a fome insaciável pela leitura, numa
época em que as universidades foram fechadas e os jovens intelectuais mandados
ao campo para serem 'reeducados por camponeses pobres'.”
(https://books.google.com.br/books/about/Balzac_E_a_Costureirinha_Chinesa.html?id=lp1GtayPUxAC&redir_esc=y)
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