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segunda-feira, 30 de abril de 2018

Maceió: pedaços da vida e a imagem nos olhos de uma arquiteta


Cristina Carnaúba é Arquiteta e mestranda de um programa da FAU/UFAL intitulado Dinâmica do Espaço Habitado, aluna da disciplina que ministramos: Formação do Espaço Alagoano. Como tarefa de aula, trouxe cinco fotografias sobre a vida da cidade e seus entornos. 
Vamos ver o que ela nos trouxe e qual foi sua preocupação quando nos olhou. A fotografia segurou a cidade? Conservou sua dinâmica? Que parte de nosso mundo surgiu? Vamos ver.

    Esta é uma foto da Vila Emater, data de  09/11/2016. Originalmente não estava em preto e branco
    
Texto de Cristina:

    A Vila Emater é carente. Carente de atenção, acolhimento, serviços públicos, emprego, tanta coisa que não conseguirei citar aqui. A foto foi tirada numa visita de estudos e pude observar que sempre que passávamos, os moradores nos observavam com semblante agradável. Estavam sempre abertos a um "bom dia" ou "tudo bem". Vi crianças brincando com pouca roupa no chão de terra entre os caminhos de esgotos sem tratamento. Me entristeci. Ao mesmo tempo em que a vista da praia e da cidade era encantadora, eles foram obrigados a se postarem de costas para isto e a viverem na corda bamba, ou sob o risco de um escorregão no morro.

 

Esta foto do Vale do Reginaldo data de 09/02/2017 

Minhas primeiras lembranças do Reginaldo era por ser "o point" das tentativas de suicidas da cidade. Quando passava pela ponte, me impressionava com o tamanho daquele lugar. As áreas pobres de Maceió se localizam, na sua maioria, em grotas. Ao contrário dos morros cariocas, que gritam na nossa frente, as grotas submergem abaixo do nível da rua. A foto me impressionou pela grandiosidade daquela comunidade e sua penetração no tecido urbano central. O impacto foi tanto que escolho esta área como meu objeto de estudo. Vamos ver o que nos espera pelos próximos meses. 


Esta foto, Condomínio Aldebaran, data de 21/04/2018 

A fotografia retrata o comércio informal nos portões de acesso ao condomínio Aldebaran. Na minha infância e adolescência, devido aos trabalhos escolares, mantinha certa frequência de visitar. Hoje não mais... Quando mais jovem, me falavam que não havia nenhum tipo de transporte público para facilitar a vida dos trabalhadores do condomínio. As empregadas domésticas precisavam de vans disponibilizadas pelo condomínio para acessarem a avenida por onde passavam os coletivos.  Confesso que me surpreendi com este tipo de comércio naquele lugar tão elitizado. Faltou tempo para perguntar sobre o movimento das vendas. Será que moradores e funcionários são clientes? Será que o condomínio fechado se abriu para a cidade ou foi por um acaso e daqui a pouco algum poderoso manda tudo isso embora?


Esta foto, Ladeira Geraldo Melo, data de 26/04/2018

Maceió está cheia destes comerciantes do asfalto. Em alguns semáforos me mantenho com o dedo em movimento para me negar, o tanto dos produtos ofertados. Minha percepção é que, de dois anos para cá, aumentou o tanto de vendedores de rua, e eles estão em todos os bairros por onde passo. Por outro lado, leio e vejo nos telejornais que a economia está progredindo. Me pergunto: para quem?



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