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segunda-feira, 4 de maio de 2015

Os trabalhos de Hércules Mendes: sociedade e humor









Hércules  de  Almeida  Mendes. 1938. Economista (com vários Cursos de Especialização). Desenhista  Técnico,  Designer Gráfico








Este trabalho foi publicado no suplemento CAMPUS do jornal semanal O DIA. Maceió, 3 a 9 de Maio de 2015, ano 3, nº 114. 




Violência contra banco




Dois dedos de prosa
Luiz Sávio de Almeida










O humor é uma grande trincheira política e uma linguagem poderosa. E ele quando é associado à imagem torna-se devastador, especialmente quando a beleza do traço é aliada à inteligência fina, o que, sem dúvida, acontece com Hércules Mendes, um velho e admirado amigo. Cada um dos trabalhos publicados hoje por Campus revela um traço da violência que nos atinge cotidianamente, e o desenho do Hércules termina sendo matéria para uma profunda reflexão. Mas eu leio, também, a esperança e Campus convida a todos para ler o Hércules e pensar em nossa vida e tentar melhorá-la. Este melhorar seria mais um trabalho de Hércules.

Violência internacional



Um traço e a realidade
Luiz Sávio de Almeida

Violência ambiental



Hércules é um dos mais finos interpretes de Alagoas, uma pessoa que vem se debruçando a anos sobre nossa vida e nossa mazela. Não é aí, contudo, que reside a sua importância. Ela vai bem mais além, pois tem suas raízes em uma inteligência aguçada e fina, em um talento excepcional e belo, cada desenho seu tornando-se um campo singular sobre nossa vida.

Violência e opressão




Esta não é a primeira vez e nem será a última em que publicamos seus trabalhos. Quando editávamos a coluna Espaço em O Jornal, dedicamos dois números à sua obra. Hoje Campus faz o mesmo percurso, mas há uma diferença: pedimos que ele selecionasse trabalhos que passassem pela temática da violência, um dos   elementos – é extremamente difícil priorizar o que nos aflige –  mais nos sufocam em nossa vida brasileira e alagoana em particular.

Violência na repressão



Estamos pedindo algo simples: que o leitor dialogue e pergunte sobre nossa vida, em face de cada circunstância destacada por Hércules. Cada desenho é uma fala expressiva sobre detalhes de nosso cotidiano, um discurso articulado sobre o modo como somos e estamos a viver e a fazer nossa vida. A tensão que nos constrói esta singularmente representada nos desenhos.

Violência contra a mulher




O que podemos perguntar aos desenhos de Hércules, que não passe sobre a inquietante relação entre nossa vida e nossa circunstância? Absolutamente nada; tudo nos fala como somos e como vivemos. E, então, aparece necessariamente o como seremos e, aí, a responsabilidade da cidadania torna evidente a tarefa que temos de negar a esta violência o patrocínio de nossa organização.

Violência na Síria




Hércules vai encontrando detalhes por cima de detalhes, sem retirar a possibilidade de vermos que um laço estrutural une a todas elas. Qual seria este enlaçamento estrutural? É coisa que devemos pensar e responder à sociedade, pois, no fundo, é ela que fundamenta e demanda as respostas a serem dadas.

Violência nas águas

Violência no campo

O COTIDIANO
 Hércules Mendes

Violência no cárcere
















Abrimos a Televisão logo cedo, a maior parte das informações que recebemos das emissoras  em jornais e noticiários nos agridem desde o início de cada dia. Geralmente são acontecimentos trágicos, hediondos,  injustificáveis, que acontecem e deixam uma permanente expectativa de preocupação, espanto e elevada dose de estresse em nosso cotidiano.


Filhos que trucidam pais. Pais que assassinam filhos. Estupros.   Truculência do aparato policial. Agressão a mulheres e crianças. Sequestros. Assaltos a bancos e a supermercados. Desastres provocados por excesso de velocidade ou embriaguez. Homofobia. Tortura. Droga. Preconceito racial. Protestos que redundam em vandalismo. Outras mais sutis, como a mentira política, a demagogia, a corrupção, a poluição, a má administração pública com consequências desastrosas nos serviços de educação, saúde, transporte, e problemas generalizados de infra-estrutura e as mais recentes, no âmbito do fanatismo religioso.
Homicídios passionais. Traição. Vingança.

Hoje, os meus desenhos traduzem parte desse cenário. Acho mesmo que se enquadrariam na categoria do chamado “humor negro”. Não é ficção. É uma imagem multifacetada da nossa realidade contemporânea.
Hércules



 



 



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