Hércules de
Almeida Mendes. 1938. Economista (com vários Cursos de
Especialização). Desenhista
Técnico, Designer Gráfico
Este trabalho foi publicado no suplemento CAMPUS do jornal semanal O DIA. Maceió, 3 a 9 de Maio de 2015, ano 3, nº 114.
Violência contra banco |
Dois dedos de prosa
Luiz Sávio de Almeida
O humor é uma grande trincheira política e uma linguagem poderosa. E ele quando é associado à imagem torna-se devastador, especialmente quando a beleza do traço é aliada à inteligência fina, o que, sem dúvida, acontece com Hércules Mendes, um velho e admirado amigo. Cada um dos trabalhos publicados hoje por Campus revela um traço da violência que nos atinge cotidianamente, e o desenho do Hércules termina sendo matéria para uma profunda reflexão. Mas eu leio, também, a esperança e Campus convida a todos para ler o Hércules e pensar em nossa vida e tentar melhorá-la. Este melhorar seria mais um trabalho de Hércules.
Violência internacional |
Um traço e a realidade
Luiz Sávio de Almeida
Violência ambiental |
Hércules é um dos mais finos
interpretes de Alagoas, uma pessoa que vem se debruçando a anos sobre nossa
vida e nossa mazela. Não é aí, contudo, que reside a sua importância. Ela vai
bem mais além, pois tem suas raízes em uma inteligência aguçada e fina, em um
talento excepcional e belo, cada desenho seu tornando-se um campo singular
sobre nossa vida.
Violência e opressão |
Esta não é a primeira vez e nem
será a última em que publicamos seus trabalhos. Quando editávamos a coluna
Espaço em O Jornal, dedicamos dois números à sua obra. Hoje Campus faz o mesmo
percurso, mas há uma diferença: pedimos que ele selecionasse trabalhos que passassem
pela temática da violência, um dos
elementos – é extremamente difícil priorizar o que nos aflige – mais nos sufocam em nossa vida brasileira e
alagoana em particular.
Violência na repressão |
Estamos pedindo algo simples: que
o leitor dialogue e pergunte sobre nossa vida, em face de cada circunstância
destacada por Hércules. Cada desenho é uma fala expressiva sobre detalhes de
nosso cotidiano, um discurso articulado sobre o modo como somos e estamos a
viver e a fazer nossa vida. A tensão que nos constrói esta singularmente
representada nos desenhos.
Violência contra a mulher |
O que podemos perguntar aos
desenhos de Hércules, que não passe sobre a inquietante relação entre nossa
vida e nossa circunstância? Absolutamente nada; tudo nos fala como somos e como
vivemos. E, então, aparece necessariamente o como seremos e, aí, a
responsabilidade da cidadania torna evidente a tarefa que temos de negar a esta
violência o patrocínio de nossa organização.
Violência na Síria |
Hércules vai encontrando detalhes
por cima de detalhes, sem retirar a possibilidade de vermos que um laço
estrutural une a todas elas. Qual seria este enlaçamento estrutural? É coisa
que devemos pensar e responder à sociedade, pois, no fundo, é ela que
fundamenta e demanda as respostas a serem dadas.
Violência nas águas |
Violência no campo |
O COTIDIANO
Hércules Mendes
Violência no cárcere |
Abrimos a Televisão logo cedo, a
maior parte das informações que recebemos das emissoras em jornais e noticiários nos agridem desde o
início de cada dia. Geralmente são acontecimentos trágicos, hediondos, injustificáveis, que acontecem e deixam uma
permanente expectativa de preocupação, espanto e elevada dose de estresse em
nosso cotidiano.
Filhos que trucidam pais. Pais
que assassinam filhos. Estupros. Truculência do aparato policial. Agressão a
mulheres e crianças. Sequestros. Assaltos a bancos e a supermercados. Desastres
provocados por excesso de velocidade ou embriaguez. Homofobia. Tortura. Droga.
Preconceito racial. Protestos que redundam em vandalismo. Outras mais sutis,
como a mentira política, a demagogia, a corrupção, a poluição, a
má administração pública com consequências desastrosas nos serviços de
educação, saúde, transporte, e problemas generalizados de infra-estrutura e as
mais recentes, no âmbito do fanatismo religioso.
Hoje, os meus desenhos traduzem
parte desse cenário. Acho mesmo que se enquadrariam na categoria do chamado
“humor negro”. Não é ficção. É uma imagem multifacetada da nossa realidade
contemporânea.
Hércules
Nenhum comentário:
Postar um comentário