Tenho a impressão de que criar reações emocionais nos observadores e também expressar sentimentos nos tornam mais conscientes da nossa vida e do outro. Grandes artistas do século XX criaram várias maneiras de fazê-lo.
Pedro Caetano
Pedro Caetano, Arquiteto e Urbanista
– CESMAC/2008.
Em
2011 conclui especialização em paisagismo na UNIFOR-CE, onde realiza cursos de
extensão em desenho artístico e desenho arquitetônico.
Pedro Caetano
Eduardo Henrique Omena
Bastos
Conheci o Pedro no curso de Arquitetura e Urbanismo. Tivemos
a oportunidade de trocar algumas ideias em umas disciplinas de Desenhos e
Projetos. Desde os primeiros contatos, percebi um aluno diferenciado e
sensível, observava nas nossas assessorias uma inquietação, cúmplice de uma vontade
de ir mais além. Para minha satisfação, tive a oportunidade de fazer parte da
sua banca avaliadora de tcc
Alguns anos se passaram, perdemos o contato. Um belo dia,
recebi o convite para um vernissage do Pedro. Logo de cara, fiquei realmente
impressionado com um universo pictórico, carregado de emoção e poesia. Seus
temas e suas pinceladas reúne toda força do artista que não se molda, a priori,
a nenhuma formulação acadêmica. Talvez o
observador imbuído do senso comum, possa estranhar ou mesmo não entender o
conteúdo, mas, jamais passará indiferente. Pedro nos convoca a um envolvimento
com sua obra, seu apelo não é apenas visual, também é tátil. Seus grossos
empastos são um convite ao toque, um estímulo aos sentidos e ao sonho.
Ligado à você pelo chão |
Suas formas não são meramente decorativas, sua ação
pictórica é livre, gestual e intuitiva. O geométrico e o figurativo se abraçam
nos temas cotidianos e flertam com o abstrato. Não sinto em sua obra, uma
preocupação na fidelidade com esse ou aquele estilo – isso, me parece que não o
preocupa, vê um compromisso com uma verdade, como quem quer reinventar a Arte a
sua maneira. Vai se descobrindo e redescobrindo, colocando o coração na ponta
de um pincel e o gesto cria a emoção. E, com ênfase, sua obra é testemunho do
que diria Merleau-Ponty: “A concepção não pode preceder a execução.” Não se
percebe vacilo nem medos, o artista se expõe, como a dizer ao expectador: “Vá,
arrisque-se!”.
Lu |
“Boy,
you're gonna carry that weight
Carry
that weight for a long time..”
Siga feliz amigo meu!
Falar
ou escrever sobre pintura, a princípio pode parecer um contrassenso, pois ao
seguir as palavras de Matisse, ele nos indica que para pintar, o pintor deve
cortar sua língua com o intuito de que se deixe falar a voz da emoção.
De
certa forma deveria haver um consenso entre os que fazem pintura hoje em dia de
que ela é a metáfora dos sentimentos, que são traduzidos plasticamente para a
tela.
Tenho a impressão de que criar reações emocionais nos observadores e também expressar sentimentos nos tornam mais conscientes da nossa vida e do outro. Grandes artistas do século XX criaram várias maneiras de fazê-lo.
Vem cá meu bem |
Penso que pintar é se esforçar para criar poesia com as linhas, formas, texturas, com o arranjo das cores e seu enquadramento.
A emoção que a arte nos traz, ou que
uma pintura possa evocar a meu ver é sua verdadeira razão de ser... Concordando
com Rubem Alves, a arte, mesmo a dramática, sempre tem objetivo de produzir
beleza...
A partilha |
...ela está tanto no assunto do quadro, como na maneira como ele é feito...
Essa é uma questão que nasce com o xeque-mate que a fotografia exerce na pintura com o seu surgimento em 1839. Então novas formas de retratar o mundo nasceram a partir dos impressionistas, fauvistas, expressionistas e tantos outros.
Diáspora silenciosa |
Existem pintores totalmente abstratos em que seu assunto é os próprios elementos gráficos, visuais.
Frio |
Não me vejo como um pintor totalmente figurativo, porque os elementos gráficos também fazem parte da pintura que venho fazendo.
Entendo que a técnica, o modo como é
feito o quadro, vai sendo construído com o tempo, e como diria Matisse, depende
muito do temperamento de quem faz.
Jamais pintaria realismos, ou faria
colagens por exemplo. Os elementos de composição que mais me interessam são o
gesto, o enquadramento e a forma.
Tiro minhas imagens de desenhos de
observações que faço de pessoas e lugares que conheço; outras eu invento. A
fotografia já contou muitas histórias, e a pintura pode contar outras, que
quando nascidas de um desenho se tornam mais pessoais, pois se limitam à
impressão e à seleção de quem desenhou. Diferente da fotografia que nada
exclui.
Fazer desenhos de observações dos
temas do meu interesse é também revelar as imperfeições da minha impressão para
torná-las mais individuais, pessoais.
Temas familiares são também uma maneira de
fortalecer minha memória diante da transitoriedade.De uns tempos pra cá me libertei dessa
ideia de ‘utopia de um estilo’. É uma utopia no meu caso porque eu não acredito
que a pintura é uma poética que nasce do dia pra noite. Ela vai sendo
construída diante das hesitações, das aceitações e negações do pintor. Confio mais
na fluidez intuitiva da arte e no movimento natural, orgânico. Um quê de Fluxus
inconsciente que acho que é a mão que responde, é a sabedoria e inteligência
das mãos, não subestimemos a sabedoria manual. A ideia de naturalidade e
fluidez me parece um gesto verdadeiro.
Porque não haveria liberdade na precisão?
E porque não haveria controle no gesto?
A lentidão aumenta a precisão
A velocidade aumenta a pressão
Provocando a precisão
De jeito mecânico
Encontro a liberdade
Do gesto romântico...
Porque não pode haver prazer na disciplina?
Talvez porque o prazer é feito escape de gasolina
Ao vento de mais uma adrenalina (qualquer)...
Gesto sem controle é berro
E controle sem gesto é erro
Gesto é expressão
Controle é silêncio
Gesto é rima escura
e controle é rima branca...
Pedro Caetano
A velocidade aumenta a pressão
Provocando a precisão
De jeito mecânico
Encontro a liberdade
Do gesto romântico...
Porque não pode haver prazer na disciplina?
Talvez porque o prazer é feito escape de gasolina
Ao vento de mais uma adrenalina (qualquer)...
Gesto sem controle é berro
E controle sem gesto é erro
Gesto é expressão
Controle é silêncio
Gesto é rima escura
e controle é rima branca...
Pedro Caetano
Você dormiu mas me fez sonhar |
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