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domingo, 28 de fevereiro de 2016

Um deputado comunista: José Maria Cavalcante.

História e comunismo. Historia e el comunismo. Histoire et communisme, History and comunism

          Este material foi publicado em Campus

 I - A grande vontade de encontrar o Zé Maria
Luiz Sávio de Almeida

            Ignácio Rangel brincava dizendo que Alagoas era tão feudal, que para ser comunista era preciso pertencer a uma determinada família; é uma fina observação, mas um tanto quanto ingrata sobre o papel que alguns Miranda tiveram na vida do comunismo alagoano. Certa feita, o Zé Maria fez uma observação interessante: não se podia esquecer que era filho da Tia Rosinha. Ele agitava em Arapiraca e terminava visitando a família que o acolhia muito bem. E na Capela, idem.  Até o comunismo pagou as relações de parentesco que se fazem nas Alagoas.
            Sempre ouvi falar que tinha um primo comunista e do sofrimento da Tia Rosinha, a escrever e escrever cartas pedindo ajuda para soltura do filho. Uma vez, Zé Maria apareceu em nossa casa em Penedo, na companhia de outro membro do partido. Morávamos no Cajueiro Grande, em casa vizinha à da mãe de Ary Pitombo. Minha mãe os acolheu e esperaram meu pai. O velho Manoel de Almeida chegou e encontrou a encomenda. Precisavam de roupa, comida e fuga.

            Combinaram: na boca da noite desceram pela ribanceira dos fundos e foram para a margem do rio, no ponto indicado. Chegando, estava a canoa, a comida, o dinheiro e a recomendação de papai – já recebi algumas parecidas – ao canoeiro: “Atravesse e esqueça bem esquecido essa coisa toda; mas é para esquecer de nunca se lembrar!”. Disse o Zé Maria, que deu para irem longe com a roupa e o dinheiro que papai arranjou. 
            Mas não é este Zé Maria da crônica familiar que se encontra em jogo aqui em Campus e nem é propriamente o Zé Maria comunista; é ele falando sobre comunismo, gerando um painel sobre uma época.  Este Zé-Maria-primo não deveria estar aqui, mas, desculpem, bateu saudade dos meus dois velhos pais, imaginando como teria sido a correria naquela pequena casa em frente ao Hospital de Penedo. Meu pai não concordava com esta história de comunismo, mas jamais negaria proteção à família: Zé Maria era primo em primeiro grau de minha mãe; a sogra de Manoel de Almeida era a Caetana Maria de Albuquerque, irmã da Tia Rosinha que morou, também, na Rua do Cisco aqui em Maceió. A minha mãe – se eu a conheci bem – deve ter dito: “Tem um abacaxi aí dentro; descasca logo, nem converse que é p’ra ficarmos livres!”. E assim foi feito, descascado o abacaxi o problema estava resolvido.

            Nos estamos nos tempos dos cinquenta, mas nos de trinta  estavam presos, também, o Tio Cícero e a Tia Antônia; aliás o Zé Maria saiu antes deles, mas a prisão do Tio Cícero não teve a mesma  profundidade. Pelo que sei, a Tia Antônia e o Tio Cícero foram presos por estarem  pixando parede  no Rio de Janeiro.  A polícia passou, viu e tome cadeia. Mas o fato é que o comunismo entrou em nossa família e foi partilhado nas amarguras da Tia Rosinha e da Vovó Dondon.

            Cresci sabendo que havia comunismo e que dava cadeia; eu não sabia o que era, mas o imaginário deve ter construído muito sobre ele.  Um dia meu pai me levou e fomos de viagem ao Rio de Janeiro. E fomos procurar o Tio Cícero. Ele disse: “Hoje vamos visitar seu tio !”. E fomos e andamos e não sei onde, entramos em uma pequena loja que se chamava, vejam só: Olga. Vendia meias. E tome de conversa e nada do Tio Cícero: ali não trabalhava qualquer Cícero, nem sabiam quem era.


            E meu pai continuava de conversa até que foi ficando claro que se tratava da visita de um cunhado e de um sobrinho e nisto, com um imenso sorriso, Tio Cícero sai de detrás de uma cortina e abraça meu pai: “ Manoel!”. Havia, finalmente, conhecido um comunista e de modo teatral. Anos e anos depois, é que fui conhecer o Zé Maria, época justamente desta entrevista; eu já era adulto e já concebia alguma coisa sobre comunismo e marxismo e tinha imensa curiosidade sobre a história e as histórias sobre o Partido  Comunista em Alagoas ou, como se poderia dizer, a coleta de depoimento de antigos militantes.

            A companhia do Zé Maria foi instigante, andamos por toda a cidade, fio a pavio e ele dizendo aqui era isto, ali se deu aquilo e eu anotando. Ver a cidade comunista de 1935 foi muito importante para mim; era possível ter mais propriedade sobre o deslizamento urbano do comunismo em Maceió, saber da sua possibilidade de chegar realmente perto da população.

            Houve intensa atividade e isto pode ser visto pela quantidade de panfletos que circularam à época em nossa cidade. Todos os que se encontravam em processo judicial e inclusive cópia de jornais mimeografados, submeti ao Alberto Passos Guimarães, para que dissesse se haviam sido plantados e tenho os que ele considerou autênticos.

            O Partido passou por diversas fases, como já levantamos, mas o crítico  seriam as perseguições de 1932 e de 1935 e, também, especialmente a canhestra reconstrução encaminhada pelo Abóbora, confuso e sem poder efetivo de integração do grupo. Sempre a trajetória seria um grande período de clandestinidade e um breve período de legalidade.

            Conhecer Zé Maria equivalia a conhecer o impossível, com sua fala revivendo de emoção, cada minuto que viveu.  Sua vida era um texto pronto a ser representado e muitas vezes estive a pensar que estava diante de uma personagem que havia escrito o seu próprio texto e, portanto, representava a si mesmo. Ele era baixo, forte, jeitão dos Albuquerques da Capela e sobretudo um homem valente. Sua última prisão valeu sessões de tortura.

           
Quando chegou ao ponto, não viu que o camarada havia caído e foi preso e levado e foram dias torturado; Zé Maria contou muita coisa, mas não gravei, sendo impressionante  irem batendo com um ferro, de leve e constantemente, no couro cabeludo aberto. Várias e várias vezes. Veio à Maceió visitar os parentes, voltou para Niterói e morreu atropelado pelo câncer. Ele jamais perdeu os laços com Alagoas  mas parece que centrou suas atividades em Niterói, onde, se relembro bem, chegou a ser vereador.

            Finalmente eu havia conhecido um comunista da família que eu nem imaginava como era. Havia conhecido, é claro, o Tio Cícero,  mas as aventuras dele foram no Rio de Janeiro. Tio Cícero deixou um presente para mim; a coleção das obras de Lenine, editadas pela antiga Progresso. Zé Maria umas fotografias que procurei para ilustrar esta pequena lembrança. Não encontrei, sinal de que as guardei muito bem. De nossa conversa, gravamos em torno de uma hora; marcamos uma outra que jamais tivemos.

            Aproveito a oportunidade para deixar neste pequeno escrito, dois abraços. Um para um tio e outro para um primo, todos os dois comunistas e com nomes a bem dizer pios, um fazendo menção à Sagrada Família e outro ao nosso bom Padre Cícero.



II – As andanças do comunismo nas Alagoas


            José Maria Cavalcanti é figura emblemática do que foi o comunismo na década de 30 e quarenta em Alagoas do século XX. Preso em face da chamada Intentona Comunista de 1935, voltou para Alagoas onde esteve na coordenação do Partido, trabalhou na reconstrução em 1941 e o ajudou a ter três deputados em nossa Assembleia Legislativa: ele, André Papine e Moacir de Andrade. A bancada comunista poderia ser vista como decorrência de um acentuado trabalho público e carreado, neste setor, mormente pelo Zé Maria, que era, sem dúvida, um grande agitprop; a caminhada do Partido Comunista poderia ser vista como resultado do poder de articulação de Papine e da capacidade de organização de Moacir Rodrigues de Andrade.


            É um momento inusitado na vida do comunismo no Estado de Alagoas pois teve a oportunidade de estar junto ao povo e fomentar o interesse e a confiança nas propostas do partido, sendo montados trabalhos de integração com as pessoas do Jacintinho, da Levada e de outras regiões pobres de Maceió, havendo, também, trabalho em áreas do interior do Estado, bem como mantendo ligações íntimas com algumas entidades como a Aliança do Retalhistas, da qual José Maria chegou a ser dirigente.

              O fato a considerar, contudo, é que havia um lastro para crescimento do Partido e sua expressão pública, que terminou por levar o Zé Maria à bancada, logo após à reorganização, na articulação que é conseguida com Rui Palmeira e com a votação recebida por Papine que leva o coeficiente a eleger Zé Maria e Moacir de Andrade. Foi esta aposta política que garantiu a eleição de três deputados, com a transferência de parte do poder de fogo de Rui Palmeira.  Rui Palmeira vendeu a ideia da organização comunista, do poder de fogo da militância. Com isto, conseguiu a autorização para montar a aliança o que foi negociado diretamente com André Papine.

            Não importa se o lastro era efetivamente de massas, como sempre o Zé Maria exaltará; o fato é que aconteceu expressão eleitoral e gerou uma inusitada posição do Partido Comunista na vida estadual e nunca mais atingida pela esquerda.        O Partido havia sofrido com os episódios de 1935 e com a montagem do Estado Novo. Fundado formalmente em 1928 aqui em Alagoas, sua vida passou a viver aparente fragmentação pela forma como foi combatido pela segurança. Ele não teve uma vida pública e nem interna continuadas, trabalhando a obrigação de refazer seus esquemas de organização e operação.  Vindo de 1928 na esteira dos resultados do  Otávio Brandão no Rio de Janeiro, o Partido logo encontra a oposição sistemática da Revolução de Trinta.


            Era como se fosse uma organização jamais efetivamente estabelecida, sempre tentando estar da melhor forma e sempre clandestina. Em torno de dois anos de sua constituição em Alagoas, ele encontra a revolução de 30; posteriormente, acontece a repressão de 1932, depois vem 1935 e, finalmente, 1941 com o retorno do Zé Maria da prisão em Fernão de Noronha e a ligação promovida por Ezequiel Miranda, que terminará saindo de Alagoas e indo morar no Rio de Janeiro, onde trabalhará no Jardim Botânico, segundo nos informou Anivaldo Miranda. 
            É claro que existiu continuidade, mas é claro também, que aconteceu intensa quebra de operação com a impossibilidade de uma vida pública. A audácia de 1932, correspondeu à deportação de lideranças, como a do Américo Sapateiro, Benedito Gororoba e outros; aliás, desde o início havia intensa disputa interna, no que se tem as dificuldades de direção associadas à pressão externa da segurança. Diga-se de passagem, foi na casa do Américo Sapateiro que aconteceu a reunião considerada de fundação do Partido e ele, posteriormente, estará na polícia secreta do integralismo provincial.
            Ao contrário do que se pode pensar, o Partido nos dois anos de revolução mantém intensa atividade e cresce a vida sindical. Inegavelmente, o que chamei em algum lugar de cinturão têxtil de Maceió vai ter peso como campo de atividade, como se pode verificar pela greve intentada em 1932, mas pesa sobremodo a inserção de trabalhadores nos serviços de Maceió, onde o Partido encontrava-se com a população pobre. O peso no têxtil, contudo, será na Alexandria, considerada um nicho de comunistas ou, em palavras menos comprometedoras, ali existia um punhado de comunistas.

             De 1932 a 1935 acontece outro período de sua história onde cresce a participação pública, especialmente quando se tem a criação da Aliança Libertadora Nacional e, neste período, aumenta, também, a participação de Rodrigo, codinome de Alberto Passos Guimarães. Logo após 1935, o Partido viverá mais uma vez a clandestinidade, sem condições de grandes interferências e, nele, sempre me chamou atenção o nome do Abóbora que foi mandado para rearticular o Partido, gerando problemas internos, nesta fase. 
            Veio de Natal, Rio Grande do Norte onde havia sido Secretário do Governo Popular e gera uma série de conflitos intra organização. Lembro-me de uma conversa com Alberto Passos Guimarães. Eu disse: “Alberto, quem peste era este Abóbora? Desconfio que era fulano de tal. Tou certo?”. A resposta foi cáustica:: “ Não me fale deste fdp!”. E deu suas razões.

            O Estado Novo será impiedoso com o comunismo, o Partido continuará em Alagoas, mas somente clandestino, aparecendo novamente na rua em 1942.  Zé Maria pega o período que vai de 1935 a 1941 e vai tomar parte na reorganização; é interessante notar, que ao longo deste tempo nós vamos encontrar uma pessoa cujo papel é essencial e que vai ser um elo de ligação na historia do comunismo no período: Ezequiel Simplício de Miranda. Nós jamais estaríamos personalizando a história, mas deixando claro que a história tem suas pessoas evidentes.

            Neste caso, Ezequiel Simplício de Miranda bem poderia ser um fio condutor para a discussão de todo um período, como se a sua biografia fosse um detalhe a ser considerado como recorte legítimo para se discutir um determinado tempo. Gosto de andar pelas reflexões de Shallins sobre o lugar das pessoas.
            É claro que a conversa com o Zé Maria merece ser lida com extremo cuidado. Quem escutar a gravação da nossa conversa, verá que faz um verdadeiro discurso: grita, vocifera, bate na mesa... Talvez tenha sido sua ânsia de falar; fazia pouco tempo que havia sofrido tortura; talvez fosse a necessidade de justificar a sua própria vida, de justificar o Partido. Todas as restrições, jamais invalidariam as informações e as análises que estão nesta simples conversa e que – supomos – será sempre indispensável para quem estudar a formação da esquerda em Alagoas. 
            José Maria Cavalcanti nos faz pensar em um Partido que se entende grandioso, condutor de massas. Nele cabem o Exército Vermelho e o Generalíssimo Stalin. De uma hora para outra, a Segunda Guerra Mundial, Stalin, Mussolini e Hitler caminhavam em nossas ruas e de fato era assim. O mundo forçava-se sobre o tamanho de Maceió. O complexo das massas – pesando na política comunista da época – teria que ser argumentado, por elas serem inexistentes, frutos de um imaginário militante.

            É assim que o Partido alimenta a UDN e não a UDN alimenta a eleição dos deputados, através de Rui Palmeira, que segundo o próprio Zé Maria chegou a pertencer ao Partido Comunista. Ninguém pode negar o rumo democrático de Rui Palmeira, que teve, inclusive, participação na Aliança Libertadora Nacional. Na verdade, uma análise da fala do José Maria nos leva a encontrar dois partidos: o que faz parte do mundo pessoal do ex-deputado e o que faz parte da efetiva correlação de forças que se desenvolvia em Alagoas. Seu depoimento tem que ser lido nos limites entre o partido pessoal   e o real. Quem sabe estamos diante de dois filões extremamente ricos: o imaginário de um comunismo e um comunismo real, elaborado organicamente na circunstância de uma Alagoas ainda pesadamente vivida por seu agrarismo.
            Por outro lado, deve ser considerada a fase de vida do José Maria à época desta conversa; havia sido preso e torturado em função da Guerrilha do Araguaia, caso não haja engano de nossa parte. Sem dúvida, sendo assim, ele precisava e muito de sua própria história. Na fala estão diversas categorias que devem ser levadas em consideração. Quando nós conversávamos com Zé Maria – e foram diversas vezes – sentíamos uma estranha capacidade, algo quase mágico: sua fala regredia, usava o jargão e as razões da época a que se referia.

            Era como se ele falasse de lá – não havia um naquele-tempo – e não aqui, como se tivesse efetivamente sendo uma voz projetada do passado. Caminhamos com ele por esta Maceió, vendo os lugares e ouvindo sobre o que ali teria ocorrido. Não nos importava se tudo havia acontecido; parecia que estava acontecendo. Foi como recompusemos com ele todo o Quartel do 20º BC, local das Companhias, todo o espaço, os locais de conspiração, a prisão, o quase-inusitado dele dizer que havia visto o Benedito Gororoba preso, nu e todo melecado com baba de quiabo. 
            O fantástico de sua vida familiar, a paciência da esposa, a casa coletiva, o esforço para sobreviver no pequeno comércio, o aparelhamento da Aliança dos Retalhistas, o levantar-se de nossa mesa de jantar empolgado, vociferando, rindo. Por detrás desta massa de letras impressas, existia um homem que vibrava, já um pouco alquebrado. Ainda hoje, quando ouvimos Zé Maria, passa um filme na nossa cabeça, tão sugestiva era a sua fala, a sua gesticulação, tudo ceifado por um câncer de próstata. Depois desta temporada, ainda nos encontramos. Depois veio a morte em Niterói. 
          
  Decidimos prestar uma homenagem a ele: ele era um homem raro e extremamente sério com aquilo que acreditava ser o caminho, que era possível uma redenção e dela era uma espécie de profeta perdido no Novo Testamento, meio perto do que era João Batista a enunciar um Messias a chamar-se Proletário. Sabemos das restrições que se deve colocar sobre depoimentos de militantes e é assim que “cientificamente” estamos vendo o texto que divulgo. Estava guardando-o para um livreto, que não mais será escrito. 
            Dispomos de uma autorização do Zé Maria para a utilização de imagem e palavra. Achamos que ele procurava prestar contas públicas de sua vida. Esperamos que ao divulgarmos este material, estaremos satisfazendo o desejo de Zé Maria quanto a falar sobre sua vida e colaboramos para uma discussão sobre a história do comunismo em Alagoas. Esta conversa data de 4 de maio de 1988: tem 28 anos que este material estava comigo.  Não me lembro bem onde gravamos, mas foi na casa de uma prima que morava na Dias Cabral. Agora está partilhado.


            Não sei se ainda tenho a fita com a narração que faz da tortura que sofreu; é difícil aguentar ouvi-la e acreditar que se pode chegar ao que foi feito com ele; algo tão feroz e brutal, que se aproxima ao que foi feito com outro grande amigo, infelizmente também falecido e a quem muito devo, o Marco Antônio Coelho. O livro de Marco Antônio é impressionante ao contar o que sofreu no  cárcere, bastando dizer que teve de alimentar-se de seus próprios dejetos. 

Karina Dâmaso. seus anjos e suas flores


Ángel y flores. Angel et fleurs. Angel and flowers. Angel e fiori





Alagoas: a feira de Taquarana (I). 2016







               Fotografar  é registrar momentos, às vezes únicos:  a lente que fotografa hoje é diferente do amanhã. A emoção, contrastes e formas transmitidas na fotografia, revelam como o que foi fotografado estava naquele exato segundo. Fotografar não é o ato de um simples apertar de botão, é capturar através da sua lente a imagem que se almeja. 

 




               Sou Míriam Lima, estudo História na Universidade Estadual de Alagoas - Uneal, pesquiso sobre o mundo dos engenhos (casa-grande, trabalho escravo, sociedade açucareira), modernidade indígena e acho fantástico o regaste da memória, realizado através de entrevistas, fotografias e outras fontes onde se é possível fazer um resgate de historiográfico de outrora.

Memória fotográfica de um dia de feira na Taquarana (I)

















Karina Cavalcante Dâmaso. Memória e cotidiano. Artes plásticas



Anjo e violão







ENCONTRO COM A ARTE
Karina Cavalcante Dâmaso Garboggini

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Iniciei meu amor pela arte através do desenho, aos 13 anos; mainha remexendo em minhas coisas descobriu meus desenhos e empolgada me matriculou em uma aula de pintura no bairro onde morava.

D. Odete Teixeira, pintora conhecida, foi minha primeira professora, uma linda vovó que me ensinou o básico da pintura e me deixava livre para desenvolver o dom, dizia para mainha que eu só precisava desenvolver a técnica, pois eu fazia tudo com habilidade e perfeição, mesmo assim, por amar aquelas tardes agradáveis com lanchinhos deliciosos, permaneci por um ano. Isso foi em 1986.

Em 1987 ou 1988, não me recordo precisamente, consegui ser a primeira aluna do renomado pintor Aloísio Coimbra, em Boca da Mata, interior de Alagoas. Lá permaneci por quatro meses, indo todos os sábados; aprendi sua técnica em fisionomia, e detalhes nas composições figurativas; incorporei muitas cores novas e vibrantes ao meu trabalho, que mais tarde foi determinante na formação do meu estilo.

Parei de pintar em 2005, por estudar e trabalhar, além de apresentar algumas consequências, como: tonturas, mãos tremulas e dores de cabeça pelo uso contínuo da tinta a óleo, considerada muito tóxica.


Boca da Mata
Voltei em 2013 pintando acrílico sobre tela, criei estilo próprio e nova técnica, pois a riqueza da perfeição do figurativo dos quadros a óleo não consegui mais obter, por ser o acrílico uma tinta de secagem muito rápida. Por isso foi essencial à técnica e a criatividade na composição de novos quadros com características do figurativo e abstracionismo de forma harmônica, trazendo a tona um estilo único e determinante. 

Atualmente continuo pintando, o amor pela arte me traz paz interior. Pretendo não mais parar por longos anos, a pintura faz parte do meu equilíbrio e bem estar. Portanto, convido a todos a descobrir suas habilidades artísticas, desenvolvê-las e provar desse imenso prazer. Vamos apreciar a arte com a mente aberta e deixar o olhar do imaginário lhe conduzir por belezas infinitas.

sábado, 27 de fevereiro de 2016

Alagoas: Palmeira dos Índios em revista

City. History. Architecture. >>  Cittá Storia. Architettura >> Cité. Histoire. Architecture.


Casa de Graciliano Ramos


PALMEIRA DOS ÍNDIOS: a glória de um passado registrada em tijolo

Luan Moraes dos Santos
Estudante de história
Todas as fotos são de autoria de Luan Moraes dos Santos



As fotos que você vê, caro leitor, são de pontos importantes de Palmeira dos Índios, cidade do interior de Alagoas que gozava, outrora, de um considerável crescimento econômico e urbano. Começamos pela suntuosidade da Catedral Diocesana com suas delicadas feições, com o piso liso feito de mármore cortado em pedras pequenas e grandes como se fossem ladrilhos irregulares e seu altar de onde facilmente podemos enxergar os doze apóstolos esculpidos demostrando diferentes posições. Ao centro está Nossa Senhora do Amparo a padroeira do Município.
Logo ali, no centro de Palmeira dos Índios, bem próxima a Catedral encontramos a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, construída por negros que não podiam acompanhar as missas na matriz. Pequena, mas de aspecto agradável, hoje é a sede do Museu Xucurus, fundado pelo curioso e literato Luiz B. Torres e Dom Otávio Aguiar, primeiro Bispo de Palmeira dos Índios. Também temos estabelecimentos comerciais que preencheram os antigos prédios de outros estabelecimentos, como não admirar o edifício da OAB em tempos onde as construções são tão comuns? E as casas de diversas formas, com suas fachadas enfeitadas com detalhes ondulados, quadrados, triangulares como um bolo coberto com chantilly que toma forma de acordo com a expressão e sensibilidade de seus confeiteiros?
Enfim, resquícios de um passado que os comerciais e propagandas, inutilmente, escondem. Memórias de um passado de luxo gravadas no concreto que duram, as vezes não tanto quando desejamos. 


A Catedral Diocesana
Prefeitura Municipal

OAB em Palmeira dos Índios

Residência em Palmeira dos Índios

Posto Indígena Irineu Santos

Hotel Comercial

Comércio

Cristo do Goiti
Catedral
 
 
Igreja de Nossa Senhora do Rosário