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segunda-feira, 4 de abril de 2016

José Carlos da Silva Lima. Luís Sávio (TERRA) de Almeida: um intelectual amigo das lutas dos empobrecidos da terra




Luís Sávio (TERRA) de Almeida: um intelectual amigo das lutas dos empobrecidos da terra

José Carlos da Silva Lima[1]

Luís Sávio (TIERRA) de Almeida: intelectual  amigo de las luchas de los  empobrecidos de la tierra 

    “A terra é uma habilitante para a liberdade.”[2] Essa afirmação, sem dúvida, aproximou o historiador e intelectual Luís Savio de Almeida das lutas dos Semterra e os Semterra da obra de ALMEIDA.  É necessário esclarecer, para evitar interpretações equivocadas, que o tema “terra” é recorrente nas suas produções intelectuais. Como poucos, dedicou-se ao estudo das causas dos povos indígenas, que inevitavelmente passa pelo reconhecimento e conquista do território; aprofundou as lutas dos negros e, mais uma vez, a terra aparece como uma espécie de passaporte para a liberdade. Mais recentemente, dando continuidade a essa leitura processual da terra, chega ao sujeito político e coletivo Semterra.
    Alguns sujeitos históricos podem mudar, porém a terra e a tensão gerada a partir dos conflitos pela sua utilização perpassam esses estudos. Almeida não advoga a lógica de estudar o objeto, ele busca sujeitos. Utilizando instrumentos científicos, garante a fala dos Indígenas, dos Quilombolas e dos Semterra. A sua preocupação é com o coletivo, com o cultural, com o religioso, com o cotidiano dos dominados e, principalmente, com o protagonismo destes. Uma opção clara e combativa ao lado dos empobrecidos.
    Desde 2010, quando produziu o artigo “Manuel Correia de Andrade. Os empobrecidos e a terra”, constatamos em Almeida um movimento ao encontro do mundo dos Semterra e das suas organizações, o que não se traduz apenas nas pesquisas com o fito de publicação. Almeida produziu e organizou Terra em Alagoas: temas e problemas, publicado pela Edufal em 2013. Essa obra toma a terra como elemento fundamental para entender o poder em Alagoas. Nela encontramos as falas militante, intelectual e governamental, num painel representativo com olhares e posições diversas sobre terra, conflitos e tensões.     A referida obra inaugura uma Coleção decorrente do debate do Grupo Terra; Terra e Pastoral em Alagoas: conflito e liberdade, Edufal, 2014. Essa publicação concede espaço aos Semterra e assentados, que falam de suas lutas, dos seus cotidianos e dos seus sonhos. Aspectos políticos, culturais e econômicos estão presentes. A luta em defesa da reforma agrária como um objetivo político é tida como um instrumento capaz de modificar a estrutura agrária do país. São falas de camponeses e camponesas com ou sem terra, ligados à Comissão Pastoral da Terra de Alagoas.
    Na publicação do livro Nossa marcha, nossa casa, nossa vida, publicado pela Edufal em 2011, Almeida contribuiu com a escolha das fotografias e das falas dos Semterra. Humanizar a luta, rompendo com a hegemonia midiática que trabalha diuturnamente para a criminalização dos movimentos sociais do campo, eis no que consiste a proposta deste volume.
    Sávio Almeida também contribuiu e se envolveu em encontros de militantes Semterra, em Feiras Camponesas e Agrárias na praça da Faculdade, Romarias da Terra e assembleias. O Grupo Terra, que nasceu em 2012 e se ocupa em articular intelectuais e militantes envolvidos com o tema “terra”, é resultado desse diálogo entre Almeida e os Semterra. Esse grupo informal é a expressão pública de debates e estudos, a revelar a identidade coletiva de Luiz Sávio de Almeida.


[1] Coordenador da Comissão Pastoral da Terra Regional Nordeste 2 (Alagoas, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte). Cursa Mestrado em História na Universidade Federal de Alagoas. Membro do Grupo Terra.
[2] ALMEIDA, Luiz Savio de. Manuel Correia de Andrade. Os empobrecidos e a terra. In: Revista econômica política do desenvolvimento. Edição especial, ago. 2010. V. 3. Maceió, Edufal, 2010.

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