Luís Sávio (TERRA) de Almeida: um intelectual
amigo das lutas dos empobrecidos da terra
José Carlos da Silva
Lima[1]
Luís Sávio (TIERRA) de Almeida: intelectual amigo de las luchas de los empobrecidos de la tierra
“A terra é uma habilitante para a liberdade.”[2] Essa
afirmação, sem dúvida, aproximou o historiador e intelectual Luís Savio de Almeida
das lutas dos Semterra e os Semterra da obra de ALMEIDA. É necessário esclarecer, para evitar interpretações
equivocadas, que o tema “terra” é recorrente nas suas produções intelectuais.
Como poucos, dedicou-se ao estudo das causas dos povos indígenas, que
inevitavelmente passa pelo reconhecimento e conquista do território; aprofundou
as lutas dos negros e, mais uma vez, a terra aparece como uma espécie de passaporte
para a liberdade. Mais recentemente, dando continuidade a essa leitura
processual da terra, chega ao sujeito político e coletivo Semterra.
Alguns sujeitos históricos podem mudar,
porém a terra e a tensão gerada a partir dos conflitos pela sua utilização
perpassam esses estudos. Almeida não advoga a lógica de estudar o objeto, ele busca
sujeitos. Utilizando instrumentos científicos, garante a fala dos Indígenas,
dos Quilombolas e dos Semterra. A sua preocupação é com o coletivo, com o
cultural, com o religioso, com o cotidiano dos dominados e, principalmente, com
o protagonismo destes. Uma opção clara e combativa ao lado dos empobrecidos.
Desde 2010, quando produziu o artigo “Manuel Correia de Andrade. Os empobrecidos e
a terra”, constatamos em Almeida um movimento ao encontro do mundo dos
Semterra e das suas organizações, o que não se traduz apenas nas pesquisas com
o fito de publicação. Almeida produziu e organizou Terra em Alagoas: temas e problemas, publicado pela Edufal em 2013.
Essa obra toma a terra como elemento fundamental para entender o poder em
Alagoas. Nela encontramos as falas militante, intelectual e governamental, num
painel representativo com olhares e posições diversas sobre terra, conflitos e
tensões. A referida obra inaugura uma
Coleção decorrente do debate do Grupo Terra; Terra e Pastoral em Alagoas: conflito e liberdade, Edufal, 2014. Essa
publicação concede espaço aos Semterra e assentados, que falam de suas lutas,
dos seus cotidianos e dos seus sonhos. Aspectos políticos, culturais e
econômicos estão presentes. A luta em defesa da reforma agrária como um
objetivo político é tida como um instrumento capaz de modificar a estrutura
agrária do país. São falas de camponeses e camponesas com ou sem terra, ligados
à Comissão Pastoral da Terra de Alagoas.
Na
publicação do livro Nossa marcha, nossa casa, nossa vida, publicado
pela Edufal em 2011, Almeida contribuiu com a
escolha das fotografias e das falas dos Semterra. Humanizar a luta, rompendo
com a hegemonia midiática que trabalha diuturnamente para a criminalização dos
movimentos sociais do campo, eis no que consiste a proposta deste volume.
Sávio Almeida também contribuiu e se
envolveu em encontros de militantes Semterra, em Feiras Camponesas e Agrárias
na praça da Faculdade, Romarias da Terra e assembleias. O Grupo Terra, que
nasceu em 2012 e se ocupa em articular intelectuais e militantes envolvidos com
o tema “terra”, é resultado desse diálogo entre Almeida e os Semterra. Esse
grupo informal é a expressão pública de debates e estudos, a revelar a
identidade coletiva de Luiz Sávio de Almeida.
[1]
Coordenador da Comissão Pastoral da Terra Regional Nordeste 2 (Alagoas,
Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte). Cursa Mestrado em História na
Universidade Federal de Alagoas. Membro do Grupo Terra.
[2]
ALMEIDA, Luiz Savio de. Manuel Correia de Andrade. Os empobrecidos e a terra.
In: Revista econômica política do desenvolvimento. Edição
especial, ago. 2010. V. 3. Maceió, Edufal, 2010.
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