Sávio
e Periferia: Algumas linhas em homenagem ao ‘guerreiro do profundo de Alagoas’
Railton DA SILVA
Jornalista e editor do projeto Casa de Taipa
“A
periferia precisa que a sua própria população fale”
Sávio
de Almeida
Muito poucos são os que se propõem
lançar um olhar sobre os costumes e o cotidiano de uma população que esta sufocada
na periferia, como também, são poucos os espaços de divulgação e apresentação
das particularidades que mereceriam atenção, inclusive, para o entendimento
sócio-histórico de uma cidade que tem atravessado momentos cruciais e
determinantes no processo de manutenção e encaminhamento do poder e produção na
principal cidade de Alagoas: Maceió.
A nossa bibliografia sobre a periferia poderia
ser considerada - parafraseando o professor Aurino Maciel (in: CRAVEIRO COSTA,
S/D) - “de uma pobreza, com licença da palavra, franciscana”. Essa máxima teria
força e veracidade se não fossem os novos olhares que vêm sendo lançados,
inclusive, de dentro das próprias periferias onde vem sendo promovidas discussões
sérias e – de certa forma – é preciso reconhecer antes de mais nada o empenho
de um ‘guerreiro’ – com licença poética – das Alagoas: Luiz Sávio de Almeida.
É importante destacar que o termo
guerreiro versa para uma expressão usada na periferia e tende apresentar
àqueles que estão na luta com a gente, a bem dizer, a periferia tem encontrado
em Sávio de Almeida a pioneira oportunidade de se expressar e se fazer presente
na escrita de uma história longe dos modos tradicionais e dominantes, porque
não dizer, uma história próxima da gente, dos nossos e que mais parece que
acontece no aqui e no agora.
Esse “Guerreiro das Alagoas” tem aberto importantes
espaços para as ‘quebradas’ – aqui entendam como todas as localidades,
independente de ser na capital ou no interior e que tem um objetivo especifico
na condução do encaminhamento do poder na sociedade - contarem suas próprias
histórias, suas origens. Entre esses espaços, queremos destacar aqueles que têm
circulação em jornais impressos na grande Maceió, sendo, na verdade, como Sávio
de Almeida incansavelmente denomina: Um painel sobre Alagoas.
Espaço, Contexto e Campus. Três espaços
em três jornais impressos na capital e em épocas diferentes, mas com um
elemento diferencial, que teve e tem várias contribuições: as falas de uma
população perigosa e sufocada no mais profundo das Alagoas que não encontrariam
espaços na mídia tradicional, a não ser para servir de instrumentos que levem a
inclinações tendenciosas: Índios, pretos, macumbeiros, ciganos, prostitutas,
trabalhadores e todos empobrecidos.
O pioneiro foi o ‘Espaço’ que teve
circulação no extinto ‘O Jornal’. Logo após, outro espaço foi aberto, só que no
jornal Tribuna Independente, e era chamado de Contexto, e, agora ‘Campus’ com
circulação no semanário ‘O Dia’. Certa vez na casa de Almeida, ele explicou
como funcionava o processo de circulação dos suplementos que coordenava.
Segundo ele, sempre houve o devido respeito por parte dos editores que se
comprometiam – e no atual caso do Campus, se compromete – a não mexer no texto
a não ser com seu consentimento.
“Sempre houve e ainda há um respeito. No
‘Espaço’ e ‘Contexto’, como agora no ‘Campus’ nunca foi publicado um texto em
que não desse o ok. Ele diagrama o texto e depois me enviam para que eu possa
ver se esta tudo ok, com um detalhe importante, sem alterar o material e esse
respeito é muito importante para mim e para quem nos ajuda com os trabalhos a
serem publicados”, destacou Sávio de Almeida durante uma conversa em sua
residência.
Com esse respeito foram e vem sendo
publicados vários trabalhos, inclusive das periferias de Maceió e com vários
olhares. Nós lançamos olhares para as histórias dos moradores da Grota do
Cigano, do artista e cantor de rap, Fellipe Boca, e outros trabalhos estão sendo
engatilhados para futuramente serem lançados.
Novamente voltamos a afirmar que não são
todos que se propõem a lançar e incentivar novos olhares sobre os costumes e o
cotidiano de uma população sufocada nas periferias alagoanas, principalmente, a
de Maceió, por essa razão nós da periferia agradecemos a atenção e o carinho
desse “guerreiro das Alagoas”, Luiz Sávio de Almeida, e lhe mandamos um
‘salve’.
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