clique
O processamento industrial da mandioca gera diversos resíduos sólidos e líquidos cujo impacto no meio ambiente pode ser bastante significativo se não houver um tratamento adequado. A manipueira é um resíduo líquido gerado durante a prensagem da mandioca triturada para produção de farinha ou na lavagem da mandioca ralada para extração e purificação de fécula. Possui elevada concentração de matéria orgânica, em torno de 70g.L-1, e efeito tóxico devido à presença de cianeto que pode chegar a 400mg.L-1. É, por isso, o resíduo de maior impacto ao meio biótico. Uma alternativa eficiente para o tratamento deste resíduo é a biodigestão anaeróbia. O tratamento anaeróbio, embora necessite de mecanismos para estabilização do pH em razão da rápida acidificação da manipueira, vem ocupando espaço nas plantas industriais respaldado por pesquisas que confirmam sua potencialidade para a redução de cargas orgânicas e cianeto e para a otimização da conversão de matéria orgânica a biogás (gás carbônico, CO2, e metano, CH4). Este predomínio tem sido possível devido ao desenvolvimento de novas configurações de sistemas onde as unidades centrais são reatores anaeróbios. Os reatores têm menor custo, são mais compactos, mais eficientes e favorecem a produção e o aproveitamento de biogás, o qual pode ser introduzido no processo de produção para suprir parte da demanda energética da planta industrial. Este trabalho investiga o uso do Reator Anaeróbio Horizontal com Chicanas (RAHC) em escala de bancada para o tratamento da manipueira com pH estabilizado através de conchas de sururu. O RAHC foi concebido a partir de modificações no Reator Anaeróbio Horizontal de Leito Fixo (RAHLF), um reator tubular de alta taxa que permite a permanência de uma grande massa de microrganismos imobilizada aderida a uma matriz suporte fixa. O sistema utilizado foi constituído por dois reatores em série para promoção da separação de fases. O substrato utilizado foi produzido a partir de amostras coletadas em casa de farinha instalada na Microrregião Produtora de Arapiraca, agreste do Estado de Alagoas, Brasil. Foram desenvolvidas atividades de caracterização dos efluentes e monitoramento do sistema durante 288 dias através de análises físico-químicas laboratoriais. A avaliação do desempenho foi feita através de análises periódicas de DQO, ácidos voláteis, alcalinidade total, pH, sólidos suspensos, nitrogênio e fósforo total para manipueira diluída a 5%, 10% e 20%. A estabilização do pH foi realizada pela formação de um leito fixo com conchas de sururu no reator acidogênico. Os resultados confirmaram a adequação do RAHC ao tratamento da manipueira. O sistema com 5% e 10% de manipueira obteve reduções de DQO máximas de 95%. As conchas de sururu se mostraram adequadas para o controle do pH. Com o sistema operando a 20% de manipueira, houve sobrecarga indicada por queda significativa da eficiência e desestabilização do pH. Os resultados induzem a uma alternativa promissora para o tratamento anaeróbio da manipueira com controle de pH pelo aproveitamento das conchas de sururu. | ||
Nenhum comentário:
Postar um comentário