mingo, 3 de junho de 2012
[Arte: Fotografia: Vídeo] Flávia Cerullo e Alice Jardim. Maceió DOBRA, (des)dobra e se multiplica
ALICE JARDIM é realizadora
audiovisual, fotógrafa, designer gráfica, cineclubista e arquiteta urbanista
graduada pela Universidade Federal de Alagoas (2007). Integra o coletivo de
experimentação audiovisual Tela Tudo e a equipe executiva da organização não
governamental Ideário. Também atua no Grupo de Pesquisa Estudos da Paisagem (UFAL),
como coordenadora do núcleo audiovisual do Laboratório de Criação Taba-êtê
(UFAL). É membro da Associação Brasileira de Documentaristas e
Curta-Metragistas de Alagoas (ABD&C/AL).
Foi diretora
geral e de fotografia de vídeos de ficção, documentais e experimentais. Recebeu
uma menção honrosa pelo vídeo experimental “Em Obra” (2010), na 2ª Mostra
Sururu de Cinema Alagoano (2011). Seu vídeo experimental “Todavia” (2011) foi
premiado com o 1º lugar na Mostra Competitiva Nacional do Festival Arte.Mov
2012, em Belo Horizonte, e foi exibido no festival Hong Kong International
Mobile Film Awards – HKIMFA. Seu outro vídeo, "Tempo"(2010), também
foi finalista na 6ª edição do Festival Arte.Mov, recebendo do festival
menção honrosa.
DOBRA
Maria Angélica da Silva, Curadora da
Exposição
Nas fotografias e vídeos que compõem esta exposição há um jogo de
mostra e esconde.
Cabe uma escolha. Será importante encontrar o motivo, o lugar, o
artifício que gerou a imagem ou a própria imagem?
Maceió ou Hong Kong? É preciso desvelar os enigmas de Alice? É preciso
descobrir qual parte da cidade foi fotografada ou deixar o olhar livre, brincando de
adivinhar?
A noite expulsa de Maceió o que lhe são os atributos mais recorrentes:
mar e sol.
Se a cidade está ali, nas imagens, construímos então uma cidade que não
é apenas natureza luminosa.
Pois o que vemos está mais perto da escuridão muda dos glaciares, do
noturno das superfícies abissais. Mesmo
se a cidade é recomposta em elementos do cotidiano, o ponteado destes elementos
paralisam-se em formas que lembram faíscas na pedra. Raios a laser compõem um
outro céu de noites falsamente estreladas.
E assim, entre um movimento e outro, uma dobra e
outra, permanece uma pergunta. Afinal, qual é a verdade do olhar? Todos nós vemos igualmente? Quando é que os
olhos acertam?
Ou tudo é apenas ilusão?
SOB O OLHAR DE ALICE
Geysa Brayner, Diretora
da Pinacoteca da UFAL
Cidade, fluxos
intermitentes, transformação...
Paisagem, decomposição e recomposição
incessante...
Luz e cor, jogo de imagens, de histórias, de memórias,
de
novas paisagens...
Infinitos fragmentos que dão alma a um
novo cenário...
Isso é DOBRA,
que traduz o olhar sensível, a percepção aguçada,
a
inquietude de quem busca. Isso é Alice Jardim, que nos
faz descobrir a cidade
que se (des)DOBRA em tantas
outras e nos leva a (re)CONSTRUIR, pedaço a pedaço
– como fazia Kublai Khan com as descrições de Marco
Polo (Ítalo Calvino) - a
cidade que descreve. É com
enorme satisfação que a Pinacoteca da Universidade
Federal de Alagoas recebe a exposição DOBRA da
arquiteta e fotógrafa Alice
Jardim, na pauta do ano de
2012.
DOBRA
Foto. Christina Jartdim |
Pinacoteca Universitária
Espaço Cultural Universitário Salomão de Barros Lima
Praça Visconde de Sinimbu, 206 - Centro
Maceió, Alagoas
CEP – 57020-720 Fone: 82-3221-7230
www. ufal.br/pinacoteca
e-mail: pinaufal@gmail.com
Curadoria: Maria Angélica da
Silva
Visitação: 18 de maio a 29 de junho de 2012
Horários de visitação:
2ª, 4ª e 6ª - 8h30 às 12h30 | 14 às 18h
3ª e 5ª - 8h30 às 12h30 | 14 às 20h
DOBRA, de Alice Jardim
Curadoria:
Maria Angélica da Silva
Montagem:
Alice Jardim
Flávia Cerullo
Design Gráfico:
Alice Jardim
Nataska Conrado
Apoio:
Tela Tudo Clube de Cinema
Maceió DOBRA, (des)dobra e se multiplica
Flávia Cerullo e Alice
Jardim
Flávia Ceruullo. Foto: Juliana Pessoa |
A velocidade presente na
contemporaneidade faz com que o acesso seja rápido e a experiência seja
momentânea. Como consequência, a paisagem urbana passa a ser produto de um
instantâneo, acompanhando o ritmo frenético da sociedade e transformando as
relações entre o homem e o seu espaço. Nesse sentido, a questão dos fluxos e
movimentos urbanos é posta em discussão em DOBRA, na medida em que, de certa
forma, ela dita comportamentos na cidade.
O material desta exposição surge
a partir de uma inquietação pessoal de reflexão incansável sobre o fenômeno
urbano. Ele tem como fundamentos questões vindas da nossa formação em
arquitetura e urbanismo, aliada à nossa participação no Grupo de Pesquisa
Estudos da Paisagem (FAU/UFAL), a partir da investigação da urbe brasileira, levando
em conta manifestações arquitetônicas e urbanas, considerando os elementos materiais e imateriais da
cultura. Individualmente, nas expressões artísticas audiovisuais, debruço-me
sobre o tema do espaço quando qualificado esteticamente, ou seja, quando existe
enquanto paisagem, investigando seu cotidiano e as transformações
contemporâneas.
Vivenciar o dia a dia da cidade, nem sempre nos permite perceber as
transformações de sua paisagem. Muitas vezes precisamos nos deslocar do espaço
em que vivemos para vislumbrar essas mudanças.
Do alto, a cidade se revela como território a ser
explorado. DOBRA permite uma reflexão da cidade a partir de seus fluxos. Para
isso, propõe a criação de cenários urbanos imaginários, mostrando-nos uma
cidade observada como um jogo de reprodução de luz.
Apresentando um movimento vital e
intrínseco ao fenômeno urbano, a dobra surge da quadruplicação de uma mesma
imagem compondo novas imagens, que nos apresenta novos espaços e novas
temporalidades. Aceleração ou desaceleração dos fluxos? Questiona-se ao
espectador que alimenta essa dinâmica.
A cidade é apresentada a partir
das dobras que poderiam não acabar naquele espaço delimitado, ficando uma
impressão de que poderiam ser continuamente redobradas, ao infinito. Podemos,
nesse momento, conversar com a história da arte e nos remeter ao barroco e sua intenção
ilusória, na criação de cenários, cujo traço, segundo Deleuze é a dobra que vai
ao infinito e onde a desdobra segue uma dobra até a outra dobra.
Dentro dessas reflexões, o
cenário criado, ou recriado, em DOBRA é a cidade de Maceió. Deslocando-se do
ponto do observador usual, observa-se a cidade e suas transformações. Maceió
dobra, desdobra e se multiplica. Apresenta-se em composições geométricas e
mostra o seu senso de urbanidade, igualando-se a uma imagem de metrópole.
As composições delineiam a cidade
a partir das luzes; são ilusões montadas
com imagens reais. Como o universo e suas constelações, a cidade também se
mostra como organismo vivo. A cada movimento surgem combinações variadas, onde
a proposta é a abstração dos elementos da cidade apresentados pelo imaginário
artístico.
DOBRA constrói um olhar inusitado
sobre a cidade de Maceió, demarcando os fluxos e seu traçado urbano através de
suas luzes. Estão expostas 10 fotomontagens impressas em diferentes tamanhos em
papel fotográfico e 3 vídeos, sendo dois exibidos em televisões no salão 1 e o outro em uma projeção no salão 2.
A longa exposição da captura deu
o tom das cores às fotomontagens. A única edição existente é o espelhamento da imagem, dando uma ilusão
caledoscópica, segundo o conceito de quadruplicação explicado anteriormente.
Reforçamos que não há trabalho de regulagem de cor na pós produção.
No caso das fotografias, foi
feita uma curadoria no material existente, pois entende-se a necessidade do
distanciamento do espectador na observação das imagens, tanto pelas formas
obtidas com a quadruplicação, quanto pela expressividade estética das luzes
representadas e a riqueza dos elementos presentes na composição. Todas as
fotomontagens são de 2010 e os vídeos são de 2011.
Dois dos três vídeos também
trabalham a composição em luzes do fluxo da cidade, porém destacam o movimento
e a sincronia com a música. Inspirados pelo trânsito, eles tiveram o desfoque e
composição de cores trabalhados ainda no momento de captura. Na pós-produção as
imagens são rebatidas e o som escolhido cuidadosamente para compor com o ritmo
das imagens. O terceiro intitula-se Todavia e foi elaborado a partir de discussões
no Laboratório de Criação Taba-êtê,
integrante do grupo Estudos da
Paisagem, também da FAU/UFAL. Ele foi premiado com o 1º lugar na Mostra Competitiva Nacional do Festival Vivo
Arte.Mov, 2012, acontecido em Belo Horizonte no final de abril. Foi exibido no
Festival Hong Kong International Mobile Film Awards (HKIMFA)
Os movimentos contínuo e
descontínuo envolvem simultaneamente tempo e espaço. A composição das imagens,
interagindo com uma trilha sonora musical, produz um ritmo próprio, estimulando
uma experiência sensorial. Há um gradativo de abstração nas expressões
audiovisuais. Pretende-se proporcionar ao espectador experiências distintas em
relação a proporção e qualidade da imagem, por isso, optou-se por expor dois em
televisões, os primeiros da série, que podem ser mais diretamente relacionado
às fotografias, e um, em projeção maior e em sala separada.
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