A amebíase é uma infecção severa que tem como agente etiológico o protozoário Entamoeba histolytica (Schaudinn, 1903). Esta espécie é morfologicamente indistinguível da Entamoeba dispar (Brumpt, 1925), considerada apatogênica, incapaz de provocar a forma invasiva da doença. A diferenciação entre as duas espécies através de técnicas de diagnóstico imunológico e de biologia molecular, é fundamental para determinação da situação epidemiológica da amebíase, estabelecimento da conduta terapêutica adequada, e consequentemente prevenção da doença invasiva. O objetivo do presente estudo foi discriminar a infecção causada pela E. histolytica e E. dispar na população de escolares da cidade de Maceió, Alagoas. Para tal, realizou-se um estudo de corte transversal, com 1.003 estudantes da rede pública estadual de ensino da cidade. Foi realizado exame de fezes, pelo método de sedimentação espontânea, para avaliação da frequência das parasitoses intestinais, e para a triagem dos escolares infectados pelo complexo E. histolytica/E. dispar. Os exames positivos para cistos de Entamoeba foram posteriormente submetidos à pesquisa de antígeno pelo ensaio imunoenzimático (ELISA) e reação em cadeia da polimerase (PCR), para o diagnóstico específico da infecção. A frequência de enteroparasitos entre os examinados foi elevada, sendo identificados 54,8% (550/1.003) escolares infectados por pelo menos uma espécie de helminto ou protozoário. A reação em cadeia da polimerase (PCR) foi padronizada utilizando para extração do DNA das fezes o Kit Stool PSP (Invitek®). Os iniciadores selecionados através da análise in silico pelo bom desempenho virtual para amplificação da E. histolytica e da E. dispar, foram p11plus/p12plus e p13plus/p14plus, respectivamente. A prevalência da amebíase nos escolares diagnosticada pelo ELISA foi de 3,0% (30/1.003) e na PCR 2,8% (28/1.003), não existindo diferença significativa entre as percentagens de infectados (p>0,05). A prevalência geral da E. dispar nos escolares foi de 5,0% (50/1.003). Ambas as técnicas (ELISA e PCR) se mostraram adequadas para diagnóstico diferencial da E. histolytica e E. dispar. No entanto, o ELISA apresenta a vantagem ser de rápida e simples execução. Os resultados apresentados indicam a necessidade da utilização de técnicas de diagnóstico específico para detecção de casos amebíase na população. |
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segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017
Rafael Vital dos Santos. Discriminação da infecção causada pela Entamoeba histolytica (Schaudinn, 1903) e Entamoeba dispar (Brumpt, 1925) em escolares da rede pública da cidade de Maceió-AL
Pedrianne Barbosa de Souza Dantas. Destino da ilha sob a mira do Éden: Fernando de Noronha no percurso do tempo
O arquipélago de Fernando de Noronha listado pela UNESCO como patrimônio Natural da humanidade em 2001 é hoje em dia um dos famosos destinos turísticos para viajantes de todo o mundo em busca de paisagens "selvagens". No entanto, Noronha acumula uma longa história. situado no rol das primeiras paisagens visitadas pelos europeuis no contexto do século das "Descobertas", pertence a um momento da história no qual as terras americanas recém encontradas eram acolhidas pelo viajante como um território dsconhecido, cuja interpretação muitas vezes era creditada ao discurso bíblico, aventando-se inclusive a possibilidade de nele se situar o Paraíso Terreal. No século XVII, foi invadido pelo holandeses, os primeiros a efetivamente ocupar e povoar o arquipélago. No século XVIII, tendo retomado seu domínio, os portugueses definitivamente fortificaram e povoaram Fernando de Noronha, mantido como prisão até o século XX. Nas últimas décadas, passou a ser, novamente, admirado por sua natureza. Restos de fortalezas e uma parte significativa da antiga Vila dos Remédios alcançaram os dias atuais. No entanto, listado pela sua beleza natural, seu patrimônio arquitetõnico e urbano foram mantidos em silêncio. Esta dissertação busca compreender a interferência da mitografia edênica no processo de exploração da América e de que maneira, os nautas, missionários, colonos e hoje, os turistas, fizeram e fazem em fernando de Noronha o reconhecimento de uma paisagem, já vislumbrada a partir das inúmeras descrições medievais, que tratavam dos cenários do sonhado Jardim das Delícias, da esperançosa busca pelo Paraíso Terreal perdido após o pecado e expulsão de Adão e Eva e das dificuldades e exigências para acessá-lo.
Maria Verônica Lins Palmeira. Desenvolvimento urbano e turismo: uma análise da dinâmica urbana em Jequiá da Praia, Alagoas
Esta dissertação está baseada na hipótese de que a discussão sobre desenvolvimento é mais do que um processo para obter crescimento econômico. Nesta perspectiva; o desenvolvimento sustentável têm sido considerado como parte de um mecanismo contínuo que busca promover a justiça social e também uma melhor qualidade de vida para todos os habitantes. O turismo é considerado como alternativa de desenvolvimento para muitos locais; como indica o caso do Estado de Alagoas; adotado pela expansão do turismo em direção ao litoral sul; região onde está situado Jequiá da Praia. A razão para a escolha de Jequiá da Praia; como estudo de caso; está baseada nas várias transformações relacionadas com a construção de um complexo turístico; junto com o crescimento de pequenas unidades hoteleiras; novos empreendimentos locais; e residências de veraneio; previsão de ocupação nas áreas com plantação de coco; e áreas potencialmente desenvolvidas para novos empreendimentos turísticos. Por ser o turismo uma atividade social por excelência; ele pode estar relacionado ao desenvolvimento das cidades turísticas; por isso; o objetivo deste trabalho é compreender se existe relação entre o desenvolvimento urbano e o desenvolvimento da atividade turística; enfocando o caso de Jequiá da Praia; Alagoas. Para atender as implicações de ações de desenvolvimento do turismo na área de estudo pela implementação de novos empreendimentos; realizou-se várias visitas em campo; revisão de mapas; fotografias e outros documentos; bem como a coleta de dados por meio de entrevistas semiestruturadas aplicadas com empreendedores; população e órgãos públicos representativos; com o intuito de obter informações específicas quanto às atividades de turismo desenvolvidas na região. A análise sugere a existência de possíveis impactos negativos e positivos relacionados com o turismo. O presente estudo confirma que o turismo em Jequiá da Praia não tem sido implementado junto com a distribuição da infra-estrutura urbana necessária e precauções para a promoção de estratégias inclusivas. Uma constatação crucial está relacionada com a implantação da AL-101-Sul; em 1992; que impulsionou a atração de novos investimentos no setor do turismo para toda a Costa Sul do Estado de Alagoas. Os investimentos feitos na área de estudo têm influenciado a transformação da área rural em área urbana quase sem um controle direto por parte do poder público municipal; sendo a região altamente dependente das atividades econômicas locais existentes. O principal aspecto levantado neste estudo está relacionado com o desenvolvimento sustentável das cidades turísticas brasileiras. E para ser proveitosa a combinação potencial do turismo e do desenvolvimento urbano; devese levar em consideração principalmente os aspectos econômico; social; ambiental e institucional de desenvolvimento; assim como a melhoria da qualidade de vida e da infra-estrutura urbana nas cidades turísticas.
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=131949
quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017
Tatiana Maciel Serra. Desenvolvimento de catalisadores a base de estanho(iv), para produção de ésteres metílicos de ácidos graxos, via transesterificação e esterificação
Neste trabalho foi investigada a atividade catalítica de quatro complexos metálicos exibindo caráter ácido de Lewis: dibutildiacetato de estanho, dibutildilaurato de estanho, óxido de dibutil estanho e ácido butilestanóico. Esses complexos catalíticos foram testados na alcoólise do óleo de soja e de mamona, visando a obtenção de uma mistura de ésteres alquílicos de ácidos graxos, denominada biodiesel. Nos experimentos de transesterificação dos óleos vegetais, as reações foram realizadas em três tipos de reatores. O primeiro equipamento foi composto de um reator de vidro acoplado a um condensador de refluxo (RVCR). O segundo equipamento foi composto de um reator de aço inox (RP), hermeticamente fechado, equipado com um manômetro e um controlador de temperatura. O terceiro reator empregado era adaptado para ser utilizado em um sistema de microondas. Nos dois últimos sistemas de reatores, a alcoólise dos triglicerídeos foi desenvolvida em condições mais enérgicas de reação, em temperaturas que variaram entre 80 °C e 150 °C. Comparando-se todas as reações, os resultados obtidos indicam que o emprego do RVCR na metanólise do óleo de soja, os catalisadores mais ativos são o DBTDA e o DBTDL com desempenhos comparáveis. Por outro lado, empregando-se o óleo de mamona, nessa condição reacional, os rendimentos foram muito baixos, não permitindo obter generalizações. Quando do uso do RP, rendimentos superiores aos observados com o RVCR são obtidos e à medida que a temperatura aumenta de 80 a 150 ºC as reatividades dos sistemas catalíticos tornam se bastante semelhantes, indicando que fatores como temperatura e solubilidade têm influência significativa nesse tipo de sistemas catalíticos. Com o emprego do reator microondas, os rendimentos reacionais foram inferiores, provavelmente devido à baixa velocidade de agitação que tal reator pode realizar. Numa segunda parte do trabalho, foi realizado um estudo do desempenho de catalisadores a base de óxido de estanho (SnO2), sulfatado ou não, em reações de transesterificação ou esterificação de óleo de soja e seus ácidos graxos, respectivamente, na presença de metanol. A baixa atividade dos catalisadores foi relacionada às características texturais dos mesmo
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Ivon Wilson da Silva Júnior. Desenvolvimento de aplicações operacionais para o monitoramento meteorológico, ambiental e oceanográfico utilizando dados do sistema EUMETCast
O objetivo deste trabalho foi aprimorar e operacionalizar a estação receptora de imagens do satélite Meteosat Segunda Geração (MSG) instalada na Universidade Federal de Alagoas (UFAL) pelo sistema EUMETCast - sistema europeu de disseminação de informação de baixo custo, projetado para distribuir dados observados de satélite e produtos para diversos tipos de usuários - para o monitoramento meteorológico, ambiental e oceanográfico. Foram desenvolvidas aplicações para decodificação, geo-localização, visualização, composição de imagens com mapa de divisões políticas e gráficos da extração dos valores dos produtos fração de cobertura vegetal, albedo e temperatura da superfície terrestre e do mar para os pontos de interesse. Adotou-se a metodologia de análise estruturada como apoio ao desenvolvimento. Os resultados indicaram que objetivo foi plenamente alcançado, sendo possível a implementação operacional das aplicações em apoio aos órgãos operacionais de meteorologia e universidades para as atividades de pesquisa e ensino. Outras aplicações de utilidade podem ser desenvolvidas, principalmente com o uso dos programas de decodificação e visualização, como o estudo de nuvens. Considerando a atual difusão do sistema EUMETCast no Brasil, acredita-se que este trabalho possa ter inúmeras aplicações a níveis regional e nacional.
Maria Emília da Silva Menezes. Desempenho produtivo e efeito da vitamina C na qualidade nutricional e nos níveis de marcadores do estresse oxidativo em alevinos de tilápia-do-nilo (Oreochromis niloticus Linnaeus,1857)
UFAL/QUÍMICA E BIOTECNOLOGIA
A vitamina C é usada nas dietas com a finalidade de melhorar o crescimento, a resistência ao estresse e às doenças, assim como a sobrevivência de peixes. Também pode ser eficiente na conservação do pescado durante o processamento e estocagem, inibindo a degradação dos lipídeos pela oxidação. O presente trabalho avaliou a densidade de estocagem e os efeitos da suplementação de vitamina C na qualidade final do filé de Tilápia-do-Nilo (Oreochromis nilotius, Linneaus, 1875). Foram utilizados cento e vinte alevinos para cada estudo, sendo que os peixes do estudo da densidade de estocagem tinham peso inicial de 4,0 g e os da avaliação com a suplementação de vitamina C de 11,0 g. O delineamento inteiramente casualizado foi utilizado em ambos os estudos perfazendo quatro tratamentos de diferentes densidades de estocagem (50, 75, 100 e 125 peixes/m3) com cinco repetições. Já o trabalho com a vitamina C (ácido 2 - sulfato ascórbico - forma protegida) foi realizado em quatro tratamentos com seis repetições, caracterizado pela suplementação de quatro níveis de vitamina C nas rações (250, 500 e 750 mg/kg de ração) e o grupo controle (zero mg/kg de ração) com duas diferentes densidades de estocagem (50 e 100 peixes/m3). A ração fornecida para o primeiro estudo continha 36% de proteína bruta e 3100 kcal/energia digestiva/kg de ração e a segunda tinha 28% de proteína bruta e 3400 kcal/energia digestiva/kg. Após noventa dias, os peixes foram abatidos e foram avaliados os parâmetros de desempenho zootécnico para o estudo de densidade de estocagem, composição centesimal, teor de colesterol, perfil de ácidos graxos, qualidade da fração lipídica para ambos os estudos. | ||
Uma homenagem a Aloísio Costa Melo (I)
Aloísio é nosso primo e sempre foi considerado como tio. Amigo íntimo e compadre do meu pai, deu-me a honra de sua amizade e, sem dúvida, ele é um dos meus mortos. Chegou a hora de prestar uma pequena homenagem e Campus entra na estrada, pega o bonde com a ajuda de uma pessoa queridíssima por mim: a prima Professora Dra. Maria Heloisa Melo de Moraes, neta do Tio Pedrinho; o tio, nas caladas do Mercado Público da Capela ensinou a arte de escrever folheto de feira a meu pai e papai me ensinou. Sou neto de folheto do Tio Pedrinho.
Quero deixar meu beijo para o Mário, Leninha e Loli.
Aloísio e Helena: um grande abraço do Sávio
E tomo de empréstimo as palavras
de Leyla Perrone-Moisés, em seu livro Inútil Poesia, quando a autora afirma que
a qualidade de uma obra de arte – qualquer arte – e sua permanência só podem
ser comprovadas por “um único juiz em questão de valor estético: o tempo”. E
este tem comprovado a qualidade dos textos de Aloisio Costa Melo, esse escritor
que, por um feliz acaso, por imenso favor do destino, também é meu pai. Maria
Heloisa Melo de Moraes
I - ALOISIO
COSTA MELO: dados biográficos
Maria
Heloisa Melo de Moraes
Aloísio Costa Melo nasceu em
Flexeiras (Capela), em Alagoas, em 01 de novembro de 1919, filho de Pedro
Amâncio de Melo e Maria Amélia da Costa.
Viveu sua infância em Gameleira,
até os 15 anos, quando veio para Maceió, a fim de estudar no Liceu Alagoano.
Teve de abandonar os estudos por falta de recursos, e foi trabalhar como
comerciário.
Foi sócio fundador do Grêmio
Literário Emílio de Maia, e teve trabalhos publicados em vários periódicos do
Estado. Era também membro da Associação Alagoana de Imprensa.
Pertencia à Academia de Letras
dos Funcionários do Banco do Brasil, à Academia Alagoana de Letras e ao
Insituto Histórico e Geográfico de Alagoas.
Segue abaixo uma síntese
cronológica dos principais fatos de sua vida.
29/09/1942 – Aprovado em
concurso, assume nesta data como funcionário do Banco do Brasil, iniciando sua
carreira na cidade de Penedo (AL), de onde saiu em maio de 1945.
1945/1952 – Em 1945 transfere-se
para a agência do Banco do Brasil de Palmeira dos Índios.
Casa-se em 1946 com Helena Lobo
Barreto, com quem teve 3 filhos. Em meados de 1952 é indicado para instalar uma
nova agência do Banco do Brasil, na cidade de Santana do Ipanema, no sertão
alagoano, para onde se muda com a família em 1953.
1953/1955 – Em 08 de fevereiro de
1953 inaugura a nova agência do Banco do Brasil em Santana do Ipanema, atuando
como gerente até o início do ano de 1955, quando se transfere para Maceió,
passando a residir no bairro do Farol, na rua Desembargador Amorim Lima.
1955/1956 – Permanece em Maceió,
trabalhando na antiga agência do Banco do Brasil localizada em Jaraguá.
1957/1959 – Em 1957 transfere-se
para o Rio de Janeiro. Em dezembro deste ano toma posse de suas funções na
secretaria da Direção Geral do Banco do Brasil, naquela cidade.
Não se adaptou bem ao Rio de
Janeiro em termos de saúde. Nesses anos que antecederam a inauguração da nova
capital do país, o Banco do Brasil estava recrutando funcionários para
trabalharem na nova capital, Brasília, oferecendo para isso algumas vantagens
funcionais. Mas Aloisio faz opção por voltar para Alagoas. E em dezembro de
1959 volta a morar em Maceió, de onde não mais se mudaria.
1960/1998 - Em maio de 1970, com
a inauguração da nova agência do Banco do Brasil na Rua do Livramento, assume a
chefia da Carteira Agrícola e Industrial.
Em 1974 é convidado por José
Cabral Accioly, ex-funcionário do Banco do Brasil, para assumir a diretoria da
Carteira de Desenvolvimento do então PRODUBAN, no governo do Dr. Afrânio Lages.
Em julho de 1974 aposenta-se do
Banco do Brasil, para assumir o cargo para o qual havia sido convidado.
Permanece no PRODUBAN por 1 ano.
Nos anos seguintes, atua como
assessor da diretoria financeira da CEAL, novamente ao lado de José Cabral
Accioly.
Foi também diretor financeiro de
empresa particular por dois anos, trabalhando com o empresário Benício Monte.
Decide, então, encerrar definitivamente a sua vida funcional, passando então a
dedicar mais tempo às suas atividades literárias e às viagens, sua grande
paixão. Dessas viagens resultaram alguns livros – diários de viagens – que
nunca foram publicados.
Morre em Maceió em 17 de junho de
1998, poucos meses antes de completar 79 anos.
ATIVIDADES
LITERÁRIAS
Enquanto funcionário do Banco do
Brasil teve trabalhos publicados em vários periódicos de Alagoas. Era, então,
membro da Associação Alagoana de Imprensa. Só em 1992 resolve publicar em livro
seus trabalhos, guardados ao longo de sua carreira de bancário. É nesse ano que
publica Se não me falha a memória, livro autobiográfico, no qual narra sua
vida, da infância até a fase anterior a sua entrada no Banco do Brasil. A boa
receptividade desta obra o motivou para publicar, em 1995, um livro de contos:
Cotidiano, seguido, em 1997, por Destino, também de contos. Em 1995 é empossado
na Academia de Letras dos Funcionários do Banco do Brasil, no Rio de Janeiro, e
em 1997 toma posse na Cadeira nº 2 da Academia Alagoana de Letras. Era também
membro do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas, onde ingressou em 1994.
Em 1998, poucos meses antes de sua morte, lança a segunda parte de suas
memórias – Do tempo e do viver. Deixou ainda um livro pronto, que foi publicado
postumamente, em 1999. Trata-se do romance Gameleira.
Uma cronologia de suas obras:
1992 – Publica a primeira parte
de suas memórias, o livro SE NÃO ME FALHA A MEMÓRIA, pela Sergasa (Maceió- AL),
no qual narra sua vida, da infância até a fase anterior a sua entrada no Banco
do Brasil.
1995 – Publica o livro de contos
COTIDIANO (HD Livros –Curitiba/Maceió).
1997 – Lança um novo livro de
contos: DESTINO, também pela HD Livros.
1998 – É publicado o livro DO
TEMPO E DO VIVER, a segunda parte de suas memórias (HD Livros).
1999 – É lançado postumamente o
romance GAMELEIRA (HD Livros).
Luiz Sávio de Almeida
Alagoas sempre teve
memorialistas, entendidos, no caso, como pessoas que registram e comunicam suas
lembranças. Aqui e ali aparece um escrito em forma de pequeno artigo de jornal,
em forma de livro e surgem, também, isto e aquilo. Sei que se trata de um lugar
comum, mas todos temos o que repartir e, quem sabe, todos deveriam ser
entendidos como autores inéditos e poços de lembranças; todos nós escrevemos,
mas nem todos publicamos; há uma escrita permanente de cada vida e se fecharmos
os olhos veremos, com facilidade, que o passado se faz presente pela
arquitetura da linguagem, uma das grandes condições viabilizadoras das tais
lembranças.
A vida é uma escrita que se funda
na experiência de ser, naquilo que ocorre enquanto singularidade no meio do
coletivo que é o tempo partilhado. E quanto mais a lembrança percorre a
experiência no coletivo, tanto mais enuncia sobre a vida da sociedade, fazendo
uma espécie de sociografia em que o sujeito que a realiza reelabora sentidos e
significações, rumos e acontecimentos. Por este viés, é fácil perceber o
memorialista como aquele que dá um depoimento sobre sua vida sem poder, por
qualquer forma, desconhecer-se no mundo. Por aí se pode aprofundar uma série de
elementos encravados na elaboração das memórias, indo da evocação ou da
recordação à escrita, em um caminho em que tudo se reelabora na lógica de uma
construção, de uma narrativa que pretende uma qualificação e uma determinação
sobre aquilo que foi vivido e que se transforma no enunciado de uma verdade a
ser revelada para o público, numa saída para uma espécie de ágora onde o que
foi é refeito naquilo sobre o que se fala. A imagem do ágora dá o senso de um
espaço elaborado pela recriação, onde é socializado um modo de se ver em
inúmeras fragmentações e reconstituições, dando ao texto o senso de um
depoimento que virtualiza, mas que indica sobre o real, aquilo que sustenta e
motiva a memória e para o qual ela se destina.
Todos estão aptos a estar na
ágora, mas poucos se representam na forma escrita, pois há uma decisão preliminar
a ser tomada e uma condição inicial habilitante. A decisão é simples: entender
que há algo a ser comunicado. A condição é igualmente simples: escrever,
especialmente nesta nossa sociedade que bem poderia ser entendida como gráfica.
O que vai ser dito sofre, então, uma limitação: deve conter aquilo que poderá
ir a público e aí estaremos na ordem da conveniência. No entanto, sofre uma
ampliação: pode ser criado. É interessante como a ficção pode coincidir com a
verdade ou, na ausência de melhor verbo, verdadear-se. A memória, neste senso,
é uma área nas fronteiras da história e da literatura e não se vê obrigada a
seguir a lógica das duas. E se é uma área nas fronteiras é também,
obrigatoriamente, um determinado território onde todos habitam e poucos demonstram,
por via do memorialismo, que vivem.
Uma
recordação pessoal
Aloísio é meu primo, filho do Tio
Pedrinho. Ele é dos Melo na banda que me cabe. Mas ele vai bem mais além do que
isto: ele fazia parte dos raríssimos amigos de família que tivemos. Amigo de
família é aquela gente da casa a quem se pode recorrer e a quem a porta se abre
a qualquer minuto, sem a menor pergunta ou muxoxo.
Raríssimo o sábado pela manhã em
que ele não chegasse para um papo, mesmo que fosse de tempinho; sentava,
conversava, tomava uma xícara de café e saía, especialmente depois do
falecimento da Helena, sua esposa que era dos lados do Penedo no Rio de São Francisco,
uma mulher educadíssima e macia. Conservo o retrato de casamento deles, com o
devido oferecimento a papai e a mamãe. Acho que papai era padrinho da Leninha,
a magnífica prima que tenho. Além de primos, papai e Aloísio eram parentes por
conta do Banco do Brasil, eles eram Satélite, endereço telegráfico do Banco e
que se personalizou entre os funcionários. Meu pai, sisudo por natureza, mudava
de cara quando conversava com Aloísio: perdia a posição de quem sempre estava
em guarda.
Eu devo confessar que tinha uma
imensa inveja do Aloísio, fui imitar e me dei mal. Eu aprendi a ter inveja dele
certa feita em que o visitei no Rio de Janeiro, no seu apartamento em Botafogo.
Ele era um hábil marceneiro. Então, tempos depois e já casado, comprei serra, o
diabo a quatro e fiz o meu primeiro nada e além disso, um nada troncho. Chamei
o Aloísio; ele delicadamente sorriu e entendi que jamais chegaria aos pés do
mestre, o homem que fez um armário e o conservava na garagem de sua casa como
se fosse um troféu. Haja inveja. Uma outra coisa que imitei do Aloísio foi
anotar e guardar papel. Ele organizado e eu sempre perdido aqui e ali.
Mas, pois bem, etc. e tal, como
dizia outro primo, vai que num dos sábados pela manhã, Aloísio chegou
acompanhado de um monte de papel. E disse: “Luiz Sávio, leia isso aí e me diz o
que achou!”. Bom, parente mesmo que me preza e tem ascendência sobre mim,
somente me chama de Luiz Sávio, pois dá um tom solene que nem Luiz e nem Sávio
conseguem dar. Baita responsabilidade... Misericórdia... Teria de sorrir igual
a ele, quando viu o meu armário? Mas que nada, sai da minha frente que eu quero
passar...
Era de primeira e eu disse a ele.
Realmente, para entender mesmo o livro do Aloísio era preciso saber das
entrelinhas, das histórias cochichadas nos bancos de pelar porco, muitas e
muitas histórias de nossa família com sua rica tradição nos mundos da Atalaia,
Capela, Cajueiro, Santa Efigênia, Pitimuju, Monte Verde, etc e tal, no meio de
bibocas, locas. Nós somos gentes do Paraíba e do Paraibinha. Gente vinda da
cana plantada naqueles ondulados das pequenas serras, como a da Lagartixa e do
Sobrado, onde morava um urubu cangueiro e guardião do tesouro de uma donzela,
terras que desejo simbolizar na coalhada do Pacaviral onde vivia o primo Agnelo
e que já se foi desta para melhor, coalhada transformada em versos por outro
primo a quem eu adorava e com quem andava rua abaixo e rua acima na Capela:
Natalício de Almeida, também defunto, mas imortalizado nas excelências de uma
coalhada gorda e de nata amarelada, feita com o leite das vacas maravilhosas do
Pacaviral, acima do João Paulo, no conforme de uma reta tirada do Pitimiju, por
onde se passa quase raspando no Monte Verde do meu bisavô José Francisco de
Almeida. Foi ali no confronto do Pitimiju, na lugar do Riachão do Cipó, que foi
enterrado o meu tataravô Coronel Antônio de Almeida Braga, homem que por sua
história encantada foi responsável por tudo o que escrevo e faço. É mais de
banda, um pouco mais do que pouco menos, que tá o Mumbaça, por onde acho que
chegam a bater os costados do Aloísio.
Como deve ser notado, estive
reforçando o mundo rural de nosso universo familiar e há, neste caminho, uma
construção de um mundo de origem, rompido por Aloísio e por papai. Aliás, é
interessante como raiz é um fenômeno recorrente. Certo sábado, chega o Aloísio
rindo: “Luiz Sávio, o Oséas Cardoso tá com raiva da gente!” E me deu um recorte
do Jornal de Alagoas. Eu li e ri um bocado. A raiz bateu no Oseas em Brasília.
Aloísio deu a entender que Oséas tinha praticado um malfeito na Capela. Oséas
revidou: o malfeito era de José de Almeida, irmão de Manoel de Almeida, pai de
Sávio de Almeida que escreveu o prefácio e que é primo do autor.
Parece que o Aloísio era afilhado
do pai do Oséas. Depois que deu a linhagem do malfeito, Oséas falou de cima: é
assim que se escreve a história verdadeira, falhou a memória do Aloísio; fechou
o caso e não deixou qualquer etc. e tal.
Para entender de fato o texto do
Aloísio (o que coloca a possibilidade de a memória falhar) é preciso ter lido
os textos de Tio Pedrinho, belo autor de folhetos de feira; Tio Pedrinho
ensinou papai a fazer folheto lá no Mercado de Capela, onde tinha um
compartimento e meu pai me ensinou. Pois bem, em termos de folheto de feira, eu
sou a segunda geração do Mestre Tio Pedrinho. Por via de Tio Pedrinho e do seu
livro, a gente entende a antropofagia do açúcar. Tio Pedrinho foi arrancado e
morto pelo açúcar e isto é que vai dar o rumo urbano do Aloísio, a sua inserção
urbana a fazer-se pelos serviços. Foi a expulsão do universo do açúcar que fez
meu pai urbano, pelos percalços vividos pelo meu avô Seu Manezinho, banguezeiro
que foi à falência.
E aí as histórias dos dois primos
se encontram: a briga por se fazerem, para vencerem na vida sendo urbanos como
tiveram condições de ser. Os textos do Tio Pedrinho, Aloísio e papai formam uma
unidade e ajudam a discutir a sociedade do açúcar na mata, a natureza de sua
rigidez, dos seus motivos de prestígio, da sua ligação intrínseca com o
agrarismo que ajudou a plasmar a e a definir. Por outro lado, insinuam os
tempos da formação de uma classe média associada aos serviços, a desformatação
do universo de valores rurais, o nascimento de novos atores, enquanto a
sociedade rural continuava lacrada, fechada, com o agrarismo permitindo brechas
urbanas, mas trancando-se no universo rural.
Aloísio e Manoel de Almeida
demonstram que os expulsos do açúcar não voltam a ele: matado, morto está sem
qualquer etc. e tal; ou ficam na sarjeta rural da sucarocracia, como ficaram Vô
Manezinho e Tio Pedrinho, ou procuram um mundo diferente, como fizeram Aloísio
e Manoel, ou não têm chance. Os dois voltaram a mexer com o açúcar, por vias
dos serviços que nada têm de sucarocráticos, mas de uma certa ordem de
vassalagem dentro da capacidade de endividamento que os açúcares inventam. Um
homem do açúcar falido deve ser uma verdadeira tragédia. O Anjo da Guarda deve
ser muito solicitado.
Aloísio e papai se urbanizaram e
carregaram os filhos por este caminho, mas não nos tiraram a recorrência das
raízes, de tal modo que estou sentado num banco de pelar porco, transformando
minhas poucas páginas neste livro numa bela varanda do Pacaviral, onde versos
de coalhada e café torrado em casa fazem a chuva pesada não ser mais do que
pingos. É que mexer com Aloísio foi viver recordação do quanto temos em comum,
nas viradas das curvas das estradas, nas histórias maravilhosas das misturas
dos Melos com os Almeidas. É por aí que se entende como primos são um tempo;
ele é primo do meu pai em primeiro grau e meu primo em segundo grau.
É nesta história de primos que
surge uma categoria de primeira, e por mais bisonho que possa parecer a ouvidos
pós-modernos (orelhas biônicas) eu quero chegar na exata linguagem de meu pai:
Aloísio era um homem de bem, de vergonha na cara e assim foi e assim viveu. E
assim escreveu. Lembro o que a Myrian dizia nas manhãs do sábado: “Vou fazer
seu cafezinho, seu Aloísio!!”. O resto é etc. e tal, como dizia primo
recordado, resumindo uma história imensa. Engraçado é que ele sempre dizia etc.
e tal rindo, por mais triste que fosse o resto, aquilo que ficava por dizer.
Acho fantástico o tal depois do etc. Devia ser uma regra clássica do português.
Quero dizer à Lole, ao Mário e à
Leninha que escrevo estas mal traçadas linhas em nome de papai e da mamãe.
Juntando tanta gente que se foi, o mais das letras é um salpico de saudades e
um abraço no mistério de sermos um tempo do que foram nossos pais. E que pais
tivemos! Assim, primos, louvemos Aloísio e Helena, Manoel e Maria José, gente
simples e supimpa que foi moradora nesta terra.
Etc. e Tal, maio de 2012.
Luiz Sávio de Almeida
sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017
Daísy Damásio Albuquerque. Avaliação da influência da luz natural na redução do consumo de energia em edifícios comerciais: uma análise em Maceió-AL
A luz natural é uma fonte de energia renovável e abundante. Quando utilizada visando equilibrar a entrada de luz natural e de carga térmica dentro do ambiente traz benefícios como a redução no consumo de energia. Em edificações comerciais a iluminação e o condicionamento de ar são responsáveis pela maior parcela do consumo final de energia. Estas edificações têm grande potencial de reduzir este consumo através da utilização balanceada da iluminação natural e do condicionamento de ar, evitando assim, desperdícios. Para encontrar este equilíbrio, o uso de programas de simulação computacional tem se apresentado como uma boa alternativa para estimar este consumo de forma integrada. Este trabalho tem como objetivo avaliar a influência da iluminação natural na redução do consumo de energia elétrica, considerando também a utilização do condicionamento de ar para modelos baseados em edifícios comerciais da cidade de Maceió. Para esta avaliação foram simulados no programas TropLux e EnergyPlus três modelos de proporções diferenciadas com enfoque na profundidade e dois tamanhos de aberturas diferentes. Foram avaliadas em uma primeira etapa as iluminâncias úteis geradas pelas simulações computacionais quando da utilização de vidro laminado refletivo. E numa segunda etapa foram simulados os consumos integrados, da iluminação natural e do condicionamento de ar considerando, para isso, um sistema de controle de iluminação artificial. A partir destas análises observou-se que as iluminâncias úteis são encontradas em maior concentração nos modelos com aberturas maiores, com menor profundidade e nos pontos localizados mais próximos a abertura. Na simulação integrada, nota-se que os maiores percentuais de economia variam em função dos PJFs, sendo também considerável a influência da carga térmica gerada pelo sistema de iluminação artificial. Portanto, observa-se que diante dos casos estudados a iluminação natural pode contribuir significativamente na redução do consumo de energia elétrica, sendo importante a existência de instrumentos que apontem diretrizes para a utilização da iluminação natural em edifícios comerciais.
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João de Lima e Silva. Desempenho do reator anaeróbio horizontal com chicanas no tratamento da manipueira em fases separadas e estabilização do pH com conchas de sururu
ENGENHARIA SANITÁRIA
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O processamento industrial da mandioca gera diversos resíduos sólidos e líquidos cujo impacto no meio ambiente pode ser bastante significativo se não houver um tratamento adequado. A manipueira é um resíduo líquido gerado durante a prensagem da mandioca triturada para produção de farinha ou na lavagem da mandioca ralada para extração e purificação de fécula. Possui elevada concentração de matéria orgânica, em torno de 70g.L-1, e efeito tóxico devido à presença de cianeto que pode chegar a 400mg.L-1. É, por isso, o resíduo de maior impacto ao meio biótico. Uma alternativa eficiente para o tratamento deste resíduo é a biodigestão anaeróbia. O tratamento anaeróbio, embora necessite de mecanismos para estabilização do pH em razão da rápida acidificação da manipueira, vem ocupando espaço nas plantas industriais respaldado por pesquisas que confirmam sua potencialidade para a redução de cargas orgânicas e cianeto e para a otimização da conversão de matéria orgânica a biogás (gás carbônico, CO2, e metano, CH4). Este predomínio tem sido possível devido ao desenvolvimento de novas configurações de sistemas onde as unidades centrais são reatores anaeróbios. Os reatores têm menor custo, são mais compactos, mais eficientes e favorecem a produção e o aproveitamento de biogás, o qual pode ser introduzido no processo de produção para suprir parte da demanda energética da planta industrial. Este trabalho investiga o uso do Reator Anaeróbio Horizontal com Chicanas (RAHC) em escala de bancada para o tratamento da manipueira com pH estabilizado através de conchas de sururu. O RAHC foi concebido a partir de modificações no Reator Anaeróbio Horizontal de Leito Fixo (RAHLF), um reator tubular de alta taxa que permite a permanência de uma grande massa de microrganismos imobilizada aderida a uma matriz suporte fixa. O sistema utilizado foi constituído por dois reatores em série para promoção da separação de fases. O substrato utilizado foi produzido a partir de amostras coletadas em casa de farinha instalada na Microrregião Produtora de Arapiraca, agreste do Estado de Alagoas, Brasil. Foram desenvolvidas atividades de caracterização dos efluentes e monitoramento do sistema durante 288 dias através de análises físico-químicas laboratoriais. A avaliação do desempenho foi feita através de análises periódicas de DQO, ácidos voláteis, alcalinidade total, pH, sólidos suspensos, nitrogênio e fósforo total para manipueira diluída a 5%, 10% e 20%. A estabilização do pH foi realizada pela formação de um leito fixo com conchas de sururu no reator acidogênico. Os resultados confirmaram a adequação do RAHC ao tratamento da manipueira. O sistema com 5% e 10% de manipueira obteve reduções de DQO máximas de 95%. As conchas de sururu se mostraram adequadas para o controle do pH. Com o sistema operando a 20% de manipueira, houve sobrecarga indicada por queda significativa da eficiência e desestabilização do pH. Os resultados induzem a uma alternativa promissora para o tratamento anaeróbio da manipueira com controle de pH pelo aproveitamento das conchas de sururu. | ||
segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017
Jamerson Cavalcante de Lima Avaliação da concentração de nitrato nas águas subterrâneas no bairro do farol, em maceió, Alagoas
Ao longo da história, vários relatos confirmam a utilização do solo como destino final de resíduos produzidos pela atividade humana. Com o crescimento dos centros urbanos e a necessidade, cada vez maior, de uma fonte segura de água para abastecimento das populações e produção de alimentos, tem-se intensificado o uso das águas subterrâneas, face ao seu menor custo para produção e tratamento. Em contrapartida, essa ação tem se mostrado preocupante, pois tem resultado em superexplotações de aqüíferos em regiões onde se observa alta vulnerabilidade à contaminação das águas subterrâneas. O município de Maceió, Estado de Alagoas, tem nessas, a principal fonte para o abastecimento de água de sua população. O bairro do Farol, localizado sobre dois importantes aqüíferos sedimentares, abriga uma população de mais de 60 mil habitantes e ocupa uma área de 3 km2, sendo considerado um importante centro comercial e residencial de Maceió. Apesar de possuir 75% de sua área atendida por de rede pública coletora de esgotos, apenas 7,8% dos domicílios do bairro contribuem para a mesma. O restante tem seus esgotos dispostos em fossas sépticas com sumidouros, que por má operação, acabam se constituindo num foco de infiltração de contaminantes no solo, atingindo, muitas vezes, o lençol freático. O trabalho teve como objetivo a avaliação das concentrações de nitrato nas águas subterrâneas do bairro, utilizando a metodologia analítica da Coluna de Cádmio-Cobre Redutora do Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater. A pesquisa avaliou as concentrações de nitratos em amostras de água subterrânea captada em 14 pontos de amostragem distribuídos pelo bairro, nos aqüíferos Barreiras e Marituba, tendo sido confirmada a presença deste elemento em concentrações que variaram de 2,21 a 4,97 mg/L de N-NO3-. Apesar desses valores encontrarem-se abaixo do limite máximo permitido pela Portaria no 518/04 do Ministério da Saúde, que estabelece os Padrões de Potabilidade para a água, 85,7% das amostras apresentaram concentração entre 3,0 e 10,0 mg/L de N-NO3-, o que configura como indicativos de contaminação das águas subterrâneas do bairro por nitratos em dosagem tolerável.
Roberta Costa Santos Ferreira Avaliação da atividade antirretroviral de produtos naturais
Este trabalho objetivou avaliar a atividade antirretroviral de produtos naturais. Inicialmente implementamos o cultivo celular para realização de testes de citotoxicidade e alguns dos testes de atividade antiviral. Foram selecionados, baseados em dados pré-existentes na literatura de atividade antiviral no gênero ou família em estudo e ainda em uma abordagem quimiotaxonômica, 39 extratos (de 12 famílias de plantas e quatro famílias de algas brasileiras) e 11 substâncias puras do grupo das quinonas e dos terpenos. Todos foram avaliados quanto à citotoxicidade a fim de encontrarmos uma dose com baixa citotoxicidade para os testes antivirais ( 50%). A citotoxicidade foi avaliada pelos métodos de exclusão do Azul de Tripan e redução do MTT. A avaliação da atividade antiviral foi feita por duas metodologias: pesquisa da inibição de efeitos citopáticos (ECPs) característicos de retrovírus (sincício e lise) utilizando-se o vírus maedi visna que é um modelo in vitro e in vivo do HIV e inibição da transcriptase reversa (TR) do HIV-1. A atividade da TR do HIV-1 foi medida por um método colorimétrico quantitativo imunoenzimático (Reverse Transcriptase Assay, Roche, Germany). Foi inicialmente testado um extrato de cada espécie de planta quanto à potencial atividade antiviral e quando o mesmo mostrava alguma atividade os outros extratos da mesma espécie eram testados. O efavirenz foi utilizado como controle antiviral e apresentou 75 e 98% de inibição do ECP e da TR, respectivamente, em uma concentração de 1 µg/mL. Dentre as substâncias puras os melhores resultados encontrados foram os das emotinas D e F que além de inibirem os ECPs em 37,5 e 25%, apresentaram 24,4 e 20,5% de inibição da TR, respectivamente, a 1 µg/mL. Entre as plantas testadas encontramos sete (Didimopanax morototoni Decne. & Planch, Cordia salzmanni DC., Cecropia pachystachya Trécul, Rheedia brasiliensis (Mart.) Planch. & Triana, Lafoensia pacari A.St.-Hil. e Ximenia Americana L.) com atividade inibidora da TR do HIV-1. Destas podemos detacar a L. pacari, cuja atividade foi muito elevada no extrato bruto quando comparada ao controle efavirenz e tem se mostrado ainda maior nas frações isoladas. O extratos brutos das folhas (50 µg/mL) e da casca do caule (100 µg/mL) apresentaram 98 e 67% de inibição da TR, respectivamente. E as frações acetato (50 µg/mL) e clorofórmio (100 µg/mL) deste último, 95 e 89% de inibição, respectivamente. Nossos resultados sugerem que temos fortes candidatos para o combate ao HIV: as substâncias puras do grupo das emotinas e a L. pacari que pode se apresentar como uma rica fonte de substâncias inibidoras da TR.
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Juliane Pereira da Silva. Avaliação da atividade antinociceptiva do extrato aquoso bruto de Bowdichia virgilioides Kunth
Bowdichia virgilioides é conhecida popularmente como "sucupira-preta", sendo empregada na medicina popular para o tratamento de diferentes agravos, tais como: doenças inflamatórias, diabetes, artrite e dermatoses. No presente estudo avaliamos o efeito antinociceptivo e antiinflamatório do extrato aquoso bruto da casca de Bowdichia virgilioides (EABv) utilizando diferentes modelos experimentais. Quando administrado por via oral, o EABv além de reduzir a nocicepção induzida pelo ácido acético, manteve seus efeitos por no mínimo 4 h, fenômeno que não foi revertido pelo tratamento prévio com naloxona. Além disso, o extrato não interferiu no tempo de latência avaliada no modelo de nocicepção térmica (placa quente). Assim, o EABv atinge seus efeitos antinociceptivos por uma via independente do sistema opióide e com ação periférica. Tais efeitos antinociceptivos foram mantidos mesmo quando o extrato foi preparado com cascas coletadas em diferentes meses do ano, indicando que a(s) substância(s) responsável (eis) por este efeito biológico não sofrem influência sazonal. Vale destacar que o EABv administrado por via intraperitoneal atingiu efeitos antinociceptivos em concentração dez vezes menor do que o extrato administrado por via oral. O extrato não foi capaz de interferir com o acúmulo de proteína induzido pela injeção intratorácia de carragenina, porém foi eficaz em suprimir neutrofilia no tempo de 4 h após estímulo. Na inflamação alérgica, o extrato inibiu além do edema anafilático, a eosinofilia pleural, sendo que este influxo celular parece depender da expressão das mensagens IL-5 e CCL11. Na ativação tecidual por antígeno in vitro, o EABv inibiu a liberação de histamina após estimulação antigênica, sugerindo efeito direto sobre a desgranulação de mastócitos. No modelo de formação de granuloma, o EABv suprimiu tanto a formação do tecido granulomatoso quanto a resposta linfoproliferativa nos linfonodos braquiais. Além disso, o EABv inibiu a leucocitose induzida por zimosan, bem como a resposta imune inata revelada pela redução na taxa de fagocitose pelos leucócitos. Em adição, o EABv não revelou nenhum efeito tóxico associado ao seu uso. Em conjunto, nossos resultados sustentam o uso popular do extrato aquoso da casca de B. virgilioides tendo por base seus efeitos antinociceptivo, antiinflamatórios, antialérgicos e imunossupressores, associada a ausência de toxicidade. |
UFAL/CIÊNCIAS DA SAÚDE
José Alex Carvalho de Farias . Avaliação da atividade antiinflamatória do extrato hexânico obtido a partir das cascas e das folhas de Clusia nemorosa Mey
Clusia nemorosa, conhecida popularmente como "pororoca", é empregada na medicina popular como antiinflamatório e analgésico, porém não há registros científicos que confirmem esta observação. Assim, motivados por esta informação, no presente estudo avaliamos o efeito antiinflamatório do extrato hexânico obtido da casca e da folha de Clusia nemorosa utilizando diferentes modelos experimentais. No modelo de inflamação aguda induzida por carragenina, os extratos da casca e da folha foram capazes de inibir o acúmulo de neutrófilos na cavidade pleural de camundongos no tempo de 4 h. Além disso, ambos os extratos reduziram de maneira significativa os níveis de TNF-alfa no fluido pleural de animais estimulados com carragenina. Entretanto, in vitro apenas o extrato hexânico da folha foi capaz de demonstrar um efeito direto sobre estas células por inibir a quimiotaxia de neutrófilos humanos purificados estimulados por CXCL1. Esta inibição na motilidade celular parece não ser relacionada a eventos de morte, pois a análise realizada por citometria de fluxo revelou que a incubação dos neutrófilos humanos com os extratos não foi capaz de interferir com a viabilidade destas células. No modelo de inflamação alérgica, somente o extrato hexânico da casca suprimiu o recrutamento de eosinófilos para o espaço pleural após desafio antigênico em animais ativamente sensibilizados no tempo de 24 h. Análise da expressão gênica de proteínas relacionadas ao processo alérgico (IL-5 e CCL11) revelou que o extrato da casca também inibiu de maneira significativa a produção de RNA mensageiros para IL-5 e CCL11. No modelo de inflamação crônica com formação de granuloma induzido por implantes de algodão, observamos que o extrato hexânico da casca foi o que apresentou maior capacidade de inibição da formação do tecido granulomatoso. Assim, este conjunto de resultados sustenta o uso popular do extrato obtido de Clusia nemorosa, além de indicar que diferentes partes (casca e folha) desta planta podem torna-se uma potencial fonte de substâncias com propriedades antiinflamatórias.
UFAL/CIÊNCIAS DA SAÚDE http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=179569 |
sábado, 11 de fevereiro de 2017
Palmeira, Danylo César Correia; Carvalho, Adriano Gon,çalves de; Rodrigues, Katyane; Couto, Janira Lúcia Assumpção.Prevalência da infecção pelo Schistosoma mansoni em dois municípios do Estado de Alagoas / /Prevalence of Schistosoma mansoni infection in two municipalities of the State of Alagoas, Brazil
INTRODUÇÃO: Estudos preliminares indicam uma provável expansão da esquistossomose em Alagoas. Este trabalho analisa a ocorrência do Schistosoma mansoni em escolares de dois municípios, localizados nas bacias hidrográficas dos rios Mundaú e Paraíba. MÉTODOS: O grupo de estudo foi constituído por 690 escolares da zona urbana, com idade entre sete e 15 anos. Foram aplicados interrogatórios socioeconômicos e foram usados exames parasitológicos para diagnostico da esquistossomose (métodos de Kato e de Lutz). Foram tratados os casos positivos e foram ministradas palestras para alunos e familiares sobre educação sanitária. RESULTADOS: A prevalência de Schistosoma mansoni foi de 24,9 por cento. A associação entre esquistossomose e outras parasitoses foi significativa em relação à tricuríase (p<0,05). Apenas 50 por cento dos infectados residem em domicílios de alvenaria com saneamento e abastecimento d'água por rede pública. Entre os doentes, 48,1 por cento costumam ir frequentemente às coleções aquáticas e 55,8 por cento deles conhecem moluscos nos rios. A análise de concordância entre os métodos de Lutz e do Kato mostrou discordância em 54,2 por cento, com maior sensibilidade para o de Lutz (76,4 por cento). CONCLUSÕES: Os índices obtidos caracterizam os municípios como zonas hiperendêmicas, porque taxas de prevalência acima de 5 por cento são consideradas altas de acordo com a Organização Mundial de Saúde. A elevada prevalência aqui encontrada foi também duas vezes maior que a apresentada pelo Programa Brasileiro de Controle da Esquistossomose.(AU)
INTRODUCTION: Preliminary studies indicate a probable schistosomiasis expansion in Alagoas. This work analyzes the occurrence of Schistosoma mansoni in students from two municipalities, located in the Mundaú and Paraíba rivers basins. METHODS: The study group consisted of 690 students in the urban area, aged between seven and 15 years. A standardized socio-economic questionnaire was filled out and parasitological tests were used to diagnosis schistosomiasis (Lutz and Kato methods). Positive cases were treated and students and their families were lectured about health education. RESULTS: The Schistosoma mansoni prevalence was 24.9 percent. The association between schistosomiasis and other parasitic diseases was significant in relation to trichuriasis (p <0.05). Only 50 percent of infected children lived in brick homes with sanitation and public water supply. Among them, 48.1 percent used to go usually to the water collections and 55.8 percent of them knew rivers snails. The concordance analysis between the Lutz and Kato methods showed disagreement in 54.2 percent, with greater sensitivity for the Lutz technique (76.4 percent). CONCLUSIONS: The indices obtained characterize the municipalities as hyperendemic areas, because prevalence rates over 5 percent are considered high according to the World Health Organization. The high prevalence observed here is also two times higher than that reported by the Brazilian Schistosomiasis Program Control.(AU)
Rev Soc Bras Med Trop; 43(3): 313-317, maio-jun. 2010. map, tab
Ulisses Neves Rafael XANGÔ REZADO BAIXO: UM ESTUDO DA PERSEGUIÇÃO AOS TERREIROS DE ALAGOAS EM 1912
Resumo da tese de doutorado submetida ao Programa de Pós-graduação em
Sociologia e Antropologia , Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade
Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de
doutor em Sociologia e Antropologia
Na Alagoas de 1912, verificar-se-ia um dos episódios mais violentos de que se tem
notícia na história dos chamados cultos afro-brasileiros, no caso, a “operação xangô”, como
ficou também conhecido o quebra-quebra liderado por integrantes da Liga dos
Republicanos Combatentes, associação civil de caráter miliciano, e que implicou na
destruição das principais casas de culto da capital e de municípios circunvizinhos.
O mote inicial da campanha, foram as suspeitas de que entre o Governador Euclides
Malta e aquelas casas de culto existia um estreito relacionamento, de modo que depois da
deposição daquele político, que já se mantinha no poder por quase doze anos, a ira da
população se voltou contra os terreiros, que foram temporariamente calados, dando razão
para que na seqüência dessa destruição surgisse uma modalidade exclusiva de culto: o
“xangô rezado baixo”
Palavras-chave: Perseguição, Xangô, Alagoas
Ruth Franca Cizino da Trindade "Entre o sonho e a realidade: maternidade na adolescência sob a ótica de um grupo de mulheres da periferia da cidade de Maceió-Alagoas"
Este foi um estudo de natureza qualitativa, que teve como objetivo compreender, a partir da experiência de mulheres que se tornaram mães na adolescência, o significado da maternidade no contexto de vida destas mães. Participaram 14 mulheres na faixa etária de 20 a 24 anos, residentes na periferia de Maceió, capital do estado de Alagoas. A coleta de informação foi realizada por meio de entrevistas, utilizando a história oral temática como procedimento metodológico. Foram construídas narrativas, a partir das histórias de vida das mulheres, posteriormente, analisadas à luz do referencial de gênero. Observamos que as entrevistadas tiveram sua iniciação sexual durante o período de namoro quando não haviam recebido orientações prévias sobre sexualidade ou saúde reprodutiva. Algumas mulheres conviviam com seus parceiros quando aconteceu a gravidez, porém, mesmo assim, consideraram esse fato inesperado. Houve aceitação da gravidez pela maioria delas, e também ocorreu a união, ainda que não de maneira legalizada, de muitos casais que não viviam juntos. Tentativas de abortamento, quando da não-aceitação imediata do parceiro, foram relatadas. As questões de gênero mostram-se presentes nas relações conjugais, com os parceiros figurando como provedores da família e as mulheres mantidas sob sua dependência, centradas no ambiente doméstico, assumindo responsabilidade pelo cuidado da casa, dos filhos e do companheiro. Os homens agiam mais livremente, mantendo relações extraconjugais e chegavam a agredir suas mulheres, em casa. Apesar de ressentidas com essa atitude dos companheiros, elas mantinham o relacionamento com eles. As entrevistadas deixaram explícito que lamentavam a perda da liberdade, do lazer, da oportunidade de trabalho e de estudo ao assumirem a maternidade. Por outro lado, enfatizaram seu não-arrependimento por terem levado a gravidez até o fim. Assim o cotidiano dessas mulheres parece centralizado no cuidar dos filhos, conscientes de que são elas as principais responsáveis por eles, voltando todos os seus projetos de vida para este cuidado. A vida dessas mães é marcada pelas condições de desigualdade em que vivem, social-econômica-cultural e de gênero. Dessa forma, apesar de seus desejos manifestos elas encontram poucas oportunidades objetivas de romperem com o contexto de vida em que estão inseridas.
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/83/83131/tde-21092005-083833/en.php
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