BRINCADEIRAS NAS
FÉRIAS
Karina Cavalcante Dâmaso Garboginni
Em
janeiro resolvi colocar minha filha em uma colônia de férias, alternativa para
entreter e mantê-la ocupada, então, fui à luta, pesquisei, analisei as
propostas, verifiquei os ambientes e me encantei com um lugar especial, a Escolinha
de Artes do Recife, no bairro da Graça, local pitoresco, antigo, simples,
grande, cheio de detalhes, que me transportou a minha infância na fazenda. Uma
casa acolhedora, cheia de arte e criatividade por todos os lados, piso de
mosaico, arquitetura antiga e colonial, um quintal enorme, com plantas,
fruteiras, enfim, um ambiente onde eu gostaria de estar e passar horas me
divertindo.
Comecei
a pegá-la na colônia para irmos juntas para casa, eu chegava mais cedo e podia
observar as atividades e até participar, eles trabalhavam com o tema “fome de
que” e em uma das atividades que presenciei, as crianças saiam em grupo pelo
quintal há procura de frutas para, a partir daí fazer arte, muito legal, logo
encontraram um pé de carambola e juntaram algumas para realizar a tarefa, a
instrutora cortou as frutas e ensinou as crianças trabalharem com carimbos,
observar as formas, criar sua obra com cores diversas, de forma aleatória e
livre. Após as atividades a reunião no quintal da frente, espalhadas as panelas
e utensílios de cozinha, de brinquedo, as crianças soltam a criatividade e se
esbaldam na areia, fazendo as mais diversas comidinhas imaginárias, além de
colher as frutinhas ali existentes, como as deliciosas pitangas e carambolas.
Utilizar recursos da natureza, do
ambiente em que estamos integrados sempre foi para mim uma fonte de
entretenimento, na minha época não tínhamos tantos brinquedos como as crianças
de hoje, nos virávamos com o que tínhamos a mão, nossos pais nos ensinavam
brincadeiras, brinquedos e diversões variadas com o que encontrávamos no
quintal, no pomar, na garagem. Lembro-me de alguns brinquedos, por exemplo, o
carrinho de lata de leite, enchia a lata de areia, fazia um furo em cada
extremidade, colocava um barbante ou arame e saia puxando, ou andar sobre cacos
de coco, furava os cacos, colocava barbante e nos equilibrávamos em cima, era
divertido, o barulho parecido com trote de um cavalo, fora as quedas, sorrisos
fartos. Além dos carrinhos de rolimã, gaiolão (caminhão que carrega cana de
açúcar) de sucata, com latas de óleo e madeira, que até hoje encontramos no
interior, cavalinho de vassoura velha, balanço de pneu, gangorra com túnel e
tábua de madeira, qual criança não ama um parquinho, uma areia, um balançar?
E a diversão tinha várias formas,
como minha filha também adorava uma “contação” de histórias, a leitura de gibis
também, e por falar em gibis, lembro-me de como era divertido visitar o
castelinho do tio Valdir, no primeiro andar ele tinha uma biblioteca de gibis, os
primos se deitavam nas camas ou nas redes da varanda e os lia, uma fartura de
quadrinhos divertidos. Meu tio era um colecionador e seu acervo era conhecido
nacionalmente, estimulador da leitura, foi através de seus gibis o primeiro
contato com esse mundo imaginário.
Mas, nada como um bom banho de bica,
na redondeza tinha muitas opções, a bica do Lalau era a mais próxima, no
decorrer da minha infância outras maravilhosas bicas foram descobertas nas
matas e fazendas da região, banho gelado que refresca e acalma a alma. Sem
esquecer as excursões nas serras, visitação as fazendas, minha família
basicamente rural se espalhava por todo canto, Boca da Mata, Anadia, São Miguel
dos Campos, Marechal Deodoro..., lugar e parente não faltava para visitar! Todos
se reunião, tios, primos, parentes..., sinto o cheiro e gosto das comidas, o
mel de engenho, o leite fresco da fazenda, o queijo de tacho, os doces e bolos
quentinhos, as feijoadas, cafés, lanches, almoços, jantares..., era uma viagem
deliciosa e agradável. A exploração das matas – muito raras atualmente, da cidade
a fazenda era quase todo o caminho de verdes árvores, por isso o nome da cidade
mais próxima, Boca da Mata. Os tios militares sempre a frente das atividades, e
tio Valdir com sua formação em sobrevivência na selva, nos dava um show de
conhecimento e informação. Diversão garantida.
Sem esquecer também as atividades
coletivas, passeios de bicicleta, jogos de gama, ludo, palito, bolinha de gude,
esconde-esconde, pega-pega, brincadeira de roda (ciranda) e tantas outras,
sempre todos juntos, nas alegrias e tristezas, diversão e repreensão, nos
erros, nos acertos, nas lições.
adorei o texto.
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