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domingo, 13 de dezembro de 2015

Periferia em Maceió e literatura

Este material foi publicado em Campus/O Dia

Poesias e vida 
Djalma Araújo


SABE, MOÇO


Sabe, moço?
Quando o meu pai era moço,
Eu nunca passei fome!
A lagoa Mundaú
Dava toda liberdade de
Paizinho querido pescar o nosso sururu...
Sabe, moço?
Hoje, passo fome.
Não encontramos nada
Nas lagoas Manguaba e Mundaú.
Paizinho foi embora e
Por herança, deixou-me
Sua canoa.
Mas, que pena!
Eu não tenho onde pescar
O meu sururu!


MISÉRIA


Vivo num país das maravilhas, da natureza, da beleza.
Um país da ilusão, da fantasia.
Isso é pura poesia.
A realidade nacional é de miséria.
Quando saio às ruas da minha cidade,
vejo crianças, jovens, adultos,
velhos e velhas perambulando.
O sertanejo já não fica no sertão,
Vem pra cidade grande mendigando o pão.
Sua mulher com os pés
descalços.
Os seus filhos nus com a barriga vazia.
Os políticos com a barriga cheia,
jurando que o que ganham dividem
Com os pobres.
Pura fantasia...
O que vejo é de partir coração.
Vejo crianças, jovens, adultos,
velhos e velhas perambulando nas ruas,
pedindo um pedaço de pão.
Vejo adolescentes grávidas pelas praças.
Invade uma dor no meu coração.
Elas cheiram cola, é triste
ver meu povo nessa
situação.

COISAS DO INTERIOR

O boiadeiro vai conduzindo a boiada.
O vaqueiro correndo na vaquejada.
Os pássaros no pasto fazendo a festa, sem ter medo de gaiolas.
O menino que vai a pé pela estrada, tentando guiar suas cabras.
O inverno chega e o leite vai para todas as casas.
A fartura é grande nas fazendas.
A alegria do povo é imensa.
O povo acredita em Deus e no padroeiro da cidade.
Apesar de tantos sofrimentos, ainda existe interior que dá felicidade.

O PESCADOR


O mar estava calmo, o sol vinha nascendo,
os coqueiros balançavam, o barco navegava.
Voltava o pescador, em seu barco trazia os frutos do mar.
O povo acreditava em seu trabalho.
Acreditava em Deus, e pedia intercessão a São Pedro
desembarcava na beira da praia.
Tendo certeza que fome seus filhos não passavam.
1960: os anos passaram.
1990: os pescador chorava.
Por ver as manchas de óleo e os peixes morrendo...

BALA PERDIDA

Bala perdida, de onde você vem?...
Pra onde você vai?...
Tenho medo de você, você é dura, fria, quente, cospe fogo,
entra doendo.
Eu sei, bala perdida, que você não tem coração.
Não tem pai, mãe, irmãos.
Você mata sem piedade.
De onde você vem?...
Pra onde você vai?...
Responda-me, bala perdida!
De onde você vem?...
Pra onde você vai?...
Você mata, fere pessoas inocentes; que não tem culpa de você
não ter pai, mãe,
irmãos; de você ser fria, quente, cuspir fogo.
Bala perdida, você está em muitos lugares.
São Paulo, Rio, Minas, Brasília, Recife, etc.
Bala perdida, me responda!
De onde você vem?...
Pra onde você vai?...

O HOMEM DAS CALÇADAS

Sentado na calçada
sem esperança de dias melhores.
Ele, vai vivendo a vida.
Um saco cheio ao seu lado,
dentro do saco está toda a sua mobília.
Um caneco, um prato de
estanho, algumas roupas sujas e rasgadas.
Com a mão estendida,
pedi uma esmola, pelo amor de Deus,
ao povo que passa.
O sol se põe, a noite chega.
O homem se levanta, vai à praça.
Come um pedaço de pão,
bebe um pouco d’água
Olha pro céu e fica a pensar...
O sono chega, ele procura
uma marquise pra deitar.
O saco é o seu travesseiro.
Os pedaços de papelão são o seu lençol.
Assim, vai vivendo o homem das calçadas.


A VIDA

A vida é tão bela que podemos viver intensamente, pensando
no amor, na paz, liberdade, igualdade.
O homem precisa dividir a sua vida com o seu próximo, para
que possamos viver em união.
Quando dividimos, somamos, multiplicamos. O nosso viver se
torna mais alegre, e com razão. Às vezes, o homem não divide
e termina ficando no mundo dividido. O homem precisa estar
preparado para o jogo da vida e no jogo da vida existe a
vitória, empate e a derrota. Não te glorifique com a vitória e,
sim, comemore com os derrotados, não fique satisfeito com o
empate, procure o aperfeiçoamento, não se desespere com a
       derrota, lute, porque a vitória virá logo após 




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