Poesias e vida
Djalma Araújo
SABE, MOÇO
Sabe, moço?
Quando o meu pai era moço,
Eu nunca passei fome!
A lagoa Mundaú
Dava toda liberdade de
Paizinho querido pescar o nosso sururu...
Sabe, moço?
Hoje, passo fome.
Não encontramos nada
Nas lagoas Manguaba e Mundaú.
Paizinho foi embora e
Por herança, deixou-me
Sua canoa.
Mas, que pena!
Eu não tenho onde pescar
O meu sururu!
MISÉRIA
Vivo num país das maravilhas,
da natureza, da beleza.
Um país da ilusão, da
fantasia.
Isso é pura poesia.
A realidade nacional é de
miséria.
Quando saio às ruas da minha
cidade,
vejo crianças, jovens,
adultos,
velhos e velhas perambulando.
O sertanejo já não fica no
sertão,
Vem pra cidade grande
mendigando o pão.
Sua mulher com os pés
descalços.
Os seus filhos nus com a
barriga vazia.
Os políticos com a barriga
cheia,
jurando que o que ganham
dividem
Com os pobres.
Pura fantasia...
O que vejo é de partir
coração.
Vejo crianças, jovens,
adultos,
velhos e velhas perambulando
nas ruas,
pedindo um pedaço de pão.
Vejo adolescentes grávidas
pelas praças.
Invade uma dor no meu
coração.
Elas cheiram cola, é triste
ver meu povo nessa
situação.
COISAS
DO INTERIOR
O boiadeiro vai conduzindo a
boiada.
O vaqueiro correndo na
vaquejada.
Os pássaros no pasto fazendo
a festa, sem ter medo de gaiolas.
O menino que vai a pé pela
estrada, tentando guiar suas cabras.
O inverno chega e o leite vai
para todas as casas.
A fartura é grande nas
fazendas.
A alegria do povo é imensa.
O povo acredita em Deus e no
padroeiro da cidade.
Apesar de tantos sofrimentos,
ainda existe interior que dá felicidade.
O
PESCADOR
O mar estava calmo, o sol
vinha nascendo,
os coqueiros balançavam, o
barco navegava.
Voltava o pescador, em seu
barco trazia os frutos do mar.
O povo acreditava em seu
trabalho.
Acreditava em Deus, e pedia
intercessão a São Pedro
desembarcava na beira da
praia.
Tendo certeza que fome seus
filhos não passavam.
1960: os anos passaram.
1990: os pescador chorava.
Por ver as manchas de óleo e
os peixes morrendo...
BALA
PERDIDA
Bala perdida, de onde você
vem?...
Pra onde você vai?...
Tenho medo de você, você é
dura, fria, quente, cospe fogo,
entra doendo.
Eu sei, bala perdida, que
você não tem coração.
Não tem pai, mãe, irmãos.
Você mata sem piedade.
De onde você vem?...
Pra onde você vai?...
Responda-me, bala perdida!
De onde você vem?...
Pra onde você vai?...
Você mata, fere pessoas
inocentes; que não tem culpa de você
não ter pai, mãe,
irmãos; de você ser fria,
quente, cuspir fogo.
Bala perdida, você está em
muitos lugares.
São Paulo, Rio, Minas,
Brasília, Recife, etc.
Bala perdida, me responda!
De onde você vem?...
Pra onde você vai?...
O HOMEM
DAS CALÇADAS
Sentado
na calçada
sem esperança de dias
melhores.
Ele, vai vivendo a vida.
Um saco cheio ao seu lado,
dentro do saco está toda a
sua mobília.
Um caneco, um prato de
estanho, algumas roupas sujas
e rasgadas.
Com a mão estendida,
pedi uma esmola, pelo amor de
Deus,
ao povo que passa.
O sol se põe, a noite chega.
O homem se levanta, vai à
praça.
Come um pedaço de pão,
bebe um pouco d’água
Olha pro céu e fica a pensar...
O sono chega, ele procura
uma marquise pra deitar.
O saco é o seu travesseiro.
Os pedaços de papelão são o
seu lençol.
Assim, vai vivendo o homem
das calçadas.
A VIDA
no amor, na paz, liberdade,
igualdade.
O homem precisa dividir a sua
vida com o seu próximo, para
que possamos viver em união.
Quando dividimos, somamos,
multiplicamos. O nosso viver se
torna mais alegre, e com
razão. Às vezes, o homem não divide
e termina ficando no mundo
dividido. O homem precisa estar
preparado para o jogo da vida
e no jogo da vida existe a
vitória, empate e a derrota.
Não te glorifique com a vitória e,
sim, comemore com os
derrotados, não fique satisfeito com o
empate, procure o
aperfeiçoamento, não se desespere com a
derrota, lute, porque a vitória virá logo após
Nenhum comentário:
Postar um comentário