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sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

Crônica diária (19/01/2019). Ted Ward, o Professor da Michigan State Univrsity


 Ted Ward: o Professor  da  Michigan State University

Luiz Sávio de Almeida

Devo imensamente a Ted Warren Ward, meu orientador na Michigan State University; conversamos  quando de uma de suas vindas ao Brasil e ela, requisitadíssimo, aceitou ser meu orientador.  Praticamente, ele me recebeu na Michigan State University e me deu assistência bem maior do que simples relação acadêmica. Deu-me acesso à sua residência onde convivi com sua família e com sua esposa, uma pessoa humana de última geração. E com quem fui à Igreja Batista algumas vezes lá em East Lansing.  A fama não lhe roubou a humanidade e nem a capacidade de dialogar, tendo uma grande atuação internacional.  Meu interesse com ele era a chamada non formal education e na sua grande atividade de pesquisador em curriculum.
Eu tinha acesso à seu escritório sem muito protocolo e muitas vezes saímos para passear nos entornos de East Lansing, com sua esposa sempre amável e brilhante música. Ele deixou a Michigan State em 1985 como Professor Emeritus  do College of Education e foi para a Trinity  Evangelical Divinity School, dando continuidade a seus interesses em ligar a discussão teológica à educação. Lembro-me perfeitamente do dia em que me disse estar  com altas taxas de diabete. Foi ela que ajudou a que morresse junto com complicação renal, isto em 2016.  Talvez a passagem mais íntima de nossa amizade deu-se depois do primeiro termo que passei na Universidade. Um termo difícil de adaptação cultural, da pressão da língua diferente, era como se estudar fosse algo irrealizável.  Foi quando ele mandou me chamar e deu-se um diálogo que somente vou narrar pela força da saudade e pelo que tanto representou em minha vida futura.
Mandou dizer que precisava falar comigo e eu julguei que era a minha dispensa, no que, sem dúvida, seria muito educado ao dá-la.  Fui com uma certa ansiedade. Entrei em seu pequeno escritório cheio de livros, papeis e uma cadeira ao lado de sua escrivaninha,  Sentei. Era a sentença da volta, arrumar a trouxa e pegar um Ita para o Brasil, aportando novamente nas belas praias de Maceió. Ele sorriu, parou de escrever olhou para mim, fez o gesto de quem contava com os dedos e disse: “Estou há 11 anos nesta Universidade e (contou nos dedos) somente disse o que vou falar a você, a umas dez pessoas. Eu sou altamente requisitado; muita gente espera pela minha orientação, mas sou eu quem está lhe dizendo: quero ser seu orientador!”.  Eu baixei a cabeça: era o contrário do que eu esperava. E ele continuou: “Mas você tem que ter humildade e jamais utilizar o que vai aprender comigo para ter poder. Pelo contrário, você vai ter de servir a seu povo e somente a ele!”. Eu baixei a cabeça. E ele arrematou: “Pense e me diga se aceita meu convite e ao voltar me peça,  para saber do início do caminho e por onde ele sempre começa!”.
Voltou a escrever e fui embora tomar um café, com a sensação de que havia estrada a percorrer e que talvez eu me demorasse por lá, mas um bicho roía a minha cabeça: eu sabia que voltaria, que havia papagaio,  coqueiro, lagoa e praia. Sabia que a tentação seria grande, mas eu jamais deixaria a terrinha e  nem jamais deixaria de estar ao lado da velhice de meus pais e nem de estar com os meus.
Aquela conversa com Ted foi decisiva e ela foi farol para o resto da vida.
Posso esquecer Ted Ward?

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