Ao estilo das velhas cadernetas
de lembranças: calunga quiéquitu sôis?
Luiz Sávio de Almeida
Penedo
tinha duas grandes tiras de ligação entre o rio e o norte do Estado. Ela foi
uma cidade que se pensou em grande parte, em função de onde estava a sua grande
riqueza que era as águas do rio de São Francisco. Depois, ela virou passagem
e, então, em si, era também um caminho para o norte e os caminhões foram
fazendo o tráfego. Muitos deles ou todos, como se dizia então, chorando na rampa para vencer
as ladeiras. Na minha cabeça ficou o
Mark, um caminhão que mesmo lá pela frente do hospital no Cajueiro
Grande, passava meio pesadão. Um caminhão daquerle tempo era muito diferente dos que existem hoje: eram
caminhões xeretas, da venta grande.
Fico
pensando como subiam; Penedo é também uma rampa. Existe a Penedo de cima e a Penedo de
baixo. Entre elas, somente ladeira. Teriam os nossos caminhões de virem – pena que o Melro foi embora
e não pode me corrigir – subindo ali pelos lados do Diocesano, pegando o pesado
que era a ladeirona até o Gabino Besouro e irem quase em reta subindo pela Rua da
Penha, onde iriam bater na Praça e pegarem a larga subida do Cajueiro
Grande. Era por isto, que caminhão em Penedo teria de chorar na rampa,
expressão maravilhosa e que lembra a necessidade de andar em marcha de força, a primeira ligada e jamais ter a aventura de uma descida na banguela.
Um delegado –
de bom humor e da Polícia Federal – lançou
uma Operação Catabiu para ver os trecos da Rodovia 104; se fosse para ver tudo
de Alagoas, na certa o mesmo delegado lançaria a Operação Escambau, palavra que – vejam só – outro potente etimólogo diz ter vindo de whisk
and bowl. Como advertência, devo dizer que no futuro existirá a palavra
tanquiubeibi, que vira do inglês falado na China. Meu amigo, se você não está
com pressa, diga 100 vezes e depressa cut a little
bit: vai cansar e dar agonia nos lábios: eu já experimentei. Diga também wisk
and bowl e sinta quanta careta você faz. Quando o escambau é grande, sempre
ouvi dizer que era o escambau a quatro.
Aí sim, é que era escambau. Lembrei
agora de um primo que não se contentava com etcetera e sempre finalizava seus
assuntos compridos dizendo etcetera e tal. Morreu o meu primo e que Deus o
tenha, etcetera e tal.
Mais pois bem, ainda não cheguei no assunto do título: calunga
quiéquitu sôis? Hoje sinto que era um desrespeito, embora não pensado, não
desejado, valendo apenas a brincadeira, o engraçado da resposta. Quem inventou
isto, certamente não tinha o que fazer e era um baita de um maloqueiro. O
caminhão passava no aperto da rampa e a gente gritava: Calunga quiéquitu sôis?
A resposta vinha direta: “Fila da puta!” Isto e aquilo etcetera e tal. E se o
calunga pulasse?
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