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terça-feira, 29 de maio de 2018


Esta é uma reflexão feita por Airton Omena, ex-aluno matriculado como especial na disciplina e hoje ouvinte, junto com amigos. Ele toma a cidade como uma pluralidade, como palco e movimento, com suas falase cada ponto marcada e demarcada.

A belíssima foto é de Didi Magalhães, designer que veio de São Paulo e  tem sete anos de Maceió. Ela mantém uma Galeria de Arte em JARAGUÁ





REFLEXOS
Airton Omena

A cidade é por essência espaço comum e palco da vida urbana; mas também é verdade que, no íntimo, ela é única para cada indivíduo, construída a partir das experiências e vivências que cada um tem e, portanto, são muitas as interpretações e significações de um único lugar, um bairro e enfim, que a cidade vem a ter no mundo. Como uma colcha de retalhos, vivemos em meio a vários “mundos” que se conectam e interagem fruto das relações, da história, da cultura, do humor, do conhecimento e dos contatos de cada indivíduo.

Assim “criamos” nossa realidade e vemos o mundo através dos reflexos, do nosso filtro íntimo de referências.  E é nestes termos que foi escolhida a fotografia que eu trouxe hoje: a imagem do reflexo da água nos mostrando um dos infinitos pontos de vista dos edifícios da Rua Sá e Albuquerque – Jaraguá. 

Para mim ela fala que, cada olhar, cada experiência, cada fato vivido cria infinitas interpretações e leituras do espaço, e que somente o contato, a troca de informação e a empatia pode vir construir, a costurar, o que seria a verdade do mundo, a colcha de retalhos, o todo. 

Esse todo para mim, experiência íntima, seria justamente o produto da conexão do mundo atuando como sistema que se regula, desequilibra/equilibra e se transforma numa produção e reprodução da vida, na reinvenção em movimento, a transformação, a reciclagem de si.

E nesses movimentos, conflitos, e polarização – principalmente pós era industrial – vemos a emergência das crises urbanas, social e cultural que temos hoje, também fruto da volatilização dos conceitos e relações decorrentes da urgência da era da internet.

 Conceitos que duraram eras hoje se desfazem em segundos, verdades são transformadas, tempos líquidos, e a informação, que também virou mercadoria, não mais somente instrui, acrescenta, ou denota conhecimento, mas também virou artimanha de controle de massa, de dispersão e distração.Concluo reafirmando que é preciso cultivar com cuidado todos os canais de construção do nosso conhecimento e das nossas referências. Para que não caiamos na inércia de sermos manipulados a exemplo da regra do – Pão e Circo – romano. Fundamentemos nossos reflexos dos mundos em que vivemos em verdades sólidas que resgatem o todo fruto do contato, e não no mundo egoísta que cada um carrega dentro de nós.     






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