Ludmilla Barros é aluna especial da Disciplina Formação do Espaço Alagoano, ministrada no Mestrado Dinâmica do Espaço Habitado, FAU;UFAL. Trata-se de uma pesquisadora em formação e que sem dúvida andará muito pelas interrogações, pesquisas e quejandos.
Vamos ler uma jovem pesquisadora em formação.
O cotidiano no centro de Maceió
Ludmila Barros
Manhã de segunda-feira; o tempo oscila entre
o sol muito forte e o chuvisco passageiro; o calor, porém, é constante. É nesse
cenário que me dirijo ao centro da cidade para tirar algumas fotos para
trabalhos da disciplina Formação do Espaço Alagoano. Ando como se estivesse à deriva e procuro
registrar momentos cotidianos de transeuntes. As
imagens a seguir são do dia 7 de maio.
1
No meio de tanta gente apressada, um homem acomoda-se no banco da praça. Ao
observá-lo, automaticamente, imaginamos
que ele está ali esperando alguém, mas pode
ser apenas um momento de pausa para
tomar um fôlego, desacelerar, refletir. É raro encontrar pessoas num estado de
tranquilidade, pois em tempos de crise e de alvoroço ninguém pode parar; seguimos
cansados, em ritmo frenético, sabe-se lá para onde. E assim nos tornamos, a
cada dia, seres menos reflexivos e displicentes conosco e com o mundo a nossa
volta.
2
Cenas assim são triviais, em nossas andanças pela cidade; e nem por isso
deixam de ser chocantes. Essa imagem poderia muito bem ilustrar a crônica
Notícia de Jornal, de Fernando Sabino: “Um homem
morre de fome em plena rua, entre centenas de passantes [...] E os outros
homens cumprem seu destino de passantes, que é o de passar. Durante setenta e
duas horas todos passam, ao lado do homem que morre de fome, com um olhar de
nojo, desdém, inquietação e até mesmo piedade, ou sem olhar nenhum, e o homem
continua morrendo de fome, sozinho, isolado, perdido entre os homens, sem
socorro e sem perdão”.
3
Nos últimos dias, em decorrência do trágico desabamento de um edifício
no centro de São Paulo, veio à tona a questão da crise habitacional. Aqui, no
centro de Maceió, também temos algo exemplar: o edifício amarelo e encardido ao
fundo, que já foi sede do INSS, e, no
momento, encontra-se ocupado por pessoas
sem moradia. No local, ouvi pessoas relatarem que já viram cair do prédio “pedaços
de concreto” e que, por pouco, não atingiram ninguém. Vários prédios no centro
estão nessa situação, caindo aos pedaços; enquanto isso, o poder público gasta
fortunas em contratos de locação e pessoas que não possuem alternativa a não ser
ocupar esses espaços obsoletos, correm risco de acidente.
4
As feiras livres possuem
um papel fundamental nos centros urbanos: o de criar sociabilidades. Nelas há a
possibilidade de estabelecer o comércio informal, de onde podem surgir vínculos
duradouros de amizade e de confiança que extrapolando os interesses meramente
econômicos, alcançam a esfera pessoal e certa intimidade entre as partes
envolvidas.
5
As feiras livres possuem
um papel fundamental nos centros urbanos: o de criar sociabilidades. Nelas há a
possibilidade de estabelecer o comércio informal, de onde podem surgir vínculos
duradouros de amizade e de confiança que extrapolando os interesses meramente
econômicos, alcançam a esfera pessoal e certa intimidade entre as partes
envolvidas
Nenhum comentário:
Postar um comentário